@Tatarigami_UA
(Oficial militar ucraniano na reserva)
1/ Recentemente, os russos publicaram um manual descrevendo táticas para combater os ataques ucranianos. Este guia baseia-se em encontros recentes com a 23.ª Brigada Mecanizada em Junho e Julho de 2023, particularmente durante a libertação de Novodarivka e Levadne.
2/ É crucial notar que
os russos estão apresentando a sua perspectiva sobre as unidades ucranianas e as suas ações, com base na sua experiência com uma única brigada mecanizada ucraniana. Este ponto de vista deve ser cuidadosamente ponderado antes de ser extrapolado para toda a linha da frente.
3/ Os russos descrevem a seguinte configuração usada pelas unidades ucranianas: As equipes de assalto são compostas por 20 membros, divididos em quatro subgrupos de cinco [no Exército Brasileiro estes subgrupos são chamados de “Esquadra”, e são compostos por quatro militares]. Dois grupos formam um subgrupo de assalto [no Exército Brasileiro duas Esquadras foram um GC – Grupo de Combate]. O terceiro serve como um subgrupo de consolidação. O quarto funciona como um subgrupo de reserva.
4/ Cada ‘equipe de cinco’ deve incluir um operador de metralhadora pesada e um operador de rádio. O número de operadores de lançadores de granadas é determinado com base na situação. Os intervalos e a distância recomendados entre soldados são de 7 metros.
5/ Funções primárias dos subgrupos de assalto (cinco): – 1º subgrupo de assalto: avança secretamente e enfrenta o inimigo, contém o inimigo ao ser detectado e assegura posições assim que a tarefa é cumprida;
6/ – 2º assalto mantém distância visual do 1º grupo, reporta passagem do primeiro grupo para os demais, e após o 1º “cinco” iniciar tiroteio, o subgrupo realiza manobra de flanco ou aproximação pela retaguarda; Se o primeiro grupo recua, ele o cobre;
7/ – 3º subgrupo (consolidação) mantém uma distância de 50-150m do 2º subgrupo, visando montar posições para consolidar ganhos. Se o ataque inicial falhar, eles cavam, para facilitar o reforço para novos ataques ou para cobrir a retirada dos grupos líderes;
8/ – O 4º subgrupo (reserva) permanece a 300m do 3º subgrupo e forma uma retaguarda hipotética para grupos de abastecimento, evacuação e apoio de fogo. Pronto para servir como reserva, se o avanço for bem-sucedido – explora os ganhos; se as reservas inimigas se aproximam, avança para combatê-las.
9/ Os russos destacam o sucesso desta tática, reconhecendo a sua contribuição para a captura das posições russas. Em resposta, eles apontam a eficácia do emprego de minas antipessoal, citando a quase impossibilidade de desminagem de todas as minas em tais cenários.
10/ Eles também recomendam estabelecer posições enganosas que pareçam genuínas, engajar-se intermitentemente em disparos a partir desses locais falsos e simular atividades ali. Eles aconselham o uso ocasional de dispositivos de comunicação nessas posições.
11/ Os russos observam que as unidades que viajam a pé, especialmente aquelas que transportam equipamento pesado como AGS ou morteiros, sofrem uma rápida exaustão física. No entanto, eles não detalham como essa vulnerabilidade pode ser explorada.
12/ Em resumo, gostaria de destacar que o tempo de Antecipação-Ação-Reflexão diminuiu notavelmente. Isto permite-lhes compreender e ajustar às nossas tácticas muito mais rapidamente em comparação com o passado, quando os russos demoravam meses a adaptar-se.
13/ Simultaneamente, não apresentaram uma abordagem inovadora para combater estas tácticas, para além de fazer referência a métodos já utilizados, como a implantação de posições falsas e minas.
14/
À medida que a guerra continua, vemos menos formações grandes e um uso crescente de pequenas unidades táticas, que apresentam alvos menos visíveis em comparação com unidades mecanizadas. Estes últimos tornaram-se alvos frequentes de drones FPV, equipes ATGM e minas AT.