1)
Mercadologicamente falando, os números exatos são desconhecidos, mas estima-se que o Vita tenha sido o dos 3 o mais bem vendido, com 16,5 milhões, seguido pelo WiiU, com 13, e por fim pelo Saturn, com 9 mi.
—->> FAILURE POINT: Saturn (1)
—————————————————-
2) Do ponto de vista da
qualidade real de cada plataforma:
A) O WiiU é o pior videogame de mesa mainstream de todos os tempos. Por “pior videogame”, entendamos como “aquele que tem o menor número de jogos bons”. Por “videogame mainstream”, entedamos o console de mesa histórico que representou uma das tríades que dominaram o mercado em relevância em momentos diferentes do tempo, i.e., os trios Atari/Sega/Nintendo -> Nintendo/Sega/Sony -> Sony/Nintendo/Microsoft.
O WiiU só conseguiu ser melhor que aqueles videogames históricos do segundo escalão, tipo Neo Geo, PC Engine, 3DO etc. A ludoteca dele é mais fraca que a de qualquer outro console da Nintendo, Sega, Sony, Atari ou Microsoft em seus períodos de liderança.
Além de ser o pior videogame mainstream da história, porque é o que tem o menor número de jogos bons dentre esses sistemas (ainda menos jogos bons que outros baluartes da escassez, como Wii e N64, e muito menos que o próprio Saturn), a performance first party da Nintendo foi aqui, embora ainda boa, a pior da sua história, contribuindo para a miséria da plataforma. A Nintendo produziu para o WiiU um número de jogos bons ainda menor que o que ela produziu no Wii, e só não amargou a lanterna de sua geração nesse departamento porque a Microsoft foi muito mal no XBox One.
No Wii, a Nintendo chorou a lanterna, produziu menos games bons que a Sony no PS3 e a Micro no 360, mas na sétima geração ela pelo menos largou mais games genre-defining, ao contrário do WiiU, onde somente BOTW e Mario Kart 8 redefiniram algum gênero. O pipeline first para o Wii, embora numericamente o mais discreto de sua geração, foi, por fim, superior ao do WiiU, talvez a vinda do HD tenha obstruído as coronárias da Nintendo.
B) Se a biblioteca do WiiU faz dele o pior console de mesa mainstream de todos os tempos, a do Vita não fica afrente. Enquanto ele tem mais jogos na categoria “bom” que o WiiU, ele tem muito menos jogos nas categorias “ótimo”, “excelente” e “masterpiece”. A performance first party da Sony, que é invariavelmente, desde o PS1, a mais abundante e eclética de sua respectiva geração (numa diferença para a concorrência que chega a ser massiva, até de 5:1), foi um horror para o consolinho, se destacando poucos jogos, Tearway, Gravity Rush, Killzone Mercenaries, Everybody’s Golf, Uncharted Golden Abyss, Little Big Planet, Sound Shapes, Wipeout, Soul Sacrifice e Stardust. Completam a prole first Motorstorm RC, MLB The Show, o port de Dragon’s Crown e o resto é coletânea de Ratchet and Clank e Sly Cooper. Os thirds nutriram razoavelmente o aparêi, mas, enquanto a Sony lançava no PS1 até 20 games first por ano (ao passo que a Nintendo lançava algo entre 3 e 6 pro N64, e a Sega lançava algo entre 6 e 10 pro Saturn), no PS2 e PS3 até 60 games na geração inteira, sendo que mais da metade eram de ótima qualidade, mais que os concorrentes, ela literalmente largou o Vita à morte insossa e infeliz, e quem diz que não é fanático.
C) O Saturn é o melhor dos três como videogame, ou seja, tem a melhor biblioteca (conceito de melhor videogame), porque tem mais thirds exclusivos e multis, e teve os firsts em condição aceitável, você fatalmente jogará um número maior de games de qualidade no Saturn que no WiiU ou no Vita.
