Pode parecer loucura o que hei de falar aqui, pode ser exagero, enfim, interpretem como quiser. ;)
Depois da segunda guerra, o ocidente viu que ficar digladiando entre si não seria nem um pouco produtivo, mesmo com os eminentes avanços tecnológicos que uma guerra obriga a gerar. Nessa época, contudo, e também pelos movimentos que surgiram no fim dos anos 60 e 70, começou a surgir em forma bem intensa a sociedade de consumo, o comercio como nunca antes foi-se visto. Não era mais interessante entre os correlatos fazer guerras entre si, a guerra seria agora comercial, de produção, de consumo ou contra os "de fora" como irei explanar depois.
Movimentos como a primeira onda feminista, surgidos no final do século XIX e em especial no início do século XX, tomaram novas formas como a segunda onda nos anos 60-70, que a anti-feministas Carrie. L. Lukas alega suas origens obscuras e de uma forma insensata, muitas vezes. A questão que ele em si não foi um movimento genuinamente feminino, há interesses para que alguns movimentos no estopim dessa época acontecessem.
Portanto, os que estavam atrás dos bastidores, viram o potencial que seria uma desestruturação total das antigas instituições em detrimento a uma nova ordem que pudesse gerir os interesses de grandes grupos poderosos. A desestruturação da família é uma delas, aniquilando a sua intimidade, a sua importância como instituição e desfragmentando as pessoas. Daí você pode pensar, o que exatamente isso implica?
Em mais consumo no final das contas e vou explicar aqui o motivo: Uma família divide uma TV numa sala de estar, onde todos se reuniam para conversar e ver televisão, agora, poucas gerações depois, cada um possuía sua própria TV, ao invés daquela de 49 polegadas onde todos compartilhavam. As pessoas, portanto, se isolaram cada vez mais. Com a desestruturação da família, as pessoas também se sentem mais sós, remetendo à ajuda de especialistas em áreas como psicologia e psiquiatria, já que todos, não só ela, estão vivendo de forma semelhante e isolada. O mundo se torna, portanto, líquido, como Bauman costuma dizer em seus livros.
Dessa forma, a sociedade no final dos anos 80, em especial nos anos 90, começa a se tornar mais sexualizada. A sociedade sexualizada só iria surgir como tal, caso as estruturas sociais estivessem em declínio, o contrário é muito difícil de ocorrer, porque uma estrutural social forte não consegue perpetrar costumes estéticos por muito tempo, ou entrariam de forma parcimoniosa, o que não foi o caso.
Se vermos historicamente, caros outerspacianos, o próprio livro Satyricon de Petronius já falava disso há mais de 2000 anos, onde a sociedade romana entrou em declínio com suas instituições, em consequência, para "preencher" esse vazio, a sociedade da época se tornou muito sexualizada.
Os interesses daqueles que farão disso uma regra, gera todo um ambiente favorável para que isso aconteça:
- Músicas e artistas que abusam da sexualidade;
- Filmes com menor conteúdo crítico ou dramático em detrimento apenas ao visual ou escapista;
- Livros de autoajuda que são um câncer, onde há o dilema da "autoestima". Um mínimo psiquiatra-psicanalista-psicólogo decente sabe que ela não vem por acaso e depende de vários fatores para isso ocorrer (não vou me ater nesse tópico nisso), em especial, alcançar a [sensação de SENTIR-se amador e se SENTIR-se útil], como descreve o psiquiatra Anthony Sorr.
- O advento da internet e o surgimento das redes sociais que intensificou a bestialidade humana.
Como resultado, as pessoas dessas novas gerações são mais solitárias, superficiais e mais presas à estética de forma geral ao conteúdo. A forma ao conteúdo. As pessoas geram mais empatia com coisas rápidas e mais simples de se consumir.
Como resultado, novamente, temos pessoas mais doentes em sua psique, gerando mais consultas médicas, mais fármacos para tratar de doenças como depressão e ansiedade e disfunções oriundas delas. O consumo desses medicamentos aumentaram drasticamente nas últimas décadas, e isso não foi à toa. Segundo a OCDE, os países nórdicos e anglo-saxões como Austrália, Canadá e EUA, tem um índice de consumo altíssimo desses medicamentos.
Também não é à tão afirmarmos que os países mais industrializados e com a tecnologia mais presentes são muito expostos também a tudo isso. Se vermos a famosa série inglesa Black Mirror, ela retrata bem os problemas presentes da tecnologia em nossas vidas, e até vislumbrando em que patamar tudo isso pode acarretar.
Vivemos um sofrimento silencioso, uma sociedade doente, pessoas infelizes, traições são resultados de um desiquilíbrio pertinente onde a regra é vivermos de forma estética e hedonista ao invés de valores que possam fazer a prosperidade das pessoas como individuo e ser coletivo.
As relações amorosas se transformaram em mercadorias, como dizia Bauman.