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Bitcoin (símbolo: ฿; abrev: BTC ou XBT) é uma criptomoeda e sistema de pagamento online baseado em protocolo de código abertoque é independente de qualquer autoridade central.[2] Um bitcoin pode ser transferido por um computador ou smartphone sem recurso a uma instituição financeira intermediária.[3] O conceito foi introduzido em 2008 num white paper publicado por um grupo com opseudônimo de Satoshi Nakamoto que o chamou de sistema eletrônico de pagamento peer to peer.[4] [5] [6] [7]
O nome Bitcoin também se refere ao software de código aberto que o grupo projetou para o uso da moeda e a respectiva rede peer-to-peer. Diferente da maioria das moedas, bitcoin não depende da confiança em nenhum emissor centralizado ou uma instituição financeira. Bitcoin usa um banco de dados distribuídos espalhados pelos nós da rede peer-to-peer para registrar as transações, e usacriptografia de código aberto para prover funções básicas de segurança, como certificar que bitcoins só podem ser gastas pelo dono e evitar gastos duplos e falsificação.
Os usuários podem transacionar diretamente uns com os outros sem a necessidade de um intermediário. Transações são verificadas pelos nós da rede peer-to-peer e registrados em um banco de dados distribuídos (livro-razão) de contabilidade pública conhecidos como blockchain. Bitcoin não depende da confiança entre usuários diferentes (nós da rede). Qualquer pessoa pode controlar e monitorar um nó do sistema. A rede bitcoin funciona de forma autônoma, sem um banco de dados central ou único administrador central, o que levou o Tesouro dos Estados Unidos para classificá-la como moeda digital descentralizada. Bitcoin é mais corretamente descrito como a primeira criptomoeda descentralizada do mundo. É o maior de seu tipo em termos de valor de mercado.
O sistema Bitcoin permite propriedade e transferências semi-anônimas de valores. Bitcoins podem ser salvas em computadores ou empen drives em forma de arquivos de carteira, ou em serviços de carteira online provido por terceiros; e em ambos os casos bitcoins podem ser enviadas pela internet para qualquer lugar do mundo ou para qualquer pessoa que tenha um endereço bitcoin. A topologiapeer-to-peer da rede Bitcoin, e a ausência de uma entidade administradora central torna inviável que qualquer autoridade financeira ou governamental manipule a emissão e o valor de bitcoins ou induza inflação "imprimindo" mais notas. No entanto, grandes movimentos especulativos de oferta e demanda podem fazer com que o seu valor sofra oscilação no mercado de câmbio. Bitcoin é um projeto relativamente novo que está evoluindo. Por esta razão, seus desenvolvedores recomendam cautela.
O sistema Bitcoin executa transferências de valores entre endereços usando criptografia de chave pública. Todas as transações são públicas, sendo armazenadas em banco de dados distribuídos (livro-razão) de contabilidade pública chamado blockchain. Para prevenir gastos duplos e falsificação, a rede implementa um servidor de tempo distribuído, usando a ideia de proof-of-work encadeadas. O histórico das transações é registrado no blockchain e para reduzir o espaço de armazenagem são usadas Árvores de Merkle. O sistema Bitcoin é uma solução inovadora que executa contabilidade pública sem depender de uma autoridade central confiável.
A transferência de bitcoins na rede bitcoin se dá através de transações entre o endereço remetente e o destinatário. Em geral, esses endereços pertencem a pessoas diferentes, mas é possível que um usuário crie um endereço destinatário para si, fazendo uma auto-transferência de bitcoins.
Basicamente, o processo envolve três partes: recebimento do endereço destinatário, criação da transação, transmissão da transação.
Inicialmente, o usuário que irá fazer o pagamento precisa saber o endereço destinatário. O usuário que receberá o pagamento pode informá-lo através de texto, ou, de maneira mais simples, através de um código de barras do tipo QR (QR code).
