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Análise – Dreamfall: The Longest Journey (PC)
Por Rafael Amaral
Quase 7 anos depois do lançamento do primeiro “The Longest Jouney”, a produtora Funcom traz para PC e XBOX a seqüência de um dos melhores adventures de todos os tempos. Completamente reformulado e dando continuação à saga de April Ryan, a qualidade do jogo se manteve no mesmo nível de seu antecessor. Porém, a heroína dessa vez é a gost... digo, belíssima Zoë Castillo, uma jovem estudante (que largou a faculdade, é verdade) de bioengenharia. Prepare-se para uma das melhores histórias já contadas no mundo dos video-games...
Forrest Gump ou Zoë Castillo?
A história começa com nossa heroína em coma e relatando, em uma de suas experiências de viagens extracorpóreas, a história que começou há 2 semanas atrás. O ano é 2219, dez anos depois do Colapso, e Zoë acabou de largar a Faculdade de Bioengenharia da Cidade do Cabo para viver com seu pai em Casablanca, Marrocos. A garota está completamente perdida com relação a qual rumo tomar no futuro e seus únicos compromissos são a academia de artes marciais, as festas e a fofoca com sua melhor amiga Olivia. O mais estranho é que a garota parece estar recebendo transmissões esquisitas pela TV. Ela vê uma menina na frente de uma casa surreal, num paisagem descolorida, num lugar onde sempre neva. E a menina diz: “Encontre e salve April Ryan”. Contudo, seu ex-namorado Reza, um repórter investigativo, marca um encontro com Zoë e pede que ela busque uma encomenda na empresa Jiva, nas mãos de uma tal Helena Chang. Chegando lá, Zoë vê Chang sofrer uma tentativa de assassinato. Porém, ela chega a tempo de salvar a vítima e começa a perceber que Reza se meteu em algo grande. Ao voltar ao apartamento de Reza para entregar-lhe os documentos que a Sra. Chang enviou, Zoë se depara com uma mulher morta dentro do apartamento de seu ex. Subitamente, os policiais da organização EYE fazem uma blitz no local e encontram Zoë junto do corpo da assassinada. Ela é presa e acusada do crime, mas depois libertada. No dia seguinte, ao tentar entrar em contato com Reza, Zoë percebe que ele corre perigo e que sumiu, deixando sua localização criptografada em seu notebook. Com a ajuda de Olivia, Zoë descobre o paradeiro de Reza: Newport, EUA. Lá ela encontra Charlie para tentar desvendar onde se meteu seu amigo. Infelizmente, Zoë é emboscada e, depois de drogada, vai parar exatamente naquele lugar que observou durante suas “visões”. Ela encontra a garotinha que apareceu nas transmissões e é enviada ao mundo mágico de Arcadia, onde conhece a tão procurada April Ryan. April é uma espécie de Tiradentes em Arcadia, tentando livrar as terras de Northland, onde vivem, da opressão e tirania dos Azadi. E a história continua por muito, muito tempo...
Sim, é uma história complicada, longa e cheia de entremeios e desvios de rumo (e esse comecinho aí de cima não é nem a primeira gota do que ainda está por vir). O roteiro é simplesmente brilhante e, apesar de uma história envolvendo ficção científica e magia, os nós estão sempre muito bem atados. A história se desenrola naturalmente, com um gostinho de você querer continuar a jogar sem parar até saber o que realmente vai acontecer logo em seguida. A qualidade dos textos e a perfeita (eu disse PERFEITA) atuação de vozes trazem uma imersão ao jogador nunca antes vista em adventures. Ellie Conrad-Leigh, no papel de Zoë, é fabulosa. Não é exagero dizer que este jogo tem as melhores dublagens dos games de todos os tempos.