A produção da Sega como first party foi boa, Nights, Panzer Dragoon 1 e Zweii, Panzer Dragoon RPG, Virtua Cop, Sega Rally, Daytona USA, Virtua Fighter, Burning Rangers, Shinning Force, Shinning in the Holy Ark, Astal, Clockwork Knight, Fighting Vipers, Fighters Megamix, Golden Axe, Shinobi, embora com uma performance de qualidade e quantidade menor que a da geração passada. O problema é que, assim como a Nintendo, por ser uma powerhouse menor, a Sega sempre dependeu mais de terceirizações de suas IPs para manter o fluxo first party grande, no Mega Drive ela terceirizou bem mais, Toe Jam and Earl, todos os Wonderboys, os Streets of Rage, os dois Vectormans, Ecco the Dolphin, Gunstar Heroes, Oasis, todos são IPs da Sega, mas terceirizados, e no Saturn ela fez isso pouco, basicamente via Treasure com Guardian Heroes e uma ou outra coisa (como a sequência de Oasis, Beyond Oasis). Agravou um pouco o fato de a Sega inhouse também ter caído de produção nos 32-bits (reflexo provável do hardware confuso), no Genesis eram 4 Sonics, Shinobis, Golden Axe, Phantasy Star, mas não dá pra falar que a produção first foi ruim no Saturn, mesmo com menos terceirizações. Sempre facilitou pra Sega o fato de ela já ter os games prontos do Arcade pra portar pros seus consoles, isso reduziu muito o tempo de produção no Genesis, mas no Saturn a coisa ficou preta, devido às dificuldades técnicas pra portar as Models pro seu Frankenstein de mesa com 2 processadores.
—->> FAILURE POINT: Vita (1)
—————————————————-
3) Do ponto de vista da
consequência e legado.
A) A Nintendo na era pós concorrência com o Playstation só consegue sobreviver na estante via algum atrativo extra voltado para casuais ou não-gamers. Mas nem sempre isso funciona. O WiiU foi prova. Esse console tem o pior legado dos 3, ele será pouco lembrado no futuro, especialmente porque a Nintendo portará sua biblioteca inteira, via remasters, para o
Switch, tornando-o uma excrescência, uma nulidade histórica que praticamente não existiu. O fracasso sepultou de vez o resto das ambições Home Console da empresa, que agora atua como uma concorrente “indireta” da Sony, escanteando-se em outros filões do mercado.
B) O Vita é a mesma coisa, só que troque Home por “Portátil”, exceto que ele será levemente mais memorável que o WiiU, já que ele competiu somente com outro indivíduo (o 3DS) e a Sony portou menos de sua fraca biblioteca para o PS4 (Sound Shapes, Tearway e Gravity Rush, basicamente).
C) O Saturn, apesar de ter vendido pouco, goza de boa reputação histórica, endossa-se com frequência a qualidade de sua biblioteca, e o volume de hidden gems, o sublinho aos ports de Arcade e os games japoneses, os shmups e os jogos únicos alimentam sua relevância no imaginário coletivo. Entretanto, a consequência de seu fracasso comercial foi a mais grave: o fim da Sega por completo. Outras cagadas contribuíram: 32X, briguinhas em fundo de sala entre Sega of America e of Japan, Neptune abortado, Dreamcast encarrilhado, mas o Saturn foi a gota d’água em minha opinião.
—->> FAILURE POINT: Saturn (1)
—————————————————-
CONCLUSÃO: Se a gente estabelecer um ponto pra cada elemento, o Saturn foi o maior fracasso, porque foi o que vendeu menos, e o que gerou uma consequência mais grave. Entretanto, o que interessa para nós, que somos jogadores, e não executivos, é a qualidade real das coisas, e, como essas coisas são “videogames”, o que interessa são suas bibliotecas. Online, vendas, controle, beleza da carcaça, duração no mercado, consequências, nada disso importa mais que a qualidade objetiva do videogame.
Como “videogame”, o Saturn é o melhor dos 3. Embora o WiiU tenha sido um videogame bem ruim, ainda pior que N64 e Wii foram, o Vita consegue ter uma biblioteca ainda mais desastrosa, e é o mais fracassado dessa turma aí, e portanto tem o meu voto.