Não usamos corda guia neste caso porque não havia perigo de nos perdermos. Não havia túneis, era apenas uma gruta com água bastante profunda mesmo. Quanto a bússolas, é equipamento obrigatório. Conforme você ia descendo, ia ficando mais escuro, de tal forma que em um ponto, tudo que conseguíamos ver eram os feixes de luz das lanternas. Certa feita, todos desligamos as lanternas ao mesmo tempo para ver como ficaria tudo no breu. Não dava para ver nada, muito bizarro.
Quando fechamos os olhos, ou quando está de noite, não é totalmente escuro, a gente percebe e sente um pouco de luz. Neste caso aí da gruta, era ausência total de luz, aí o combo profundidade + breu + possibilidade de movimentação livre me deu uma sensação indescritível de tontura e alucinações. Na realidade, foram alguns segundos, acho que uns 10, mas na minha cabeça a noção de tempo ficou diferente e pareceu mais que tinha sido um minuto daquele jeito.
Para você ter ideia, nesta gruta havia formações cuneiformes que crescem a 1 cm por ano, fruto do gotejamento de material calcário do topo da gruta (a gruta tem 72 metros e você desce de rapel, aí chegando em baixo tem esse local de mergulho). As formações começam no fundo da água e vão crescendo todo ano. Algumas passam de 20 metros de altura e só há 3 locais no mundo em que existe este tipo de formação rochosa. Vou colocar fotos para você ver. Em alguns pontos, a luz do dia ainda alcança a água, mas você vai descendo e vai ficando tudo escuro.
Quanto ao fossil, não pode encostar porque senão você destrói ele. Você consegue ver o esqueleto do bicho direitinho ali no fundo, mas dependendo do movimento você pode destruir a ossada. Parece fácil falando mas na verdade é meio difícil porque mergulha-se com cilindro pesado, roupa desengonçada e vários pesos na cintura, e some-se a isso o escuro: dá pra perceber que tem que manter muita calma e respiração zen para não estragar o rolê rsrsrsrsrs. Mas vale muito a pena!
Dá uma olhada, aqui mostra as diferenças de luz e também as formações rochosas.