O programa de carteira do usuário pagador irá criar a transação. Para criar uma transação, o usuário precisa apenas informar a quantia de bitcoins que quer enviar e qual o endereço bitcoin de destino
Para transmitir a transação à rede bitcoin, o usuário precisa apenas conectar-se brevemente à internet. Não é possível cancelar ou reverter uma transação, após ela ter sido enviada pela rede. Para ter os bitcoins associados ao seu endereço próprio, o destinatário não precisa estar online no momento da transação e não precisa confirmá-la
Uma carteira bitcoin armazena as informações que são necessárias para se fazer transações com bitcoin. Embora as carteiras frequentemente sejam descritas como um lugar para guardar, carregar ou armazenar bitcoins, [19] [20] no entanto, devido à natureza do sistema, os bitcoins são inseparáveis do registro da blockchain, ou seja, eles nunca saem dela. Talvez uma melhor maneira de se descrever uma carteira de bitcoins é como algo que "armazena as credenciais digitais que permitem que você use os seus fundos bitcoin"[20] e que lhe permite que os gaste. O Bitcoin usa criptografia de chave pública, na qual duas chaves criptográficas, uma pública e uma privada, são geradas.[12]Simplificando, uma carteira é como um chaveiro, uma coleção dessas chaves.
Existem vários tipos de carteiras. Os softwares de carteira conectam-se à rede, armazenam as credenciais (chaves) que provam a posse dos bitcoins, e possibilitam a realização de transações.[21] Os serviços de internet chamados decarteiras online, como o Blockchain.info, Circle ou Coinbase oferecem funcionalidades semelhantes, mas podem ser mais fáceis de se utilizar; em sua maioria, as credenciais do bitcoin são armazenadas com o provedor de carteira online ao invés do que no dispositivo do usuário.[22] [23] As carteiras físicas são mais seguras, já que elas armazenam offline as credenciais necessárias para gastar-se os bitcoins.[20] Alguns exemplos incluem moedas físicas com as credenciais impressas nela,[24] feitas de materiais como metal, madeira ou plástico. Outras são simples impressões em papel. Outro tipo de carteira chamado de carteira hardware mantém as credenciais offline, ao mesmo tempo que facilita a realização de transações
A rede Bitcoin cria e distribui um novo lote de bitcoins aproximadamente 6 vezes por hora aleatoriamente entre participantes que estão rodando o programa de mineração de moedas. Qualquer participante tem chance de ganhar um lote enquanto roda o programa de mineração. O ato de gerar bitcoins é comumente chamado de "minerar" (como em "minerar ouro"[4] ). A probabilidade de um certo minerador ganhar um lote depende do poder de processamento computacional com que ele contribui para a rede bitcoin em relação ao poder de processamento de todos os outros combinados.[36] A quantia de bitcoins geradas por lote nunca passa de 50 BTC, e esse valor está programado no protocolo bitcoin para encolher com o passar do tempo, de modo que o total de bitcoins criadas nunca passará de 21 milhões de BTC.[13] Com a redução desse prêmio, espera-se que a motivação para se rodar nó gerador (computador executando um programa de mineração) mudará para o recebimento de taxas de transação.
Todos os nós mineradores da rede competem para ser o primeiro a achar uma solução para um problema criptográfico envolvendo seu bloco candidato na block chain, um problema que requer poder computacional e repetidas tentativas e erros para ser resolvido. Quando um nó encontra tal solução criptográfica, ele anuncia aos demais nós na rede e reivindica um novo prêmio em bitcoins. Pares ao receber um bloco recém resolvido validam-no antes de aceitá-lo e incluí-lo na cadeia de blocos block chain. Os nós usam suas CPUs com o cliente padrão, e clientes de terceiros são capazes também de utilizar GPUs.[13] [37] [38] Mineradores também podem se juntar em grupos de mineração (conhecidos como "pools" em inglês) e minerar coletivamente.[39]
Para que a rede gere um bloco novo a cada 10 minutos em média, cada nó separadamente reajusta o nível de dificuldade do criptodesafio a cada duas semanas em resposta a mudanças no poder de processamento coletivo da rede.[carece de fontes]
Atualmente, a mineração de bitcoins é uma área altamente competitiva, com hardware especializado vendido no mercado. Com a crescente dificuldade dos desafios criptográficos, tornou-se economicamente inviável utilizar CPUs para a mineração (pois a energia elétrica consumida custa mais que a recompensa em bitcoins gerada), e futuramente também as GPUs tornar-se-ão completamente obsoletas para esse propósito. Por este motivo, vários mineradores passaram a utilizar também circuitos integrados de aplicação específica (ASIC) para a mineração de bitcoins. Algumas empresas comercializam sistemas ASIC prontos para a mineração, com preços entre 250 e 2500 dólares.
