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Sua última aquisição livrística

AstroNeko

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Hellraiser e Evangelho De Sangue, do Clive Barker. Encontrei essas duas preciosidades da Darkside por 52 reais no Submarino.

Serial Killers Anatomia Do Mal foi presente de minha amada esposa! [emoji3526]
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CoyoteBoicote

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Hellraiser e Evangelho De Sangue, do Clive Barker. Encontrei essas duas preciosidades da Darkside por 52 reais no Submarino.

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Muito loka as capas, vou ler futuramente com ctz, não por causa das capas rs, mas parece ser legal gosto de terror. Vi que o King fez elogios, mais um motivo pra eu ler ;)

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Dedérius

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Fui obrigado a comprar novamente a saga do Senhor dos Aneis, primeiro pra atualizar a versão e segundo que os livros da atual editora Harper Collins sao em capa dura, algo raro nos livros atuais. Aí sim uma edição digna e merecida pros livros de Tolkien.

So falta a Harper Collins relançar o Filho de Hurin pra fechar a saga



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Ultima Edição:

geist

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Estou afim da versão ilustrada das Crônicas de Nárnia. Alguém tem para dar um parecer?
 

Carfax

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Minha última aquisição foi a HQ nacional O Turno da Noite - Escuridão Eterna do André Vianco
HQ sobre Vampiros, a história é boa, não é muito longa, bem interessante o conceito.

Encontrei no Submarino por R$12
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-Riku-

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A Panini ficou maluca?
Caramba, eu compro as versões capadura da Miss Marvel e tô vendo aqui que a ultima está pelo preço de 62 reais!!!!!!!!!!!!!
As primeiras edições eram 20 reais. O quadrinho não tem nem 200 paginas, que abuso.
 


Tosetto Falls

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Ganhei 2 cupons de 50 reais do paypal (muita sorte :kfeliz) e, depois de pesquisar muito, peguei essas belezuras, já que a saraiva aceita paypal:

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Ou comprava tudo em quadrinho ou o upgrade kit do street fighter pra champion edition por R$55, ai lembrei que passo raiva com esse jogo (além de jogar mal) e ler seria mais prazeroso :klol

Apesar de falarem que o Poder Supremo não tem final fechado, dizem que mesmo assim vale a pena a leitura. Veremos...
 

EgonRunner

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Ganhei 2 cupons de 50 reais do paypal (muita sorte :kfeliz) e, depois de pesquisar muito, peguei essas belezuras, já que a saraiva aceita paypal:

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Ou comprava tudo em quadrinho ou o upgrade kit do street fighter pra champion edition por R$55, ai lembrei que passo raiva com esse jogo (além de jogar mal) e ler seria mais prazeroso :klol

Apesar de falarem que o Poder Supremo não tem final fechado, dizem que mesmo assim vale a pena a leitura. Veremos...

li Poder Supremo na época e é muito bom, vale a pena.
 

Dedérius

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Como o anime nao vai ser continuado mesmo entao so me resta colecionar os mangás dessa edição especial... Comprei todos os volumes lançados de uma so vez pra chegar ao ritmo atual

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B - Mark

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Hoje chegou o mangá O Jardim das Palavras (Kotonoha no Niwa) da New Pop.

Comprei o mangá direto do site da Editora por 16 Reais mais frete de 8 Reais por Impresso Registrado.

Foi publicado em 2016 e só agora que consegui comprá-lo.

Encomendei o mangá no dia 07 de Janeiro e chegou hoje, dia 28.

E ainda ganhei um marcador de página de brinde.

O mangá foi baseado no filme de mesmo nome dirigido por Makoto Shinkai com arte de Midori Motobashi e conta a história de Takao Akizuki, um colegial que quer se tornar sapateiro e em um dia chuvoso conhece a professora Yukari Yukino no jardim e começam a conversar.

Para quem se interessar, vejam estes links:

Scan em Inglês do Cap.1 do site da Kodansha

Site da New Pop
 

atlanperry

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Depois de nos últimos meses só ler ficção científica e terror estou voltando a ler literatura policial com o livro “Dinheiro Sujo” de Lee Child. Pelo que li esse livro é o primeiro de uma série de livros estrelados pelo personagem Jack Reacher.
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skydog

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Últimas aquisições, feitas na Amazon

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Marcador

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Grossura

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Brinde impagável da Saraiva

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Esse é o próximo livro que vou ler, lacrado ainda
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Você já havia lido Este livro de José de Alencar?

Fiquei com vontade de comprar.
 

Niko

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Você já havia lido Este livro de José de Alencar?

Fiquei com vontade de comprar.
Opa, não tinha lido quando comprei, mas hoje já li sim. É curtinho e muito bom, inclusive se vc quiser ver depois postei uma opinião sem spoilers no tópico OS Books. Eu recomendo a compra.
 

EgonRunner

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esse mês peguei:

Batman: O Messias
Batman vs Predator
Absolute Sandman 5
Hellraiser Renascido do Inferno
Metropolis
Hellblazer 22 (importado)
 

Nomercy

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Acabei de receber à pouco aqui no trabalho :rox

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Cara . excelentes compras! Eu gosto muito do Bioy. O romance que mais gostei dele foi o " Diário da Guerra do Porco" . Li naquelas ediçoes da Cosac e Naify a muito tempo atrás, vou até separar aqui esses volumes para ver se leio esse ano novamente!

Esses selos da Biblioteca Azul são muito bons, eu estou esperando até hoje eles finalizarem as do Honoré de Balzac. Mas pararam de publicar sem concluir a obra toda e estão sem previsão de publicação de novos volumes. Quando lançaram esse primeiro volume do ABC fiquei com medo deles não darem continuidade , mas felizmente estão publicando!
 

Krion

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Cara . excelentes compras! Eu gosto muito do Bioy. O romance que mais gostei dele foi o " Diário da Guerra do Porco" . Li naquelas ediçoes da Cosac e Naify a muito tempo atrás, vou até separar aqui esses volumes para ver se leio esse ano novamente!

Esses selos da Biblioteca Azul são muito bons, eu estou esperando até hoje eles finalizarem as do Honoré de Balzac. Mas pararam de publicar sem concluir a obra toda e estão sem previsão de publicação de novos volumes. Quando lançaram esse primeiro volume do ABC fiquei com medo deles não darem continuidade , mas felizmente estão publicando!


