Fui lendo o tópico e percebi que ele é dominado por paixão, inclusive, esse assunto é bem acalorado até entre familiares e conhecidos, sempre muito polêmico.
Quem já comprou financiado claramente se sente ofendido quando alguém tenta demonstrar que matematicamente não vale a pena.
Na minha opinião, o financiamento só é válido, embora continue a oferecer risco para o comprador, quando o mesmo já possui família e uma vida estabilizada na região. Aquele tipo de pessoa que dificilmente vai sair de lá.
Nesse caso o risco é de vir a faltar renda para arcar com o compromisso da compra, porque embora o imóvel "seja da pessoa(hehe)", se faltar grana, em um momento de emergência, por exemplo, o sonho acabou.
Outro ponto é que imóvel é um artigo de baixa liquidez, ou seja, não é tão fácil vender, pois além de ter pouca gente com dinheiro pra comprar, o mesmo ainda vai sofrendo o desgaste do tempo e incidindo impostos ao longo, ou seja, um passivo na vida dos proprietários.
Sobretudo, sempre que converso com alguém que financiou, logo após revelar o valor que precisam pagar mensalmente, eles dizem: "nossa, mas desde que comprei esse imóvel já valorizou mais de 50 mil". Não quero despertar nenhuma paixão aqui, mas sinto em informar que isso é uma falácia, pois como mencionado anteriormente, imóvel é difícil de vender, além do povo chorar ao comprar, do corretor comer uma beirada "comissional" e de todos os infortúnios que circundam a atividade de vendê-los, você não valorizou nem capitalizou absolutamente nada enquanto não realizar a venda, ou seja, valor especulativo não enche a conta bancária de ninguém, isso é só um mantra que as pessoas repetem para não parecerem bobos com relação as próprias decisões financeiras.
"Mas o imóvel é meu". Não, é do banco até que a última parcela seja quitada e ponto final.
"Mas o aluguel é mais caro que a prestação". Procure um aluguel mais em conta e invista o dinheiro, sistematicamente todos os meses.
"Mas o aluguel é o mesmo valor que pago em algo que vai ser meu." Flexibilidade em se mudar, não responsabilidade pelo risco estrutural e novamente, atenha-se a sua condição financeira, existem aluguéis para todos os bolsos.
Respeito a opinião de quem pensa diferente, mas durante uma vida, considerando uma pessoa comum, ou seja, não abastada e que provavelmente terá um emprego mediano durante toda a vida produtiva (maior parcela da população brasileira), esse indivíduo vai conseguir gerar um montante X durante sua vida produtiva, nem um real mais que isso, pois o tempo de vida e a força de trabalho são limitados.
Posto isto acima, penso eu que devemos otimizar o uso do nosso dinheiro, de maneira a usufruir dele da melhor maneira possível e, dado a natureza limitada do que um indivíduo produz durante sua vida, financiamento compromete muito esse montante. Compromete em forma de juros, em forma de "aperto financeiro" e, em forma de impossibilidade de usufruir de mais coisas nessa vida.
Educação financeira não é Coach, muito menos filosofia ou alguma outra disciplina contemplativa. Educação financeira é matemática aplicada na realidade com o objetivo de atingir metas, sejam elas a compra de uma casa, uma formação acadêmica, um casamento ou o que quer que seja, tudo dentro do orçamento, ou seja, do planejamento financeiro.
Cuidado com as pessoas de pensamento impulsivo, são pessoas extraordinárias, mas que costumam gerir muito mal o próprio dinheiro.
E o que é dinheiro? Dinheiro é a materialização do trabalho da pessoa. Trabalho é a troca de energia vital e tempo em recursos. Tudo, muito limitado.