Vaynard
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A alguns dias tive o prazer de finalizar esta obra prima e decidi fazer um review.
NieR Automata é uma "continuação" de NieR, um rpg obscuro de 2010 criado pela Cavia e lançado pela própria Square Enix.
O Nier original já tinha uma premissa estranha, pois ele se originava do final E do ainda mais desconhecido Drakengard 1, de 2003.
Não recomendo jogar Drakengard 1 hoje em dia. Há personagens interessantíssimos e uma história bizarra e cheia de plot twists, mas o jogo em si é fraco e cheio de problemas. Mesmo pra época.
Pra quem não jogou Nier, recomendo demais que joguem. Apesar de suas limitações no gameplay e performance, muito por conta do baixo orçamento, ele é um action rpg com ótimas idéias e que sai da mesmice. Ele tem méritos que vão além de qualquer orçamento: a direção artística. Mas não de um jeito convencional.
O diretor responsável, Yoko Taro, é completamente maluco e isso é bom, é um jogo completamente diferente de tudo que existe.
Não a toa, Yoko Taro diz "making weird game for weird people".
Exatamente por 3 motivos:
Trilha sonora
Personagens
História
Nier 1 é um primor nesses 3 pontos de um jeito que talvez no máximo, uma dúzia de jogos em toda história foi, talvez menos.
A trilha sonora é simplesmente a coisa mais fantástica que existe, e ela casa de um jeito fantástico com o clima depressivo, desolador e enigmático do jogo.
E sobre a história e personagens, só digo, joguem.
Não quero estragar surpresa e sim instigar vocês a jogar. Mas digo, por mim, que joguei ele em 2014, e não tem uma semana da minha vida que passo sem lembrar dele.
Sobre a dúvida de jogar ou não Nier pra jogar o Automata, não há necessidade. Vai perder algumas referências muito legais, mas não vai deixar de entender nada por isso.
NieR Automata é perfeitamente jogável sem prévio conhecimento sobre Drakengard ou Nier.
Enfim, indo para Nier Automata, o jogo em questão.
NieR Automata, ao contrário dos anteriores, foi desenvolvido pela Platinum. Estúdio mestre em fazer hack'n'slash fuderosos como Bayonetta e Metal Gear Rising. Alguns cabeças continuam como o próprio Yoko Taro e o Keiichi Okabe(trilha sonora), além de outros pesos pesados que chegaram como Akihiko Yoshida, responsável pelo character design de Final Fantasy Tactics, FF XII, Bravely Default, dentre outros.
E isso já muda completamente o panorama.
Gameplay e performance
A jogabilidade é um dos pontos chave do jogo. Aproveitando as boas idéias de Nier, temos aqui a mais vasta variedade de gameplay em um rpg que existe.
Não bastando o já conhecido action, onde aqui ele é executado com a costumeira maestria da Platinum com botões de golpe fraco, forte, esquiva, temos também os botões dos poderes do pod, um robozinho que te acompanha na jornada, hacks, várias armas possuem um moveset único e as impressionantes e suaves transições do action tradicional para shoot'em'up vertical, horizontal e isométrico, 2D lateral e trechos de plataforma.
Hackear é bem desafiador e outro detalhe, quando se está hackeando, a música(sem parar ela no meio), entra num ritmo chiptune. É um detalhe genial e bobo ao mesmo tempo, mas que é vital para que a ação continue ininterrupta.
A performance é bem sólida, jogando no PS4 normal, se nota algumas quedas em momentos mais bagunçados ou com mais inimigos na tela, mas no geral, fica entre 55 e 60, com algumas quedas pra casa dos 45/50 em alguns momentos tensos(vide digital foundry), sendo que no pro, ele é praticamente inteiro cravado em 60 e tem um AA melhor, diminuindo serrilhados.
Os gráficos são medianos e novamente a direção artística brilha. Todas as localizações são bem trabalhadas nesse sentido, só que neste, demonstrando um tom decadente e inóspito.
O jogo possui 4 dificuldades, indo do easy ao very hard. Very hard pode ser bem estressante, já que é one hit kill. Hard é um bom desafio e vai te fazer morrer algumas vezes e aprender a explorar os mecanismos do jogo e não tem lock-on, e o normal, o próprio nome já diz.
Um detalhe importante, propositalmente, este jogo não possui auto save.