Esta coleção do Honoré de Balzac (A comédia humana) cheguei a ver uma vez em um sebo para comprar, acho que estava completa (17 vols). Era uma edição bem antiga (da década de1940) mas em relativo bom estado, não comprei pois estava muito cara (estavam pedindo + de R$800,00).

Esta nova que mencionou, lançaram até o vol 09 , foi o ultimo que vi, acho que é de 2016.
 

geist

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Estou em fase de reflexão quanto a novas aquisições. Acho que vou manter só a nata (principalmente livros sobre religião) em formato impresso, fora alguns mangás tops, como Akira, Novo Lobo Solitário, Lobo Solitário, Vagabond, Alita e Blade, além de alguns quadrinhos. Não tenho mais espaço e não quero também ficar acumulando ainda mais coisa. No fim o destino será o lixo, se não for eu primeiro.

Romances e livros mais triviais vou ver se mantenho no Kindle.

É complicado, como o colega postou em outro tópico, eu dificilmente volto a ler a mesma obra, então fica só ocupando espaço. Soma-se a isso o custo de aquisição, às vezes elevado e tá aí o que pode ser um grande desperdício.
 

CoyoteBoicote

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Estou em fase de reflexão quanto a novas aquisições. Acho que vou manter só a nata (principalmente livros sobre religião) em formato impresso, fora alguns mangás tops, como Akira, Novo Lobo Solitário, Lobo Solitário, Vagabond, Alita e Blade, além de alguns quadrinhos. Não tenho mais espaço e não quero também ficar acumulando ainda mais coisa. No fim o destino será o lixo, se não for eu primeiro.

Romances e livros mais triviais vou ver se mantenho no Kindle.

É complicado, como o colega postou em outro tópico, eu dificilmente volto a ler a mesma obra, então fica só ocupando espaço. Soma-se a isso o custo de aquisição, às vezes elevado e tá aí o que pode ser um grande desperdício.
É a questão do espaço é foda mesmo, eu estou com uma pancada de livro aqui, separei uns 5 que talvez eu leia novamente. Mas o restante está só acumulando e ocupando espaço.
Vou tentar me livrar de boa parte numa feira de livro que vai ter aqui na cidade, pegarei alguns pois sinto uma necessidade insana por leitura. Tentei vender só que o povão não se interessa muito por livros...
 

geist

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É a questão do espaço é foda mesmo, eu estou com uma pancada de livro aqui, separei uns 5 que talvez eu leia novamente. Mas o restante está só acumulando e ocupando espaço.
Vou tentar me livrar de boa parte numa feira de livro que vai ter aqui na cidade, pegarei alguns pois sinto uma necessidade insana por leitura. Tentei vender só que o povão não se interessa muito por livros...

Tentar vender é só pra passar nervoso. Ninguém dá um real.
Prefiro doar pra quem realmente vai fazer uso.

Decidi. Vou manter o máximo possível no Kindle e PDF no PC e celular. Tá me incomodando ver um monte de "tralha" pegando poeira.
Agora é esperar "uns anos" até eu ter coragem de fazer uma separação. Maldita procrastinação.
 

skydog

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Cara . excelentes compras! Eu gosto muito do Bioy. O romance que mais gostei dele foi o " Diário da Guerra do Porco" . Li naquelas ediçoes da Cosac e Naify a muito tempo atrás, vou até separar aqui esses volumes para ver se leio esse ano novamente!

Esses selos da Biblioteca Azul são muito bons, eu estou esperando até hoje eles finalizarem as do Honoré de Balzac. Mas pararam de publicar sem concluir a obra toda e estão sem previsão de publicação de novos volumes. Quando lançaram esse primeiro volume do ABC fiquei com medo deles não darem continuidade , mas felizmente estão publicando!
Nunca ouvi falar dele, mas fiquei com vontade. Vou colocar na lista.

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CoyoteBoicote

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Fui numa feirinha de livros aqui na cidade e vejam só, troquei alguns que eu tinha por estes:
Massa
[emoji4][emoji6]
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skydog

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Fui obrigado a comprar novamente a saga do Senhor dos Aneis, primeiro pra atualizar a versão e segundo que os livros da atual editora Harper Collins sao em capa dura, algo raro nos livros atuais. Aí sim uma edição digna e merecida pros livros de Tolkien.

So falta a Harper Collins relançar o Filho de Hurin pra fechar a saga



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Esses dias coloquei este box preto na minha lista, o que você achou?

Nunca nem li por inteiro a saga. Só o hobbitt.
 

Dedérius

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Esses dias coloquei este box preto na minha lista, o que você achou?

Nunca nem li por inteiro a saga. Só o hobbitt.

a capa ta bonita, essa versao é capa dura entao pra colecionar e enfeitar estante ta uma blz

o problema é se acostumar com as traduções (ORQUE, GOBELIN)
 

Krion

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a capa ta bonita, essa versao é capa dura entao pra colecionar e enfeitar estante ta uma blz

o problema é se acostumar com as traduções (ORQUE, GOBELIN)

Mas parece que tiveram outras mudanças além da "polêmica" da nova tradução:

Por dentro da nova tradução de O Senhor dos Aneis
O tradutor Ronald Kyrmse, falou a VEJA sobre os detalhes da edição que acaba de chegar às livrarias e o universo de J. R. R. Tolkien
Por Maria Clara Vieira - Atualizado em 20 dez 2019, 19h50 - Publicado em 20 dez 2019, 19h10
Elijah Wood (Frodo), personagem da saga "O Senhor dos Anéis" adaptação para o cinema do diretor Peter Jackson ao livro do escritor J.R.R.Tolkien
Elijah Wood (Frodo), personagem da saga "O Senhor dos Anéis" adaptação para o cinema do diretor Peter Jackson ao livro do escritor J.R.R.Tolkien Divulgação/VEJA



Há 25 anos, a história de Bilbo, Frodo, Galdalf, Legolas, entre outros heróis da Terra Média desembarcava em terras brasileiras pela primeira vez em português tupiniquim. Considerada uma das sagas de maior sucesso da história, O Senhor dos Aneis, de J. R. R. Tolkien, arrebanhou fãs pelo mundo inteiro, ganhou as telonas, os jogos, virou tema de teses de doutorado e até de vídeos em canais religiosos. Este ano, a trilogia clássica ganha nova edição pela editora Harper Collins, junto com outros títulos inéditos do autor. Consultor da tradução de 1994 e responsável pela nova versão, o paulista Ronald Kryrmse se debruçou durante um ano nas mil páginas – com mais de meio milhão de palavras – que compõem a obra, com o apoio de um conselho dos especialistas. Abaixo, trechos de sua entrevista a VEJA sobre o resultado, há disponível nas livrarias.

