Pequeno update da situação do italiano, meu filho estrangeiro 9 anos mais velho que eu:
Bom, minha amiga tinha me ligado uma ARARA
com o italiano, né? Beleza no dia seguinte eu o apresentei ao espaço de estudos da Biblioteca Central. E ele enchendo a paciência por conta de um login e senha para poder usar os sistemas da biblioteca (entendo: isso é essencial para qualquer pesquisador. E, provisoriamente, ele usa os meus dados - forneci em confiança mas é uma situação precária, pode dar m****, etc). Conversei com o bibliotecário: só o departamento ao qual o gringo tá vinculado é que pode obter esses dados.
Expliquei isso e mandei mensagem para minha amiga para ela ter uma noção das necessidades do cara.
O cara não deixou nem a amiga responder: vamos no departamento pegar esses dados.
Eu parei...dei aquela olhada de "nã-nã".
E aconselhei a não sair entrando por tudo quanto é porta porque, infelizmente, na academia tem muito orgulho, ego, gente disposta a roubar linhas de pesquisa, crédito, fama, etc. E minha amiga tem medo do estudante sair por aí (com língua solta e empolgação de quem está num lugar novo) falando qualquer bobagem com qualquer outro professor e acabar sendo um aluno 'roubado' por outro pesquisador.
E, caramba, as coisas na Administração Pública levam tempo, as pessoas são ocupadas, o procedimento (criar login e senha de sistema para aluno-visitante-estrangeiro) é pouco usual de ser pedido...pedi paciência.
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Domingo agora levei-o para uma trilha. 5:10 de caminhada, sendo os primeiros 0:40 em terreno bem íngrime. Me xingou de início, mas depois ficou de uma felicidade sem tamanho ao ver a cidade do alto!
Fomos acompanhados de uma amiga, também professora da universidade. Um doce de pessoa, tem as convicções políticas dela (e eu as minhas). O italiano ali, muy empolgado porque na Itália só existem partidos de direita - e esquerda é uma coisa inédita para ele. E trocando mil idéias com a minha amiga, os 2 se juntando para me zoar, etc. Até a hora que ele resolveu falar da guerra da Ucrânia. A amiga: "tem que entregar tudo para a Rússia! O território é deles!".
O gringo ficou em estado de choque!
E ele sussurrando no particular comigo, com medo da minha amiga: "não, pelo amor de Deus, eu sou favorável à Ucrânia e aos Estados Unidos"...
Ele parece feliz aqui. Me chamou de 'amigo' por diversas vezes, fala em fazer pós-doutorado (ele faz bolsa-sanduíche de doutorado nesse momento) e diz que não se vê (mais) morando na Itália.
O tema de pesquisa dele é x (por questão de privacidade - e ética acadêmica - não serei específico). Pro cara entender x ele precisa entender o contexto histórico brasileiro. Pediu, gentilmente, indicações de livros sobre o contexto histórico.
Com TODO O CUIDADO DO MUNDO consultei minha amiga (orientadora dele), verifiquei quais os autores eram bacanas, consegui os livros digitais pro cara ler. Mas avisando que aquilo era material para-didático e que ele deveria focar nas leituras recomendadas diretamente pela orientadora.
O cara me fala, no final de semana, que estaria muito ocupado lendo uma TRILOGIA DE LIVROS sobre o assunto histórico. "Só" 1500 páginas de um idioma que o cara não conhece. Com o assunto principal ficando de lado. Sendo que ele tem 3 meses de bolsa aqui.
Tive que dar de leva-e-trás: alertei a amiga-orientadora. Porque 3 meses VOAM quando o assunto é pesquisa acadêmica. Pedi mil desculpas por me intrometer onde não sou chamado (a orientadora é ela), mas como amigo dela não posso ver um treco potencialmente grave e me fazer de idiota.
Enfim, não falei nada com o gringo que sabemos das fofocas que ele fez. Estou FORA de querer me enfiar em confusão de calibre internacional.
Tratarei como amigo, pro cara não entrar em depressão e ter condições de realizar uma pesquisa acadêmica.