Nem todo torcedor de um time pertence a uma torcida organizada, mas uns acham que o seu time ganhou um mundial, aí vem outros e dizem que não.
O que eu quero dizer é que ninguém é realmente neutro em qualquer "análise", até porque análise não existe num ambiente mais descontraído como um fórum de internet. As opiniões dadas aqui são todas em uma maior ou menor medida enviesadas. E não são fundamentadas em quaisquer critérios científicos.
E por outro lado, o que eu também quero dizer é que tomar partido de uma marca de videogames não é mal indício de nada. Porque, tomar partido por uma marca é na realidade projetar no amor e na afeição que tem sobre essa marca uma visão de videogame, um gosto, ideais e valores com os quais as pessoas se identificam. E todo mundo tem os seus e são esses valores que permeiam as "análises", porque uns querem que o mercado de videogame seja regido de uma determinada maneira e outros querem que seja regida de outra maneira. Pra te dar um exemplo, em uma discussão em um fórum de videogames sobre troféus e conquistas ninguém vai tomar aqui artigos científicos de psicologia social sobre super justificação para embasar suas opiniões, mas vão tomar suas preferências pessoais, seus valores, a maneira como elas acham que uma empresa deve conduzir esse mercado, como deve vender os jogos, como deve servi-los, através de uma rede que expõe publicamente os feitos de um gamer numa dada rede social. MS inventou isso, depois tanto a Valve quanto a Sony copiaram. E Nintendo nunca fez questão de trazer isso para suas plataformas. Muitos deixam de ser nintendistas ou tem alguma coisa contra a empresa não porque é apenas a Nintendo, mas porque, esse motivo que acabei de citar e vários outros que estão ligados a maneira como a empresa rege o mercado, não vão de acordo com seus valores. E não estão errados de maneira alguma por isso em serem contra a empresa por isso, ou serem a favor das outras (MS, Sony e Valve) porque regem o mercado de videogames mais conforme os seus valores e assim em diante.
Agora, o caso extremo mesmo de um ista é aquele que é cego independente de qualquer decisão que a empresa tome. Como um user citou acima, gente que era contra game graficoso na geração do Ps2 e de repente, pra poder tirar sarro dos nintendistas começa a dizer que gráfico é tudo em videogame. Daí vem a MS com videogame de 12 teraflops e ou o SSD vai ser uma salvação para as deficiências da GPU do
Ps5 ou gráfico volta a não importar novamente. Mas isso não é somente ismo, é mais do que ismo, porque é mais do que ter preferências, é mais do que ter valores, é apenas um apego doentio a uma estampa e não aos valores que uma marca compartilha, ao longo de um grande período de tempo.
E o ponto que eu quero chegar é que tem razão para uma determinada pessoa não querer determinado videogame. Ninguém precisa ter todos os videogames de uma geração apenas para alegar: sou o isentão, experimentei de tudo, posso dar a minha palavra puramente isenta e neutra, que deve ser considerada objetivamente válida acima das demais de qualquer outro. Uma pessoa pode deixar de comprar um console simplesmente porque ela não vê naquele videogame aquilo que ela quer que um videogame tenha, como gente que deixou de comprar o N64 porque ainda era um videogame de cartucho, ou como alguém que comprou o N64 porque queria um videogame com fácil recurso a multiplayer para 4 pessoas local e como aquilo é que importava para essa pessoa, não comprou o Ps1, nem o Saturn. E essa pessoa é um ista, ela é um nintendista porque viu uma empresa agir mais conforme os valores pessoais dela e isso foi fundante de uma conexão afetiva entre essa pessoa e a marca que ela gosta. Ela não está interessada em videogames de outras marcas, mas, quem sabe, se um dia houver mudanças nessas outras marcas que vão em direção aos seus valores, então ela passa a gostar desses videogames também.
Hoje que os videogames são mais parecidos, que tem um conceito de multiplataforma bem estabelecido e até alguns exclusivos apresentam semelhanças com outros jogos, é mais difícil de entender isso. Mas veja como as coisas eram uns 20 anos atrás, os videogames eram radicalmente diferentes. Tinha um videogame de CD num mercado, outro ainda usando cartuchos. Tinha um controle de dois raios de um lado e um controle de 3 raios do outro. Tinha inúmeros jogos de luta convertidos dos arcades de um lado e do outro lado tinha jogos como Zelda. Então tudo depende de que tipo de gamer você é, evidente que pra quem queria jogos de luta, Saturn e Ps1 eram melhores opções, mas pra quem queria um jogo explorador de dungeons com puzzles intricados em 3d, basicamente, só o N64 oferecia isso. E se uma pessoa valora mais jogos de luta, ela tendia, nessa época, a ser mais sonista ou seguista, caso não, talvez, pudesse ser mais nintendista. E mesmo que ela gostasse de todos esses tipos de jogos, se ela tivesse dinheiro suficiente para apenas um console, teria que fazer uma escolha. Não existe aqui escolha mais sensata e razoável ou racional, existe apenas uma escolha fundamentada numa afeição, completamente pessoal, porque videogame é entretenimento e isso mexe com nossa emoção, impossível não se afetar. E se não está se afetando, então nem sei porque está jogando.
E antes que venha com o "eu gosto de tudo", isso é a maior mentira que principalmente os consolistas dizem por aí. Porque o tudo deles é apenas o tudo dos consoles. Jogos de estratégia e RPGs de outros tipos que são feitos para PCs normalmente esses que dizem por aí que "gostam de tudo" não gostam. E também não gostam dos Candy Crush e outros jogos de Facebook e smartphone. Ninguém gosta de tudo, todo mundo tem suas preferências, em tudo, não só videogames, como no cinema, na música, no vestuário, na alimentação etc. E é o que me faz achar a proposta deste tópico tola, porque é apenas uma maneira de "racionalizar" preconceitos com essas diversas classes de gamers.