Bioshock
Habitué da casa
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Raphael Draccon & Editora Leya apresentam…
Vencedora do Locus Award, e indicada ao Nebula, ao Hugo, ao Ignotus, ao British Fantasy Award e ao World Fantasy Award, reverenciada por nomes como Neil Gaiman e Bernard Cornwell, e transformada em cenário de tabuleiro, card game, RPG de mesa, videogame e série da HBO, A Song of Ice and Fire é uma série devastadora, que mais parece um trem bala japonês sem possibilidade de freio.
George R.R. Martin é um escritor grandioso e um roteirista que trabalhou por mais de dez anos em Hollywood. A Song of Ice and Fire é uma série de fantasia para adultos iniciada em 1991, e cujo primeiro volume acabou por publicado apenas em 1996.
É uma série de fantasia tão espetacular e popular na Europa e EUA, que muitos (muitos mesmo) a consideram a melhor série de fantasia de todos os tempos, mais até do que “O Senhor dos Anéis”.
Inspirada na “Guerra das Rosas”, a série conta a história de um continente chamado Westeros, dominado pelos Sete Reinos. O local é uma espécie de mega Inglaterra medieval do tamanho da América do Sul. Esse continente está separado do outro por um mar estreito (que por sinal remete ao Canal Da Mancha) e possui uma barreira (The Wall), que separa o mundo civilizado do mundo selvagem.
O clima é um personagem à parte, o verão e o inverno podem durar anos (até mais de dez anos!), e as pessoas têm de se preparar e adaptar suas vidas a isso.
O cenário não se trata exatamente da “fantasia clássica” com os tradicionais elementos high fantasy. Não existe um escolhido para salvar o mundo; não existem elfos em guerra com anões.
De fato, os livros trabalham mais com intriga política e a magia da série remete à uma magia mais ritualística, pois em parte está mais ligada à religião em comunhão com a vida na floresta. Em Westeros, o povo antigo, por exemplo, adorava deuses árvores e eram chamadas “Crianças das Floresta”, uma raça que vivia em harmonia com a natureza bem ao estilo celta de ser. Logo, cada castelo tem uma” floresta divina” onde crescem “weirwood”, lindas e bizarras árvores brancas que parecem ter expressões nascidas de protuberâncias e seiva vermelha.
Só que um dia os “Andals” vieram do oeste e trouxeram com ele os Sete, sete deuses que viraram um só para substituir o culto anterior (em referência direta ao deus cristão único que chegara para substituir os deuses celtas).
“A Game of Throne”, o primeiro volume, é sobre a disputa de uma grande nação após a morte do rei Robert, e de toda intriga que envolve uma disputa desse porte, com aliados, inimigos, herdeiros e filhos bastardos.
Se antes havia Sete Reinos, hoje um único governa a todos na Dinastia dos Targaryen e se senta no Trono de Ferro. Essa monarquia foi formada a base de muito sangue e dizimou quase todos os outros reis, dando origem a uma nova monarquia unificada, porém frágil e instável.
E é essa fragilidade que dará origem ao “Jogo de Tronos” do título (se você quiser saber mais detalhes sobre a trama, há um link em português na Wikipédia aqui).
(Sean Bean, o Boromir de SdA, mudou de lado e estrela a adaptação)
O diferencial dessa série está em seus personagens densos e na forma como Martins alterna os pontos de vista. Apenas no primeiro livro, nós acompanhamos oito pontos de vistas diferentes, mais a visão de Will no prólogo. Os personagens acertam e cometem erros de maneira crível, e você tem de aprender a amá-los, odiá-los ou perdoá-los por isso.
Há diversas casas, e cada uma delas tem seu próprio motivo e propósito pela busca do poder, algumas vezes tendo de suportar aliados e inimigo na espera pelos embates.
Os livros são tão épicos nas batalhas em campos de guerra quanto o são em salões de castelos no desenvolvimento de intrigas políticas.
São vários personagens e todos eles têm uma profundidade psicológica bem construída. A trama política envolvendo o Jogo de Trono provavelmente será a mais complexa e bem-arquitetada que você já viu em um livro, e prometo que você terá noites de insônia virando páginas e mais páginas, e de vez em quando se emocionando fundo com determinadas passagens.
E é uma fantasia hardcore! Hardcore mesmo. Quando digo que George Martin é um “Tolkien para adultos”, eu falo sério. O livro tem sangue, sexo e violência desenfreada e faz muitas batalhas do Conan parecerem uma desavença de um churrasco entre amigos.
O artista Mark Evans fez alguns exelentes desenhos em uma galeria sobre a série, com trechos do livro até. Veja aqui.
