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Wolfenstein II: The New Colossus

Landstalker

Lenda da internet
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Wolfenstein2.png

Wolfenstein ressurgiu depois de anos sem nenhum título significante, até a Bethesda conseguir trazê-lo com o "primeiro jogo" de 2015 e agora essa sequência de 2017. Será que Wolfenstein II: The New Colossus consegue manter o peso que o primeiro deixou, será que ele supera ou será apenas o mais do mesmo?

Nazis: quem é o mal da vez no mundo moderno?

Uma temática recorrente da indústria do entretenimento norte americana é fazer por hora ou outra sempre à retomada do assunto de nazismo, seja via filmes que tentam retratar passagens históricas que esse regime ditatorial marcou, ou projetos totalmente ficcionais como a obra de Tarantino que se inspira sobre o nazismo e conta uma história totalmente diferente; a questão é, seja em filme, série, televisão, música ou mesmo jogos, o nazismo é uma fonte de renda, aparentemente, quase que inesgotável para a indústria do entretenimento. Muito se deve a encargos de exageros postos ao próprio regime e em parte ao que de fato ele mesmo representou de forma negativa para toda uma sociedade da época que reverbera até os dias atuais.

Eu, particularmente, não sou muito fã da temática de Segunda Guerra Mundial ou coisa do tipo, porque talvez esse tema esteja exaurido ao extremo na cultura pop, mas uma coisa eu tenho que concordar, o tema nazismo tratado aqui no jogo é completamente ficcional, é uma mistura de steampunk surreal que transforma a franquia Wolfenstein num jogo sanguinolento de arcade FPS onde o único objetivo é tratar de detonar os rabos nazistas.

Confesso que não cheguei a jogar o primeiro jogo, mesmo tendo sabido de vários eventos decorrentes nele, até porque, em Wolfenstein II você acaba tendo um resumo do que se procedeu na estória do primeiro game, então para pessoas como eu conseguirá acompanhar a história desse jogo de forma mais tranquila, mas aí que tá o problema, não é me entregar spoilers mas me preparar para uma história completamente sem emoção de uma briga que eu mesmo não consigo "comprar".

Você aí pode me dizer e, até com razão que, esse jogo é um FPS arcade e, portanto, o objetivo é se divertir com a jogabilidade e gameplay que o jogo apresenta e que seu enredo é apenas algo como pano de fundo para justificar os acontecimentos e nada mais.

Porém, aí vem outro problema, um dos mais graves desse jogo, que é de conceito e identidade. A estória beira ao ridículo, mas no que o jogo poderia se encarregar de ser, ao menos competente ele também consegue falhar e nos trás um gameplay nada empolgande, mas vou abordar isso mais adiante na terceira parte desse review, na segunda parte temos o:

I'm american Goddamnit!!!

Nessa realidade alternativa nazista, eles aqui ganharam a guerra, assim como aconteceu no primeiro jogo do reboot da série, os nazistas detêm o poder central do mundo, manipulam a mídia, a informação, impõe seus costumes e língua (será que não vemos países análogos fazendo exatamente algo parecido hoje em dia mundo afora? :kpensa) e fazem de tudo para permanecerem no poder. O jogo cria a situação de exaltação da cultura americana como resposta à investida nazista, aqui há, mesmo que de forma meio que superficial, uma história contada de superação e valorização da cultura americana diante da cultura do inimigo. Na medida que o jogo exalta isso, pessoas mais desavisadas, principalmente as crianças, podem associar isso com a realidade histórica e achar que os EUA foi grande benfeitor da salvação na WWII e responsável pela destruição do nazismo no mundo, o que é uma inverdade, mesmo que, os EUA ficou de fato combalido a entrar na WWII quando sofreu o ataque de Pearl Habour. Até então, os EUA era um país cujo os objetivos era obter o máximo de lucro com a desgraça alheia e a nada melhor do que financiar a guerra do inimigo, coisa que os EUA continua fazendo muito bem até hoje.

Essa ideia de querer colocar tudo preto no branco, de criar dicotomias e personagens caricatos, pode funcionar muito bem numa história totalmente ficcional, sei lá, um He-man onde Esqueleto é o mal encarnado em pessoa e He-man só não é santo porque tem que tomar o Whey Protein para manter o shape. Mesmo o nazismo do jogo sendo uma obra ficcional e com fins de entretenimento, só por ela ter a sua correlata no "mundo real", é um tema perigoso e delicado a ser tratado.

Gráficos bonitos com level design nada inspirador e conceito de gameplay antagonista

Uma coisa que frustra quando você joga algo bonito e bem detalhado é que percebe ao mesmo tempo que contempla bons gráficos o jogo não consegue lhe entregar nada muito além disso, é frustrante. Wolfenstein II apresenta um level design nada inspirador e criativo, a sensação que se dá é que não houve um mínimo zelo de entregar um desafio proposto pelo próprio cenário ao jogador, algo que pudesse fazer o jogador decidir entre escolhas de caminho usando o cenário tanto ao seu favor como contra. O jogo é extremamente linear, mesmo lhe dando opções de retorno a locais dos quais você já passou, ainda assim, o jogo é muito limitado. Doom de 2016, um jogo da Bethesda que, mesmo com alguns problemas, consegue ser ano luz na frente dele em relação a isso.

Não houve sequer uma única fase que eu pude soltar um "Uau!" e que o jogo pudesse me surpreender, mesmo tendo uma narrativa chata, previsível e baba ovo para agradar uma grande parcela do seu público para mostrar que você é o "machão ou a machona" com zilhões de palavrões, o jogo nem no gameplay consegue se salvar por completo.

