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Ficava sem salário e tinha que tomar água suja', diz resgatado de trabalho análogo à escravidão

Wolf.

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Vinícius LemosDe Cuiabá para a BBC News Brasil
  • 1 agosto 2019
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Trabalhador relata que ficava sem salário e tinha que tomar água suja no MT

"Isso eu não desejo pra ninguém", diz João (nome fictício), de 53 anos, ao relembrar o período em que trabalhou em situação análoga à escravidão.

Ele e os colegas se amontoavam em barracas de lona no mato, onde dormiam em redes e bebiam água suja. "Não tínhamos outra opção", conta à BBC News Brasil.

João relata que desde o fim da década de 80, quando se mudou para Vila Rica (MT), trabalhou em situação degradante em diversas propriedades rurais da região, que faz divisa com o Pará. "Era tudo muito precário e complicado", lamenta.

Ele costumava trabalhar em derrubadas de mata em fazendas, para abrir espaços de pastagem - prática frequentemente considerada ilegal, por não haver autorização para o desmatamento.

O papel de João nas atividades era de "badeco", como são chamados os responsáveis pelos serviços gerais no lugar e pelas refeições dos trabalhadores.

"Em alguns dias havia carne, em outros a gente tinha que matar algum animal para ter alguma comida", diz João.

O recrutamento
Os serviços nas propriedades rurais eram liderados por uma figura conhecida como "gato", responsável por intermediar o contato entre o fazendeiro e o trabalhador.

Ao chegar às fazendas, segundo João, eles eram informados que somente poderiam sair dali ao fim do trabalho - que chegava a durar dois meses.

"Ninguém tinha carro ou moto, então, a gente não tinha como ir embora, mesmo que a gente quisesse. Falavam que iam assinar a nossa carteira, mas nunca assinavam", detalha.

Nas propriedades rurais, os trabalhadores esperavam receber conforme a produção que faziam. Mas raramente viam o pagamento. "O 'gato' sempre enrolava, dizia que o fazendeiro não tinha pagado e não repassava o dinheiro para a gente. Não tínhamos o que fazer", detalha.

Histórias como a de João chamam a atenção após declarações do presidente Jair Bolsonaro, na terça-feira (30). Ele afirmou que é necessário rever as regras do combate ao trabalho análogo à escravidão.

Bolsonaro disse que "ninguém é favorável ao trabalho escravo", mas se dirigiu ao ministro Ives Gandra Martins Filho, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), e afirmou: "Alguns colegas de vossa excelência entendem que o trabalho análogo à escravidão também é escravo. E pau nele."

Para o presidente, há uma linha "muito tênue" que distingue o trabalho análogo à escravidão e a escravidão. "O empregador tem que ter essa garantia. Não quer maldade para o seu funcionário, nem quer escravizá-lo. Isso não existe. Pode ser que exista na cabeça de uma minoria insignificante, aí tem que ser combatido. Mas deixar com essa dúvida quem está empregando, se é análogo ou não é, você leva o terror para o produtor", disse Bolsonaro.

No dia seguinte à repercussão das declarações, o presidente afirmou que não planeja enviar ao Congresso uma proposta para alterar a legislação.

As declarações de Bolsonaro incomodaram entidades que atuam no combate ao trabalho análogo à escravidão. O questionamento sobre a legislação referente ao tema foi considerado uma forma de retrocesso.

"Em política de direitos humanos, é vedado o retrocesso. A partir do momento em que se tem uma conquista da civilização, não se pode voltar à barbárie anterior", ressalta a procuradora Catarina Von Zuben, titular da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, em entrevista à BBC News Brasil.

De 2003 a 2018, foram resgatados 45 mil trabalhadores em situação de trabalho semelhante à escravidão no Brasil, conforme o Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas.

Os resgates
João passou quase 15 anos trabalhando em fazendas em situação degradante. "O 'gato' era quem levava a gente para os lugares. Era uma das poucas formas de trabalho que a gente encontrava", detalha.

Em todas as propriedades rurais onde trabalhou na época, as situações eram semelhantes: comida rara, água suja e local precário para dormir.

