Achei sua crítica muito bem elaborada e destoante do festival de b*sta e hate gratuito que tenho lido por aqui. Vou dar minha opinião em alguns pontos sobre o que você escreveu, a começar por esse trecho aqui:
Eu concordo em partes. Aliás, pra mim esse foi um dos grandes defeitos do jogo e acrescento aí o excesso de personagens. Essas constantes mudanças tipo "jogue duas horas com a Dina, depois sozinho, depois 30 min com o Jesse, depois sozinho denovo, depois quando estiver jogando com abby, joga um pouquinho com a Mel, depois Manny, depois sozinho... e por aí vai" me soaram meio bagunçadas, me pareceu uma tentativa desesperada de fazer você se apegar aos personagens secundários, mas não funcionou muito bem com a maioria, se limitassem esse elenco apenas as cutscenes ficaria melhor. Eu não acho que quebra o pacing do jogo, acho apenas que simplesmente não teve propósito. "Tá joguei acompanhado do Jesse essa 1 hr pq, exatamente?". Saca?
Cara, eu vou nadar contra a maré e discordar da maioria, inclusive você. Que o Joel e o Tommy foram imprudentes, é fato, mas eu acho que coube perfeitamente nas mudanças durante esses 5 anos trouxeram a relação dos dois com o mundo.
1- Jackson é uma comunidade que teve uma crescente absurda em relação ao primeiro jogo, sendo que antes nem energia elétrica tinha, por exemplo. Pra isso acontecer, obviamente tiveram que buscar pessoas, tiveram que confiar em pessoas para compor aquela comunidade. Mesmo no primeiro, você percebe que o Tommy já havia mudado muito, pois ele teve que fazer coisas terríveis com o Joel tbm, aliás, ele é bem parecido com o Joel nesse aspecto e quando vc reencontra ele no primeiro ele tá num relacionamento, tá rodeado de amigos, e com um tom bem mais ameno, tanto é que ele perdoa o Joel e se reconcilia com ele logo de cara.
Pra se manter uma comunidade vc necessariamente tem que mudar sua relação de confiança com os humanos.
2- Esse meu primeiro ponto é reforçado por umas duas cartas que você acha, uma específica eu lembro bem, onde uma sobrevivente é acolhida por jackson, e depois escreve essa carta contando como viver ali mudou a perspectiva dela em relação as pessoas e tenta ali naquela mesma carta convencer a amiga dela a vir tbm. Outra coisa que você percebe é que eles praticamente não enfrentam mais ameaças humanas naqueles arredores, as patrulhas são focadas em limpar os infectados e manter eles longe da comunidade, dá pra ver isso em vários momentos, desde comentários dos personagens, até aquele checklist de patrulha.
3- É extremamente perceptível a mudança de personalidade do Joel já desde o final do primeiro jogo. No começo do primeiro, ele é um put* armagurado, que so pensa em sobreviver e f**a-se todo o resto, agora, ele adota sempre um tom ameno ao falar, ele faz amigos na comunidade (só ver o tanto de flores que deixam na casa dele como homenagem), o cara vira um membro valioso e querido por todos. Vc acha que o velho Joel cruel e impenetrável teria isso? E não só isso, ele passa a s dedicar a arte, ele arruma direitinho a casa dele, faz esculturas, volta a tocar violão, etc etc. No começo do primeiro ele só vivia dia após dia e mais nada, aliás, nem quando a Sarah era viva ele era tão flexível, pois só vivia pra pagar contas e já tinha um tom meio durão. Enfim... O jogo dá vários e vários indicativos sutis da mudança do Joel (até no final ele diz que trocou café com um viajante por exemplo). Pra mim, não foi necessário mostrar ele imprudente contra os infectados pra esfregar isso na cara do jogador. Vc mesmo diz que a falta de sutileza do jogo te incomoda.
4- Ele ter salvado a Abby é consequência dessa mudança, e consequência tbm de fazer a comunidade girar, ter novos membros. Isso é reforçado pelo tom ameno do Tommy ao falar que o grupo poderia ir lá reabastecer. É imprudente, mas compreensível no contexto cara, são humanos e a gente abaixa a guarda mesmo, é normal. Eles não tiveram opção, tiveram que ir pra mansão, então mesmo que eles estivessem super alerta, já era, só restava confiar. O Joel ter dito o nome dele não iria fazer diferença se fossem bandidos sanguinários, ele falou de forma displicente, mas percebeu logo de cara que deu m****, já entendendo toda a situação e aceitando seu fim. Mesmo no primeiro, embora todo desconfiado, ele diz o nome pros irmãos e deixa-os acompanhar e pouco depois até se abre pra eles. Os personagens de tlou não são heróis super prudentes, não são badass oe coisa e tals, são apenas humanos, que mudam, erram, etc. Sempre foi assim.