Para piorar a situação, o jogo sofre de conceito, de identidade, ao mesmo tempo que ele lhe instiga a sair por aí ligando o puteiro, ele lhe barra punitivamente num gameplay que não é difícil pelo desafio em si, mas por ser meramente punitivo de graça, com poucos tiros que você toma e cai no chão tendo que repetir um mesmo trecho por mais de 3x. Isso além de quebrar o ritmo do jogo cria uma incoerência que não é compatível com a série (mesmo o stealth estando presente desde o primeiro jogo). Uma vez que é um jogo de arcade FPS, pressuponha-se que você vai sair tocando o terror assim como ocorre em jogos como o próprio Doom da Bethesda, no entanto, aqui que temos é algo não congruente com o que os próprios jogadores anseiam na série.

Quando eu sentia que o jogo estava me punido de forma desonesta e irreal, eu então usei uma estratégia até simples e que novamente abraça as falhas do jogo, sair por aí correndo feito um louco chamando o maior número de nazis possíveis e me esgueirar num canto onde só pudesse ter uma via de abordagem inimiga e esperar quetinho a chegada de cada um deles a lá Tower Defense. :kpensa

Vale ressaltar que a jogabilidade do jogo é muito boa, os comandos são responsivos e precisos, as armas são interessantes, a mecânica de upgrade do personagem e armas mesmo não sendo nada original está longe de ser ruim, mas o jogo, novamente, apresenta falhas grotescas naquilo que ele dificilmente poderia falhar, por isso mesmo tendo ótimos gráficos e boa jogabilidade, você sente que o jogo foi desperdiçado por não conseguir entregar uma experiência realmente cativante e interessante que pudesse torná-lo em um game completamente memorável.

Conclusão

Wolfenstein II: The New Colossus não chega a ser um jogo ruim, tem uma boa jogabilidade, gráficos bonitos e leves para os consoles atuais, mas sofre de uma história não muito interessante e um gameplay que não se define num level design nada criativo, a sensação que fica é que o jogo poderia ter sido bem melhor e entregar bem mais, mas acabou não conseguindo.

NOTA FINAL: 6 / 10 (razoável)

+ Visualmente muito bonito;
+ Variação de cenários;
+ Boa jogabilidade arcade;
+ Protagonista carismático;
- História sofrível e quase o tempo todo tentando fazer piadinhas, parece mais um filme de super-heróis para aborrecente;

- I'm american Goddamnit, I rule the world;
- Level design fraco e nada criativo;
- A dificuldade apresentada não é pelo desafio do jogo em si mas por inimigos que lhe matam com 2 tiros;
- Jogo relativamente curto, mesmo abrindo missões após à campanha principal;
- Conceito de gameplay confuso, o jogo não sabe o que é ou que quer, se é stealth ou carnificina;
- Não consegue trazer nada de novo sendo repetitivo em sua boa parte do tempo.

Plataformas: PS4 (jogado e zerado), PC (jogado)
 

Hellyaz

Ei mãe, 500 pontos!
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Discordo de muita coisa. Mas parabéns por fazer uma análise...
 
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Deleted member 219486

Já teve polêmica por não ser um Doom com outra skin, falaram que tem elementos stealth e para quem não gosta acaba sendo um ponto negativo.
Vou me arriscar quanto tiver uns 35 reais.
 

Léo Stanbuck

Ei mãe, 500 pontos!
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Gostei de sua análise com base histórica. Honestamente, essas exaltações ufanistas norte-americanas já estão desgastadas tanto no cinema quanto nos games.
 
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- História sofrível e quase o tempo todo tentando fazer piadinhas, parece mais um filme de super-heróis para aborrecente;
- I'm american Goddamnit, I rule the world;

Discordo totalmente desses dois pontos, achei a história é incrível, apresenta vários temas válidos e abre muitas discussões plausíveis sobre o que poderia ter ocorrido se os Nazistas "ganhassem" a guerra.

Além de ser extremamente envolvente, explicativa e instigante. Não é "bater nos nazistas porque sim", é um "bater nos nazistas por que X, Y e Z", cada missão te dá a clara noção do motivo pelo qual precisa ser executada, claro que existe essa forçada de barra do "kick'em in the ass", mas vi isso mais como um instrumento para motivar o jogador a levar as coisas a sério, pois "eles" são um problema que precisa ser exterminado a todo custo.

A interpretação que eles deram a Hitler, e falo do ponto de vista GERAL, quem escreveu aquelas falas, o trabalho de dublagem, a movimentação senil do personagem, a clara demência em sua linha de pensamento e a constante sensação de PERIGO que ele passava mesmo nesse estado, foi digna de um Emmy.

Eu tive que pausar o jogo pra rir na parte do "I'm from Arizona", o que me leva a sessão das PIADAS.

Eu também não sou muito fã de jogos metidos a engraçadinhos, MAS a dose de sarcasmo nas falas que esse jogo conseguiu passar, e estendo isso para as outras versões, é uma parada INCRÍVEL. Se você analisar o comportamento/falas da Irene Engel, é primorosa a forma que ela se coloca para o jogador, fazendo você rir com um sarcasmo venenoso mesmo nos momentos mais prejudiciais para a campanha de resistência.

Dependendo da forma que você enxerga o jogo, e da experiência que teve com ele, pode parecer mais um bang-bang anti nazista que Hollywood tanto já explorou, mas alguns detalhes dão ao jogo um ar de superioridade diante dos outros materiais, não pelo assunto abordado, mas pela atenção aos detalhes na criação e no desenvolvimento dos personagens dentro de um contexto já tão explorado, salta aos olhos a preocupação de tornar os personagens icônicos e as interações ricas, mesmo em um jogo "de tiro".

Não sou fã do estilo, mas posso dizer que a história, e a forma que ela foi conduzida, me prenderam ao material.
 


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