O senhor prestou consultoria à primeira tradução oficial de O Senhor dos Aneis para o português brasileiro. O que mudou? Os tradutores daquela época não conheciam o “mundo secundário” de Tolkien. Não tinham lido a obra inteira. Era como traduzir um quadrinho do Homem de Ferro sem conhecer o universo da Marvel. Eu ajudei a lidar com a questão dos nomes. Tolkien era linguista deixou instruções específicas. Proibiu, por exemplo, mexer nos nomes na língua élfica. Foi nesta primeira versão que Bilbo Baggins virou Bilbo Bolseiro.

Ela tem erros? Tem frases com informações importantes que acabaram suprimidas. No Conselho de Elrond, o mago Gandalf conta que, quando foi até a torre de Saruman para conversar, o vilão estava esperando ao pé da escada e com um anel no dedo. Isso sumiu na tradução. Não é o Um Anel, mas indica que ele já estava à procura dos anéis do poder. Para revisar detalhes desse tipo, criamos um conselho de quatro pessoas. Esta nova tradução foi feita a muitas mãos.

Há mudanças na fala dos personagens? Sim. Procuramos respeitar o tom e a forma da linguagem. Na primeira tradução, todo mundo usa “você”. Isso sempre me incomodou. Os elfos são uma raça muito mais antiga do que os hobbits e deviam ser tratados com mais respeito. Agora, o pronome de tratamento corriqueiro é tu. Os hobbits, um povo rural, se tratam por “você”. Mas se referem aos elfos como “vós”.
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Dá para dizer que a tradução respeitou os sotaques? Não é exatamente o sotaque, porque isso soaria falso. Mas o vocabulário é diferente, sim. Os hobbits usam uma linguagem mais informal, com palavras do dia-a-dia, enquanto os elfos preferem termos arcaicos. Já os orques, uma raça muito bruta e ignorante, falam sem plural nem concordância.

O que é mais difícil de traduzir em Tolkien? Os poemas. Só em O Senhor dos Anéis há setenta poemas e canções, com métrica e rimas próprias. Procurei manter tudo no mesmo lugar, de modo que, se alguém quiser cantar o poema em inglês ou em português, pode usar a mesma melodia.

Muitos autores contemporâneos dizem ter se inspirado em Tolkien. Algum se compara a ele? Não. Ninguém na história passou cinquenta anos criando os mitos, idiomas, histórias, povos e culturas de um mundo imaginário. Desculpe, mas não dá para comparar com A Guerra dos Tronos, muito menos com Harry Potter.

Os potterheads contra-argumentam que esta não era mesmo a proposta. De fato, não era. Um crítico certa vez disse que em meio século Tolkien criou um povo inteiro, com todas as suas características. Se o personagem passa por uma montanha, ela tem nome, e o nome está relacionado a alguma batalha, é assim por diante. É um feito sem precedentes, difícil de ser imitado.

“Orques” e “gobelins”: novas traduções de obras de Tolkien no Brasil geram discórdia entre fãs e editora
HarperCollins adquiriu direitos para publicar livros do autor em 2018, causando debates nas redes sociais nos últimos meses

