O ateísmo é racional, pois para se crer é preciso abandonar a razão, como Tertuliano bem deixa claro. Paulo, quando diz que se fez louco por amor a Cristo, também dá a dica, assim como Pedro, que diz textualmente que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal.
Quantos reinos existem? O mineral, o vegetal, o animal e, se me permitem, o da razão. Mas olha lá, existe para o que crê, e mesmo para o que busca de maneira um pouco mais, digamos, científica, um patamar acima, que seria o Reino de Deus, Nirvana, Casa do Pai, estado de iluminação, chama-se do que quiser.
Suponhamos (SUPONHAMOS) que seja possível uma evolução, tipo uma passagem do reino animal para o da razão, por exemplo. Claro está que "alguém", no reino animal, que consiga enxergar que existe um reino superior, vá "dizer" aos seus iguais que rola algo acima, mas que para isso só o instinto não basta, há de se abandonar a linguagem instintiva e começar a pensar.
Ora, se Jesus veio dizer que o seu Reino não é deste mundo, que é preciso renascer, levantar a serpente, fazer com que o grão apodreça para em seguida germinar, me parece claro que nos convide a compreender, intelectualizar, mas, para lá chegar, abandonar o raciocínio concatenado e ver o que está diante dos olhos, pois o que é oculto será revelado.
Todos temos lampejos de pura intuição. Né? Quantas vezes nos pegamos sacando coisas com uma compreensão instantânea, que dispensou o raciocínio? É o Reino da Intuição pura, do entendimento imediato e essencial, da união do céu e terra, do saber pq É.
Mesmo o filósofo mais bem intencionado apenas acumula conhecimento, e busca com a razão algo que transcende a ela, por isso nunca encontrará.
Aos que negam a personalidade de Deus, mas aceitam a divindade como o Todo Espiritual, devo dizer que uma semente de abacate não gera uma mangueira. Se é o Todo, de onde tudo partiu e para onde tudo voltará, ele há necessariamente de TAMBÉM SER UMA PESSOA. A pessoa e a "impessoa", o manifesto e a potencialidade, o ALFA E O ÔMEGA, o princípio e o fim, como deixa clara a Santíssima Trindade: O Pai (pessoa e "impessoa"), o Filho (pessoa) e o Espírito Santo (impessoa). Por isso "Eu estou no Pai e o Pai em Mim, mas o Pai é maior do que Eu". Daí entende-se a onisciência, onipresença, onipotência. O motor primus aristotélico está na coisa movida e é a razão do seu movimento. Eis a unidade.
Esta é a minha visão, e quanto mais vejo saltar aos meus cansados olhos as coisas que antes não compreendia, mais me maravilho de sua simplicidade. Nada disso me veio por martelação mental, e sim por apenas ler, ler, ler, até compreender pq compreendi, e não pq fiquei tentado explicar a mim mesmo. Lógico é que, para contar aos outros essas coisas, hei de usar a linguagem racional, pois é como os Homens se comunicam. Mas o processo é invertido: primeiro entende-se por entender, depois põe-se em palavras.