Quem é o programador que criou o Bitcoin?
A Wired publicou na tarde desta terça que Wright e Kleiman provavelmente estavam envolvidos na criação do Bitcoin. O Gizmodo seguiu linha parecida nas últimas semanas, incluindo entrevistas e confrontações presenciais com parceiros de negócios de Wright, em Sydney, e entrevistas com pessoas próximas a Kleiman em Palm Beach County, na Florida. O Gizmodotambém confirmou documentalmente com várias fontes que Wright, em pelo menos duas ocasiões, disse que ele e Kleiman estavam envolvidos na criação do Bitcoin.
No início de novembro, o Gizmodo recebeu uma serie de dicas anônimas via e-mail de uma pessoa que disse conhecer a identidade real de Satoshi Nakamoto e afirmou ter trabalhado com ele. “Eu hackeei Satoshi Nakamoto [sic],”, dizia a primeira mensagem. “Estes arquivos são todos da conta profissional de e-mail dele. O nome dele é Dr. Craig Wright”. As mensagens vieram acompanhadas de mensagens com arquivos aparentemente tirados diretamente de uma conta do Outlook pertencente a Craig Wright, um acadêmico australiano especialista em engenharia da computação e empresário com uma serie de empresas em seu nome.
No ano passado, Wright anunciou publicamente seu plano de criar o primeiro banco de Bitcoin. Na página do LinkedIn do Wright seu cargo está como CEO do DeMorgan Ltd, uma companhia cujo website descreve a companhia como “concentrada em moedas alternativas, na próxima geração do setor bancário e em produtos de educação e reputação com foco em segurança e em criar uma experiência simples ao usuário.” Entre as subsidiárias do DeMorgan, estão também listadas no site: C01N, uma companhia de armazenamento de bitcoins; Coin-Exch, um câmbio de bitcoin; e Denariuz, o banco de Bitcoin citado acima, e um dos supercomputadores mais poderosos do mundo.
Vários e-mails e documentos enviados ao Gizmodo mostram uma relação próxima entre Wright e Kleiman, um veterano do exército que vivia em Palm Beach County, na Flórida. Kleiman estava confinado em uma cadeira de rodas após um acidente de moto em 1995. Após isso, ele se tornou um especialista recluso e obsessivo em computação forense. Ele morreu falido e na miséria após ter tido necrose. Seu corpo foi encontrado em decomposição e estava rodeado de garrafas vazias de álcool e uma arma carregada. Restos de fezes foram localizadas pelo chão, e uma bala foi encontrada em seu colchão, embora nenhuma cápsula tenha sido encontrada no local.No entanto, documentos compartilhados com o Gizmodo sugerem que Kleiman poderia ser o dono de milhões de dólares em Bitcoins, e estava envolvido com a moeda e com os planos de Wright. “Craig, acho que você está louco e isto é arriscado”, escreveu Kleiman em um e-mail direcionado a Wright. “Mas eu acredito no que estamos tentando fazer.”
Escrever sobre Satoshi Nakamoto, o pseudônimo do criador do Bitcoin, é um exercício traiçoeiro. Publicações como New York Times, Fast Company e New Yorker tentaram sem sucesso revelar a identidade de Satoshi. Em todas as tentativas, as evidências não foram conclusivas ou resultaram em negações públicas. No meio disso tudo, teve uma matéria da Newsweek de 2014 que foi uma das tentativas mais desastrosas de tentar revelar a identidade de Satoshi. A revista identificou um modesto engenheiro da California, cujo nome de batismo era Satoshi Nakamoto, mas que era conhecido como Dorian, e foi identificado como criador do Bitcoin. A matéria resultou em uma loucura midiática internacional, uma perseguição de carro, e — após Dorian negar repetidamente e ameaçar processar a revista — uma grande constrangimento para a Newsweek.
