O primeiro veículo que pude adquirir, em 2009, foi o Gol G5 Power. O Gol G5 havia sido lançado em 2008, e o Gol G5 1.6 Power em 2009. Deveria ser algo melhor por ser o topo da linha, mas não era. Vou lhes confessar que foi uma péssima escolha: Os R$ 40.000,00 que paguei á época equivaleriam hoje (2019) a incríveis R$ 68.000,00. Bastante dinheiro para uma piada automotiva. O G5 Power não tinha airbag, não tinha ABS, e a construção era deveras vergonhosa. Plástico duro e barulhento para tudo quanto era lado. Só eu sei os apuros que passei com aquela porcaria. Não quebrava, não dava manutenção, não falhava, não parava de funcionar um dia sequer. Em contrapartida: saia de traseira, travava descontrolado os freios, sofria com batidas secas na suspensão, o volante era molenga em velocidades acima de 120km/h, minavam ruídos para tudo quanto era parte do veículo, e eu ainda era presenteado com o desconforto, no mínimo, sacana. Tudo isso fui descobrindo ao longo dos primeiros 6 meses de uso. E não dava para desfazer o negócio. Fui na vibe errada do design e da fama popular de resistente. Perdi as contas de quantas vezes, a bordo do G5, meu coração quase saiu pela boca em algumas situações críticas de trânsito. Nunca me senti seguro a bordo daquela porcaria. O LatinNCap foi divulgar os resultados desastrosos do CrashTest somente no final de 2010, comprovando o que eu, infelizmente, já tinha certeza: A mídia da época alardeava a imagem errada de que o Gol G5 seria um carro moderno, sendo que na verdade de moderno ele tinha apenas o design, e nada mais. Bonitinho, mas extremamente ordinário. Se eu tivesse acesso ao relatório do Ncap à época, acredito que teria pensado, no mínimo, umas 10 vezes antes de assinar o contrato de compra com a VW. Provavelmente eu não o compraria. Minhas 2 felicidades com o G5 Power: o dia em que eu comprei, e o dia em que o vendi. Foram os 180.000Km e os 4 anos mais tensos da minha vida. Não recomendaria aquela porcaria da VW para ninguém. Depois, com a maturidade é que passei a observar com outros olhos os requisitos de segurança automotiva que definiriam a minha próxima escolha. Em 2013 finalmente eu contemplaria o veiculo previamente classificado com 5 estrelas no CrashTest Europeu. 4 meses depois: toma-lhe colisão, e toma-lhe satisfação. Saí sem um arranhão. Na minha opinião o Ncap (Latino e principalmente o Europeu) ainda continuam sendo boas referências para quem se preocupa com a segurança automotiva. Para gente inocente não pagar de trouxa como eu fui. A propósito, minha namorada (por recomendação minha) também não se arrependeu de ter comprado um veiculo usado e bem avaliado no crashtest de sua época. Mal sabia ela que também sofreria uma colisão séria 1 ano após a aquisição. O veículo dela, inclusive, sofreu perda total. Mas ela saiu praticamente ilesa para recontar a história para a família inteira. Comprou exatamente o mesmo modelo com o valor da indenização do seguro.