Ele, junto com mais de 50 colegas, foi resgatado em 2003 por auditores do que hoje é o Ministério da Economia. Na época, o grupo estava havia um mês em uma propriedade rural no Pará, em uma área próxima ao Mato Grosso, onde fazia a derrubada de árvores.

A situação vivida por João e pelos colegas somente foi descoberta após uma briga entre dois trabalhadores do grupo. "Um pegou até machado para matar o outro", relembra. Um funcionário da fazenda, que tinha acesso ao telefone, ligou para a polícia, que foi ao local para atender a ocorrência da briga. Os policiais notaram o serviço ilegal na fazenda e acionaram o Ministério Público do Trabalho (MPT).

Em 2003, além de João e dos colegas, também foram resgatadas outras 5,2 mil pessoas em situação análoga à escravidão. Em comparativo com os últimos anos, o número de resgates diminuiu.

Em 2018, por exemplo, segundo dados divulgados pelo Ministério da Economia, foram encontradas 1.723 pessoas em condições semelhantes à escravidão - destas, 1.113 foram resgatadas.

À primeira vista, a redução de resgates pode parecer um dado positivo. Porém, Catarina Von Zuben é enfática: a diminuição representa uma situação ainda mais alarmante.

"Houve certa conscientização de alguns segmentos. Mas o problema é que há menos fiscalização, porque houve redução nos números de fiscais. Muitas aposentadorias de auditores não foram repostas e os concursos são insuficientes. Em todo o Brasil, há apenas 19 auditores fiscais que atuam diretamente com trabalho escravo. Hoje, eles compõem quatro equipes. No passado, havia mais de 10 equipes para fazer esse trabalho", diz.

Com menos fiscalização, os números de resgates cada vez mais deixam de corresponder à realidade no Brasil. "Há muitos casos que não são mais notificados, por haver menos fiscais", ressalta Catarina.

O setor rural é a área em que há mais casos de trabalho análogo à escravidão. A categoria "trabalhador agropecuário em geral" corresponde a 73% dos casos registrados no Brasil. Há também registros em funções como servente de obras (3%), trabalhador da pecuária (3%) e pedreiro (2%), entre outros.

A legislação
O Artigo 149 do Código Penal prevê punição a quem reduzir alguém à condição análoga à de escravo, que pode ser caracterizada por situações como trabalhos forçados, jornada exaustiva, condições degradantes de trabalho, restrição à locomoção do empregado - principalmente em razão de dívidas contraídas com o empregador.

Ainda nas declarações da terça, Bolsonaro criticou o fato de que situações como "colchão abaixo de oito centímetros" e "quarto com ventilação inadequada" são utilizadas como critérios para definir condições análogas às de escravidão.

A titular da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo rebate as argumentações do presidente.

"Quando há a fiscalização, o auditor fiscal autua por todas as irregularidades que ele encontra. Dentre elas, pode haver irregularidades mais simples, como o caso em que faltava saboneteira em um banheiro. Era uma das infrações no meio de dezenas. Não é a saboneteira que caracteriza a mão de obra escrava. São vários fatos. A nossa fiscalização é boa. Os resgates são criteriosos e não é algo banal", declara Catarina.

A procuradora afirma que a legislação atual é clara em relação ao trabalho análogo à escravidão. Possíveis alterações que possam afrouxar a definição sobre o tema são vistas como prejudiciais, inclusive para a economia do país.

"Não é só o combate à corrupção e à lavagem de dinheiro que melhora a situação do país. É necessário haver transparência das cadeias produtivas. Há grandes países e fundos que não investem se não houver uma cadeia produtiva, do campo até a entrega, na qual não há certeza de que não houve danos ambientais ou desrespeito aos direitos humanos", pontua Catarina.

"Até para a sobrevivência do país, não tem como não imaginar a importância do combate ao trabalho escravo. Era um assunto que a gente nem deveria mais estar falando. É uma questão de direitos humanos", acrescenta.

Após o resgate
Depois que os auditores foram à propriedade rural em que trabalhava, João e os colegas foram liberados e encaminhados para uma unidade da Pastoral do Imigrante na região - diversas instituições filantrópicas prestam apoio a resgatados.