27/05/2019 - 11h26minAtualizada em 27/05/2019 - 22h21min
Júlio Boll

Júlio Boll

Divulgação / HarperCollins
"A Queda de Gondolin" e "O Silmarillion": obras ganharam novas versões da HarperCollinsDivulgação / HarperCollins
Dragões, a destruição de O Anel, a trajetória de Frodo e diversas criaturas mágicas. Não é preciso relembrar, em 2019, os encantos do universo de O Senhor dos Anéis, criado pelo britânico J.R.R. Tolkien, ainda mais depois de três adaptações para o cinema no início dos anos 2000 e de obras cultuadas por milhares de geeks em todo o planeta. No entanto, quando a calma parecia dominar o mundo criado pelo autor, uma editora e fãs travaram uma calorosa discussão.
Leia Mais
Em 2018, a editora HarperCollins do Brasil comprou os direitos para publicar as obras de Tolkien, incluindo contos inéditos no país. Até aí, o cenário era de festa: nerds comemoravam a possibilidade de comprar, em versão nacional, histórias até então não publicadas em terras brasileiras, como A Queda de Gondolin e Beren e Lúthien. As duas obras já estão disponíveis nas livrarias de todo o país e atingiram os rankings de mais vendidos.
— Este processo foi fruto de muito trabalho em conjunto, porque a editora entendeu o potencial dessas obras, que tinham um valor inestimável para fãs e que mereciam ser exploradas. Começamos esse processo do zero mesmo — explica Samuel Coto, gerente editorial da HarperCollins.
Ou seja, a publicadora captou os manuscritos de Tolkien, formou um conselho editorial com tradutores especialistas no autor e traduziu todo o conteúdo. Neste processo, iniciou-se uma guerra que tem aquecido as redes sociais nos últimos meses: termos como “orcs” e “goblins” - que foram eternizados na memória afetiva de fãs de todo o país – foram transcritos novamente para “orques” e “gobelins”, respectivamente. No caso de "anões", a editora optou por "anãos", usando a mesma lógica de Tolkien ao manter o radical em inglês incluindo um "s" para indicar plural.
“Todas as escolhas foram frutos de muita pesquisa e estão apoiadas nas orientações de tradução do próprio autor, de modo a garantir que estas novas traduções sejam as mais criteriosas na história destes livros no Brasil. Confiamos muito neste trabalho, mas estamos atentos ao feedback dos fãs para nos certificar de que os livros mantenham o mais alto nível de qualidade”, diz a HarperCollins, em nota oficial enviada à reportagem de GaúchaZH.
Além disso, outros erros simples de palavras como “son” ("filho", em português), que foi traduzida como “irmão” em uma primeira edição, passaram reto pela editora. A HarperCollins frisa, no entanto, que a terceira edição – que está nas prateleiras agora – já está corrigida.
Arquivo pessoal / Eduardo Olifer
Eduardo Olifer, do Tolkien Brasil, diz que irá procurar a família de Tolkien atrás de apoio para que uma revisão seja feitaArquivo pessoal / Eduardo Olifer
Não houve debate”
Principal articulador do grupo que questiona as versões da HarperCollins, Eduardo Olifer é fundador do site Tolkien Brasil e fã das obras desde a década de 1990. Em sua biblioteca pessoal, estão cerca de 900 livros do universo do escritor britânico. Além disso, ele mantém três canais no YouTube sobre literatura – sendo dois atrelados ao ídolo literário.
Olifer fez uma parceria com a editora no ano passado e foi chamado para trabalhar em conjunto com as traduções, entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano, mas pontua que abriu mão por conta dos erros. Ele frisa que alertava sobre os termos equivocados desde o início dos trabalhos.
Em janeiro de 2019, criou um grupo no WhatsApp com o conselho da editora para expor alguns dos termos que considera errôneos. No entanto, ele fala que foi respondido somente por Samuel tanto na conversa pelo aplicativo de mensagens quanto em outras tentativas posteriores, por publicações em seu site e pelas redes sociais.
Segundo Olifer, seus argumentos estão baseados nas traduções em outros idiomas, no Guia Para Nomes de O Senhor dos Anéis (do próprio Tolkien) e na pesquisa junto a tradutores das obras em outros países, como Alemanha, Espanha, Polônia, Itália e França. Além disso, buscou outros especialistas no escritor, como Jared Lobdell, editor do A Tolkien Compass (coletânea de textos do próprio Tolkien) e Vittoria Alliata di Vilafranca, que realizou a primeira tradução para o italiano, com a participação do próprio Tolkien em vida.
— Nesse guia, escrito em 1967, Tolkien diz logo no início que as nomenclaturas deveriam ser “traduzidas para o outro idioma de acordo com seu significado (o mais próximo possível)”. Ele desejava que a obra fosse lida com menos estranheza pelos leitores que se preocupariam com os nomes estranhos de seu mundo. Então, a editora Harper Collins Brasil decidiu mudar os nomes originais do Tolkien, que já estavam consolidados entre os leitores e eram palavras do próprio Tolkien. A Harper Collins Brasil alterou a palavra "Orc" para "Orque" e "Goblin" para "Gobelim". Ocorre que "Orque" e "Gobelim" são palavras em francês e a mera substituição de um idioma por outro não é uma tradução pelo significado (já que logicamente "Orque" não tem significado em Português e Gobelim em nossa língua é apenas um tipo de tapete francês). Seria como trocar a palavra em inglês "Book" por "Buch" em Alemão, o leitor brasileiro ficaria sem o significado da palavra. No próprio Guia, diz que as palavras "Orc" e "Goblin" deveriam ser mantidas no original (em caso de não existir criaturas com os mesmos significados) ou traduzidas por uma criatura que fosse equivalente no idioma de tradução ("Goblin" seria um duende ou trasgo, enquanto "Orc" não tem equivalente em português) — alega Olifer.
O líder do Tolkien Brasil fez três vídeos sobre o assunto, com uma hora de duração cada, além de artigos com citações do escritor britânico e um arquivo de mais de 60 páginas sobre os conteúdos que considera problemáticos. Mesmo assim, ficou sem resposta:
— Em suma, não ocorreu nenhum debate sobre o tema. Simplesmente fiz as publicações de textos no Tolkien Brasil falando sobre “orc” e seus significados e fui mandando para o editor. Tempo depois, a editora publicou uma nota de resposta. Gravei o vídeo mostrando que não entenderam ou não leram os artigos. Depois, o tradutor fez o texto resposta no Facebook. Depois disso, os contatos se encerraram e a editora não respondeu nenhuma mensagem – lembra Olifer.
Ele garante que sua preocupação é com os erros e destaca que seu desejo é ver "algo digno do autor aqui no Brasil" e, por isso, decidiu se afastar da editora:
— Diante das circunstâncias, decidimos distanciar da editora Harper Collins Brasil, por não sentirmos mais segurança nos trabalhos que realizam e pelo fato deles não atenderem mais nossas mensagens. Além dos indicados, encontramos diversos erros nos livros e decidimos reunir e encaminhar para a família Tolkien e a editora britânica. A editora brasileira alega que as traduções são supervisionadas pela Harper Collins Britânica, mas é importante ressaltar que as traduções da Martins Fontes também foram e, no entanto, continham também diversos erros. Assim, diante da falta de diálogo da editora a solução é pedir para que os responsáveis pelos direitos autorais verifiquem isso.
Arquivo pessoal / Cesar Machado
Cesar Machado, do Tolkien Talk, mediou um debate sobre os termos em livraria: "Isto deveria ter sido feito antes"Arquivo pessoal / Cesar Machado