Tudo isso significa que o Satoshi Nakamoto real ainda está por aí. E, embora o Bitcoin ainda não tenha perturbado a economia e estabelecido um sistema financeiro baseado em uma moeda criptolibertária, a moeda continua funcionando: o número de usuários aumentou em todo o mundo, com alguns analistas estimando 5 milhões de donos da moeda digital em 2019. O Bitcoin não é apenas um nicho criptográfico. É um fenômeno absurdo e brilhante inventado por um gênio subversivo ou um grupo deles. A moeda digital começou valendo centavos em 2009 até atingir o pico de US$ 1.200 por Bitcoin depois de quatro anos, tudo isso baseado em um sistema de permite enviar dinheiro para qualquer um como se fosse um e-mail, e que tem como objetivo tomar todo o obsoleto sistema financeiro mundial. Se Satoshi Nakamoto revelasse sua identidade para o mundo, ele (ou eles) seria considerado uma das mentes mais brilhantes das ciências da computação — além de alvo de fiscalização incessante e global
Craig Wright não é modesto. No site da Panopticrypt, uma de suas muitas companhias, ele se define como “o maior especialista em segurança de TI do mundo.” Em um post publicado em maio de 2013 e com título “Morning Manifesto”, Wright diz ao mundo:
Arranjarei uma solução para problemas que você nem pensou que teria, e eu o farei sem sua permissão nem do Estado! Criarei coisas que farão suas ideias fracassarem e o farei de incontrolável. Não aceitarei dependência ou bem-estar. Não lhe oferecerei violência. Ao contrário, você terá de usar violência para me fazer parar.
E em outubro de 2015, durante um painel de discussão com especialistas em Bitcoin (incluindo Nick Szabo, um dos suspeito de ser o Satoshi), é pedido que Wright se apresente. “Faço uma série de coisas que as pessoas nem perceberam que ainda é possível fazê-las”, disse. Quando questionado pela moderadora para esclarecer, disse: “Sou um pouco de tudo…tenho mestrado em direito…tenho mestrado em estatística, alguns doutorados, eu, inclusive, me esqueci de algum um que consegui recentemente.” Quando questionado sobre como se envolveu com Bitcoin, ele fez uma pausa antes de responder: “hum, estou envolvido nisso há muito tempo…eu tento e estou…eu fico na minha.”
Essas são todas evidencias circunstanciais. Mas os e-mails hackeados e outros documentos, se são autênticos, mostram que Wright em várias ocasiões disse ser Satoshi Nakamoto por um período que teve início em 2008, antes de Nakamoto publicar o lendário documento de apresentação do Bitcoin ao mundo.
A evidencia mais persuasiva da suposta conta hackeada é uma mensagem de 8 de janeiro de 2014, que mostra Wright enviando um e-mail para três colegas da conta satoshi@vistomail.com, o e-mail que Nakamoto usava para se comunicar com os primeiros desenvolvedores e usuários do Bitcoin. Na conversa, cujo tema era “Medo do Futuro”, Satoshi@vistomail.com fala de uma estratégia de lobby com o senador australiano Arthur Sinodinos sobre a regulação do Bitcoin:
O e-mail inclui uma assinatura com o nome Satoshi Nakamoto e um número de telefone que pertence a Craig Wright. O campo de resposta, que determina para quem as respostas serão envidas, lista um endereço de e-mail que, segundo o o Google, pertence a Craig Wright. Também estão incluídos na conversa uma resposta de Andrew Sommer, um sócio no escritório de advocacia Clayton Utz, que representava Wright na mesma época em que houve a troca de e-mails:
O hacker que nos enviou os arquivos incluiu múltiplos arquivos PDF que contêm o que parecer seruma transcrição de um encontro entre Wright, seu advogado e uma autoridade do ATO (Australian Taxation Office) sobre regulação do Bitcoin, além de detalhes de outro encontro entre o advogado de Wright e autoridade australiana responsável por impostos. Aparentemente, Wright estava trabalhando para tentar persuadir o governo australiano a considerar a moeda virtual como uma moeda corrente, e não como um bem que seria alvo de uma tributação maior. Sem essa regulamentação, seus negócios estariam arruinados. Durante o intervalo de um desses encontros, Wright afirma de form estranha que ele é Satoshi (grifo próprio abaixo):
Um pedido de confirmação de autenticidade dos documentos foi enviada a Auscript, um serviço de transcrição cujo logo aparece no cabeçalho dos arquivos, porém, foi negado em função de uma política da companhia. Um pedido semelhante foi feita ao ATO, que também negou alegando confidencialidade.