O proprietário da fazenda foi autuado e teve de pagar R$ 600 a cada um dos mais de 50 trabalhadores que ficaram um mês em sua propriedade - na época, o valor correspondia a mais de dois salários mínimos.

As indenizações são formas de punição aplicadas àqueles que exploram o trabalho escravo. Conforme o Ministério da Economia, as multas aplicadas aos que exploravam as pessoas resgatadas no ano passado, em todo o Brasil, somaram cerca de R$ 3,4 milhões.

Em 2014, uma emenda incluiu um trecho que também permite a possibilidade de a área rural ou urbana em que houver exploração de trabalho escravo ser expropriada e destinada à reforma agrária ou habitação popular, sem indenização ao proprietário. O trecho foi criticado por Bolsonaro, que o classificou como uma forma de insegurança ao produtor rural.

Depois da indenização, João teve apoio de representantes do Ministério Público do Trabalho e de instituições filantrópicas que ajudam pessoas resgatadas em situação análoga à escravidão.

Ele fez curso profissionalizante por dois meses, para que pudesse trabalhar como tratorista. Para o homem, que estudou somente até a quarta série, as aulas foram uma forma de se sentir novamente valorizado. "Foi um período muito importante para mim, depois de tudo o que passei", diz.

Hoje, mais de 15 anos depois, João é casado e mora em Marabá (PA) e trabalha como atendente na cantina de uma propriedade rural. Ele conta que recebe R$ 1,5 mil por mês e se orgulha por ter a carteira assinada.

"Agora eu vejo o trabalho escravo como uma falta de atenção e humanidade. Deveriam ter mais compaixão com a gente que vive nessa luta, sem profissão certa. As pessoas ganham pouco e ainda são obrigadas a trabalhar de qualquer jeito. Isso é uma forma muito triste para humilhar o ser humano", declara.

 

Lost Brother

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Ainda tem um idiota na presidencia que acha que trabalho escravo é definido pela espessura do colchao e distancia entre as camas. Muita gente é explorada por pessoas inescrupulosas que se aproveitam da baixa escolaridade e do grau de vulnerabilidade social para expor pessoas a condicoes degradantes como da materia. E ainda tem libertario que defende uma m**** desse tipo.

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Guy_Debord

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Ain Estado malvadão atrapalhando os negócios honestos dos capitalistas rurais brasileiros hue eles asseitaram jente LOL nada de errado aqui, quem resgatou eles inclusive são marxistas
 

Lost Brother

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Ain Estado malvadão atrapalhando os negócios honestos dos capitalistas rurais brasileiros hue eles asseitaram jente LOL nada de errado aqui, quem resgatou eles inclusive são marxistas
Se nao fosse o Estado eles teriam melhores condicoes e receberiam mais. sqn

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Ares1521

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"Ao chegar às fazendas, segundo João, eles eram informados que somente poderiam sair dali ao fim do trabalho - que chegava a durar dois meses"

Pronto, matou a questão nessa frase, você impedir que o trabalhador deixe o trabalho a qualquer momento é ESCRAVIDÃO. Não é um caso de "análogo a escravidão", é escravidão e pronto, acabou.
Você pode no máximo ter um termo de rescisão com alguma multa por descumprimento de contrato, porém não pode criar um contrato que compromete a vontade futura da pessoa de forma irreversível, isso é escravidão por contrato, o que também fere os princípios da liberdade individual.
E tem o fato do "ficava sem salário", ai é quebra de contrato pelo lado do empregador que deveria pagar uma indenização por ter feito isso (e isso desconsiderando a escravidão, pela escravidão deveria ter a fazenda confiscada e transferida para aqueles que ele escravizou, além de pagar uma multa foda por não pagar os salários).

Final das contas isso se resume a: Nossa constituição é um LIXO, trata tanto escravos como trabalhadores honestos pobres da mesma forma, gerando insegurança jurídica para todos.
 

sebastiao coelho neto

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Ainda tem um idiota na presidencia que acha que trabalho escravo é definido pela espessura do colchao e distancia entre as camas. Muita gente é explorada por pessoas inescrupulosas que se aproveitam da baixa escolaridade e do grau de vulnerabilidade social para expor pessoas a condicoes degradantes como da materia. E ainda tem libertario que defende uma m**** desse tipo.

