Sgt. Kowalski
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Gostaria de ver eles zoarem Maomé e os muçulmanos, aí não tem coragem né.
Porchat falou sobre isso em 2015, qdo rolaram os atentados na França.
Je suis Charlie
Fábio Porchat, O Estado de S.Paulo
11 de janeiro de 2015 | 02h05
No humor, a regra básica é: só rimos daquilo que conhecemos. Me fale você um trecho do Alcorão. Agora, rápido, de cabeça. Viu? Nós nunca fizemos piada com a cientologia e nunca vi ninguém reclamando. Mas, pensando na provocação que me foi feita, percebi algumas coisas. Quando a pessoa diz uma coisa dessas, me parece estar dizendo: Por que você não bate em alguém do seu tamanho! Como se cristãos fossem café com leite. Eles não sabem se defender sozinhos. Os muçulmanos fanáticos, sim, esses sabem defender a honra da sua religião. Eles matam! Matar alguém nunca será solução pra nada. Isso não é defender Alá, Jesus ou o Deus Polinésio, matar é justamente ir contra todos eles. Juntos.
Moramos em um país que respeita a liberdade de expressão (de um modo geral, digamos) e a forma de se defender no Ocidente, principalmente, não é matando pessoas e sim discutindo, trocando ideias e confrontando com o diálogo. A sensação que me dá é que muitas dessas pessoas se sentiram realizadas pelas mortes em Paris. Como se dissessem: quem mandou mexer com religião, bem feito. E quando me pedem para fazer piadas com Maomé, querem que os caras lá façam o trabalho sujo por eles. Já que eu não posso matar o Fábio, vamos arranjar alguém que esteja disposto a isso.
Existem muitos brasileiros ultraconservadores escondidos entre nós. Pessoas que não acham nada mau fazer uma limpezinha étnica de vez em quando. Que nordestino deveria voltar pra Bahia, que veado tem que tudo morrer para não destruir a Instituição Família e que preto é tudo uma raçazinha safada. E muitas dessas pessoas querem ver um humorista morrer, para se sentirem vingados. Como se houvesse uma lição a ser aprendida pelos humoristas com a morte dos desenhistas. A lição é justamente ao contrário. A morte deles nos diz: sigam em frente! Não parem nunca, só porque alguns idiotas querem que vocês parem. Nós no Porta fazemos piadas com tudo e com todos. Com nós mesmos, inclusive. E não para ofender, polemizar, criar confusão e, sim, porque aquela piada nos pareceu muito engraçada. Ponto.