Pode informar qual a edição?
É PT-BR?
Cheguei a comprar um ebook Kindle desse livro, mas a tradução estava em português de portugal (dá pra ler, mas me incomoda um pouco). Já descartei a leitura por isso (pelo menos foi muito barato - R$ 1,99).
Mero, só uma observação bastante importante sobre a editora: Eles são de esquerda!
Até o momento li apenas uma citação no prefácio, e mais nada. A tradução deste livro parece não ter sofrido de ideologias, mas, segue um Review do livro Madame Bovary, feita por um leitor, no site da Amazon:
O Moderno Inferno das Notas Opinativas ou de Merchandisign Ideológico.
Vou dividir esta resenha em duas partes: primeiramente acerca do trabalho da editora quanto ao material da edição e tradução/notas, e na sequência uma breve impressão da obra em si.
Da edição da editora Martin Claret.
Quanto ao material, diagramação e acabamento: Nada de queixa neste ponto, a edição é muito bonita, conta com excelente material e acabamento.
Quanto a tradução e notas: A tradução não me pareceu ruim; apesar de não conhecer francês, idioma em que foi escrita a obra original, a tradução conseguiu transmitir beleza e fluidez, que nesse aspecto foi muito agradável. Já no que se refere às notas, temos aqui um grande problema. Inicialmente são apresentadas notas interessantes com conteúdo relacionado à questões literárias que podem ser úteis para o leitor, mas logo se estabelece um dilúvio de notas que não têm em absoluto nenhum significado relevante e muitas vezes acabam por consistir em não mais que interrupções grosseiras e deselegantes do processo de leitura, dando espaço para algo que soa mais como “propaganda ideológica” ou merchandising. O senhor Herculano Villas-Boas, responsável por tradução e notas da edição, faz cerca de 5 chamadas de nota para o Manifesto Comunista de Marx e Engels, cerca de 10 para Sartre e mais algumas dezenas para Adorno e outros expoentes da escola de Frankfurt. Para exemplificar, em uma passagem do texto, o senhor Villas-Boas interrompe abruptamente o leitor na palavra “doméstica”, que aparece no contexto da relação de empregada com patroa, para chamar uma nota com o seguinte conteúdo: ver sobre a acumulação de capital: O Capital, Karl Marx. A frequência desse tipo de interrupção é enorme e imagino que irritante até para o mais adepto ideólogo. Em passagens onde temos algo genérico como “Montanha”, o tradutor parece ter utilizado a ferramenta de busca nas obras de Sartre para achar a mesma palavra em algum lugar e fazer disso uma nota. O resultado destas notas interruptivas no texto foi pavoroso, sendo o equivalente à algo como assistir a um filme ambientado no século XIX sendo abruptamente “interrompido” por um merchandising da mais nova pipoca de micro-ondas.
Ainda não acabou! Na última parte do livro as notas praticamente desaparecem, o que deixa claro e evidente que o tradutor se atrasou com os prazos e no acelerar do processo de tradução prescindiu das últimas para cumprir os prazos, criando um exposto desequilíbrio ou até mesmo descontinuidade no conjunto. Neste caso, melhor seria se os dois primeiros terços das notas fossem suprimidos, ficaria tudo equilibrado e privaria o leitor do miserável desprazer das notas.
Para finalizar, restou no fim apenas fazer meras suposições acerca do que pode ter conduzido a esse desastre nas notas: seria uma tentativa do tradutor de “pagar pedágio ideológico” para seus pares? Se foi isso, errou na mão. Seria um sentimento de dever em utilizar o espaço disponível para tentar disseminar as ideias com as quais tem afinidade, para tentar ajudar a mudar o mundo? Também difícil saber; em todo caso qualquer que tenha sido a motivação, o resultado não foi bom. Foi forçado, deselegante e piegas ao extremo.
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