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Mas quem afirma essas coisas é justamente a lei que determina o que é trabalho escravo! São essas excrecências que se quer mudar!!

Um link comuno-esqerdita para você se informar. Destaquei as partes que podem lhe interessar:



O mito do “trabalho análogo à escravidão”
A maioria das operações de combate ao trabalho escravo não "libertam" ou "resgatam" ninguém, não ajudam os trabalhadores pobres e consideram escravos gente que ganha muito mais que a média dos brasileiros

Mais uma grife de roupas foi acusada de utilizar trabalho escravo no Brasil. Segundo uma reportagem da BBC publicada nesta segunda-feira, auditores do Ministério do Trabalho flagraram cinco bolivianos, entre eles uma adolescente de 14 anos, mantidos como escravos numa oficina na zona leste de São Paulo que produzia para a grife Brooksfield.

Infelizmente a BBC só reproduziu a desinformação que ativistas do combate ao trabalho escravo costumam difundir sobre o assunto. Abaixo, mostro seis esclarecimentos que a reportagem poderia ter feito. O leitor me desculpe o tamanho do texto – o assunto é relevante e merece ser explicado em detalhe.

1. Não é escravidão

No caso desta semana e na maioria dos que vão aos jornais, a situação flagrada pelos fiscais não tinha nada do que o povo, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) ou as leis da maioria dos países entendem por escravidão. Não havia pessoas acorrentadas, ameaçadas, trabalhando para pagar uma dívida com os patrões ou para recuperar um documento.

Por que, então, dizem que é trabalho escravo? No Brasil, uma mudança no Código Penal afrouxou enormemente o conceito de trabalho escravo. Passou a incluir a jornada exaustiva e condições degradantes como critérios para caracterização.

Parece um detalhe, mas a mudança na lei juntou crimes diferentes no mesmo balaio. Patrões que ofereciam alojamentos sem a distância adequada entre as camas passaram a responder pelo mesmo crime que quem torturava os trabalhadores com ferro de marcar gado ou os mantinha em cativeiro.

A própria OIT esclarece, num relatório de 2005, que não se deve confundir trabalho ruim com escravidão. “O trabalho forçado não pode simplesmente ser equiparado a baixos salários ou a más condições de trabalho”, diz o relatório. “Tampouco cobre situações de mera necessidade econômica, por exemplo, quando um trabalhador não tem condições de deixar um posto de trabalho devido à escassez, real ou suposta, de alternativas de emprego.”

Os bolivianos que produziam para a Brooksfield foram considerados escravos porque não tinham carteira assinada ou férias e, segundo a BBC, “trabalhavam e dormiam com suas famílias em ambientes com cheiro forte, onde os locais em que ficavam os vasos sanitários não tinham porta e camas eram separadas de máquinas de costura por placas de madeira e plástico”. Era trabalho precário, mas não escravidão.

2. Há “escravos” que ganham R$ 5 mil por mês


Como cabe ao auditor do trabalho decidir o que é trabalho escravo, há interpretações das mais extravagantes e ideológicas.

Em 2013, a fiscalização encontrou vinte funcionários de uma construtora de Belo Horizonte que tinham registro na carteira, recebiam horas-extras e adicionais de produção. Um pedreiro disse que ganhava 5 mil por mês. Como não havia lençóis nos beliches do alojamento e os banheiros estavam sujos, o fiscal enquadrou a construtora como escravista.

O alojamento era, de fato, precário, mas muitos dos trabalhadores poderiam achar que a remuneração compensava. Um salário de 5 mil reais, afinal, colocava o funcionário entre os 20% de brasileiros mais ricos daquele ano. Como revelou a revista Exame, casos assim são comuns.

