Para entender o PT, é preciso antes procurar entender como o poder político funciona. O PT, para governar e aprovar os projetos sociais sobre cujas promessas ele foi eleito em primeiro lugar, teve antes que "vender a alma ao diabo" (ou seja, apelar para o mensalão, a sistemática compra de parlamentares para a aprovação de projetos sociais e de políticas públicas).
Sendo assim, O PT jamais poderia fazer uma autocrítica aos moldes do que seus críticos lhe imputam como necessária, pois, para a sua consciência, apenas fez um "mal necessário", ou um "mal menor" (a corrupção) para combater um "mal maior" (a fome, a exclusão, a desigualdade, etc). Sendo assim, "admitir a própria culpa", neste caso, seria quase como "pagar o preço por se estar correto", ou por ter-se feito aquilo que se julgou estritamente necessário fazer pelo Bem Maior (o bem comum do povo em um país praticamente ingovernável como o Brasil).
O mesmo problema Bolsonaro está enfrentando agora - lembrando que chegou a circular oferta de 40 milhões "por cabeça" apenas para se aprovar a reforma da previdência. Ele está basicamente entre a cruz e a espada. Se der um passo em falso, "morre", tanto se não aprovar a reforma, quanto se aprovar - mas por conchavos, conluios e maracutaias, se igualando assim ao próprio PT, o seu inimigo-mor, o declarado Mal Supremo da nação.
O PT simplesmente não pode "fazer autocrítica" nestes termos. Quando muito, talvez admitir certas falhas em sua política econômica na era Dilma, mas não muito mais que isso. Não é possível "abrir totalmente o jogo sobre a corrupção" e abrir sua caixa de Pandora, por exemplo, pois ela toca no próprio cerne do que é o Brasil politicamente, seu obsceno "segredo" compartilhado de autorreprodução.
