sebastiao coelho neto
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a maioria aqui nem passou por isso. ou se passou, nem lembra. E por mais que detestem, por convicção ou por influência, o maior responsável pelo fim da inflação foi o ex-presidente FHC.
Quem tinha idade pra saber o valor do dinheiro sabia do sufoco que era. assim que recebia dinheiro, tinha que gastar tudo na hora, porquê na semana seguinte o negócio já estava mais caro. Todo dia eu ligava pra casa de câmbio pra saber a cotação do dolar. Eu tinha que ligar de manhã, porquê de tarde já tava mais caro. Usar cartão de credito era coisa de doido ou de gente muito rica, sem falar que não existia cartão internacional. Poucos vendiam com boleto bancário. as multas por atraso de pagamento era de 20% do valor no mínimo. E se fosse comprar com cheque pre-datado, o acréssimo podia chegar à 50%. A inflação media entre 1990 a 1994 era de 764%. Entre 1995 a 2000 a média anual já era de 8,6%.
Trecho da entrevista dele na folha de S.Paulo:
somente assinantes do jornal podem acessar a entrevista completa.
Quem tinha idade pra saber o valor do dinheiro sabia do sufoco que era. assim que recebia dinheiro, tinha que gastar tudo na hora, porquê na semana seguinte o negócio já estava mais caro. Todo dia eu ligava pra casa de câmbio pra saber a cotação do dolar. Eu tinha que ligar de manhã, porquê de tarde já tava mais caro. Usar cartão de credito era coisa de doido ou de gente muito rica, sem falar que não existia cartão internacional. Poucos vendiam com boleto bancário. as multas por atraso de pagamento era de 20% do valor no mínimo. E se fosse comprar com cheque pre-datado, o acréssimo podia chegar à 50%. A inflação media entre 1990 a 1994 era de 764%. Entre 1995 a 2000 a média anual já era de 8,6%.
Trecho da entrevista dele na folha de S.Paulo:
FOLHA - A que o sr. atribui o sucesso do Plano Real?
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO - Houve várias experiências antes do Real e aprendemos com elas a enfrentar a inflação. Aprendemos com os erros. A sociedade se cansou da inflação. As pessoas sentiram que era necessário mudar e que a mudança era possível. Depois, tomamos a decisão certa de fazermos um plano tecnocrático. Nos planos anteriores, as pessoas acordavam e liam no “Diário Oficial” que tudo tinha mudado. Nós tomamos a decisão oposta. Nós fomos à mídia explicar o plano de uma forma muito didática e a população entendeu.
FOLHA - Houve resistências?
FHC - Meus amigos economistas, na época subordinados, achavam que seria difícil a implementação do plano. Alegavam que o governo era fraco, tinha acabado de ocorrer o impeachment e o Congresso estava desorganizado com a crise dos anões do Orçamento. Minha posição era o contrário. Com o Congresso em desorganização e como o governo não tinha muita unidade naquele momento, foi possível uma certa hegemonia e tocar o plano adiante. O Congresso estava sem força, e o governo, procurando uma tábua de salvação. Havia muita gente, inclusive do governo, que queria o controle de preços e que se prendessem supermercadistas. Muitos defendiam a volta dos fiscais do Sarney. Mas não tiveram força para nos opor. Recebemos um apoio amplo de todos os setores econômicos e da mídia. Foi difícil ficar contra o plano. O PT e a CUT saíram com o slogan “Real é pesadelo, não é sonho”, mas imediatamente tiveram que tirar das ruas. As pessoas sentiram logo o aumento do poder aquisitivo, a vantagem de seus salários serem reajustados automaticamente. Logo depois do Real, o consumo cresceu imensamente com a queda da inflação. No início de 1995, a economia crescia a taxas anualizadas acima de 12%. Tivemos até que brecar esse crescimento. Como ocorre agora, se largar demais a economia sem investimento, vai haver problemas lá na frente.
FOLHA - Qual foi a principal marca deixada pelo Real?
FHC - O Real deu sentido de proporção. Ninguém sabia o valor de nada. As pessoas aprenderam, por exemplo, o valor da moeda. Aprenderam que não se pode endividar além de um certo limite. Foi o Real que possibilitou, por exemplo, a Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas as pessoas acham que a estabilização está garantida, e não está. É um trabalho permanente. Quantos anos levamos a chegar a esse ponto? Não houve milagre. Foi preciso trabalhar nos fundamentos, refazer orçamentos, ajustar os gastos públicos, o câmbio. Veja que só agora estamos conseguindo baixar as taxas de juros. Quando se tem uma economia doente e inchada como a nossa, a cura não é rápida. Você faz a operação e tem que ajustar todo o corpo à nova situação. Isso já está mais enraizado, nós aprendemos isso, mas mesmo assim neste exato momento as pessoas não estão prestando atenção aos aumentos de gastos públicos. Há uma certa anestesia geral. Não se pode fazer qualquer coisa na economia.
somente assinantes do jornal podem acessar a entrevista completa.