No episódio desta semana, os imigrantes ganhavam 6 reais por peça produzida. Se costuravam duas peças por hora (provavelmente produziam muito mais), ganhariam 12 reais por hora, 96 reais por jornada de oito horas, ou 2100 reais por mês. Isso é mais do que ganham 72% dos brasileiros, que sobrevivem com até dois salários mínimos.

3. Não há “resgate” ou “libertação” de trabalhadores

O mito do “trabalho análogo à escravidão” vem sendo cultivado por auditores do trabalho, procuradores, jornalistas e ativistas bem-intencionados. Eles fazem questão de esclarecer que a servidão moderna se define por condições precárias de trabalho e tem pouco da escravidão tradicional. Mas utilizam termos e imagens que só fazem sentido quando se referem à restrição da liberdade – como imagens de correntes e termos como “resgate” ou “libertação”.

Imagem da campanha de combate ao trabalho escravo, divulgada pela Secretaria de Direitos Humanos.

Imagem da campanha de combate ao trabalho escravo, divulgada pela Secretaria de Direitos Humanos.
Os trabalhadores costumam considerar um absurdo serem chamados de escravos. Sem ninguém pedir, os fiscais quebram contratos de trabalho, calculam multas enormes para as empresas e mandam os trabalhadores para hotéis ou de volta para suas cidades de origem.

“O primeiro contato com a vítima geralmente é de resistência. Ela não se enxerga como trabalhador forçado e se incomoda com o rótulo”, me disse, no ano passado, Luiz Machado, coordenador do Programa de Combate ao Trabalho Forçado da OIT. “Quando explicamos as violações dos direitos trabalhistas, eles ficam agradecidos, pois ganham pagamentos de direitos, seguro-desemprego especial para resgatados e prioridade na fila do Bolsa Família.

4. As operações não ajudam os trabalhadores

Quando a indenização acaba, os “escravos libertados” descobrem que os fiscais os transformaram em desempregados dependentes de programas assistenciais. Precisam começar tudo de novo e sair à procura de um emprego. Geralmente encontram trabalhos bem parecidos com aqueles dos quais foram “resgatados”.

“Quando a polícia vai embora, os bolivianos vão para outras oficinas onde a condição é a mesma”, me contou, numa entrevista, o boliviano Luis Vásquez, líder da comunidade boliviana em São Paulo.

Os próprios ativistas admitem o problema da reescravização. “O trabalhador volta para casa com três meses de seguro-desemprego no bolso, mais verbas rescisórias, mas assim que o dinheiro acaba, ele volta a migrar e acaba escravizado de novo”, disse, em outra reportagem da BBC, o fundador da ONG Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto.

5. As operações eliminam alternativas de quem já tem poucas

Numa coisa os ativistas do combate ao trabalho degradante estão certos: milhões de pessoas têm empregos terríveis no Brasil. Trabalham amontoadas em cômodos sem janelas; cumprem uma jornada tão alta que mal veem a família. Diante de situações assim, tudo o que não se deve fazer é diminuir as opções disponíveis a eles.

O que prejudica o trabalhador não é a opção de trabalho que ele encontra, e sim a falta de opções. Os operários das pequenas oficinas de roupas da zona leste de São Paulo se submetem a condições ruins porque aquela é a melhor alternativa de que dispõem. O que os torna vulneráveis não é a empresa que os contratou, mas a ausência de mais empresas que os contratem.

E o que as operações de combate ao trabalho escravo fazem é diminuir ainda mais essas opções. “Quando a Polícia Federal aparece, dá a impressão de que vai prender o Fernandinho Beira-Mar”, diz o boliviano Luiz Vásquez. “Um monte de viaturas e policiais para prender o coitado do dono da oficina. Ele é multado por tudo o que você pode imaginar. Essa história tem levado muitos empreendedores à falência.”

Não é um grande incentivo à abertura de fábricas no Brasil ter a possibilidade de ver a marca manchada por falsas acusações de trabalho escravo. As bem-intencionadas operações prejudicam a segurança jurídica e dão um empurrão a mais para fábricas se mudarem para a China ou o Paraguai. Com menos vagas à disposição no Brasil, os trabalhadores ficam ainda mais vulneráveis.