Aqui abaixo, segue um vídeo gravado por um cinegrafista epilético na ComicCon, onde Martin lê um trecho de “Dance With Dagon”, o quinto livro da série, prometido para esse ano.
Para a série sair aqui no Brasil foi uma batalha.
Na verdade, eu nunca entendi o que uma editora brasileira estava esperando para trazer essa série ao mercado.
Lembrou-me quando Peter Jackson disse que sempre ficou esperando fazerem um filme sobre “O Senhor dos Anéis”. Como o tempo foi passando e ninguém o fez, deu tempo dele se especializar como cineasta e ele mesmo decidir tocar a coisa.
Com as devidas proporções, eu também fiquei esperando publicarem essa série por aqui há tempos. Aí como o tempo foi passando e ninguém o fez, deu tempo de eu virar romancista por uma holding espanhola, virar peça-chave de uma holding portuguesa e ainda passar um ano e meio batalhando pela série por aqui.
O sucesso externo, os prêmios e a minha empolgação foram importantes, e o fato da HBO começar a produzir a série ajudou ainda mais nos argumentos.
Passado essa fase, veio uma segunda ainda mais difícil: a negociação. A agente de George Martin não é lá a pessoa mais fácil do mundo de se lidar (no fundo, agentes nunca são), e a Leya, na figura da Mariana Rolier, conduziu de maneira brilhante o processo. Acredite, há de se ter talento para isso também.
O fato é que agora a editora possuí os direitos dos quatro titulos já lançados da série e eu vou acompanhar o processo de preparação, tradução e coisas do tipo. Aí conforme sair capa e coisas do tipo, eu vou compartilhando.
Os livros são grandinhos, mas acredite: você não consegue parar de ler. Em Portugal, a editora Saída de Emergência dividiu cada volume em dois a quase 19 euros cada edição, o que é pesado para os pobres portugueses.
Aqui isso não irá acontecer.
O livro irá chegar no segundo semestre desse ano. E para coroar de vez, minha vontade seria a de conseguir convencer a trazer o próprio George Martin para uma Bienal ou evento do tipo. Mas aí já começa a depender da aceitação do nosso mercado com a série.
Da minha parte, só vai me restar torcer para todo o esforço ter valido à pena, que vocês amem a história e a série possa continuar a ser publicada.
Fonte: http://www.sedentario.org/colunas/c...ccon-apresenta-ou-meu-momento-tarantino-24178
Vencedora do Locus Award, e indicada ao Nebula, ao Hugo, ao Ignotus, ao British Fantasy Award e ao World Fantasy Award, reverenciada por nomes como Neil Gaiman e Bernard Cornwell, e transformada em cenário de tabuleiro, card game, RPG de mesa, videogame e série da HBO, A Song of Ice and Fire é uma série devastadora, que mais parece um trem bala japonês sem possibilidade de freio.
George R.R. Martin é um escritor grandioso e um roteirista que trabalhou por mais de dez anos em Hollywood. A Song of Ice and Fire é uma série de fantasia para adultos iniciada em 1991, e cujo primeiro volume acabou por publicado apenas em 1996.
É uma série de fantasia tão espetacular e popular na Europa e EUA, que muitos (muitos mesmo) a consideram a melhor série de fantasia de todos os tempos, mais até do que “O Senhor dos Anéis”.
Inspirada na “Guerra das Rosas”, a série conta a história de um continente chamado Westeros, dominado pelos Sete Reinos. O local é uma espécie de mega Inglaterra medieval do tamanho da América do Sul. Esse continente está separado do outro por um mar estreito (que por sinal remete ao Canal Da Mancha) e possui uma barreira (The Wall), que separa o mundo civilizado do mundo selvagem.
O clima é um personagem à parte, o verão e o inverno podem durar anos (até mais de dez anos!), e as pessoas têm de se preparar e adaptar suas vidas a isso.
O cenário não se trata exatamente da “fantasia clássica” com os tradicionais elementos high fantasy. Não existe um escolhido para salvar o mundo; não existem elfos em guerra com anões.
De fato, os livros trabalham mais com intriga política e a magia da série remete à uma magia mais ritualística, pois em parte está mais ligada à religião em comunhão com a vida na floresta. Em Westeros, o povo antigo, por exemplo, adorava deuses árvores e eram chamadas “Crianças das Floresta”, uma raça que vivia em harmonia com a natureza bem ao estilo celta de ser. Logo, cada castelo tem uma” floresta divina” onde crescem “weirwood”, lindas e bizarras árvores brancas que parecem ter expressões nascidas de protuberâncias e seiva vermelha.