Múltiplas ligações telefônicas ao Wright sugerem que o material, pelo menos, não é falso: em uma ligação feita em novembro, ele disse “que não poderia falar” sobre os documentos que recebemos, ou sobre ele ser Satoshi Nakamoto. Em outra ligação, onde foram lidos trechos de e-mails, Wright nos perguntou “como vocês conseguiram isso?” e declarou que “eu não deveria ter feito isso”. Ele também confirmou que as pessoas copiadas no primeiro e-mail eram seu advogado, seu contador e um colega de trabalho da DeMorgan LTD. Após essas duas ligações, Wright parou de responder as chamadas, não respondeu mais e-mails e tornou privada sua conta no Twitter.
Andrew Sommer, o advogado, recusou a comentar os conteúdos do e-mail ou as transcrições do encontro, mas confirmou que Wright foi seu cliente.
Contatada por telefone, a ex-esposa de Wright, chamada Lynn, lembrou-se que seu marido trabalhava com Bitcoin “há muitos anos”, mas que ele “nunca chamou de Bitcoin”. Ele se referia a isso como “dinheiro digital”. Ela também confirmou que Wright era amigo de Dave Kleiman. “Eu conheci o Dave…eles eram amigos e falavam sobre várias coisas que estavam acontecendo no mundo geek..na maioria das vezes, ele conversava, mas eu não prestava atenção”. Ao ser questionada se seu ex-marido era o inventor do Bitcoin, Lynn afirmou que “não vai comentar sobre as coisas que tínhamos conversado.”
Ramona Watts é a atual esposa de Craig Wright, diretora da DeMorgan, e uma das destinatárias de conversas do e-mail Satoshi@vistomail.com. Contatada pelo Gizmodo em sua casa em um bairro rico do norte de Sydney e questionada sobre o papel de Wright na criação do Bitcoin, Watts, a princípio, sorriu, balançou sua cabeça, e começou a fechar a porta. Ao ser questionada se Wright era o inventor do Bitcoin, ela timidamente sorriu novamente e fechou a porta.
John Chesher era o contador de Wright, um dos destinatários do e-mail do Satoshi e esteve presente nas conversas sobre o ATO. Ao ser abordado em seu apartamento e e questionado se ele já tinha recebido algum e-mail de Craig Wright usando o endereço de Satoshi Nakamoto, ele respondeu: “eu devo ter recebido…isso foi há um ano”. Perguntado se ele tinha dito ao ATO que Wright tinha uma soma de Bitcoin parecida com a de Satoshi, ele disse “é possível.”
Ann Wrightson, uma ex-funconária de Wright e que estava presente no encontro no ATO, confirmou ao Gizmodo sobre a existência dos encontros. Ela informou ainda que cortou relações com Wright e Watts e está muito feliz: “Pessoalmente, ele é um bom amigo. Em termos de negócio, eu não acredito…ele não é um modelo a ser seguido.” Nós perguntamos diretamente a Wrightson se Wright tinha inventado o Bitcoin, e ela relutou: “Prefiro não incriminar ele ou me incriminar… eu tenho certeza que você é um bom repórter e que achará outras pessoas para responder isso para você.”
Quando um repórter do Gizmodo visitou o escritório de DeMorgan, a empresa de Wright, Ramona Watts tentou afastar os funcionários de falaram com ele.
Um suposto e-mail de 28 de março de 2008, meses antes de Satoshi Nakamoto publicar o documento que definia o Bitcoin, mostra Wright divulgando a ideia de uma “nova forma de dinheiro eletrônico” a Kleiman pela primeira vez. “Preciso de sua ajuda e preciso de uma versão minha melhor que eu para fazer isso funcionar”, escreveu, aparentemente, prenunciando a persona de Satoshi.
Vários anos mais tarde, após os valores do Bitcoin explodirem e a moeda ter ficado conhecida — e meses antes de contas online associadas a Satoshi sumirem — Wright escreveu ao Kleiman, com aparente fadiga, sobre o segredo envolvendo sua identidade: “Eu não posso mais ser o Satoshi”, escreveu. “Eles não vão mais me ouvir. Sou melhor como um mito.”
