É sério isso? Posso me preparar para o apocalipse?
Banco Central anuncia que reduzirá intervenção no câmbio
O Globo - 31/12/2014
A chamada "ração diária" será cortada à metade. Mercado já esperava
Gabriela Valente
Brasília - Na batalha para evitar uma elevação ainda maior do dólar — que ficou quase 13% mais caro em 2014 —, o Banco Central (BC) renovou o programa de intervenção no câmbio, apelidado pelo mercado financeiro de "ração diária". As vendas de contratos de swap (um clássico instrumento de proteção contra a variação do dólar) continuarão pelo menos até o fim do primeiro trimestre de 2015, mas foram reduzidas à metade: passarão de US$ 200 milhões para US$ 100 milhões. Para os especialistas, isso não afetará a cotação da moeda americana.
O mercado já esperava o corte. Embora o presidente do BC, Alexandre Tombini, tenha anunciado que o programa continuaria em 2015, com o perfil da nova equipe econômica estava claro que a ração diária não podia continuar como estava: um estoque de nada menos que US$ 109,4 bilhões que distorce os negócios.
— O mercado chegou a temer que o programa acabasse por causa de declarações do Joaquim Levy (futuro ministro da Fazenda) que criticava o volume da intervenção feita pelo BC — conta o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio Leal.
Na prática, esse tipo de contrato funciona como uma injeção de dólares no mercado futuro. Na verdade, significa que o BC compromete-se a pagar a variação do dólar. Assim, quem compra esse papel fica protegido se a cotação do dólar explodir.
O BC ainda deixou claro que pode usar todos os instrumentos ao seu alcance. Ou seja, pode também vender dólar no mercado à vista, uma injeção direta de dinheiro no mercado financeiro, se achar que é preciso para acalmar os ânimos.
"Com o objetivo de continuar provendo hedge (proteção) cambial e liquidez ao mercado de câmbio, o BCB comunica que, a partir de 2 de janeiro de 2015, estenderá o programa de leilões de swap cambial e de venda de dólares com compromisso de recompra, pelo menos até 31 de março de 2015", diz a nota.
O programa de intervenção diária tem sofrido críticas dos economistas. Eles dizem que o estoque de instrumentos no mercado tem distorcido o preço do dólar. Os bancos estão "comprados" e forçam o preço da moeda americana para cima para lucrar cada vez mais. Levy é um dos críticos da situação. Leal lembra, entretanto, que o momento econômico brasileiro não permite nenhum rompimento brusco. Por isso, a saída é buscar uma reversão gradual da antiga política econômica:
— O estoque de swap é muito grande (US$ 109,4 bilhões) e não dá para acabar com tudo de uma hora para a outra.
https://www1.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?page=&cod=1012280