Quem realmente se preocupa com os pobres precisa, pelo amor de Deus, evitar que as empresas tenham medo de contratar ou subcontratar trabalhadores no Brasil. Ações menos sensacionalistas, como criar um pacto entre as oficinas para seguirem condições mínimas, sob pena de multa, ajudariam muito mais do que aterrorizar grifes internacionais interessadas em produzir no Brasil.

Outra opção é ajudar os imigrantes a encontrar vagas melhores e ter documentação para se candidatar a elas. Em São Paulo, o Ministério Público do Trabalhou fez um excelente trabalho ao criar um centro onde os imigrantes podem regularizar a residência no Brasil, tirar carteira de trabalho e abrir uma conta corrente. Documentados, ficam aptos a trabalhos menos precários.

“Em diversos países e momentos da história, o subemprego foi o meio pelo qual as minorias, os migrantes e os menos favorecidos entraram no mercado de trabalho e começaram a ascender socialmente”, diz o cientista político Diogo Costa. “Proibir o emprego ruim acaba funcionando como uma barreira de exclusão dos menos qualificados.”

6. Coibir as más condições é impor preferências da elite aos trabalhadores pobres

Imagine que você acabou de se mudar para um país estranho e está sem dinheiro, sem qualificação ou mesmo conhecimento da língua local – e ainda tem três filhos famintos nas costas. De repente aparecem duas opções de trabalho em oficinas de costura.

A primeira oficina, ensolarada e espaçosa, oferece um salário de 10 reais por hora. A segunda, sem janelas e com uma jornada maior, paga 12 reais. Na hora do aperto, você não se dará ao luxo de perder 20% da remuneração. Como quer acumular o máximo possível e voltar para o seu país, você trabalharia mais, muito mais que oito horas por dia.

O combate ao trabalho degradante se baseia na ideia de que as condições ruins são fruto da escolha dos patrões. Mas a escolha não é só deles. Ao decidir ingressar num emprego, uma pessoa avalia todos os tipos de compensação – o salário, o conforto, a jornada. Quem ganha bem pode se dar ao luxo de descontar parte do salário em conforto e jornada menor. Mas se a renda e a produtividade são baixas, e a melhor alternativa de trabalho não é o suficiente para pagar as contas, provavelmente ele abrirá mão do conforto para extrair o máximo da remuneração em forma de salário.

“Isso significa que a combinação de compensações é determinada pelas preferências dos empregados (até o limite da sua produtividade), e não pelas preferências de corporações multinacionais ou empresas terceirizadas”, diz o economista Benjamin Powell, autor do livro Out of Poverty: Sweatshops in the Global Economy.

Powell comprovou essa opção entrevistando operários da Guatemala. Ele conversou justamente com quem trabalhava em fábricas de roupa que motivaram escândalos de trabalho degradante, em reportagens da TV americana. Descobriu que quase todos os trabalhadores não topariam trocar parte do salário por melhores condições:

Você aceitaria ter um salário menor se o seu empregador…
SIMNÃO
tornasse as condições de trabalho mais agradáveis?8,6%91,4%
reduzisse o número de horas de trabalho?10%90%
aumentasse o horário de almoço?4,3%95,7%
fornecesse plano de saúde?14,3%85,7%
desse férias remuneradas?18,6%81,4%


O ensaísta Nassim Nicholas Taleb chama de “filantropia de araque” a atividade de “ajudar as pessoas de uma forma visível e sensacional, sem levar em conta o cemitério oculto de consequências invisíveis”. O exemplo preferido de Taleb são as causas trabalhistas. “Você nota as pessoas cujos empregos estão mais seguros e atribui benefícios sociais a essas medidas. Você não percebe o efeito naqueles que ficarão desempregados, já que as medidas vão reduzir a oferta de empregos. Em alguns casos, as consequências positivas de uma ação vão beneficiar imediatamente os políticos e os humanitários de araque, enquanto as negativas levarão um bom tempo para aparecer – e talvez nunca sejam perceptíveis.” Não há definição melhor para o combate ao “trabalho análogo à escravidão” no Brasil.