O hacker também nos deu um arquivo PDF do que parecer ser um rascunho de um contato legal entre Wright e Kleiman, formando um truste de Bitcoin nas Seicheles, um paraíso fiscal no Oceano Índico. O contrato mostra um recibo no nome de David Kleiman onde constava a quantia de 1.100.111 bitcoins, que deveriam ser devolvidos a Craig Wright em janeiro de 2020. Vários relatos, inclusive um que é frequentemente citado em análises feitas pelo especialista em Bitcoin Sergio Demain Lerner, estima que a fortuna de Satoshi Nakamoto esteja na casa de 1 milhão de BTC — uma quantia bem próxima do truste de Seicheles. No contrato também consta 5 chaves PGP — arquivos que são usados para estabelecer transferências de Bitcoins que podem ser enviados por e-mail — que ser usados para controlar o truste. Procurando por estas chaves em bases de dados públicas, descobrimos que uma delas pertence a Wright, uma a Kleiman, e duas pertencem a Satoshi Nakamoto.
O contrato também contém uma parte incompleta, inconsistências e outros detalhes. Em 9 de junho, data do documento, um Bitcoin valia cerca de US$ 31, fazendo com que a quantia valesse cerca de US$ 31 milhões. No entanto, o documento indica que o valor total era de US$ 100 mil. O contrato também diz que Wright estava enfrentando um processo de falência. Segundo informações públicas do governo australiano, Wright declarou insolvência pessoal em 2006 e foi negado pelas autoridades do país. No entanto, os registros não citam um pedido de falência de Wright em 2011.
O contrato estipula que se Kleiman morresse, “Dr. Wright receberá de volta os valores do truste Tulip 15 meses após a morte, a seu critério.” O mais bizarro disso é que há uma menção no caso da morte de Wright, mas a beneficiaria seria Ramona Watts, sua esposa e colega de trabalho, que receberia o restante de um valor que seria usado “para mostrar as mentiras e fraudes orquestradas por Adam Westwood do Australian Tax Office”. Este cara é um empregado do governo australiano que Wright culpou por uma lei contra empresas relacionadas ao Bitcoin.
Neste contrato, Kleiman também promete não divulgar “as origens do e-mail satoshin@gmx.com”, uma das contas de e-mail usadas por Satoshi Nakamoto para publicar o documento que apresentou o Bitcoin ao mundo.
Patrick Paige e Carter Conrad, que são donos de uma empresa em Palm Beach County chamada Computer Forensics LLC, onde Kleiman também era um dos sócios, começaram a suspeitar sobre a identidade de Satoshi após terem recebido uma série de comunicações estranhas de Wright após a morte de Kleiman em 2013.
Dias após o amigo e sócio deles morrer, Paige e Conrad enviaram um e-mail sobre a morte de Kleiman para alguns parceiros comerciais que só o conheciam por conversas via computador. Ele não conseguia mover membros abaixo do peitoral em função de um acidente de moto, enquanto trabalhava no Departamento de Polícia de Palm Beach County em 1995, e passou os últimos anos de sua vida hospitalizado com uma infecção mortal de uma bactéria resistente à meticilina. Contrariando decisões médicas, Kleiman deixou o hospital e voltou para sua casa após quase três anos de tratamento em 2013, informaram Paige e Conrad. A infecção parou seu coração e o matou após algumas semanas.
O tempo de Kleiman no hospital apenas aumentou seu isolamento e seu estilo de vida sedentário. “Aquele desgraçado fica direto no computador”, disse Paige, explicando que muitos dos relacionamentos de Kleiman era estritamente em âmbito digital, e esses seus amigos não saberiam de imediato sobre a morte dele.
