A iniciativa é boa e necessária - sem falar inédita (ao menos em dias mais recentes) aqui na OS -, mas obviamente que vários problemas em potencial logo apareceriam. É preciso, como já bem disse o próprio OP, que se garanta a igualitária participação dos debatedores, com tempos rigorosamente idênticos e uma garantida quantidade de participações, incluindo aí os números de réplicas e de tréplicas. Caso contrário, um "debate público" se tornará apenas um lado (no caso da OS, obviamente a direita) tentando logo desmoralizar o outro com gifs e memes, e automaticamente angariando joinhas com voracidade para o lado político que mais tem adeptos no recinto, independente do conteúdo dos argumentos. E já tem sido consistentemente assim há séculos por aqui.
Portanto, o desafio seria certamente hercúleo. Fora que o que nós precisaríamos para honrar as pretensões do OP (onde um "vencedor" pudesse claramente ser considerado através de critérios "justos" e "imparciais"), especialmente na OS, onde se espera tudo menos imparcialidade, é praticamente uma utopia. Uma pequena utopia pois a "comissão julgadora" deveria ser formada por pessoas capazes (e também dispostas a) analizar ambos os argumentos com "isenção" lógico-argumentativa, de ambos os lados do espectro político, e decidir quem está de fato com a razão ou não, e de que maneira mais específica.
E mesmo que tivéssemos um quórum deste tipo aqui, o que já é, por si só, raríssimo, ainda haveria uma dificuldade extra (e, talvez mesmo até, a maior de todas): a do autêntico interesse em se entender o mundo atual, o que NÃO é uma tarefa fácil - é um mundo profundamente estranho onde, não raro, a direita se mostra como a única capaz de tomar medidas vistas quase como "utópicas" (como diminuir significativamente a idade mínima da aposentadoria, aumentar consideravelmente o salário mínimo, etc), e onde a esquerda se torna a mais zelosa guardiã de medidas de austeridade. Mas, ainda assim, não é totalmente "impossível", não, fazer um "debate público" minimamente decente e organizado na OS, onde o "melhor argumento" seria capaz de limpidamente se sobressair frente aos demais (eu apenas não confio nas suas probabilidades).
Mas um primeiro passo importante seria a própria moderação se engajar, de corpo e alma, nesta discussão, procurando não ser parcial, o que já seria uma evolução tremenda, devolvendo à OS a capacidade de se articular idéias políticas variadas sem que uma seja numericamente sempre encurralada pela outra, e na primeira das oportunidades, como forma prévia de ridicularização e censura de uma imensa e esmagadora maioria. Já teria sido um ganho imenso. Ao menos teria sido... Idealmente falando, é claro.