Entendo não gostarem, mas pra mim fez sentido sim no contexto. E antes que falem alguma b*sta (não vc, os outros), to sendo bem sincero e jamais defendendo de forma cego. To falando o que senti e o meu take nos acontecimentos.
1) Concordo, acho que o jogo exagera demais fazendo aquelas ceninhas bonitinhas, não precisavem espelhar tudo o que acontece com Ellie/Joel (Aquario/museu --- Zebra/giraffa) pra causar comoção. Não gostei disso tbm, e detestei o romance da Abby com o Owen, este segundo achei um personagem totalmente clichê de filme de romance americano, o que destoa demais da grande maioria dos personagens da franquia. Sobre a Marlene, não vi nada demais, aliás eu achava estranho era a postura dela no primeiro, dura e sem remorço demais com uma menina protegida dela, no segundo acho que dão uma profundidade mais realista ao fazer ela titubear e na minha interpretação, no primeiro ela age daquela forma pq ela tinha que demonstrar segurança ao Joel de que aquela era a chance da humanidade, ela teve que ser dura ao perceber que ele ficou puto, e ela mesmo tinha que se convencer de que era o certo. Mas é questão de interpretação, eu senti isso, não vi incoerência nem um furo muito grande, mas isso é comum em prequels.
2) Sobre a Abby. Cara, eu não acho que a intenção é fazer você se apegar a ela, duvido muito que o Neil achasse que isso seria possível depois de viver tanto tempo na pele da Ellie/Joel por um jogo e meio. Acho que o objetivo principal é entender o lado dela, mostrar que não há certo ou errado na história e que todos tem suas motivações, claro que alguns podem até simpatizar com ela, enfim... Cara, o Joel matou o pai de sangue dela, se vc entende o Joel matar meio mundo pra salvar a Ellie, como pode não entender o ódio que ela sente do Joel? Eu entendi perfeitamente e só não concordei pq eu amo o Joel. Veja bem, a Ellie tortura a Nora que nem pegou no taco e iria fazer a mesma coisa com o Owen e a Mel só pra pegar informações, pq ela é tão diferente assim da Abby? Só pq a Ellie sente o baque e a Abby não? Eu acho que cabe analisar as ações de cada um como seres humanos, pq The Last of Us não é uma história simplesmente sobre vingança assim como o primeiro não é sobre uma viagem em busca da cura da humanidade, TLOU sempre foi sobre as nuances do comportamento humano e, pra mim acertaram no geral, mas não vou fazer uma análise completa pra não ficar um wall of text maior do que já é.
A Abby sem dúvida não sente remorso, pq pra ela a justiça foi feita. Também não sente remorso sobre a Dina, pq pra ela tbm seria o justo (Mel estava grávida e o amor da sua vida tbm, ela tava full putaça e pra ela a ellie é uma sanguinária sem coração, se a Ellie tivesse uma chance tão cedo, faria o mesmo). Só que aqui o Lev é um ponto chave, pq faz ela acordar e perceber que aquilo não levaria a nada. É um erro achar que a Abby sai ganhando nessa história, pois ela perde TODOS que ela ama, desde amigos, namorado até seu próprio pai. O Lev pra ela é um contraponto a toda essa violência, e é a partir daí que ela começa a questioná-la,tipo, o que diabos ela tava fazendo ali naquela guerra? No que ela se tornou? Ela é realmente uma má pessoa como a Mel disse? O Lev é uma criança que mostra uma certa pureza, um contraponto assim como, guardada as devidas proporções, a Ellie foi pro Joel (que até então só pensava em matar, sobreviver e já era f**a-se a violência , o mundo é assim e pronto). Pra mim, ela voltou pra salvar as crianças por causa disso e o Lev deu um estalo pra ela pouco antes de matar a Dina. Ali a Abby aprendeu a lição que a Ellie não aprendeu e seguiu sua vida com o Lev. A Ellie teve a mesma chance e ainda por cima nem perdeu todo mundo como a Abby, Tommy e Abby seguem vivos e agora ela ainda ganhou uma família!!
Mas como diria a música que o Joel canta pra ela:
If I ever were to lose you
I'd surely lose myself
E realmente, a Ellie se perde. A Abby tbm, mas ela se encontra a tempo de seguir sua vida.
Cara, a Ellie tava transtornada, vc mesmo mencionou aí, ela chegou a vomitar e tals, convenhamos que esquecer um mapa no chão é extremamente plausível, era a última coisa que ela tava pensando.
Que legal que você teve essa interpretação bem feita do final. Concordo sem tirar nem por. Tanto é que eu tava puto já achando que terminaria com a Ellie super feliz ao lado da dina, um final frufru demais que não condizeria com todo o clima dark e todo o contexto moral, humano e poético que o primeiro teve, por exemplo.
Enfim, desculpa aí o textão, vi que vc postou lá no tópico oficial e vou colar tbm pra quem de repente não frequenta esse poder ver outo take.