 

Welcomevc

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ué, mas eles aceitaram né? Melhor isso do que morrer de fome né não? Não ta satisfeito só ir embora na calada da noite, simples assim, ai fica o governo atrapalhando os empresários.
 

Welcomevc

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Nesse caso realmente poderia se falar em escravidão, já que havia trabalho forçado, com restrição do direito de ir e vir.
Claramente não eram sobre casos bem típicos que o Bolsonaro se referia.
Cara, justamente, como o colega colocou acima, por causa de falta de lençol e banheiro sujo era considerado escravidão, sendo que o funcionario ganhava até bem pro padrão dos brasileiros. Só que a mídia já sabe como é, adora aumentar e distorcer, ai pegam uma matéria de um caso de REAL escravidão e jogam a bolsonaro no meio
 

NÃOMEQUESTIONE

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Eu considero a prática deplorável e quem o faz tem mais é que se fuder mesmo, mas agora a imprensa vai fazer brotar um monte de local com trabalho escravo e forçar a barra pra associar tudo que vem acontecendo à décadas ao governo Bolsonaro... :ksafado
 

Cafetão Chinês

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ué, mas eles aceitaram né? Melhor isso do que morrer de fome né não? Não ta satisfeito só ir embora na calada da noite, simples assim, ai fica o governo atrapalhando os empresários.
Para de ser desonesto.
A notícia diz claramente que houve retenção no local do trabalho, portanto violência e ameaça. Isso de fato configura trabalho escravo.

Já trabalho de muitas horas ser considerado trabalho escravo por si só como vocês querem, só é trabalho "escravo" para vocês esquerdistas que odeiam pegar no batente.
 
Ultima Edição:

iporco

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bolsonaro n voltou a ditadura, mas vai voltar a escravidao ao q parece... quanto vitimismo e apelo a emoçao
 

**fnx**

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Me lembrou outros 2 casos:

-Fome
Lula diz que acabou com a fome no brasil: mídia: OK, melhor presidente e etc
Bolsonaro diz que não se passa mais fome no brasil: Mídia: cai em cima, faz matéria mostrando algum lugar que o pessoal passa fome e joga bolsonaro no meio. Só que a "fome" que ele falou é aquelas que a pessoa fica esquelética, tipo da venezuela, África, que realmente aqui no Brasil não se vê realmente assim.

-Cadeirinha
Bolsonaro retirou a multa da cadeirinha. Mídia caiu em cima, fez matéria mostrando a importância do uso da cadeirinha pra criticar o presidente. Essa foi foda, é como se você, pai, precisasse de uma multa pra cuidar do seu filho. Não sou pai, mas tendo ou não multa eu usaria cadeirinha.

É muita desonestidade da mídia, jornalistas são majoritariamente de esquerda e por isso sai essas matérias escrotas. E muita gente já percebeu isso, tanto que cada vez mais conheço pessoas que nem tem mais antena de TV aberta em casa e nem tá acompanhando mais as notícias
 

JmB!

Lenda da internet
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A lei precisa ser melhorada...

E precisa ser urgentemente... Pois a imprensa achou um ponto que pode atacar o governo de maneira voraz (no meu ponto de vista desonesta).

Estás notícias chocam demais, e a imprensa nunca irá esclarecer as coisas de maneira justa...

Bolsonaro precisa fazer alguma coisa urgente...

"Quem tem ouvidos para ouvir ouça!"

T+
 

sebastiao coelho neto

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-Cadeirinha
Bolsonaro retirou a multa da cadeirinha. Mídia caiu em cima, fez matéria mostrando a importância do uso da cadeirinha pra criticar o presidente. Essa foi foda, é como se você, pai, precisasse de uma multa pra cuidar do seu filho. Não sou pai, mas tendo ou não multa eu usaria cadeirinha.
Esse negócio da cadeirinha caiu como uma luva pra taxista e ubersista, porque eles eram praticamente obrigados a ter uma no carro caso o passageiro tivesse criança de colo. Eles sempre tinham receio
 

Edi (FZ2D)

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Nesse caso realmente poderia se falar em escravidão, já que havia trabalho forçado, com restrição do direito de ir e vir.
Claramente não eram sobre casos bem típicos que o Bolsonaro se referia.
Sim. Mas tem retardado que vai continuar fingindo que não entendeu e dizendo que tem um parcela de usuários do forum que defende trabalho escravo.

