Mas animação bem feita não equivale a ter um conjunto insanamente grande para diversas situações como RDR 2 e TLoU 2. Essa é a “perfumaria” que ele quis dizer. Ambos não seriam piores em praticamente aspecto algum se tivessem menos animações específicas e pontuais. É o tipo de coisa que dá uma trabalheira grande e só existe às custas de talento, mas muito orçamento e muito crunch.
Entende? Perfumaria não é ter personagem bem animado. É ter uma animação específica para ele tirar a cera do ouvido depois de mergulhar numa água muito profunda que atrapalhou a audição dele.
Os jogos da Nintendo são ótimos exemplos de boas animações que não despencam no exagero.
Eu concordo que, no caso desses dois jogos, há preciosismo aqui e ali. No entanto, em primeiro lugar, eu não acho que foram esses pontos (específicos e pontuais, como você comentou) que levaram a sobrecarga de trabalho ou consumiram boa parte do orçamento. E, ainda assim, são detalhes que fazem diferença SIM, por mais que muitos digam que não faz. Esse é o mal das sutilezas: elas são importantíssimas, mas, quando funcionam, ninguém as enxerga e nem percebe que elas estão ali.
Ora, Trico precisaria interromper o progresso em The Last Guardian pra brincar numa poça d'água? Pra muita gente, não. A história poderia avançar perfeitamente sem isso. Só que esse detalhe é crucial pra que o jogador estreite laços com o animal. Esses detalhes ajudam a sedimentar o vínculo do jogador com o personagem, o que nos leva a nos preocuparmos com o personagem e, portanto, potencializa o impacto de eventos que possam colocar esse personagem em perigo durante a jogatina.
Enfim, esses caras são desbravadores e estão sempre trabalhando no fio da navalha, muitas vezes ultrapassando certos limites (esse é preço da inovação). Eles estabelecem o paradigma (obviamente com menos eficiência do que poderiam, uma vez que estão criando coisas novas) e deixam um rastro de conhecimento, de processo, de procedimentos e tecnologias pra outros (menos avessos a riscos e mais propensos a lucrar) explorarem esse rastro, agregando eficiência - no futuro, um personagem dar um tapa na orelha pra matar um mosquito chato pode ser algo padrão e simples de implementar, porque alguém ousou criar isso em algum momento. Pesquisa científica aplicada ao mercado funciona assim.
Sobre as animações em jogos da Nintendo, acho que não estamos falando da mesma coisa... Acho esse detalhe nos jogos da Nintendo bem defasado. Talvez se você citar algum exemplo eu possa entender melhor o que você quis dizer.