Como consertar a Rey?
Rey é a pior personagem de toda franquia
Star Wars, ponto.
Sim, pior que o chorão do Anakin, pior até do que o Jar Jar Binks. Ora, o senhor Binks foi criado para ser o alívio cômico, e embora tenha cumprido este papel tão bem quanto uma depiladora cujo método de trabalho é remover pelos um por vez, com uma pinça, enquanto escuta Faroeste Caboclo em looping, ao menos ele não tinha ambições de ser algo maior.
Ok, exagerei. Rey não é a pior personagem de
Star Wars, este posto hoje pertence a L3-37, a droid feminista de
Solo. Que foi? Não a conhece? Não me surpreende, nem os próprios atores foram assistir
Solo.
Enfim, a menina pode não ser a pior personagem de
Star Wars, mas chega perto disso. Fato que é agravado por ela ser a protagonista, e portanto, o pilar da nova trilogia da série.
Mas... E se pudéssemos consertá-la? Reescrevê-la para que se tornasse suportável?
Bem, é isso que faremos hoje.
Aliás, a todos que querem ir aos comentários me chamarem de machista e fazerem acusações de “mansplaining”... E deve ser lindo viver nesse mundo onde palavras que não existem são tão excessivamente usadas... Agora é a hora.
Para todos os demais... Sigaaaaaaaaaammmmmmmmmmm-ME!!!
Por que Rey é uma personagem ruim?
BOA PERGUNTA, GENOVEVA! Ganhou um biscoito Scooby bem no rabo!
Bem, o maior... E único... Problema com Rey, é que ela é uma Mary Sue.
“O QUE XOXOTAS É UMA MARY SUE, AMBLIM?”
Mary Sue é uma personagem infalível, perfeita, que fazem tudo melhor que todo mundo e que simplesmente não possuem iguais dentro da história. Na maioria das vezes, uma Mary Sue é uma auto inserção do autor em sua obra, ou um ser criado para representar seus desejos e idealizações dentro da história.
Sabe a menina fanfiqueira que escreve uma história onde uma personagem MUITO PARECIDA COM ELA, e que COINCIDENTEMENTE POSSUI O MESMO NOME, vai parar em Hogwarts, passa a ser disputada pelos meninos, luta de igual pra igual com a Bellatrix Lestrange logo no primeiro ano, e no fim da série casa com o Harry? ISSO é uma Mary Sue.
O termo surgiu em 1973, graças a uma paródia de
Star Trek chamada A Trekkie’s Tale, escrita por Paula Smith. Na história, conhecemos a tenente Mary Sue, apresentada como “a oficial mais jovem da Frota Estelar, com apenas quinze anos e meio de idade”. A história foi publicada no fanzine Menagerie, e era uma crítica de seus editores a este tipo de personagem, que eles entendiam como sendo pouco realistas e incrivelmente irritantes.
Pode nos dar um exemplo de Mary Sue?
Mas claro, meu chuchuzinho! Ninguém menos que Bella Swan, protagonista da Saga Mamelúsculo!
Sobre a qual escrevi extensivamente,
aqui,
aqui,
aqui,
aqui,
aqui,
aqui,
aqui,
aqui,
aqui e
aqui.
Vão ler, é bom.
Mas Bella... Oh Bella, por onde começar?
Primeiro, embora esteja sempre cabisbaixa e ache que a vida é OH MEU DEUS, TÃO DIFÍCIL, todos a adoram de imediato quando a conhecem. De fato, em seu primeiro dia de aula, ao invés de ser alienada por alguns de seus colegas (o que normalmente acontece quando um autor quer fazer o público sentir empatia pelo protagonista), todos os alunos de sua classe passam a disputar sua atenção, e ela logo é elevada a patamar de “líder” em seu grupo social.
Depois, mesmo sem ter QUALQUER QUALIDADE QUE A DESTAQUE, ela chama a atenção de Edward Cull... Hããããã... Cedrico Cullen, o rapaz mais misterioso, desejado e Shiryu da escola, e no filme seguinte, ela passa a ser disputada por ele e pelo lobisomem de barriga mais tanquinho da história das barrigas tanquinhos.
E não vamos esquecer que quando Bella foi transformada em vampira (SPOILERS!!!) ela se mostrou mais poderosa e capaz que qualquer um dos outros sanguessugas com séculos de idade que nos foram apresentados anteriormente.
Bella é uma Mary Sue lazarenta, e odiá-la deveria ser lei federal.
