depois responderei a outra pergunta, iniciarei por essa.
o sistema gerador de bandidos está integrado ao sistema perpetuador das desigualdades, ele é proposital (é preciso entender isso) nenhum fazendeiro quer dar tiro em ninguém e ninguém quer roubar ninguém, ambos são vitimas de um processo ao qual desconhecem, obrigando o fazendeiro a atirar etc : Primeiro há uma gênesis, antes do ''bandido'' virar bandido ele tem uma história, por sinal esses títulos para desumaniza também fazem parte do sistema, quando um jovem favelado de 20 é preso com drogas na manchete do jornal vem ''traficante é preso'' essa ocultação da gênesis vai fomentado e incutindo o ódio. Quando um não-favelado é preso a manchete vem ''jovem de classe média é presos com drogas João Pedro não sei das contas'' nessa situação o bandido tem rosto e tem história.
Eu vi in-loco quando morei numa cidade aí tive alguns vizinhos que eram camponeses acabaram de vir da roça, uma família numerosa, pai alcoólatra mãe que só cuidava dos filhos, apesar dos problemas era gente boa brinquei muito com os filhos mais velhos, eles contaram como vieram parar ali, eles viraram sem terra devido a uma demissão a vida deles giravam em torno de fazendas, buscaram vagas nas demais fazendas e não acharam então foram morar de aluguel próximo a mim e depois foram para uma favela distante mas ainda em minha cidade, viviam mal pacas, nunca conseguiram ingressar num trabalho fixo, o pai de família morreu de cirrose e a mulher fez o que pode para criar os filhos, a maioria analfabeto, não existia o bolsa família, muita pobreza... a mulher não tinha costume de trabalhar fora pois o marido a proibia (isso é mais comum entre os pobres que entre a classe media) então enquanto ele estava vivo obrigava todos a viver do pouco que ele ganhava, os filhos foram crescendo e se ''casavam'' rápido para sair do ambiente familiar. formando famílias precária (que tende a repetir o ciclo) com algum outro jovem na favela etc. Mas o personagem principal era o filho mais novo, vou chama-lo de Chris para facilitar, era um menino trabalhador sempre ajudando a mãe e os irmãos, sempre recebendo convites do crime e rejeitando, um dia ele veio em casa me perguntou se havia o que comer ''olha, só tem arroz'' ''pode ser'' e comeu o arroz puro como se fosse um bifão, tempos depois passado anos chegou a noticia que havia morrido trocando tiro com a PM, ou seja em algum momento o crime o venceu. É triste, talvez se o cara tivesse tido oportunidade quem sabe uma carteira assinada esse é o ponto ninguém invade a casa de ninguém porque quer, sempre quando se puxa o fio é a mesma história, e isso é fruto desse sistema de exclusão.
sem escola ou escola precária, sem emprego, sem terra ou barraco improvisado, sem acesso, convite para o crime ou autoconvencimento do crime como saída, roubo, morte. Esse é o sistema, passando, um pente fino, vemos que esse pessoal está a margem do processo histórico, por isso não tem nome quando são presos ou mortos, apenas títulos.