Essa é uma meia-verdade. Tenho 33 anos e já vi esse fenômeno incontáveis vezes. Sempre que o dólar aumenta, os revendedores/comerciantes de produtos importados se transformam em especialistas em Economia pra justificar o preço do produto sob o argumento mais singelo de que está tudo atrelado ao dólar, logo, falam de proporcionalidade do preço. Entretanto, sempre que o dólar cai, os mesmos revendedores/comerciantes com todo seu malabarismo verbal trazem zilhões de outros argumentos repletos de silogismos pra nos convencer de que o preço continua correto. Alguns argumentos são até verossímeis, porém falsos, os caras querem o lucro máximo ainda que indevido. Já trabalhei em comércio e sei exatamente do que estou falando.
Em suma: Uma vez que o preço alcançou determinado patamar, RARISSIMAMENTE ele regride e quando regride NUNCA é proporcionalmente. Na minha visão e experiência, isso se dá essencialmente porque o brasileiro se acostuma e aceita as coisas muito rápida e bovinamente.
Há uma célebre frase que diz: o Brasil não é para principiantes.
Fico feliz com a real possibilidade de diminuição da carga tributária sobre games, mas ao mesmo tempo, calejado que estou com as falcatruas desse país, entendo os que imaginam que isso se reverterá apenas em maior lucro para quem comercializa. É preciso criar formas inteligentes para garantir o repasse de melhores valores sem criar necessariamente algum dispositivo de controle estatal (por mais paradoxal que soe o que eu expus), pois todo ato tem finalidade, o que no caso da redução de impostos significa, dentre outras coisas, permitir que o consumidor adquira determinado produto ou serviço por um valor mais acessível aumentando assim seu poder aquisitivo.
Creio que em um primeiro momento haverá diminuição de preços sim, porém não em sua integralidade, o que seria ruim objetivamente, porém psicologicamente muitos já ficariam satisfeitos pelo simples fato de pagar menos do que pagavam antes, ainda que não estivessem desfrutando da economia real e proporcional a que lhes caberia na realidade. Precisamos fiscalizar e cobrar de modo mais organizado. Nosso maior problema é sócio-cultural (tanto em relação à indolência e ignorância na hora de cobrar nossos direitos quanto em relação à má-fé dos que querem se dar bem desmedidamente às custas dos outros). Intervenção divina já!