Para ambientar ainda mais o jogador nos mundos de Stark (a Terra de 2219) e Arcadia, a criação dos cenários recebeu especial atenção. Tudo é muito polido e bem feito, apesar de não existirem tantos detalhes assim. Entretanto, a quantidade de localidades diferentes dão a idéia dos dois mundos serem igualmente grandiosos. O que realmente nos prende a este jogo são as personagens. Todos, inclusive os secundários, são otimamente bem estruturados e evoluem magnificamente durante o contar da história. Têm suas ambições, seus motivos e suas fraquezas. É difícil não se apaixonar por eles, principalmente Zoë, não só por sua beleza, mas também por sua personalidade. Na opinião deste humilde servo, é a melhor personagem feminina de todos os tempos. April também não fica muito atrás, apesar de às vezes ser meio irritante. Destaque para o mago Roper Klacks e para o corvo falante Crow, além da belíssima postura de “o cavaleiro” do apóstolo Alvane. É importante ressaltar que mesmo quem não jogou o primeiro TLJ (como eu) não terá problemas em entender a difícil e belíssima condução e a aberta conclusão de D: TLJ, envolvendo assuntos como a fé, a busca pela liberdade e pelos sonhos e o domínio da Internet (aqui, Wire) sobre as relações entre as pessoas.
A Zoë de nossos sonhos
Quanto à parte técnica do jogo, a jogabilidade é o que se pode esperar de um adventure em terceira-pessoa. Você controla Brian Westhouse (somente no prólogo do jogo), um aventureiro/historiador em procura do mundos dos sonhos; Rian Alvane, o apóstolo das Seis; contudo, Zoë e April são as verdadeiras heroínas e é com elas que a história realmente se desenrola. O estilo “apontar-clicar” do primeiro TLJ foi substituído pelo teclado e mouse em sistema de exploração como em qualquer outro jogo de ação. Os combates se resumem a apertar o botão de ataque sem parar e, ainda bem, acontecem com pouca freqüência (talvez nem fossem necessários). Ao apertar o botão direito do mouse um botão de “focus” mostra todos os objetos possíveis de interação em determinada linha de visão. É uma boa adição, mas nada de revolucionário. O game é cheio de puzzles e eles são muito bem feitos e divertidos de resolver. Um bom explorador encontrará dificuldade média em resolver estes desafios.
Graficamente, o jogo é médio, com modelações ótimas das personagens. E Zoë... ah, a pequena Zoë... tem tudo para ser tão musa quanto Lara Croft (pena que D: TLJ não seja o sucesso comercial que é a série Tomb Raider). Os cenários são muito grandes e mais ou menos detalhados. Algumas texturas e efeitos dão a impressão de ser um game next-gen, porém outras são bem fracas e borradas. A física é praticamente nula (claro, é um adventure, só se mexem os objetos necessários!). Pelo menos a engine faz uso total do Directx 9.0c, com reflexos, água e efeitos de bloom muito competentes. O destaque realmente vai para a parte sonora. Além da atuação brilhante dos dubladores, as músicas orquestradas e até algumas canções pop se mesclam perfeitamente aos momentos do jogo. A possibilidade de jogar com áudio 8.1 e inclusive EAX 4 nos dão a idéia do capricho da produtora com relação ao som. Um computador mid-high (Athlon x64 3000+, 1 GB RAM, GeForce 6800 GT) é capaz de rodar a 60 fps com todas as opções no máximo, inclusive AA, e a 1024 x 768. Não há, obviamente, modo online (e nem seria preciso).
O veredito: D: TLJ mais parece um filme interativo do que um jogo. Entretanto, quando em sua função de adventure, o faz muito bem, com puzzles criativos e recompensadores. Além disso, a profundidade da história, do roteiro, das personagens e da ambientação, fazem deste um jogo único e imersivo, nas suas quase 15 horas de duração. Acredite, você sempre sentirá vontade de descobrir um pouco mais sobre a história deste adventure tão bom quanto os velhos Full Throttle, The Dig e Indiana Jones. E nada como a companhia de Zoë Castillo numa aventura deste nível.
8/10
Prós:
- História e roteiros brilhantes.
- Dublagem magnífica.
- Dois mundos opostos e fantásticos.
- Personagens marcantes e apaixonantes.
- Imersão nunca vista antes em um adventure.
- Parte sonora impecável.
- Puzzles divertidos.
- Zoë Castillo, a mais bela das belas.
Contras:
- Adventures já não são mais tão charmosos quanto antes.
- Pode irritar os que esperam grandes ações.
- História um tanto quanto complicada.
- Gráficos poderiam ser melhores.
