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Os países mais prósperos e seguros ainda são os da OCDE, independente de serem colonialistas (Fra, Eua, Gbr) ou não (Nor, Sui, Hol). Isso é fato.
Todos de tradição cristão (católica e protestante), que com o advento do iluminismo passaram à adoção do liberalismo político e econômico, fenômeno que pode estar sendo iniciado em alguns(?) países árabes islâmicos, mas parece que bem incipientemente.
Você fala como se essa adoção do iluminismo fosse algo natural e espontâneo. Como se não houvesse uma revolução violenta que usou do estado para impor a força (terror jacobino). E não foi durante o iluminismo esse crescimento econômico liberal, nessa época nasceu o imperialismo e o protecionismo. O liberalismo econômico é do final do século 19 até o inicio do século 20 até o advento do comunismo bolchevique e do fascismo. O Socialismo surgiu justamente como contra-ponto ao liberalismo e sua vertente mais light como a social democracia.
Sendo bem franco, nem havia pontuado no post, se o advento do iluminismo (e posteriormente, do positivismo) foi pacífico ou não.
Em muitos casos foi imposto mesmo, dado que governos democráticos não eram comuns naqueles tempos (início do sec. XIX), e quando o eram, nem sempre eram nos moldes hoje conhecidos, com o sufrágio universal, por exemplo.
Não parece um ponto de divergência, a priori.
Processos pacíficos de mudança na verdade, são exceção e não regra na história, mas repetindo, esse nem tinha sido o ponto levantado. E não era a intenção que qualquer leitor interpretasse o que tinha postado antes, nesse sentido.
Mesmo por quê não era uma inferência exclusiva à revolução Francesa ou a independência norte-americana, mas um preâmbulo sobre seu advento em outras nações do Ocidente que estavam se formando (por ex. Portugal, a própria França, e as unificações que resultaram na Prússia e na Itália).
Com relação ao liberalismo econômico, os escritos de Locke (considerado pai do liberalismo) remontam ao séc. XVIII, e foi até simultâneo ao avanço do iluminismo, mas isso parece que o Cafetão até já pontuou também.
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Os tais ''pan-arabistas'' não foram financiados/apoiados por presidentes conservadores do Ocidente no passado?
Parece que sim, lógico, não por altruísmo, e nunca existiu essa historinha de levar a "democracia e liberdade" simplesmente, o interesse era o tal ouro negro. E de outro lado, esses países se beneficiaram com construções de estradas, infra-estrutura, energia elétrica e know-how ocidental.
Sem o apoio de lideranças locais isso teria sido possível ? Vamos refletir né.
O pan-arabismo eram nacionalistas (isso é desde os anos 20/30 contra o colonialismo) contrários ao modelo do ocidente desde o começo e seu apoio veio quase sempre da URSS. Não porque eles eram comunistas, mas porque era um contra-ponto na guerra fria. Inclusive o nascimento do neoconservadorismo nos anos 60 veio justamente de judeus comunistas trotkistas que insatisfeitos com o apoio da URSS ao mundo árabe contra o sionismo. O beneficio de estradas e etc foi unica e exclusivamente para o escoamento da produção dessas empresas estrangeiras e não em beneficio da população em si. O Iraque faz isso hoje e não melhorou em nada comparado a época do Saddam Hussein que estava sobre inúmeros embargos econômicos desde a guerra do golfo. A mesma situação do Irã atualmente.
Se não todos, mas algumas lideranças pan-arabistas foram apoiadas, por lideranças ditas conservadoras durante o séc. XX, seja pelos norte-americanos, pelo secretário-geral soviético e até por alguns presidentes americanos (é notório mesmo, esse apoio aos wahabitas da Arábia Saudita, tradicional opositor do Irão no OM).
Lembrando que, se por um lado, o apoio soviético foi aliado dessa causa pan-arabista, contra os colonizadores ocidentais, esse apoio teve seu preço, seja na guerra do Afeganistão (onde dessa vez os Eua apoiaram os nacionalistas de ocasião), seja na anexação de nações muslim á URSS (casos de Arzebaijão e Cazaquistão) por mais de 50 anos, só findando com a queda do bloco soviético.
Sobre os investimentos em IE, pelo que parece ainda existem naqueles países (com ou sem empresas americanas e europeias ''explorando''). E como investimentos, não foram filantrópicos, tinha que ter um uso lucrativo para se pagar também.
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O positivismo surgiu e ganhou proeminência entre as elites econômicas/políticas em uma fase de avanço na l revolução científico/industrial. E naqueles tempos, a Igreja estava dividida como nunca, tanto com a reforma protestante, como pelo fato de já não ter influência política como na época das grandes navegações (séc. XV e XVI).
