Vou colocar aqui, vamos ver se não tem semelhanças. O van halen acha que as contratações ''grátis'' foi porque o mattos achava os caras bons jogadores. Acha que estão subindo a base porque só tem moleque bom.
Bastidores do caso "Gilvan x Mattos": entenda a saída do diretor do Cruzeiro
Episódios recentes e fatos mais antigos motivam desligamento de dirigente. Tensão
chega ao limite durante conversa ocorrida na última sexta-feira com o presidente
A
saída do diretor de futebol Alexandre Mattos deixou claro que a diretoria do Cruzeiro está rachada - ainda que esta divisão seja percebida apenas internamente. A situação política no clube parecia tranquila. Em outubro, o presidente Gilvan de Pinho Tavares foi reeleito para um novo mandato de três anos por aclamação, ou seja, sem a disputa de uma eleição, já que ele era o único candidato. Entretanto, alguns episódios das últimas semanas, somados a antigas queixas de Mattos em relação ao modelo de gestão do futebol, fizeram com que o Cruzeiro se dividisse entre os que queriam a permanência do diretor e os contrários. A tensão chegou ao máximo na última sexta-feira, quando Mattos e Gilvan se reuniram, e o presidente deixou claro que não atenderia aos pedidos do diretor. Decepcionado com a iminente saída da principal peça de administração do futebol, Tavares liberou Mattos para negociar com outro clube. Mas, para entender melhor toda a história e saber o que vai acontecer no futuro cruzeirense, é preciso voltar até o ano de 2012.
2012: o começo
Gilvan de Pinho Tavares assumiu a presidência do Cruzeiro em um dos piores momentos da história recente do clube. Dentro de campo, o time vinha de um Brasileirão traumático. No ano anterior, só escapou do rebaixamento na última rodada,
após uma inesquecível goleada por 6 a 1 sobre o rival Atlético-MG, em Sete Lagoas. Fora de campo, vivia apertado financeiramente, já que, com a reforma do Mineirão e do Independência, simultaneamente, para a Copa do Mundo, estava obrigado a jogar fora de Belo Horizonte, o que fez as receitas com bilheteria despencarem.
O diretor de futebol nos primeiros dois meses da "era Gilvan" foi Dimas Fonseca, contratado pelo ex-presidente Zezé Perrella. Um dos homens fortes na política do clube naquele momento, José Maria Fialho, também tinha vínculo com o senador. A montagem do time para as disputas do Campeonato Mineiro e da Copa do Brasil foi, assim como em 2011, abaixo das tradições do clube. Os resultados pífios em campo refletiram tudo isso. O time foi eliminado nas semifinais do estadual e nas oitavas da competição nacional. Fonseca deixou o Cruzeiro ainda no primeiro trimestre, Fialho fez o mesmo depois. Foi quando teve início a guinada no clube.
Alexandre Mattos foi contratado em março, com pouca badalação, já que vinha do América-MG. Montou um time razoável para a disputa do Brasileirão de 2012. Nomes como os de Ceará, Tinga, Borges e do técnico Celso Roth permitiram ao Cruzeiro fazer um campeonato sem riscos de rebaixamento - o time terminou na nona colocação. Muito abaixo das tradições do clube e das pretensões da torcida, mas acima do sufoco que havia sido o ano anterior. E o suficiente para que Gilvan e Mattos pudessem planejar 2013 com tranquilidade.
2013: o gigante acordou
O técnico contratado para a temporada 2013 foi Marcelo Oliveira.
O passado atleticano - como jogador e treinador - fez com que a rejeição inicial ao nome dele fosse grande. Mas o apoio dado pelo presidente e pelo diretor de futebol foi fundamental para que ele realizasse um grande trabalho, que culminou com a conquista do Campeonato Brasileiro com quatro rodadas de antecedência.
A volta do Mineirão permitiu ao Cruzeiro reorganizar o programa de sócio-torcedor e equilibrar o caixa. Com isso, o clube pôde fazer boas contratações e montar um time de ponta, à altura de sua história. A parceria entre Gilvan de Pinho Tavares, Alexandre Mattos e Marcelo Oliveira levou para a Toca da Raposa II jogadores do quilate de Dedé, Dagoberto, Júlio Baptista e Willian, além de jovens promessas como Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart, que brilharam tanto a ponto de chegarem à seleção brasileira em 2014. Outro ponto positivo foi acreditar em atletas que não estavam na prateleira de cima do futebol nacional, que atingiram esse nível no Cruzeiro. São os casos de Bruno Rodrigo, Nilton e Egídio.
No fim de 2013, o Cruzeiro vivia um sonho. Campeão brasileiro com futebol vistoso, eficiente e convincente. Presidente e diretor de futebol em alta com a torcida. E, principalmente, com grandes sonhos de um 2014 ainda melhor.
2014: brilho em campo, atritos fora
A grande contratação do Cruzeiro para 2014 foi, segundo Gilvan e Mattos, a manutenção do time campeão brasileiro. Melhor ainda. Reforços como Marcelo Moreno, Samudio e Marlone deixaram a equipe ainda mais forte. O sucesso do ano anterior fez com que o nome do diretor de futebol fosse valorizado e chamasse a atenção do Flamengo. A permanência de Mattos com o Cruzeiro, porém, foi anunciada sem maiores problemas.
Os resultados em campo foram iguais ou melhores que os do ano passado. O Cruzeiro faturou o Campeonato Mineiro em cima do rival Atlético-MG, com dois empates na final, e, com uma campanha fantástica, com direito a 33 rodadas consecutivas de liderança, conquistou mais um Campeonato Brasileiro.