Ok, mas por que Mary Sues te irritam tanto? São só personagens!
Mary Sues não irritam “a mim”. Elas irritam a todos que tem um mínimo de apreço por estrutura narrativa.
Personagens precisam passar por um arco, eles devem começar a história em um ponto, e terminá-la em outro, completamente diferente. Se ao escrever um roteiro, ou livro, ou pornochanchada, seu personagem não passa por eventos que o mudam, e chega ao capítulo final exatamente como era na primeira página, então você fez algo errado.
Muito, muito errado.
Tomemos Bella como exemplo novamente. No primeiro minuto do primeiro filme, ela é uma menina “FOM” qualquer, genérica, sem qualquer interesse, habilidade ou virtude que a destaque... Mas que nunca erra e é amada por todos. Na última cena do último filme, ela é a exata mesma criatura... Só que com vampirismo, e consequentemente, ainda melhor.
E embora Rey não seja ruim como a Bella, porque afinal de contas, nem um Kim Jong-Um acionando seu arsenal nuclear e vaporizando a humanidade o seria, ela com certeza preenche muitos dos requisitos para ser considerada uma Mary Sue.
Pra começo de conversa, ela é linda e abraçável. Claro, não estou dizendo que os produtores do filme deveriam ter incendiado o rosto de Daisy Ridley antes de iniciarem as filmagens, mas a personagem parece mais uma debutante metida a alternativa preparada pra dar um rolê na avenida Paulista do que uma mendiga cósmica residente de um planeta hostil.
Quando penso em uma garota que vive num mundo onde tudo quer comê-la (literal e biblicamente), a imagem que me vem à mente é a Furiosa.
Rey está sempre impecavelmente limpa, e possui um cabelo tão bem penteado que faria inveja no Silvio Santos. Mesmo em momentos de desespero, quando tudo está explodindo ao seu redor e chamas, destroços, e discos do Jordy engolem todos a seu redor, o máximo que lhe acontece é ter uma mecha de cabelo fora do lugar.
Sem mencionar que ela tirou 20 quando rolou os dados pra determinar carisma no começo da aventura, e ABSOLUTAMENTE TODO MUNDO gosta dela. Finn praticamente se apaixona quando a vê (mas é claro que eles não namoram, porque Hollywood ainda tem medo de colocar o negão do blues dando uns pegas na debutante branquinha e londrina... Mas isso é outra história), Han Solo confia e passa a ser paternal com ela cinco segundos após conhecê-la, Leia ignora Chewbacca e a abraça assim que a vê após a morte de Han... Em seu microcosmo, ela é o centro de tudo.
Agora, falemos de sua infalibilidade, e serei justo. Parte de suas habilidades poderiam ter sido adquiridas ao longo de sua vida como órfã em Jaku.
HE-HE! "KU"!
Mas então, como sucateira, Rey pode ter aprendido a remendar todo tipo de tralha que encontrasse no deserto, uma vez que suas refeições dependiam inteiramente de sua capacidade de fazer lixo funcionar.
E sendo uma loli lindinha, cheirosa, de olhinhos claros e sotaque fofinho que neste exato momento deveria estar sentada na minha cara e rebolando até fazer barulho de lagoa...
...
...
... Com licença, sim?
...
...
...
Ok, bem melhor.
Onde eu estava? Ah sim, é de se imaginar que uma loli lindinha em um planeta hostil precisou aprender a se defender, de outra forma, acabaria em uma ilustração do Shadman.
E se entendeu esta referência, você é uma pessoa horrível! Dá cá um abraço!
Então, Rey saber consertar coisas e lutar, não são habilidades inacreditáveis para alguém em sua situação, mas saber remendar a Millenium Falcon com perfeição ao olhar pra nave pela primeira vez, pilotá-la de forma impecável, piruletando mais que o Eddy Gordo, e em Os Últimos Jedis, ela derrotar LUKE FODA SKYWALKER, O JEDI MAIS PODEROSO DE TODOS OS TEMPOS, SEM TREINAMENTO ALGUM... Bem... Quando olhamos desta forma, assim como sêmen cheio de unhas, Rey torna-se mais difícil de se engolir.
E daí? Continua sendo só um personagem! Cresce, seu nerdão!
Esse é o ponto: Rey é uma personagem. Personagens precisam de arcos onde eles passem por uma evolução gradual, de outra forma, é impossível que nos conectemos com eles.