O cristianismo evoluiu, em vez de se aventurar (por meio da ICAR) em uma nova inquisição, a reforma protestante havia chegado de vez, e se adaptar a tempos de maior liberdade foi uma evolução.
Impor o catolicismo como religião oficial só retardaria uma nova insurreição, talvez mais definitiva pra Roma, pois não existe credo de fato, se não há consentimento de fato.
Provavelmente não é só a liberdade em nações de formação cristã que, deu brecha pra conflitos em seus territórios, mas um avanço de ideias estranhas como os conceitos de Luta de Classes e da Teoria Crítica, no início do séc. XX nesses mesmos países.
O que seriam conquista e responsabilidade (como o sufrágio do voto feminino), derivaram para lutas de reparação (com o bonito nome de Justiça Social), que marca o feminismo de hoje.
Você mistura alho com bugalhos. A "revolução gloriosa" foi no século 16 no estandarte do protestantismo e o iluminismo foi no Século 18. Existe um bom intervalo de tempo, apenas dois fodendo séculos. Você fala como se o primeiro fosse um processo pacifico e não violento, inclusive se tornado a religião do estado (reino) naquela época, não havia liberdade religiosa. Cada rei adotou o que era conveniente, luteranismo, calvinismo ou anglicanismo e impôs a força. Os puritanos perseguidos na Inglaterra anglicana que imigraram para a América formaram as 13 colonias, não foi culpa dos católicos "obscurantistas da ICAR e sua inquisição".
A privatização da fé só começou depois com o iluminismo e o surgimento dos "déspotas esclarecidos" e ainda sim cada país tinha sua religião oficial. Não tem como defender a liberdade sem relativismo. Uma vez que não existe verdade absoluta... Vamos analisar o modelo politico conservador de matriz anglo-americana que basicamente conserva a revolução liberal (um progressismo lento e gradual) e o legalismo jurídico (bem diferente dos conservadores de outros países da Europa).
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Você fala das "conquistas do sufrágio universal" do voto feminino (não é por menos que a esquerda ama jovens e mulheres, seu eleitorado cativo), mas os homens só começaram a ter o direito de votar 10 anos antes.
Menos, sem confusões. O reformismo de Estado britânico se deu no séc. XVII (e não XVI), com influência do advento do protestantismo frente à influência da ICAR (que redundou na criação da Igreja Anglicana, da qual o monarca britânica é chefe até hoje).
E, retomando o que havia postado, o positivismo surgiu (depois do iluminismo) no escopo do enfraquecimento da influência católica e proeminência do protestantismo emergente (redudante), isso no séc. XVIII (um processo lento, mas contínuo).
Com os triunfos da oposição ao catolicismo (dos protestantes) em Londres, e depois, findando na revolução de Independência dos Eua, muito da influência da doutrina de Roma foi diminuída/excluída, até por não haver (ou haver de modo não-compulsório) doutrina protestante versando sobre economia e política, por exemplo.
Um espaço tal que já estava engatilhado para o avanço do iluminismo (filho do renascentismo, sobrinho da imprensa moderna, pai do positivismo e irmão da democracia ocidental) avançar, como avançou e influenciou movimentos de independência, sobretudo nas Américas, Brasil inclusive.
P.s. E convém precaução ao ''misturar ingredientes'' da cozinha, no caso, a menção a Santa-Sé, foi sua influência em um catolicismo mais inflexível (sobretudo nos reinos de Espanha e Portugal) como defesa da fé, pós-cruzadas (que tanto protegeria a península do islamismo de Cartago, quanto dos judeus, que cada vez avançavam mais sobre os reinos europeus).
O protestantismo teve seus méritos e preços a pagar; não fazer a reforma, também, onde talvez retardasse muitos avanços nos campos do desenvolvimento político e econômico de muitos países que estavam sob o colonialismo europeu.
Então engendrar uma contra-ofensiva sobre os países europeus que estavam aderindo ao protestantismo (ou já o tinham feito) já não era factível pra Roma, nem no séc. XVIII e muito menos no XIX. Bem como sobre relativismo e sufrágio, enfim, o preço da liberdade é a convivência de diferentes.
Não existe mesmo almoço grátis.
Sobre os pontos citados pelo confrade sobre as agendas democrata vs. gestões republicanas nos Eua, são interessantes, pois esses partidos passaram por grandes mudanças estruturais no que tange aos conceitos que defendiam há cem anos por exemplo ( por ex. a KKK nasceu no meio de governos democratas, algo impensável hoje); é um tema que pode ser desenvolvido realmente.