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Roberto Alvim, diretor de Teatro Foto: Leo Aversa
Dramaturgo irá assumir cargo na Secretaria Especial da Cultura no governo Bolsonaro
Jan Niklas, Alessandro Giannini e Gustavo Maia
18/06/2019 - 09:43 / Atualizado em 18/06/2019 - 18:07
BRASÍLIA, RIO E SÃO PAULO — O diretor de teatro Roberto Alvim, que irá assumir um cargo na Secretaria Especial da Cultura, publicou um chamado para "artistas conservadores" criarem "uma máquina de guerra cultural". Em mensagem postada numa rede social, ele convoca profissionais alinhados com "os valores conservadores no campo da arte" a enviar seus currículos. Segundo Alvim, o objetivo é formar um banco de dados de artistas que serão aproveitados para projetos.
No fim da manhã desta terça-feira, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, afirmou que Alvim teria um "cargo importante" na área de teatro, na Secretaria Especial de Cultura da pasta. Ele afirmou, no entanto, que o posto a ser ocupado pelo diretor ainda não foi definido. O ministro acompanhou Alvim em um encontro na tarde de segunda-feira com o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto. Seguidor do presidente, Alvim recebeu um telefone de Bolsonaro na semana passada depois que ele ficou sabendo que o artista fora "perseguido" por ter declarado apoio a ele.
Procurado pelo GLOBO, Roberto Alvim afirmou que não dará entrevistas no momento. Bianca de Felippes, uma das diretoras da Associação de Produtores do Teatro do Rio (APTR), se mostrou contrária a uma possível iniciativa que discrimine artistas pelo viés ideológico, como descrito na postagem de Alvim. Segundo a produtora, a "arte não tem partido".
— Artistas podem ter suas preferências ou convicções políticas, o que não faz com que uma categoria deva se alinhar a uma visão conservadora para ser contemplada numa política pública — afirmou Bianca. — Um governo não pode governar apenas para quem o apoia ou atender apenas quem é seu aliado. É o mesmo que dizer: quem pensa diferente, não terá direito ao SUS.
Em outro texto publicado em sua página, Alvim fez uma lista diferenciando o que chama de "arte de direita" e "arte de esquerda".
"(...) arte de esquerda é DOUTRINAÇÃO de todos os espectadores; arte de direita é EMANCIPAÇÃO POÉTICA de cada espectador", diz um trecho da postagem do dramaturgo.
Às 16h23, Alvim voltou a tocar no assunto em seu perfil no Facebook - segundo ele, para "esclarecer um ponto": "quando convidei artistas que se alinham ao conservadorismo em ARTE a mandarem e-mails,
não me referi a orientações ideológicas, muito menos partidárias". Mas adiante, ele escreve: "Quanto à ideia de 'máquina de guerra cultural' - o conceito se refere ao combate entre erigir OBRAS DE ATE[sic] contra DESTRUIR o conceito de obra de arte. estou do lado de quem deseja ERIGÍ-LAS, é claro."
Roberto Alvim convoca 'artistas conservadores' para criar uma 'máquina de guerra cultural'
Dramaturgo irá assumir cargo na Secretaria Especial da Cultura no governo Bolsonaro
oglobo.globo.com
Mas as escolhas não seriam técnicas?