Não vejo problema em ‘orques’”
Na onda contrária, César Machado acredita que não há problemas com a tradução da HarperCollins. Criador do canal Tolkien Talk, ele começou a se aventurar pelas tramas do britânico após o lançamento de A Sociedade do Anel, em 2001, nos cinemas. Desde então, atua em fóruns e sites dedicados ao universo fantástico.
Ele entende que a editora optou por "passar um rolo compressor em cima de tudo" e começar do zero. Em janeiro, mediou um debate na Livraria Vila, em São Paulo, no qual conversou com os novos tradutores das obras sobre as alterações realizadas. Em seu canal no YouTube, possui mais de 45 mil inscritos - e o clipe mostrando a conversa teve quase cinco mil visualizações.
— Não vejo problema em “orques” e “gobelin”, porque é algo que deveria ter sido feito desde o início. O trabalho de outros tradutores pede maturidade do público e entendo que deve-se chegar a um meio-termo – acredita o estudioso.
Ele conta que alertou a editora de que ela enfrentaria queixas, mas que a publicadora aceitou fazer a quebra de um paradigma e tocar em memórias afetivas:
— Acredito que as reclamações sejam menos de 1%. Por termos ligações afetivas aos termos, ok, são críticas válidas, mas tecnicamente eles não estão errados.
Em relação às obras, Cesar aprovou a produção: ele gostou das versões em capa dura e da ideia de manter os desenhos originais, que deram mais poder ao projeto da editora.
Divulgação / HarperCollins
Editora lançou a biografia "J.R.R. Tolkien" em agosto de 2018 e se prepara para divulgar "O Hobbit" em julho deste anoDivulgação / HarperCollins
Versamos sobre a obra em inglês”
Para realizar estas novas traduções, a HarperCollins criou um conselho formado pelos tradutores Ronald Kyrmse (que já era tradutor das obras de Tolkien no Brasil, de edições anteriores pela WMF Martins Fontes), Gabriel Brum (que é especialista em literatura fantástica), e o escritor e jornalista Reinaldo José Lopes (mestre e doutor em Letras pela USP com foco em J.R.R. Tolkien). A equipe conta também com o gerente editorial Samuel Coto. Além disso, a companhia literária conta que fã-clubes interessados no projeto foram consultados, como o Tolkien Talk.
Segundo Reinaldo, os quatro profissionais trabalharam versando sobre as obras de Tolkien em inglês – esta dinâmica é sugerida pelo próprio Tolkien, no Guide to the Names in The Lord of the Rings (Guia Para Nomes de O Senhor dos Aneis, em tradução livre), de 1967. Quando há dúvida, os tradutores devem recorrer a este escrito e ao Apêndice F de O Retorno do Rei (terceiro livro da saga).
— Não fizemos consultas em outros idiomas, porque cada um tem a sua especificidade e soluções do espanhol, italiano e francês, que não necessariamente funcionariam em português, e porque queríamos fazer algo diferente. A proposta é voltar de maneira radical às origens linguísticas e lógicas dos textos de Tolkien — explica Reinaldo.
Conforme o Guia Para Nomes, o termo "orc" pode ser traduzido a partir do inglês para o idioma correspondente. No entanto, em nenhum momento o criador explica sobre o plural, que tem causado incômodo aos fãs. Tolkien frisa, nestes casos, que os tradutores responsáveis têm autonomia para decidir o que melhor combina com a língua final.
— Sobre gobelins e orques, não existem termos para a tradução que tenham significado semântico em português. Não poderíamos usar ogros e duendes, que pensariam no Shrek ou em bichinhos bonitinhos da natureza, respectivamente (risos). Não tem equivalente claro e buscamos refletir a presença histórica na língua portuguesa — destaca o tradutor.
Além disso, Reinaldo explica que todas as decisões foram tomadas em conjunto, até mesmo porque estas criaturas já ganharam um contexto afetivo para leitores. Mesmo assim, optou-se por alterar a estrutura final, enraizando-se ao português clássico.
Em relação à palavra "gobelin", a questão é ampliada. Por não estar citado no guia assinado por Tolkien, a editora deveria ter mantido o radical em inglês (goblin) – incluindo o “s” para o plural -, mas também é passível do termo ganhar independência dos tradutores para decidir, que também devem priorizar a sonoridade na avaliação.
— Ficamos preocupados, porque pensamos se o trabalho, que foi feito com muito amor, vai ser jogado no lixo por causa de discussões menores, pequenas e, muitas vezes, sem embasamento técnico. Estamos trabalhando no coletivo. É chato — desabafa Reinaldo.
O gerente Samuel Coto lembra que o grupo de trabalho tem o aval da família de Tolkien, incluindo sobre “o trabalho dos tradutores e suas decisões”.
— Em alguns casos, não iremos agradar a todos e a memória afetiva interfere nesse processo, está perto do coração das pessoas. Nós (do conselho) não chegamos a um consenso por meses. O Reinaldo, por exemplo, teve o voto contra, porque não podemos só manter a raiz e trazer como é, e sim pensar no guia.
Além de A queda de Gondolin e Beren e Lúthien, lançados no ano passado, a editora já publicou O Silmarillion com novo projeto gráfico. Nos próximos meses, estão previstas a nova versão de O Hobbit, que deve chegar às lojas em julho, e as três partes de O Senhor dos Anéis, em novembro.
A programação de lançamentos envolve mais de 30 títulos, que devem chegar às lojas ao longo dos próximos sete anos, contemplando toda a obra do autor - inclusive títulos nunca lançados no Brasil, como a História da Terra-Média (History of Middle Earth), além de uma biografia do autor, escrita por Humphrey Carpenter, que serviu de inspiração para o longa Tolkien.
Enquanto isso, no site Tolkien Brasil e no Twitter , fãs têm se pronunciado a respeito do assunto - e o debate parece interminável. A guerra está declarada, assim como ocorre na Terra-Média de Bilbo Bolseiro em As Duas Torres.
Veja algumas das publicações de fãs no Twitter:
Compreendo perfeitamente quem não gosta de "gobelim" e "orque" na nova tradução da @HarperCollinsBR das obras do Tolkien (até porque eu também não gostei), mas reclamar de "gnomo" no lugar de "noldor" já é porque o sujeito não entendeu o propósito do livro.
— Flambeau Rialeb (@frialeb) March 6, 2019
Embora tenha lido a nota sobre a tradução da @HarperCollinsBR sobre os livros de #Tolkien ainda me causa estranheza que "Orc" tenha sido traduzido para "Orque", entretanto "Balrog" tenha mantido sua grafia original. Os argumentos não foram convincentes.
— Mateus Cunha (@palavradois) January 28, 2019
Tá pra nascer fandom MAIS CHATO que os fãs de Tolkien, tá acontecendo a terceira guerra mundial pq a Harper Collins decidiu traduzir como Gobelim e Orque, povo chato do c***lho
— Jéssica Leal (@jessicaleal93) January 29, 2019
O J. R. R.Tolkien fazia por carta o que a J. K. Rowling faz pelo Twitter:
Informações irrelevantes sobre suas obras, que mais atrapalham e criam fãs cricris do que adicionam de fato a experiência do leitor. #Orque
— AnarcoLeprechaun (@EuLeLeprechaun) January 26, 2019
o tradutor da harpercollins br mudou duas palavras das obras do tolkien: orc virou orque e goblin virou gobelim. o que eu, como fã, acho extremamente desrespeitoso. orc e goblin são duas raças no mundo da terra-média, então de jeito nenhum deveriam tê-las mudado. uma falta de + pic.twitter.com/UscnVSBXXi
— giulia (@elidelochans) February 2, 2019
E as novas traduções de Tolkien que resolveram trocar "orc" pra "orque" e "goblin" pra "gobelim", hein?

