Ela deve saber que o Biden tem pouca chance de ganhar e já tá se preparando pra próxima eleição.
Quem sabe ela não abocanha um cargo de vice, né?
Ela só precisa torcer pro velho comuna não bater as botas antes de 2024.
Faz sentido, apesar de eu achar uma estratégia ruim rsrs
Edit: Acabei de ver uma reportagem da Folha falando sobre o discurso dela e a matéria trás um ponto até interessante:
ELEIÇÕES EUA 2020
Em gesto simbólico, estrela democrata não menciona Biden e defende legado de Sanders em convenção
Deputada Alexandria Ocasio-Cortez é a principal voz da ala progressista do partido
Marina Dias
WASHINGTON
Em uma brevíssima aparição na segunda noite da convenção democrata, a deputada
Alexandria Ocasio-Cortez defendeu o legado de Bernie Sanders em um gesto simbólico que a consolida como líder da esquerda do partido.
O aceno, como explicou a própria deputada minutos depois nas suas redes sociais, seguiu as regras da convenção. "Se você ficou confuso, não se preocupe! As regras da convenção exigem chamada e nomeações para cada candidato que ultrapassar o limite de delegados. Fui convidada para falar pelo senador Sanders", escreveu Ocasio-Cortez para, em seguida, parabenizar Joe Biden. "Vamos ganhar em novembro."
A deputada Alexandria Ocasio-Cortez (Nova York) discursa durante o segundo dia da convenção nacional do Partido Democrata - Brian Snyder/AFP
Sanders desistiu de concorrer em abril e, em discurso nesta segunda-feira (17), havia pedido a todos os seus eleitores que votassem em Biden. O ex-vice de Barack Obama conseguiu a maioria dos delegados do partido e ganhou a nomeação nesta terça-feira (18).
Em seu discurso de pouco mais de um minuto, AOC, como é conhecida, não citou Biden e celebrou o que chamou de "movimento popular de massa" liderado pelo senador por Vermont.
Segundo a deputada, Sanders ungiu uma onda para estabelecer direitos humanos, econômicos e sociais para todos os americanos, além de lutar para reparar as feridas de injustiça social, misoginia e homofobia na sociedade americana.
Com a postura,
AOC marcou sua posição à esquerda, sinalizando a eleitores jovens e progressistas que as bandeiras levantadas por Sanders desde 2016 seguirão carregadas por ela.
Não que o senador por Vermont vá abandonar as trincheiras, mas, aos 78 anos, o ícone da esquerda democrata já tem celebrado o legado e sinalizado que não deve mais disputar a nomeação à Casa Branca.
Mulher de origem latina, a deputada mais jovem a ser eleita à Câmara dos EUA representa uma encruzilhada ao futuro do establishment democrata.
Nos próximos anos, independente do resultado das eleições, a cúpula da sigla precisará decidir como se posicionar diante do movimento que deslocou o partido para a esquerda de maneira histórica nos últimos anos.
A imagem de AOC na convenção nesta terça —o evento aconteceu pela primeira vez de maneira virtual em razão da pandemia—
escancarou as diferenças ideológicas mas, principalmente, geracionais que marcam a sigla de oposição a Trump.
O selo anti-Trump uniu a velha e a nova guarda democrata na convenção —também na terça, discursaram os ex-presidentes Bill Clinton e Jimmy Carter e o ex-secretário de Estado americano John Kerry, entre outros.
O pragmatismo de AOC, por sua vez, deixa claro que a convergência de agora serve para derrotar Trump —ela não se coloca contra a candidatura de Biden— mas reforça que vai seguir alimentando o movimento progressista, pressionando a cúpula democrata a se sintonizar com as demandas de sua base eleitoral.
Desde sua abertura, na segunda-feira (17), a convenção democrata tenta mostrar que o arco de apoio em torno do ex-vice de Obama é bastante amplo, abarcando desde os mais progressistas, que foram às ruas contra o racismo e a violência policial, até os republicanos cansados dos arroubos do atual presidente.
Apesar disso, a campanha de Biden preferiu não dar muito tempo de discurso a Ocasio-Cortez, para não afastar eleitores moderados e
evitar dar força à tese de Trump de que Biden está ligado ao que chama de esquerda radical, na visão do presidente, representada pela deputada e por Sanders.
Duas vezes segundo colocado na indicação democrata à Casa Branca, o senador por Vermont precisou adotar um tom conciliador para tentar unir o partido em torno de Biden.
Em 2016, quando perdeu a indicação para Hillary Clinton, Sanders rachou a sigla, o que contribuiu para uma derrota amarga dos democratas contra Trump.
A disputa dos pré-candidatos democratas pela nomeação em 2020
Durante a abertura da convenção, Sanders falou em união até mesmo entre conservadores e aqueles que votaram no atual presidente há quatro anos, mas não deixou de celebrar seu espólio —nesta terça defendido por AOC— ao dizer que suas propostas de saúde e educação grátis para todos eram consideradas radiciais na eleição passada e agora entraram de vez para o debate central do partido.
Apesar de seguir na atuação política, o senador precisará passar o bastão de sua liderança em breve e Ocasio-Cortez levanta a mão para ser herdeira como nova líder desse legado.
Os eleitores jovens, que se sentem inspirados por AOC e Sanders, preocupam-se com questões sobre mudanças climáticas, cuidados com a saúde, dívidas estudantis e moradias populares.
Mesmo que Biden vença, ambos prometem seguir impulsionando o partido —e cobrando o governo— neste sentido.
Sanders diz que sua base moveu o país "em direção nova e ousada" e que, apesar de ter desistido de disputar a Casa Branca ainda em abril, seu movimento "continua e se fortalece a cada dia."
Agora, o establishment democrata sabe que há muitas ramificações para além de Sanders, e que AOC se coloca como quem pode liderar uma plataforma cada vez mais forte e que não deve ser ignorada.