Entre os destinatários do e-mail de 2013 enviado por Paige e Conrad estava Craig Wright, um cara que eles acreditavam que tinha um relacionamento profissional com Kleiman. Cinco anos antes da morte de Kleiman, ele e Wright escreveram um documento referente a técnicas de sobrescrever dados em um disco rígido, e eles se corresponderam sobre outros assuntos tecnológicos. Logo, não era de se espantar que após o e-mail relatando a morte de Kleiman, eles viram um vídeo triste feito por Wright em seu canal no YouTube lamentando a perda do amigo. No vídeo (que saiu do ar), Wright narra vários episódios com Kleiman, enquanto fica muito emocionado. No fim, dá para perceber ele tentando conter as lágrimas. “Tenho orgulho de dizer que conhecia Dave Kleiman”, diz. “Sentirei sua falta, Dave. Você era meu amigo, e sentirei sua falta.”
Paige não sabia como reagir ao vídeo, mas ele não ficou tão em choque pelo fato de Kleiman ter tido tanto contato com um cara que mora no outro lado do mundo. Estranho, porém, foi um documento vindo da Austrália recebido por ele e seu sócio após alguns meses. A correspondência dizia que o antigo companheiro de trabalho deles não estava mais afiliado a uma companhia chamada W&K Info Defense Research. O nome era estranho para os dois, e como a correspondência não requeria algum tipo de ação deles, foi ignorada.
De acordo com dados públicos, a W&K foi fundada em Palm Beach County em 2011, com Dave Kleiman como o dono e sua casa como endereço comercial. Em 2014, após a morte de Kleiman, acompanhia foi reestabelecida como uma LLC (o equivalente a uma empresa LTDA, no Brasil) em um novo endereço comercial e com um novo responsável, no caso a empresa Coin-Exch, uma das companhias de Wright. Um documento que relata um encontro entre o advogado de Wright e a ATO (autoridade de impostos da Austrália), vazado pelo cara que diz ter hackeado o empresário australiano, também se refere a companhia W&K. Nos poucos minutos, o contador de Wright, John Chesher, chama da W&K de “uma entidade criada com o objetivo de minerar Bitcoins”, e informa que Wright e Kleiman fundaram a companhia juntos.
O documento também relata Chesher comentando sobre a espetacular fortuna em Bitcoins de Wright e indicando que Kleiman tinha uma quantia similar:
Craig Wright minerou um monte de Bitcoins. Craig, então, os colocou em um truste em Seicheles. Um pouco da quantia também foi colocada em Cingapura. Esta foi enviada para lá através de um entidade baseada no Reino Unido. Craig tinha aproximadamente 1,1 milhões de Bitcoins. Houve uma época, que apenas ele tinha 10% de todos os Bitcoins existentes. O senhor Kleiman teria uma quantia parecida, embora ele tenha falecido.
De acordo com Jeremy Gardner, um investidor de Bitcoin de longa data e cofundador da College Cryptocurrency Network (que tenta propagandear a moeda virtual nas universidades), apenas Satoshi poderia ter tal quantidade de Bitcoins. “Acho que não existe ninguém perto de ter a mesma quantia [de Satoshi]”. Mesmo assim, Gardner acredita que nem Satoshi teria ainda o mesmo montante da moeda virtual:
[Satoshi é] a única pessoa que poderia tido um milhão, e imagino que agora a quantia é bem menor. Qualquer pessoa que chegar próximo a isso, o que acredito que nunca aconteceu, já vendeu uma substancial porção do que tinha (sobretudo com o fato dia quantia ter valorizado mais de 250 vezes).
A coisa mais doida sobre a riqueza em Bitcoins de Satoshi Nakamoto é o fato de ter outra pessoa com quantidade semelhante — a menos que haja uma reserva em algum truste secreto.
A outra correspondência que Paige e Conrad receberam de Wright era ainda mais estranha. E-mails cedidos ao Gizmodo, cuja autenticidade foi confirmada por Paige e Conrad, mostram que em fevereiro de 2014, dez meses após a morte de Kleiman, Wright mandou um e-mail para eles para falar sobre um projeto misterioso que ele estava trabalhando com seu amigo. Como parte do empreendimento, escreveu Wright, Kleiman minerou uma quantia enorme de Bitcoins — uma quantia “altíssima para ser revelada por e-mail”. Wright pediu a eles que assegurassem que os computadores do Kleiman estivessem seguros, e pediu a eles que checassem os HDs e encontrassem um arquivo walled.dat — neles ficam armazenados os Bitcoins e informações da conta do proprietário. Em uma ligação feita em seguida, Paige ligou para Wright para perguntar sobre detalhes dessa parceria com Kleiman. Após isso, Wright mudou o tom e disse: “posso confiar em você?”.