Customização
O jogo possui um sistema de equipamentos diferente.
Fisicamente, só se equipam armas. A 2b usa 2. Algumas armas podem ser compradas enquanto a maioria delas devem ser encontradas.
Digo fisicamente porque você possui a customização do pod, onde você equipa a skill dele, e os chips.
Um ponto altíssimo aqui.
Ao longo do jogo, você vai encontrando inúmeros chips e vai fazendo upgrades e equipando eles. Chips como aumentar defesa, aumentar life, aumentar dano físico, aumentar ganho de experiência, melhorias ao próprio sistema do andróide e muitas outros.
Os slots você vai comprando conforme avançando no jogo e consegue-se fazer builds bem roubadas, eu adorava colocar ganho de life, life steal por dano causado e heal por inimigo abatido.
Mundo aberto
Embora seja um mundo aberto, é um mundo pequeno e tudo tem muita sinergia, passagens da história, trilha sonora, tudo é vasto e espaçoso, com vários caminhos, não me senti entendiado em ficar andando pelo mundo, coisa que sinto na maioria dos jogos que fazem uso de mundo aberto.
As side quests são ótimas pois muito do mundo é contado através delas. Comparado a outros rpgs, tem poucas fetch quests.
História e personagens
A trama inicialmente é simples. Se passa no ano de 11945, os humanos perderam as guerras para e fugiram pra lua. Lá, a YoRHa, a organização utiliza andróides pra missões na Terra com o intuito de exterminar as máquinas, descobrir o que realmente aconteceu e devolver a terra aos humanos.
A protagonista, 2B é uma dessas andróides.
Inicialmente é isso. A história se aprofunda muito, principalmente na psique dos personagens e tem diversos finais.
E muitos momentos memoráveis. Ele usa muita metalinguagem e abusa de conceitos filosóficos de Nietzsche, Pascal e outros pensadores.
Impressionante como esse jogo brinca com a expectativa do jogador, com psicologia e a dualidade de cada um, muitas quebras da quarta parede e arrisco dizer que o final é uma das coisas mais malucas e geniais que vi na vida.
O fan service, embora a 2B seja gostosa, é leve e bem dosado, a não ser que você pare a cada minuto pra olhar a bunda dela(recomendo a escada).
Trilha sonora
Posso afirmar aqui que está tranquilamente entre as melhores trilhas sonoras de games da história.
Outro detalhe interessante, é que cada música possui várias versões(vocal, instrumental, chiptune, dynamic, calm e outras, dependendo da área e da situação).
As músicas caem como uma luva em todo o jogo e é responsável por boa parte da emoção do jogo.
Muitas vezes eu deixei o videogame parado só pra escutar enquanto fazia outra coisa.
City Ruins, Weight of the World, Amusement Park, Field & Battle, a lista vai longe.
Veredito final:
Zerei todos os finais principais com 30 horas e peguei a platina(gamefaqs estima média de 50 horas). Confesso que corri um pouco do meio pro fim, mas que pessoalmente, não tenho muita paciência pra side quests e andanças no mapa.
Considero ele o rpg mais importante(não o melhor) da geração devido a sua inventividade e genialidade e que vai marcar muita gente por anos, e quem sabe, décadas.
Nenhum jogo vai te contar uma história de um jeito como Nier Automata conta(e Nier), pode ter certeza.
Pontos positivos:
Sistema de batalha dinâmico e inventivo;
Trilha Sonora;
História e personagens;
Bastante customização;
Diálogos;
Ótimas boss battles;
Pontos negativos:
Repetir boa parte primeira gameplay na segunda (embora de um jeito diferente);
Hackear se torna cansativo se não usado com moderação;
Pouca variedade de inimigos;
Porém, tais pontos negativos não afetam a experiência ou tiram a excelência exercida neste título. Portanto:
Nota final
10/10
Curiosidade, que inclusive causou polêmica na época, o jogo tem uma loja de troféus.
SIM! Você pode comprar os troféus com o gold do jogo. Tirando os da história, todos podem ser comprados. Por isso a platina em 30 horas
E não comprem a versão Day One Edition do PS4, a versão nacional Day One Edition teve problemas e houve diversos reports de pessoas perdendo o save! Inclusive a Sony fez recall. A versão comum, encontra-se perfeitamente OK.