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Sem "reinvenção da democracia", protestos devem continuar no Brasil, apontam especialistas

End Of The Line

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A tomada das ruas por movimentos sociais, iniciada em junho do ano passado, expõe a crise profunda do sistema representativo no Brasil. Para a diretora do instituto de pesquisa Latinobarómetro, Marta Lagos, surpreende que esse levante tenha demorado tanto a acontecer.


Segundo a especialista e os demais participantes do seminário E o povo foi às ruas... Repensando o papel dos partidos políticos, realizado na Câmara nesta segunda-feira (26), somente com a reinvenção do modelo sobre bases verdadeiramente democráticas será possível responder às demandas dos movimentos sociais.

De acordo com os participantes, parte dos problemas da crise democrática que levou a população às ruas decorre da ruptura entre partidos e demais instituições da democracia e a população. Uma das causas dessa separação seria a forma de financiamento das campanhas eleitorais.

Financiamento
Para a diretora do Movimento contra a Corrupção Eleitoral (MCCE), Jovita Rosa,faz-se necessário acabar com o financiamento de campanhas por empresas. “Empresário nenhum doa, faz investimento. Quando se observam os grandes contratos do governo, a maioria é com grandes doadores, a cada real que investe, recebe 20”, sustenta.


Para o professor Elimar Nascimento, do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS/UnB), persiste na sociedade a ideia de que os políticos não merecem confiança, porque não representariam eleitores, mas apenas seus financiadores e interesses próprios.

A solução, para o professor, é simples – reduzir custos das campanhas e aproximar os partidos dos movimentos sociais. O fim das coligações e a consequente redução do número de candidatos também melhoraria a representação. “Como posso escolher, se tenho 900 candidatos na minha cidade. Se fossem 20, poderia conhecer melhor as ideias de cada um”, acredita Nascimento.


Decepção
Nas pesquisas de mais 60 anos realizadas pelo Latinobarómetro, Marta Lagos afirma ser possível identificar a ruptura entre instituições democráticas e população. A principal razão, segundo ela, é a decepção dos latino-americanos com a democracia.


De acordo com a pesquisadora, quando a transição democrática ocorreu na América Latina, as pessoas foram apresentadas à ideia de democracia como sinônimo de liberdade. E essa liberdade significava acesso, inclusão, participação, pertencimento. “Esses elementos ainda não estão presentes; mais de 65% das pessoas não têm essa liberdade que achavam que a democracia traria”, disse Marta Lagos.

Ainda conforme Lagos, apesar do progresso econômico, a política e a cultura da região não evoluíram. “Tiramos 100 milhões de pessoas da pobreza, mas isso não vai resolver os problemas da região, precisamos discutir poder, esse é o elemento principal.”

Marta Lagos relatou também que apenas 8% da população da América Latina diz ter democracia plena; a maioria acredita que a democracia não traz o prometido. “Por que não há mais pessoas nas ruas? Por que só essas? Deveriam estar na rua há muito tempo, a população foi muito paciente”, declarou a pesquisadora.

Ruptura
Já o ativista cultural do Movimento Fora do Eixo, Pablo Capilé, vê razões bem concretas para a erupção dos movimentos de junho – a ruptura do governo do PT com movimentos sociais.


Segundo o ativista, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, políticas como os pontos de cultura possibilitaram a emergência de novas formas de ativismo social.

“Esse movimento é resultado de novos repertórios que a cultura digital proporciona e de lideranças que emergiam da cultura.”

No entanto, após o caso mensalão, segundo Capilé, o governo sofreu uma crise de legitimidade e teve de atrair novos partidos para a coalizão governista para garantir a continuidade.

Com isso, houve um progressivo afastamento das demandas sociais, que culminaram nos protestos. “Em 2010, houve uma ruptura mais clara e visível, pautas caras aos movimentos foram abandonadas, como comunicação, meio ambiente, cultura, juventude”, explica.

Para Pablo Capilé, os partidos terão de reinventar completamente a forma de fazer política – se tornarem mais abertos e democráticos e debaterem abertamente os temas que interessam mais diretamente à juventude. “Se não desmilitarizar essa polícia assassina, não debater as drogas, der mais poder ao protagonismo feminino, não vão conseguir dialogar com essa geração”, sustenta.
O seminário foi organizado pelo PDT.


Fonte: brasilpost
 


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