Muito bem, permitam-me usar outro personagem de
Star Wars como exemplo desta evolução: LUKE FODA SKYWALKER!!!
Quando o conhecemos, ele é um fazendeiro em Tattooine, pior ocupação de todas, uma vez que o planeta é desert e não deve crescer nem pentelho de Jawa por lá. Ele mora com os tios, bebe leite azul, quer ir pra academia de pilotos, mas o tio Owen não deixa por... Motivos.
Eventualmente, enquanto cumpre seus afazeres, ele descobre a mensagem de Leia escondida em R2-D2, o leva pro velho louco que morava no meio das pedras e os dois partem em busca de AVENTURA!!!
Luke inicia sua jornada como um guri ingênuo que conhece porra nenhuma de nada, toma diversos “calabocas” do Han, um rosnado do Chewbacca, vê seu mestre ser morto diante de seus olhos e claramente não tem a menor chance contra Darth Vader.
Claro, ele destrói a Estrela da Morte, mas é estabelecido na história que ele é um bom piloto e capaz de atirar no furico da estação, uma vez que em Tattoine, passava seu tempo matando roedores do deserto não muito maiores que seu alvo.
Ninguém questiona o fato de que só assassinos seriais passam seu tempo exterminando animais inocentes, mas isso não vem ao caso. O ponto aqui é que Luke só conseguiu alvejar o ponto fraco da Estrela da Morte com uma mistura de habilidade e um pouquinho de uso da Força, ambas coisas que haviam sido devidamente estabelecidas antes.
Chega
O Império Contra-Ataca, Luke se aventura onde não devia, toma uma chulapada do monstro das neves e perde parte da cara, escapa do bicho com uma mistura de sorte e improviso, e sobrevive apenas porque foi resgatado pelo Han Solo. Então, ele vai treinar em Dagobah, onde mostra-se impaciente e irritado, ignora certos avisos de Yoda, e no final, decide viajar até Cloud City e enfrentar Vader.
O que acontece? Ele perde a mão e é comido com sete ervas e temperos.
Finalmente, após passar por poucas e boas, concluir seu treinamento, crescer e amadurecer, o vemos como um verdadeiro mestre Jedi, capaz de dominar a mente do mordomo do Jabba como se fosse terça-feira, treta com o Rancor como se ele não passasse de uma espinha na bunda da vida, e luta de igual pra igual com Darth Vader, o mano mais faixa preta da galáxia.
Existe uma progressão muito satisfatória no personagem, que começa como um garoto empolgado, torna-se um jovem adulto arrogante, e finalmente um homem maduro. Nos momentos finais de
O Retorno de Jedi, Luke redime Vader, algo que tanto Obi Wan quanto Yoda sequer cogitavam ser possível. O rapaz tornou-se um mestre maior do que aqueles que o ensinaram, e é extremamente satisfatório contemplar seus momentos finais após o acompanharmos por toda esta saga.
Claro, destruiram tudo isso em Os Últimos Jedi, mas deixemos essa história de lado agora.
Rey não passa por esta evolução. Ela conserta a Millenium Falcon, pilota melhor que Han Solo, luta de igual pra igual com Kylo Ren (um cara capaz de congelar disparos laser em pleno ar apenas com a carranca) na primeira vez que pega um sabre de luz, controla a mente de lazarentos cósmicos sem nem tentar, possui uma quantidade de cosmo... Digo, Força, capaz de intimidar o maior Jedi da história... REY É INFALÍVEL EM TUDO QUE FAZ... E consequentemente... UMA MARY SUE!!!
Sem mais perguntas, meritíssimo.
Então, já que você sabe mais do que todos na Lucasfilm, nos diga: Como a Rey deveria ser?
Pra começar, não precisamos mudar a atriz. Gosto muito de Daisy Ridley, a acho muito competente e apertável. De fato, acredito que qualquer carinho existente por Rey (que não seja forçado por ideologias políticas) deve-se unicamente a seu carisma natural.
O que podemos fazer é deixá-la com uma aparência mais rústica, mais uma vez, Furiosa me vem a mente. Vejo como ideal uma pintura facial escura cobrindo seus olhos, para deixá-la com uma aura mais agressiva e mostrar a qualquer pedófilo do deserto, que mexer com ela é uma boa maneira de se acabar o dia com um Stormtrooper entalado no esfincter.
