Pois é, infelizmente a plataforma em foi lançada (serviço Apple Arcade para dispositivos iOS etc.) não deve ter ajudado muito essa verdadeira pérola a ter o devido reconhecimento.
Sendo um apreciador do trabalho dos grandes mestres Hironobu Sakaguchi e Nobuo Uematsu em Final Fantasy, achei que valia a pena comprar um aparelhinho desses motivado principalmente pela possibilidade de poder degustar essa obra. O bom é que esse "console improvável" reconhece os controles tanto de PS4 quanto de PS5.
Apple TV 4k 32GB
Felizmente a compra se provou mais do que acertada.
As impressões iniciais foram positivas. Com cenários verdadeiramente únicos, construídos a partir de miniaturas (feitas à mão!), uma ótima trilha sonora, um sólido sistema de batalha e protagonistas carismáticos, o jogo logo se mostra bastante competente, tal qual um "Final Fantasy esquecido" da era PS1.
Uma coisa legal é como ele resgata um aspecto que, pra mim, a série FF foi meio que perdendo com o tempo: o bom humor e a simplicidade de certos detalhes das cidades, como os NPCs espirituosos, as crianças correndo, os cães e gatos que latem e miam quando você se aproxima, enfim, todo aquele charme bucólico, meio que bobo até. Parecia ser o jogo perfeito para apelar aos sentimentos mais nostálgicos dos fãs dos JRPGs de outrora.
Bom, parecia, porque com o tempo Fantasian revela ir muito além disso.
O jogo foi lançado em duas partes, sendo a primeira mais linear e mais focada na história. Da primeira vez que joguei, parei mais ou menos no fim dessa parte, pelo que li (em um chefe meio casca grossa). Acabei deixando ele de lado por um tempo e agora voltei a jogá-lo desde o início. Acontece que é justamente depois de passar do tal chefe que o negócio começa de verdade, rompendo a fronteira de um bom RPG para entrar no terreno do obrigatório.
Além do clássico Airship, nesse ponto também temos a liberação do "poder oculto" do protagonista em grande estilo, ganhando acesso a um painel de habilidades. Com outros se juntando à party, vem também a possibilidade de trocar de personagens durante a batalha. Sim, meus caros, se ainda não ficou claro, a partir desse momento a verdadeira inspiração dos sistemas desse jogo vem à tona: Final Fantasy X, para o meu completo e absoluto deleite.
Para liberar os poderes ocultos e os "Sphere Grids" dos outros personagens, você deve explorar as histórias individuais deles. Alguns pontos dos painéis, inclusive, só são destravados quanto você adquire determinados itens escondidos em baús ou quando completa certos objetivos. A aventura então ganha um outro ritmo, com um senso de progressão e de exploração extremamente recompensador e deliciosamente viciante, oferecendo dezenas de horas de conteúdo (nenhum comprometimento foi feito aqui, esse é um RPG console-like, com tudo o que tem direito). As batalhas se tornam mais estratégicas (cola em FFX que é sucesso) e os chefes dão um trabalhinho gostoso, te fazendo quebrar a cabeça e usar tudo que o jogo oferece para vencê-los (teve pontos em que tive que sacrificar meus itens sem dó, até os Elixirs).
Enfim, ainda não terminei mas o que vi até agora é mais do que suficiente para compartilhar um pouco do meu fascínio com essa masterpiece.
Esse é o jogo que estávamos esperando todo esse tempo. Esse é verdadeiramente o jogo que carrega o legado de FF, que continua de onde Final Fantasy X parou.
Sakaguchi já declarou que esta talvez seja sua última obra nesse estilo, dado que a aposentadoria acena no retrovisor. Ao que parece Uematsu também tem problemas de saúde e talvez não possa mais compor uma trilha sonora completa para um jogo. Saber disso certamente vai trazer um sabor agridoce ao momento em que os créditos subirem.
Vai ser díficil resistir ao ataque "Suor Ocular", dos Ninjas Cortadores de Cebola.
Talvez seja essa a Fantasia Final de fato.
Mas como disse um sábio, não ficarei triste porque acabou, e sim feliz porque aconteceu.
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