Eu li as justificativas, mas discordo. Não sou linguista, mas acho que é inventar demais em algo estabelecido.
— Vinha (@felipevinha) October 24, 2018


ai gente, cansei dessa treta do twitter e silenciei geral
agora a unica treta que eu to interessada são dos tradutores dos livros do Tolkien tendo que justificar o porquê traduziram a palavra ORC pra ORQUE
— ana ou carol (@cannabi_ana) October 2, 2018
ai eu ainda tô tão indignada com essas novas traduções das obras de Tolkien de vdd
a única coisa q eu achei justa até agora nessas modificações foi mudar anões para anãos pq faz sentido já q Tolkien usava Dwarves e n dwarfs mas o resto é tão aaa pra q mano
— bianca (@bninquie) March 22, 2019
Tá bem. Faz sentido traduzir o plural de "anão" pra uma palavra diferente de "anões", já que o plural de "dwarf" na obra de Tolkien é "dwarves", e não "dwarfes", que é o plural correto na língua inglesa.

Mas que "anãos" é uma escolha estranha da @HarperCollins, é https://t.co/nhGGWMgBUY
— Matheus Santos (@SantosMatheus) March 18, 2019
Saí de todos grupos de Tolkien que atualmente tomaram pra si o direito de mudar e chamar Orcs, Goblins e Anões de ORQUES, GOBELIMS e ANÃOS, dentre outras mudanças irrelevantes da Harper Collins Brasil.São os cirandeiros da literatura. Um mais corretinho que o outro. Chega disso.
— Leondecamargo (@LeondeCamargo91) March 12, 2019


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Dedérius

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Mas parece que tiveram outras mudanças além da "polêmica" da nova tradução:

Por dentro da nova tradução de O Senhor dos Aneis
O tradutor Ronald Kyrmse, falou a VEJA sobre os detalhes da edição que acaba de chegar às livrarias e o universo de J. R. R. Tolkien
Por Maria Clara Vieira - Atualizado em 20 dez 2019, 19h50 - Publicado em 20 dez 2019, 19h10
Elijah Wood (Frodo), personagem da saga "O Senhor dos Anéis" adaptação para o cinema do diretor Peter Jackson ao livro do escritor J.R.R.Tolkien
Elijah Wood (Frodo), personagem da saga "O Senhor dos Anéis" adaptação para o cinema do diretor Peter Jackson ao livro do escritor J.R.R.Tolkien Divulgação/VEJA



Há 25 anos, a história de Bilbo, Frodo, Galdalf, Legolas, entre outros heróis da Terra Média desembarcava em terras brasileiras pela primeira vez em português tupiniquim. Considerada uma das sagas de maior sucesso da história, O Senhor dos Aneis, de J. R. R. Tolkien, arrebanhou fãs pelo mundo inteiro, ganhou as telonas, os jogos, virou tema de teses de doutorado e até de vídeos em canais religiosos. Este ano, a trilogia clássica ganha nova edição pela editora Harper Collins, junto com outros títulos inéditos do autor. Consultor da tradução de 1994 e responsável pela nova versão, o paulista Ronald Kryrmse se debruçou durante um ano nas mil páginas – com mais de meio milhão de palavras – que compõem a obra, com o apoio de um conselho dos especialistas. Abaixo, trechos de sua entrevista a VEJA sobre o resultado, há disponível nas livrarias.

O senhor prestou consultoria à primeira tradução oficial de O Senhor dos Aneis para o português brasileiro. O que mudou? Os tradutores daquela época não conheciam o “mundo secundário” de Tolkien. Não tinham lido a obra inteira. Era como traduzir um quadrinho do Homem de Ferro sem conhecer o universo da Marvel. Eu ajudei a lidar com a questão dos nomes. Tolkien era linguista deixou instruções específicas. Proibiu, por exemplo, mexer nos nomes na língua élfica. Foi nesta primeira versão que Bilbo Baggins virou Bilbo Bolseiro.

Ela tem erros? Tem frases com informações importantes que acabaram suprimidas. No Conselho de Elrond, o mago Gandalf conta que, quando foi até a torre de Saruman para conversar, o vilão estava esperando ao pé da escada e com um anel no dedo. Isso sumiu na tradução. Não é o Um Anel, mas indica que ele já estava à procura dos anéis do poder. Para revisar detalhes desse tipo, criamos um conselho de quatro pessoas. Esta nova tradução foi feita a muitas mãos.

Há mudanças na fala dos personagens? Sim. Procuramos respeitar o tom e a forma da linguagem. Na primeira tradução, todo mundo usa “você”. Isso sempre me incomodou. Os elfos são uma raça muito mais antiga do que os hobbits e deviam ser tratados com mais respeito. Agora, o pronome de tratamento corriqueiro é tu. Os hobbits, um povo rural, se tratam por “você”. Mas se referem aos elfos como “vós”.
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Dá para dizer que a tradução respeitou os sotaques? Não é exatamente o sotaque, porque isso soaria falso. Mas o vocabulário é diferente, sim. Os hobbits usam uma linguagem mais informal, com palavras do dia-a-dia, enquanto os elfos preferem termos arcaicos. Já os orques, uma raça muito bruta e ignorante, falam sem plural nem concordância.

O que é mais difícil de traduzir em Tolkien? Os poemas. Só em O Senhor dos Anéis há setenta poemas e canções, com métrica e rimas próprias. Procurei manter tudo no mesmo lugar, de modo que, se alguém quiser cantar o poema em inglês ou em português, pode usar a mesma melodia.

Muitos autores contemporâneos dizem ter se inspirado em Tolkien. Algum se compara a ele? Não. Ninguém na história passou cinquenta anos criando os mitos, idiomas, histórias, povos e culturas de um mundo imaginário. Desculpe, mas não dá para comparar com A Guerra dos Tronos, muito menos com Harry Potter.

Os potterheads contra-argumentam que esta não era mesmo a proposta. De fato, não era. Um crítico certa vez disse que em meio século Tolkien criou um povo inteiro, com todas as suas características. Se o personagem passa por uma montanha, ela tem nome, e o nome está relacionado a alguma batalha, é assim por diante. É um feito sem precedentes, difícil de ser imitado.

“Orques” e “gobelins”: novas traduções de obras de Tolkien no Brasil geram discórdia entre fãs e editora
HarperCollins adquiriu direitos para publicar livros do autor em 2018, causando debates nas redes sociais nos últimos meses