Enviado de um aparelho que transmite sonhos!!!
 

Goris

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É, e isso diz muito sobre a direita né, o fato de que vcs jamais criariam um tópico criticando o trabalho escravo moderno, mas vem nesse aqui pra passar aquele pano pro direito de empresários empregarem pessoas em condições análogas a escravidão.
Sempre me admiro como alguém recém chegado ao fórum sabe tanta coisa.
 

Cafetão Chinês

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É, e isso diz muito sobre a direita né, o fato de que vcs jamais criariam um tópico criticando o trabalho escravo moderno, mas vem nesse aqui pra passar aquele pano pro direito de empresários empregarem pessoas em condições análogas a escravidão.
O que é "trabalho escravo moderno"?

Algo que só faz sentido para quem defende mais valia e marxismo?

Trabalho escravo, a definição é uma só desde que o mundo é mundo: trabalho forçado mediante violência ou ameaça de violência.
 
Ultima Edição:

Grave Uypo

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Ele costumava trabalhar em derrubadas de mata em fazendas, para abrir espaços de pastagem - prática frequentemente considerada ilegal, por não haver autorização para o desmatamento.
ok ja perdeu credibilidade. completamente.
mesma coisa que falar que dirigir carro é frequentemente considerado ilegal, por que muita gente não tem habilitação para tal. parei ali. ficou claro o viés da matéria, e as chances de serem fanfict subiram ao teto aliado ao fato de darem um nome ficticio pro "entrevistado". apesar de realmente ainda haver casos reais assim no brasil

mas pela descrição no titulo, o que esse cidadão passou não é "trabalho analogo a escravidão", é escravidão e ponto final. não acho que ninguém são seja a favor disso.
 
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Ken Masters

Mil pontos, LOL!
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É, e isso diz muito sobre a direita né, o fato de que vcs jamais criariam um tópico criticando o trabalho escravo moderno, mas vem nesse aqui pra passar aquele pano pro direito de empresários empregarem pessoas em condições análogas a escravidão.
Está perdendo seu tempo, será difícil vc ver alguém defendendo trabalho escravo.

O pior é que vocês sabem que não terá perseguição a negros, homossexuais, nem terá ditadura, nem trabalho escravo, nem destruição da Amazônia nem nada.

Dos outro lado faremos de tudo pra esquerda nunca mais voltar ao poder.
 

Cielo

Lenda da internet
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Ainda tem um idiota na presidencia que acha que trabalho escravo é definido pela espessura do colchao e distancia entre as camas. Muita gente é explorada por pessoas inescrupulosas que se aproveitam da baixa escolaridade e do grau de vulnerabilidade social para expor pessoas a condicoes degradantes como da materia. E ainda tem libertario que defende uma m**** desse tipo.

Enviado de meu Moto C Plus usando o Tapatalk

pois é, e tem gente que se aproveita de situações e processa empresas, tem picareta em tudo quanto é lado, ninguem é a favor de trabalho escravo ai, mas sim existem fraudes nisso também, o proprio Arthur do Val postou um video no canal dele de uma situação que aconteceu com uma empresa dele, que era bem dizer caracterizada como trabalho escravo.

Ain Estado malvadão atrapalhando os negócios honestos dos capitalistas rurais brasileiros hue eles asseitaram jente LOL nada de errado aqui, quem resgatou eles inclusive são marxistas

trabalho bom mesmo era nos Gulags ne cara?

É, e isso diz muito sobre a direita né, o fato de que vcs jamais criariam um tópico criticando o trabalho escravo moderno, mas vem nesse aqui pra passar aquele pano pro direito de empresários empregarem pessoas em condições análogas a escravidão.

não bicho, qualquer pessoa sensata sabe que isso ai na materia foi muito errado, não precisa ser de esquerda ou de direita, vcs começam a fantasiar com essa historia de passar pano, é inacreditavel.
 
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