Cara, acho que o problema é que hoje tem muitos jogos (e brinquedos, e vídeos, e desenhos, etc), então a molecada perde interesse em qualquer coisa muito rápido. Eu por exemplo, só tinha Mario 64 no meu 64, fim de semana até alugava um ou outro jogo, mas se eu quisesse jogar videogame, era Mario 64 e só.
Hoje a molecada vai jogar (e a culpa é toda nossa) e pensa "hum, qual jogo dentre esse 176 jogos aqui eu vou jogar". Jogou 5 minutos, morreu, enche o saco e troca e fica nessa. A atualidade o consumo de tudo é muito massivo. Não existe a opção "ter 1 jogo" ou "ter 1 episódio de 1 desenho pra assistir".
Ou seja, a melhor coisa não é ter tudo aquilo que se quer, mas imaginá-las. A promessa de felicidade excede a felicidade em si.
Apenas pense no próprio exemplo que você citou, com as crianças de hoje tendo todas as facilidades, tudo, o tempo inteiro e imediatamente (através de um smartphone com acesso móvel à internet). Meu Deus. Que tristeza.
Eu jogo trocentos games com a minha filha hoje, mas ela está sempre entediada. Sim, ela tem acesso a uma infinidade de clássicos, mas ela não pôde saborear o que cada um representou na sua respectiva época de lançamento.
Ela tem acesso a tudo e imediatamente. Sequer precisa esperar um download (talvez alguns minutos). As coisas deixam de ser especiais desta maneira. É preciso ter antecipação, espaço para a fantasia, a imaginação, advindas da incerteza, da dificuldade, do hype, do adiamento constante.
Éramos muito mais felizes quando os videogames ainda eram promessas vagas e excitantes, e não realidades concretas e plenamente conhecidas. É isso o que as pessoas não entendem.
Não vou nem falar da atmosfera social em geral da época, porque aí a tristeza se abate de vez. Até pandemia global nós vivemos hoje. Nunca vi algo parecido antes, nos meus quase 40 anos de vida.