Nessas horas vemos o pq do Japão ter perdido totalmente o respeito no mercado de jogos. Infelizmente é um triste fim para o país que nos brindou com tantos clássicos.
O Japão continua o mesmo. O que aconteceu é que devs e publishers não japonesas ficaram mais fortes e influentes. O Japão deixou por um bom tempo, e está voltando nos últimos anos, a ter uma influência em outros mercados. Mas o tipo de game que tomou a dianteira internacional é muito diferente do que tradicionalmente o Japão sempre fez. Eles estão lá fazendo a mesma coisa desde sempre. Quando games de tiro seja em primeira e terceira pessoa passaram a dominar o mercado de consoles, o público internacional passou a ignorar os games japoneses. Isso aconteceu com tanto impacto e força que a Sony decidiu mudar a sua sede do departamento de games para fora do Japão. E foi na geração do Ps3 que ela deu maior centralidade para os seus estúdios não japoneses, fazendo algumas parcerias menores para games exclusivos direcionados a princípio somente para o mercado japonês, como foi o caso de Demon Souls. O que foi inclusive um erro de diagnóstico dela, porque os games da From Software feitos pelo Miyazaki vendem mais fora do Japão do que lá.
Agora é preciso entender que quando você fala de um país que brindou o mundo com tantos clássicos, não quer dizer que estes foram extremamente populares. Tirando os games da Nintendo, jogos como Street Fighter, Metal Gear e os JRPGs mais famosos (só uma minoria deles, porque a vastidão deles não faz sucesso no ocidente), Japão não conseguiu tradicionalmente fazer games que vendem 10 milhões de unidades. Megaman mesmo que pode aparentar ser extremamente popular é na realidade algo que podemos considerar um jogo de nicho, bem mais que os jogos da From Software. Os Megamans mais populares vendiam 1 milhão de cópias e não passavam muito disso. Então não é que o Japão perdeu relevância, ele sempre foi assim.
O que aconteceu é que quando os custos dos games aumentaram consideravelmente na geração 360/ps3 e as margens de lucro se reduziram, estrategicamente falando perdeu sentido tanto para Sony quanto MS continuar apostando nesses games. Por que não afetou a Nintendo? Porque ela trabalhou com custos de desenvolvimento menores. Na realidade, ela continua trabalhando assim até hoje.
Pra mim, até hoje, os japoneses fazem games de consoles melhores que os ocidentais. Acho que ocidentais fazem bons games de PCs. O que você deve achar que piorou é que é mais raro um game japonês ser o game principal do ano, muitos até acharam estranho Sekiro ter recebido GOTY. Mas não tem como querer que um game feito ao estilo japonês, que é um game focado em um conceito e aprofundado nele (como é inclusive o caso de Sekiro, o jogo é feito todo em torno do conceito de deflection) seja extremamente popular. Os ocidentais gostam de um game pelo tema e não por um conceito de gameplay. O jogo é sobre o Egito e aí o gameplay dele tem que ter de tudo pra conseguir agradar os gostos mais diferenciados. Nada é muito profundo, o jogo tem combate como Sekiro também tem, mas é um combate raso. Mas no mesmo jogo tem lá veículos ou animais, tem armas de projéteis a distância, tem sessões de stealth e assim vai. E quando falo que ocidentais fazem bons games de PC é porque para PC tradicionalmente eles fazem os games como os japoneses. Um jogo como X-Com obedece a essa lógica, não é um jogo feito em torno da temática de alienígenas, mas de um conceito de gameplay em que envolve uma série de combates táticos, interceptação de naves, construção de bases etc. Agora, quanto vende um X-Com comparado a um Assassins Creed? Vendeu até bem, mas vende bem menos. E isso dá a impressão de que é um jogo menor. Quando as pessoas olham para os jogos japoneses é a mesma coisa, "ah, é coisa menor", "japoneses não fazem tantos games bons quanto antigamente..." Eles fazem, só que eles perderam o posto de games mais populares, o que é bem diferente dos mesmos terem diminuído de qualidade ou de terem diminuído de produção. É uma impressão que temos. From Software, Capcom e Platinum, além da própria Square, tem feito muitos dos games mais relevantes dos últimos anos.