Só que um dia os “Andals” vieram do oeste e trouxeram com ele os Sete, sete deuses que viraram um só para substituir o culto anterior (em referência direta ao deus cristão único que chegara para substituir os deuses celtas).
“A Game of Throne”, o primeiro volume, é sobre a disputa de uma grande nação após a morte do rei Robert, e de toda intriga que envolve uma disputa desse porte, com aliados, inimigos, herdeiros e filhos bastardos.
Se antes havia Sete Reinos, hoje um único governa a todos na Dinastia dos Targaryen e se senta no Trono de Ferro. Essa monarquia foi formada a base de muito sangue e dizimou quase todos os outros reis, dando origem a uma nova monarquia unificada, porém frágil e instável.
E é essa fragilidade que dará origem ao “Jogo de Tronos” do título (se você quiser saber mais detalhes sobre a trama, há um link em português na Wikipédia aqui).
(Sean Bean, o Boromir de SdA, mudou de lado e estrela a adaptação)
O diferencial dessa série está em seus personagens densos e na forma como Martins alterna os pontos de vista. Apenas no primeiro livro, nós acompanhamos oito pontos de vistas diferentes, mais a visão de Will no prólogo. Os personagens acertam e cometem erros de maneira crível, e você tem de aprender a amá-los, odiá-los ou perdoá-los por isso.
Há diversas casas, e cada uma delas tem seu próprio motivo e propósito pela busca do poder, algumas vezes tendo de suportar aliados e inimigo na espera pelos embates.
Os livros são tão épicos nas batalhas em campos de guerra quanto o são em salões de castelos no desenvolvimento de intrigas políticas.
São vários personagens e todos eles têm uma profundidade psicológica bem construída. A trama política envolvendo o Jogo de Trono provavelmente será a mais complexa e bem-arquitetada que você já viu em um livro, e prometo que você terá noites de insônia virando páginas e mais páginas, e de vez em quando se emocionando fundo com determinadas passagens.
E é uma fantasia hardcore! Hardcore mesmo. Quando digo que George Martin é um “Tolkien para adultos”, eu falo sério. O livro tem sangue, sexo e violência desenfreada e faz muitas batalhas do Conan parecerem uma desavença de um churrasco entre amigos.
O artista Mark Evans fez alguns exelentes desenhos em uma galeria sobre a série, com trechos do livro até. Veja aqui.
Aqui abaixo, segue um vídeo gravado por um cinegrafista epilético na ComicCon, onde Martin lê um trecho de “Dance With Dagon”, o quinto livro da série, prometido para esse ano.
Para a série sair aqui no Brasil foi uma batalha.
Na verdade, eu nunca entendi o que uma editora brasileira estava esperando para trazer essa série ao mercado.
Lembrou-me quando Peter Jackson disse que sempre ficou esperando fazerem um filme sobre “O Senhor dos Anéis”. Como o tempo foi passando e ninguém o fez, deu tempo dele se especializar como cineasta e ele mesmo decidir tocar a coisa.
Com as devidas proporções, eu também fiquei esperando publicarem essa série por aqui há tempos. Aí como o tempo foi passando e ninguém o fez, deu tempo de eu virar romancista por uma holding espanhola, virar peça-chave de uma holding portuguesa e ainda passar um ano e meio batalhando pela série por aqui.
O sucesso externo, os prêmios e a minha empolgação foram importantes, e o fato da HBO começar a produzir a série ajudou ainda mais nos argumentos.
Passado essa fase, veio uma segunda ainda mais difícil: a negociação. A agente de George Martin não é lá a pessoa mais fácil do mundo de se lidar (no fundo, agentes nunca são), e a Leya, na figura da Mariana Rolier, conduziu de maneira brilhante o processo. Acredite, há de se ter talento para isso também.
O fato é que agora a editora possuí os direitos dos quatro titulos já lançados da série e eu vou acompanhar o processo de preparação, tradução e coisas do tipo. Aí conforme sair capa e coisas do tipo, eu vou compartilhando.
Os livros são grandinhos, mas acredite: você não consegue parar de ler. Em Portugal, a editora Saída de Emergência dividiu cada volume em dois a quase 19 euros cada edição, o que é pesado para os pobres portugueses.
Aqui isso não irá acontecer.
O livro irá chegar no segundo semestre desse ano. E para coroar de vez, minha vontade seria a de conseguir convencer a trazer o próprio George Martin para uma Bienal ou evento do tipo. Mas aí já começa a depender da aceitação do nosso mercado com a série.
Da minha parte, só vai me restar torcer para todo o esforço ter valido à pena, que vocês amem a história e a série possa continuar a ser publicada.
Fonte: http://www.sedentario.org/colunas/c...ccon-apresenta-ou-meu-momento-tarantino-24178