Segundo Paige, Wright disse a ele algumas vezes que Kleiman foi o criador do Bitcoin. Em outras, ele esclareceu que a criptomoeda foi inventada por um grupo de pessoas e que Kleiman era uma delas. Se isso é verdade, Kleiman tinha uma fortuna quando morreu em 2013 — mesmo se ele tivesse metade da quantia de Satoshi, ele teria algo em torno de US$ 65 milhões quando morreu. Wright disse a Paige que não estava querendo dinheiro — ele só queria se assegurar de que estava tudo certo com a propriedade de Kleiman e que eles não estavam “sentados” em cima de uma fortuna em um “cofre digital”.
Paige ficou surpreso com a ideia de que seu amigo tinha conseguido tal feito, mas após pensar com calma, ele não considerou que seria impossível. Paige regularmente se feria a Kleiman como um gênio, e seu conhecimento em computação seria possível para a criação — ou pelo menos contribuição — no protocolo Bitcoin.
Há ainda questões maiores. Um outro e-mail de 2014 obtido pelo Gizmodo mostra Paige dizendo a Wright que Kleiman tinha mencionado apenas uma vez sobre Bitcoin, e naquele mês ele não se lembra de seu colega falando sobre a moeda digital em suas conversas diárias. E, segundo as pessoas próximas s ele, Kleiman precisava de muito dinheiro — ele tinha recebido uma ordem de despejo de sua casa, sem contar a conta do hospital onde ele ficou três anos se tratando antes de morrer. Se Dave Kleiman fosse Satoshi Nakamoto — ou um dos vários Satoshis — ele não poderia ter usado seu dinheiro para isso?
Shyaam Sundhar, um profissional de segurança da computação que escreveu artigos acadêmicos com Kleiman e Wright em 2008, duvida e expressou assombro sobre a ideia de que um desses caras esteja envolvido na criação do Bitcoin. “Nossas conversas eram apenas sobre HDD”, disse via e-mail, referindo-se à pesquisa sobre dados em discos rígidos. “Espero que essas informações sejam rumores, pois nunca ouvi nada sobre isso de Craig ou Dave.”
Paige e Conrad deixaram o assunto de lado, e Wright parou de enviar e-mails ou fazer ligações após ter entrado em contato com o irmão de Kleiman. “Nós sabíamos que alguém algum reporter algum dia nos ligaria”, disse Paige. “Mas deixamos quieto”.
Em novembro, após ser contato do Gizmodo, Paige mandou um e-mail para Wright perguntando se ele tinha planos de revelar algo sobre o seu envolvimento e o de Kleiman na criação do Bitcoin. “Ainda não. Estamos no processo de finalizar algumas pesquisas. Eu esperava em divulgar algo antes dos repórteres começarem a ir atrás do assunto”, respondeu Wright. Em um outro e-mail, disse: “Quando vier à tona, não tem como Dave não ser citado.”
Enquanto estava vivo, Kleiman não se separava de um pendrive revestido de alumínio. Sobre o fato de ele conter os Bitcoins de Kleiman ou qualquer ligação entre ele e Satoshi, Paige disse: “Tenho certeza que tinha algo no pendrive”. Segundo Paige, quando Kleiman morreu, seu irmão, Ira Kleiman, ficou com o acessório.
Ira Kleiman não quis falar sobre o fato de ele estar ou não com o pendrive ou os HDs de seu irmão. Descrito por conhecidos e familiares como uma pessoa reservada, Ira Kleiman também se recusou a encontrar um repórter pessoalmente ou falar por telefone. Em vez disso, ele optou pela troca de e-mails e SMS protegidos por criptografia. Ele disse que após a morte de seu irmão, Wright entrou em contato com ele e disse que Dave Kleiman estava envolvido na criação do Bitcoin e que continha vários documentos que poderiam reforçar as informações passadas pelo hacker que contatou o Gizmodo. Apesar disso, Kleiman se recusou a responder se ele acreditava que Wright falava a verdade.
Reportagem adicional de Sydney feita por Daniel Strudwick.
Fonte: Gizmodo.com
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