- Vida curta (como um filme, terminou, terminou).
Por Rafael Amaral
Quase 7 anos depois do lançamento do primeiro “The Longest Jouney”, a produtora Funcom traz para PC e XBOX a seqüência de um dos melhores adventures de todos os tempos. Completamente reformulado e dando continuação à saga de April Ryan, a qualidade do jogo se manteve no mesmo nível de seu antecessor. Porém, a heroína dessa vez é a gost... digo, belíssima Zoë Castillo, uma jovem estudante (que largou a faculdade, é verdade) de bioengenharia. Prepare-se para uma das melhores histórias já contadas no mundo dos video-games...
Forrest Gump ou Zoë Castillo?
A história começa com nossa heroína em coma e relatando, em uma de suas experiências de viagens extracorpóreas, a história que começou há 2 semanas atrás. O ano é 2219, dez anos depois do Colapso, e Zoë acabou de largar a Faculdade de Bioengenharia da Cidade do Cabo para viver com seu pai em Casablanca, Marrocos. A garota está completamente perdida com relação a qual rumo tomar no futuro e seus únicos compromissos são a academia de artes marciais, as festas e a fofoca com sua melhor amiga Olivia. O mais estranho é que a garota parece estar recebendo transmissões esquisitas pela TV. Ela vê uma menina na frente de uma casa surreal, num paisagem descolorida, num lugar onde sempre neva. E a menina diz: “Encontre e salve April Ryan”. Contudo, seu ex-namorado Reza, um repórter investigativo, marca um encontro com Zoë e pede que ela busque uma encomenda na empresa Jiva, nas mãos de uma tal Helena Chang. Chegando lá, Zoë vê Chang sofrer uma tentativa de assassinato. Porém, ela chega a tempo de salvar a vítima e começa a perceber que Reza se meteu em algo grande. Ao voltar ao apartamento de Reza para entregar-lhe os documentos que a Sra. Chang enviou, Zoë se depara com uma mulher morta dentro do apartamento de seu ex. Subitamente, os policiais da organização EYE fazem uma blitz no local e encontram Zoë junto do corpo da assassinada. Ela é presa e acusada do crime, mas depois libertada. No dia seguinte, ao tentar entrar em contato com Reza, Zoë percebe que ele corre perigo e que sumiu, deixando sua localização criptografada em seu notebook. Com a ajuda de Olivia, Zoë descobre o paradeiro de Reza: Newport, EUA. Lá ela encontra Charlie para tentar desvendar onde se meteu seu amigo. Infelizmente, Zoë é emboscada e, depois de drogada, vai parar exatamente naquele lugar que observou durante suas “visões”. Ela encontra a garotinha que apareceu nas transmissões e é enviada ao mundo mágico de Arcadia, onde conhece a tão procurada April Ryan. April é uma espécie de Tiradentes em Arcadia, tentando livrar as terras de Northland, onde vivem, da opressão e tirania dos Azadi. E a história continua por muito, muito tempo...
Sim, é uma história complicada, longa e cheia de entremeios e desvios de rumo (e esse comecinho aí de cima não é nem a primeira gota do que ainda está por vir). O roteiro é simplesmente brilhante e, apesar de uma história envolvendo ficção científica e magia, os nós estão sempre muito bem atados. A história se desenrola naturalmente, com um gostinho de você querer continuar a jogar sem parar até saber o que realmente vai acontecer logo em seguida. A qualidade dos textos e a perfeita (eu disse PERFEITA) atuação de vozes trazem uma imersão ao jogador nunca antes vista em adventures. Ellie Conrad-Leigh, no papel de Zoë, é fabulosa. Não é exagero dizer que este jogo tem as melhores dublagens dos games de todos os tempos.