A eliminação para o San Lorenzo na Libertadores e a perda do título da Copa do Brasil para o Atlético-MG incomodaram, é claro, mas não o suficiente para apagar o brilho do trabalho realizado.
Assim sendo, nada mais natural que a parceria fosse renovada para mais um ano e que a busca ao tri da Libertadores e ao inédito Mundial continuasse. Certo? Errado. Antes mesmo de o ano acabar, Alexandre Mattos anunciou a saída do clube e deixou a torcida do Cruzeiro perplexa, sem entender os motivos da crise entre presidente e diretor de futebol, e, sobretudo, apreensiva em relação ao futuro.
Motivos da crise
Não há crise administrativa no Cruzeiro, é bom deixar este ponto claro. O clube paga salários, premiações e fornecedores em dia, arrecada mais do que gasta, tem programa de sócio-torcedor funcional e em crescimento, além de ser dono de uma das marcas mais valorizadas do futebol brasileiro na atualidade. Além disso, conta com um excelente centro de treinamentos, com profissionais reconhecidos nas diversas áreas que abrangem o futebol.
O motivo da disputa entre Gilvan e Mattos seria, segundo vários dirigentes, conselheiros e funcionários do clube, ouvidos pelo
GloboEsporte.com, a divergência sobre a forma como montar o time para a próxima temporada. O choque entre a visão mais ambiciosa para a disputa da Taça Libertadores, bancada pelo diretor, e o pensamento realista com base no lado financeiro, do presidente, na maneira de administrar o departamento de futebol celeste, carro-chefe do clube, provocou a ruptura.
O relacionamento entre Gilvan de Pinho Tavares e Alexandre Mattos começou a azedar no segundo semestre deste ano. Como diretor de futebol, Mattos passou a cobrar mais autonomia do presidente para conduzir o trabalho. Gilvan evitava o assunto da forma que podia. Pessoas ligadas ao presidente contam que os planos do mandatário sempre foram ter maior controle sobre o clube e não perdê-lo, como a proposta do diretor sugeria. Ao perceber essa postura, Mattos, que almejava mais títulos e outra campanha vitoriosa da equipe, foi aos poucos se afastando de Gilvan e tentando ganhar outros aliados. Como alguns conselheiros do clube discordam da gestão centralizadora do presidente, o diretor de futebol conquistou a simpatia de pessoas antes ligadas a Gilvan.
Um exemplo da divergência de opinião entre os dois ficou claro após a vitória sobre o Grêmio, por 2 a 1, em Porto Alegre, na noite do dia 20 de novembro, que praticamente confirmou o tetracampeonato brasileiro. Empolgado com o resultado, Alexandre Mattos, ainda na Arena do Grêmio,
convidou a torcida para recepcionar os jogadores no Aeroporto de Confins, no dia seguinte. Quase todos os atletas, porém,
driblaram os torcedores e saíram sem ser vistos. Embora a alegação oficial para o "drible" tenha sido questões de segurança no desembarque, fontes dentro do clube afirmam que a ordem veio do presidente Gilvan, que não gostou da convocação de Mattos sem ter sido consultado.
Na manhã da última sexta-feira, a gota d'água. Conselheiros do clube disseram ao
GloboEsporte.com que, durante reunião, Gilvan deixou claro para o diretor que não pretendia abrir mão de qualquer tipo de poder e nem pensava em descentralizar as decisões relativas ao futebol.
Outro ponto de discórdia estava na sequência do trabalho de Mattos, que sequer foi discutida na reunião. Gilvan esperava que o diretor de futebol apresentasse uma proposta de aumento de salário, já que o acerto com o técnico Marcelo Oliveira havia sido feito dias antes. Mas Alexandre não o fez, ao sentir que o presidente não parecia muito disposto a um acordo. Mattos se sentiu desvalorizado. Além disso, a atitude de Gilvan foi considerada um convite para a saída do diretor, já que as
propostas de Vasco, Flamengo e Palmeiras, provável destino final de Mattos, eram bem superiores, e o presidente sabia disto.
Pessoas ligadas ao alto comando do clube contam que, enquanto o diretor de futebol planejava montar um grande time para 2015, com chance de conquistar a Taça Libertadores e o Mundial de Clubes, o presidente queria enxugar a folha salarial, dar mais espaço aos jogadores da base, como Judivan e Hugo Ragelli, e assim evitar qualquer tipo de crise financeira. Dessa forma, visando o crescimento profissional, Mattos vai buscar novos mercados fora do Cruzeiro e. ao que tudo indica, isso deve ocorrer no Palmeiras, principal interessado no dirigente. Por outro lado, Gilvan tenta esconder a decepção com a perda do principal executivo da gestão justamente no início de um novo mandato de três anos na presidência.
Futuro
A falta de acordo entre os dois principais gestores do futebol cruzeirense vai além de uma simples guerra de gestões ou de diferenças ideológicas. Ela pode trazer dificuldades para o clube num futuro bem próximo, já que a divisão entre conselheiros e dirigentes a favor de um e de outro ficou explícita para quem vive internamente os bastidores do Cruzeiro.
Pessoas ligadas às duas correntes deixaram isso bem claro para a reportagem. Apesar das diferenças, a tensão ainda é velada, e o clima permanece tranquilo. Pelo menos aparentemente - motivada, obviamente, aos bons resultados em campo nos últimos dois anos.
O primeiro desafio de Gilvan de Pinho Tavares, no começo do novo mandato ,é manter a paz e a união dentro do clube para ter condições de completar mais três anos vencedores como presidente e, principalmente, para convencer a todos do que ele próprio já tem certeza: o mérito pelos títulos é realmente de quem manda e assina os cheques.