Eventualmente, ao encontrar Han Solo, o velho bandoleiro poderia aconselhar ela a lavar a cara, uma vez que outros lugares do universo talvez não recebessem bem uma garota decorada com pintura de guerra. Isso seria o primeiro passo de seu desenvolvimento: Ao invés de ser uma sucateira fofinha e cheirosa que todos amam, Rey poderia ser desconfiada, agressiva e sempre na defensiva, resultado do ambiente onde cresceu. Limpar o rosto a colocaria pela primeira vez em uma posição vulnerável, e o público começaria então a se conectar com ela.
Quanto a suas habilidades de luta, poderíamos vê-las em duas situações bem distintas: Primeiro, em uma batalha com vagabundos de Jaku, onde ela seria atacada por ladrões (ou sucateiros rivais, ou fãs do Vando) e limparia o chão com eles. Mais pra frente na história, ao invés de ser capturada por Kylo Ren, ela poderia se meter a besta com uma tropa da Primeira Ordem... Ou melhor... COM A CAPITÃ PHASMA!!! E nessa brincadeira, ter o rabo chutado com tanta força que orgasmos seriam cancelados em seu corpo.
Com isso, criaria-se a situação de “peixe grande em uma lagoa pequena”. Quando estava em Jaku, Rey era mais do que páreo para todos os bandidos que encontrava, mas agora que saiu de sua bolha, a menina deve aprender que existem pessoas MUITO mais fortes do que ela.
Assim, nossa heroína teria progressões óbvias a fazer em seu arco: Abandonar sua agressividade e aprender a confiar nas pessoas, além de ter treinamento formal e descobrir como lutar feito gente grande.
E quanto ao poder da Força presente nela? O que faz com isso? Enfia no cu?
MODERE O LINGUAJAR, ROBIN!!! VOU TE BOTAR NO COLÉGIO INTERNO!
Ok, que tal isso? Rey pode ser o Broly de
Star Wars.
“Um bebezão cuja história é incrivelmente retardada e insatisfatória?”
... Certo... Ela pode ser a Kale de
Star Wars...
“Minha waifu?”
NÃO! MINHA WAIFU!!!
Mas o que quero dizer com isso? Kale possui um poder descomunal, que não é capaz de controlar. Que tal usarmos este mesmo artifício aqui? Rey poderia ter nascido com uma afinidade natural para com a Força, mas por nunca ter sio educada a respeito, ela nunca aprendeu a usá-la da forma certa. Coisas apenas “aconteciam” ao seu redor, sem explicação.
Por exemplo, lembram da cena onde ela vai trocar sucatas por comidas, e o mercador pilantra lhe dá menos mantimentos que na semana anterior? Rey poderia não aceitar os novos termos do lanfranhudo, bater o pé e dizer: “Você não vai me trapacear, você vai me dar a mesma quantia da semana passada”. E após um breve silêncio, o patife repetiria: “Vou lhe dar a mesma quantidade da semana passada” e o faria em seguida, deixando a moça com uma expressão de: “Que porras aconteceu?”
Com esta cena, o momento em que ela controla a mente do Stormtrooper mais adiante seria bem mais plausível.
Outra forma de demonstrar seu poder seria mostrá-la tendo um pesadelo com a lembrança de quando foi abandonada pelos pais. Neste momento, toda sua casa começaria a tremer e o terremoto só cessaria quando ela acordasse. Com isso, temos outro ponto de progressão para Rey: Ela possui um poder enorme, mas enquanto não fizer as pazes com seu passado, ela não terá estabilidade emocional para controlá-lo.
Desta forma, ao se encontrar com Luke, faria sentido ele ter medo dela. Rey é capaz de rachar o planeta ao meio e uma crise de choro pode exterminar toda vida a seu redor. Alguém nessas condições intimidaria qualquer um.
Então aqui está. Temos um trio de características bem interessantes que podem ser parte do arco evolutivo de nossa protagonista fofolete: Aprender que pode confiar nas pessoas e permitir a entrada de amigos na sua vida, tornar-se uma exímia lutadora, e encontrar o equilíbrio necessário para dominar o poder absurdo que possui.
Pronto! Aqui temos uma personagem com um claro arco evolutivo, interessante, fascinante e eletrizante,
oooooh-oooooooh Jem!!!
“Ainda te acho um
machiste por não considerar a Rey a personagem mais melhor de todos os tempes!!!”
Entre na fila.
E é isso! O que acham? Gostaram? Odiaram? Querem me mandar nudes?
Não dou a mínima.
Exceto pros nudes, quero todos.
Cheers!!!
Fonte: Blog do Amer (Não é jabá.