Para ambientar ainda mais o jogador nos mundos de Stark (a Terra de 2219) e Arcadia, a criação dos cenários recebeu especial atenção. Tudo é muito polido e bem feito, apesar de não existirem tantos detalhes assim. Entretanto, a quantidade de localidades diferentes dão a idéia dos dois mundos serem igualmente grandiosos. O que realmente nos prende a este jogo são as personagens. Todos, inclusive os secundários, são otimamente bem estruturados e evoluem magnificamente durante o contar da história. Têm suas ambições, seus motivos e suas fraquezas. É difícil não se apaixonar por eles, principalmente Zoë, não só por sua beleza, mas também por sua personalidade. Na opinião deste humilde servo, é a melhor personagem feminina de todos os tempos. April também não fica muito atrás, apesar de às vezes ser meio irritante. Destaque para o mago Roper Klacks e para o corvo falante Crow, além da belíssima postura de “o cavaleiro” do apóstolo Alvane. É importante ressaltar que mesmo quem não jogou o primeiro TLJ (como eu) não terá problemas em entender a difícil e belíssima condução e a aberta conclusão de D: TLJ, envolvendo assuntos como a fé, a busca pela liberdade e pelos sonhos e o domínio da Internet (aqui, Wire) sobre as relações entre as pessoas.
A Zoë de nossos sonhos
Quanto à parte técnica do jogo, a jogabilidade é o que se pode esperar de um adventure em terceira-pessoa. Você controla Brian Westhouse (somente no prólogo do jogo), um aventureiro/historiador em procura do mundos dos sonhos; Rian Alvane, o apóstolo das Seis; contudo, Zoë e April são as verdadeiras heroínas e é com elas que a história realmente se desenrola. O estilo “apontar-clicar” do primeiro TLJ foi substituído pelo teclado e mouse em sistema de exploração como em qualquer outro jogo de ação. Os combates se resumem a apertar o botão de ataque sem parar e, ainda bem, acontecem com pouca freqüência (talvez nem fossem necessários). Ao apertar o botão direito do mouse um botão de “focus” mostra todos os objetos possíveis de interação em determinada linha de visão. É uma boa adição, mas nada de revolucionário. O game é cheio de puzzles e eles são muito bem feitos e divertidos de resolver. Um bom explorador encontrará dificuldade média em resolver estes desafios.
Graficamente, o jogo é médio, com modelações ótimas das personagens. E Zoë... ah, a pequena Zoë... tem tudo para ser tão musa quanto Lara Croft (pena que D: TLJ não seja o sucesso comercial que é a série Tomb Raider). Os cenários são muito grandes e mais ou menos detalhados. Algumas texturas e efeitos dão a impressão de ser um game next-gen, porém outras são bem fracas e borradas. A física é praticamente nula (claro, é um adventure, só se mexem os objetos necessários!). Pelo menos a engine faz uso total do Directx 9.0c, com reflexos, água e efeitos de bloom muito competentes. O destaque realmente vai para a parte sonora. Além da atuação brilhante dos dubladores, as músicas orquestradas e até algumas canções pop se mesclam perfeitamente aos momentos do jogo. A possibilidade de jogar com áudio 8.1 e inclusive EAX 4 nos dão a idéia do capricho da produtora com relação ao som. Um computador mid-high (Athlon x64 3000+, 1 GB RAM, GeForce 6800 GT) é capaz de rodar a 60 fps com todas as opções no máximo, inclusive AA, e a 1024 x 768. Não há, obviamente, modo online (e nem seria preciso).
O veredito: D: TLJ mais parece um filme interativo do que um jogo. Entretanto, quando em sua função de adventure, o faz muito bem, com puzzles criativos e recompensadores. Além disso, a profundidade da história, do roteiro, das personagens e da ambientação, fazem deste um jogo único e imersivo, nas suas quase 15 horas de duração. Acredite, você sempre sentirá vontade de descobrir um pouco mais sobre a história deste adventure tão bom quanto os velhos Full Throttle, The Dig e Indiana Jones. E nada como a companhia de Zoë Castillo numa aventura deste nível.
8/10
Prós:
- História e roteiros brilhantes.
- Dublagem magnífica.
- Dois mundos opostos e fantásticos.
- Personagens marcantes e apaixonantes.
- Imersão nunca vista antes em um adventure.
- Parte sonora impecável.
- Puzzles divertidos.
- Zoë Castillo, a mais bela das belas.
Contras:
- Adventures já não são mais tão charmosos quanto antes.
- Pode irritar os que esperam grandes ações.
- História um tanto quanto complicada.
- Gráficos poderiam ser melhores.
- Vida curta (como um filme, terminou, terminou).