27/05/2019 - 11h26minAtualizada em 27/05/2019 - 22h21min
Júlio Boll

Júlio Boll

Divulgação / HarperCollins
"A Queda de Gondolin" e "O Silmarillion": obras ganharam novas versões da HarperCollinsDivulgação / HarperCollins
Dragões, a destruição de O Anel, a trajetória de Frodo e diversas criaturas mágicas. Não é preciso relembrar, em 2019, os encantos do universo de O Senhor dos Anéis, criado pelo britânico J.R.R. Tolkien, ainda mais depois de três adaptações para o cinema no início dos anos 2000 e de obras cultuadas por milhares de geeks em todo o planeta. No entanto, quando a calma parecia dominar o mundo criado pelo autor, uma editora e fãs travaram uma calorosa discussão.
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Em 2018, a editora HarperCollins do Brasil comprou os direitos para publicar as obras de Tolkien, incluindo contos inéditos no país. Até aí, o cenário era de festa: nerds comemoravam a possibilidade de comprar, em versão nacional, histórias até então não publicadas em terras brasileiras, como A Queda de Gondolin e Beren e Lúthien. As duas obras já estão disponíveis nas livrarias de todo o país e atingiram os rankings de mais vendidos.
— Este processo foi fruto de muito trabalho em conjunto, porque a editora entendeu o potencial dessas obras, que tinham um valor inestimável para fãs e que mereciam ser exploradas. Começamos esse processo do zero mesmo — explica Samuel Coto, gerente editorial da HarperCollins.
Ou seja, a publicadora captou os manuscritos de Tolkien, formou um conselho editorial com tradutores especialistas no autor e traduziu todo o conteúdo. Neste processo, iniciou-se uma guerra que tem aquecido as redes sociais nos últimos meses: termos como “orcs” e “goblins” - que foram eternizados na memória afetiva de fãs de todo o país – foram transcritos novamente para “orques” e “gobelins”, respectivamente. No caso de "anões", a editora optou por "anãos", usando a mesma lógica de Tolkien ao manter o radical em inglês incluindo um "s" para indicar plural.
“Todas as escolhas foram frutos de muita pesquisa e estão apoiadas nas orientações de tradução do próprio autor, de modo a garantir que estas novas traduções sejam as mais criteriosas na história destes livros no Brasil. Confiamos muito neste trabalho, mas estamos atentos ao feedback dos fãs para nos certificar de que os livros mantenham o mais alto nível de qualidade”, diz a HarperCollins, em nota oficial enviada à reportagem de GaúchaZH.
Além disso, outros erros simples de palavras como “son” ("filho", em português), que foi traduzida como “irmão” em uma primeira edição, passaram reto pela editora. A HarperCollins frisa, no entanto, que a terceira edição – que está nas prateleiras agora – já está corrigida.
Arquivo pessoal / Eduardo Olifer
Eduardo Olifer, do Tolkien Brasil, diz que irá procurar a família de Tolkien atrás de apoio para que uma revisão seja feitaArquivo pessoal / Eduardo Olifer
Não houve debate”
Principal articulador do grupo que questiona as versões da HarperCollins, Eduardo Olifer é fundador do site Tolkien Brasil e fã das obras desde a década de 1990. Em sua biblioteca pessoal, estão cerca de 900 livros do universo do escritor britânico. Além disso, ele mantém três canais no YouTube sobre literatura – sendo dois atrelados ao ídolo literário.
Olifer fez uma parceria com a editora no ano passado e foi chamado para trabalhar em conjunto com as traduções, entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano, mas pontua que abriu mão por conta dos erros. Ele frisa que alertava sobre os termos equivocados desde o início dos trabalhos.
Em janeiro de 2019, criou um grupo no WhatsApp com o conselho da editora para expor alguns dos termos que considera errôneos. No entanto, ele fala que foi respondido somente por Samuel tanto na conversa pelo aplicativo de mensagens quanto em outras tentativas posteriores, por publicações em seu site e pelas redes sociais.
Segundo Olifer, seus argumentos estão baseados nas traduções em outros idiomas, no Guia Para Nomes de O Senhor dos Anéis (do próprio Tolkien) e na pesquisa junto a tradutores das obras em outros países, como Alemanha, Espanha, Polônia, Itália e França. Além disso, buscou outros especialistas no escritor, como Jared Lobdell, editor do A Tolkien Compass (coletânea de textos do próprio Tolkien) e Vittoria Alliata di Vilafranca, que realizou a primeira tradução para o italiano, com a participação do próprio Tolkien em vida.
— Nesse guia, escrito em 1967, Tolkien diz logo no início que as nomenclaturas deveriam ser “traduzidas para o outro idioma de acordo com seu significado (o mais próximo possível)”. Ele desejava que a obra fosse lida com menos estranheza pelos leitores que se preocupariam com os nomes estranhos de seu mundo. Então, a editora Harper Collins Brasil decidiu mudar os nomes originais do Tolkien, que já estavam consolidados entre os leitores e eram palavras do próprio Tolkien. A Harper Collins Brasil alterou a palavra "Orc" para "Orque" e "Goblin" para "Gobelim". Ocorre que "Orque" e "Gobelim" são palavras em francês e a mera substituição de um idioma por outro não é uma tradução pelo significado (já que logicamente "Orque" não tem significado em Português e Gobelim em nossa língua é apenas um tipo de tapete francês). Seria como trocar a palavra em inglês "Book" por "Buch" em Alemão, o leitor brasileiro ficaria sem o significado da palavra. No próprio Guia, diz que as palavras "Orc" e "Goblin" deveriam ser mantidas no original (em caso de não existir criaturas com os mesmos significados) ou traduzidas por uma criatura que fosse equivalente no idioma de tradução ("Goblin" seria um duende ou trasgo, enquanto "Orc" não tem equivalente em português) — alega Olifer.
O líder do Tolkien Brasil fez três vídeos sobre o assunto, com uma hora de duração cada, além de artigos com citações do escritor britânico e um arquivo de mais de 60 páginas sobre os conteúdos que considera problemáticos. Mesmo assim, ficou sem resposta:
— Em suma, não ocorreu nenhum debate sobre o tema. Simplesmente fiz as publicações de textos no Tolkien Brasil falando sobre “orc” e seus significados e fui mandando para o editor. Tempo depois, a editora publicou uma nota de resposta. Gravei o vídeo mostrando que não entenderam ou não leram os artigos. Depois, o tradutor fez o texto resposta no Facebook. Depois disso, os contatos se encerraram e a editora não respondeu nenhuma mensagem – lembra Olifer.
Ele garante que sua preocupação é com os erros e destaca que seu desejo é ver "algo digno do autor aqui no Brasil" e, por isso, decidiu se afastar da editora:
— Diante das circunstâncias, decidimos distanciar da editora Harper Collins Brasil, por não sentirmos mais segurança nos trabalhos que realizam e pelo fato deles não atenderem mais nossas mensagens. Além dos indicados, encontramos diversos erros nos livros e decidimos reunir e encaminhar para a família Tolkien e a editora britânica. A editora brasileira alega que as traduções são supervisionadas pela Harper Collins Britânica, mas é importante ressaltar que as traduções da Martins Fontes também foram e, no entanto, continham também diversos erros. Assim, diante da falta de diálogo da editora a solução é pedir para que os responsáveis pelos direitos autorais verifiquem isso.
Arquivo pessoal / Cesar Machado
Cesar Machado, do Tolkien Talk, mediou um debate sobre os termos em livraria: "Isto deveria ter sido feito antes"Arquivo pessoal / Cesar Machado
Não vejo problema em ‘orques’”
Na onda contrária, César Machado acredita que não há problemas com a tradução da HarperCollins. Criador do canal Tolkien Talk, ele começou a se aventurar pelas tramas do britânico após o lançamento de A Sociedade do Anel, em 2001, nos cinemas. Desde então, atua em fóruns e sites dedicados ao universo fantástico.
Ele entende que a editora optou por "passar um rolo compressor em cima de tudo" e começar do zero. Em janeiro, mediou um debate na Livraria Vila, em São Paulo, no qual conversou com os novos tradutores das obras sobre as alterações realizadas. Em seu canal no YouTube, possui mais de 45 mil inscritos - e o clipe mostrando a conversa teve quase cinco mil visualizações.
— Não vejo problema em “orques” e “gobelin”, porque é algo que deveria ter sido feito desde o início. O trabalho de outros tradutores pede maturidade do público e entendo que deve-se chegar a um meio-termo – acredita o estudioso.
Ele conta que alertou a editora de que ela enfrentaria queixas, mas que a publicadora aceitou fazer a quebra de um paradigma e tocar em memórias afetivas:
— Acredito que as reclamações sejam menos de 1%. Por termos ligações afetivas aos termos, ok, são críticas válidas, mas tecnicamente eles não estão errados.
Em relação às obras, Cesar aprovou a produção: ele gostou das versões em capa dura e da ideia de manter os desenhos originais, que deram mais poder ao projeto da editora.
Divulgação / HarperCollins
Editora lançou a biografia "J.R.R. Tolkien" em agosto de 2018 e se prepara para divulgar "O Hobbit" em julho deste anoDivulgação / HarperCollins
Versamos sobre a obra em inglês”
Para realizar estas novas traduções, a HarperCollins criou um conselho formado pelos tradutores Ronald Kyrmse (que já era tradutor das obras de Tolkien no Brasil, de edições anteriores pela WMF Martins Fontes), Gabriel Brum (que é especialista em literatura fantástica), e o escritor e jornalista Reinaldo José Lopes (mestre e doutor em Letras pela USP com foco em J.R.R. Tolkien). A equipe conta também com o gerente editorial Samuel Coto. Além disso, a companhia literária conta que fã-clubes interessados no projeto foram consultados, como o Tolkien Talk.
Segundo Reinaldo, os quatro profissionais trabalharam versando sobre as obras de Tolkien em inglês – esta dinâmica é sugerida pelo próprio Tolkien, no Guide to the Names in The Lord of the Rings (Guia Para Nomes de O Senhor dos Aneis, em tradução livre), de 1967. Quando há dúvida, os tradutores devem recorrer a este escrito e ao Apêndice F de O Retorno do Rei (terceiro livro da saga).
— Não fizemos consultas em outros idiomas, porque cada um tem a sua especificidade e soluções do espanhol, italiano e francês, que não necessariamente funcionariam em português, e porque queríamos fazer algo diferente. A proposta é voltar de maneira radical às origens linguísticas e lógicas dos textos de Tolkien — explica Reinaldo.
Conforme o Guia Para Nomes, o termo "orc" pode ser traduzido a partir do inglês para o idioma correspondente. No entanto, em nenhum momento o criador explica sobre o plural, que tem causado incômodo aos fãs. Tolkien frisa, nestes casos, que os tradutores responsáveis têm autonomia para decidir o que melhor combina com a língua final.
— Sobre gobelins e orques, não existem termos para a tradução que tenham significado semântico em português. Não poderíamos usar ogros e duendes, que pensariam no Shrek ou em bichinhos bonitinhos da natureza, respectivamente (risos). Não tem equivalente claro e buscamos refletir a presença histórica na língua portuguesa — destaca o tradutor.
Além disso, Reinaldo explica que todas as decisões foram tomadas em conjunto, até mesmo porque estas criaturas já ganharam um contexto afetivo para leitores. Mesmo assim, optou-se por alterar a estrutura final, enraizando-se ao português clássico.
Em relação à palavra "gobelin", a questão é ampliada. Por não estar citado no guia assinado por Tolkien, a editora deveria ter mantido o radical em inglês (goblin) – incluindo o “s” para o plural -, mas também é passível do termo ganhar independência dos tradutores para decidir, que também devem priorizar a sonoridade na avaliação.
— Ficamos preocupados, porque pensamos se o trabalho, que foi feito com muito amor, vai ser jogado no lixo por causa de discussões menores, pequenas e, muitas vezes, sem embasamento técnico. Estamos trabalhando no coletivo. É chato — desabafa Reinaldo.
O gerente Samuel Coto lembra que o grupo de trabalho tem o aval da família de Tolkien, incluindo sobre “o trabalho dos tradutores e suas decisões”.
— Em alguns casos, não iremos agradar a todos e a memória afetiva interfere nesse processo, está perto do coração das pessoas. Nós (do conselho) não chegamos a um consenso por meses. O Reinaldo, por exemplo, teve o voto contra, porque não podemos só manter a raiz e trazer como é, e sim pensar no guia.
Além de A queda de Gondolin e Beren e Lúthien, lançados no ano passado, a editora já publicou O Silmarillion com novo projeto gráfico. Nos próximos meses, estão previstas a nova versão de O Hobbit, que deve chegar às lojas em julho, e as três partes de O Senhor dos Anéis, em novembro.
A programação de lançamentos envolve mais de 30 títulos, que devem chegar às lojas ao longo dos próximos sete anos, contemplando toda a obra do autor - inclusive títulos nunca lançados no Brasil, como a História da Terra-Média (History of Middle Earth), além de uma biografia do autor, escrita por Humphrey Carpenter, que serviu de inspiração para o longa Tolkien.
Enquanto isso, no site Tolkien Brasil e no Twitter , fãs têm se pronunciado a respeito do assunto - e o debate parece interminável. A guerra está declarada, assim como ocorre na Terra-Média de Bilbo Bolseiro em As Duas Torres.
Veja algumas das publicações de fãs no Twitter:














[\spoiler]

na boa, eu acho que essa polemica nao é pra tanto
 
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