Corregedor da Justiça Eleitoral instaura 2 ações ligadas à campanha de Bolsonaro
Com o segundo turno das eleições presidenciais no Brasil, em 28 de outubro, a declaração foi vista como um contraponto à onda de entusiasmo dos investidores que saudou a candidatura de Jair Bolsonaro
O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Jorge Mussi, decidiu instaurar mais duas Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aijes) contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e seu candidato a vice, Hamilton Mourão. As ações foram propostas pela Coligação Brasil Soberano (PDT/Avante) e pelo PDT com base em reportagem da Folha de S.Paulo que aponta que o candidato do PSL estaria se beneficiando da ação de empresas de disparo de mensagens em massa via WhatsApp, contratadas por empresários que o apoiam.
Em uma das ações instauradas hoje, a Coligação Brasil Soberano pede que Bolsonaro seja declarado inelegível para estas eleições e pelos próximos oito anos, com a declaração de nulidade de seus votos e convocação de novo pleito.
De acordo com informações divulgadas pelo TSE, entre os argumentos apresentados, a coligação afirma que todos os candidatos que disputaram a eleição presidencial no primeiro turno foram prejudicados, “já que o aporte financeiro das pessoas jurídicas trouxe um flagrante desequilíbrio entre a paridade das armas dos concorrentes”. A coligação pede liminar para que Bolsonaro, o empresário Luciano Hang, da rede Havan, e todas as empresas de impulsionamento de mensagens citadas na reportagem sejam proibidos de praticar qualquer ato de divulgação de mensagens pelo WhatsApp ou qualquer outra rede social. Essa liminar foi negada pelo corregedor, segundo o TSE.
O ministro Mussi observa que o pedido de suspensão de uso de WhatsApp e redes sociais pelo candidato e empresários tem caráter genérico, “haja vista a amplitude dos termos da postulação e a circunstância de estar toda a argumentação desenvolvida pela representante assentada em matérias jornalísticas, cujos elementos não ostentam aptidão para, em princípio, nesta fase processual de cognição sumária, demonstrar a plausibilidade da tese em que se fundam os pedidos e o perigo de se dar o eventual provimento em momento próprio, no exame aprofundado que a regular instrução assegurará”.
Na decisão de hoje, o corregedor determinou a notificação de Bolsonaro e as empresas para apresentarem defesa em cinco dias, a exemplo do que já tinha sido decidido na última sexta-feira, 19, quando o ministro deu andamento a outra ação também baseada em fatos apontados pela reportagem da Folha de S.Paulo, essa apresentada pela Coligação O Povo Feliz de Novo, do candidato Fernando Haddad.
Em entrevista ao
Estadão/Broadcast publicada no último dia 6, na véspera do primeiro turno, Mussi disse que a Justiça Eleitoral “atuará com serenidade e firmeza para coibir toda e qualquer conduta que puder atentar contra o regime democrático, a lisura e a normalidade do pleito e a igualdade de oportunidades entre os candidatos”.
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Bolsonaro consegue apoio robusto nas ruas antes do segundo turno
Apoiadora de Bolsonaro participa da manifestação em Copacabana
O militar reformado e candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) recebeu neste domingo uma amostra robusta de apoio popular, a uma semana do segundo turno presidencial, que, segundo as pesquisas de intenção de voto, dará a ele uma vitória inédita da extrema direita no Brasil.
Seus apoiadores se mobilizaram em várias localidades do país, entre elas a Praia de Copacabana, Rio de Janeiro, onde as palavras de ordem em defesa de sua candidatura se alternaram com as de repúdio à esquerda, a violência e a corrupção. Bandeiras do Brasil tremulavam enquanto a multidão saudava com cantos e danças sua provável vitória.
Os “bolsonaristas”, vários deles vestindo camisetas pretas com a figura do candidato estampada no peito, estenderam uma longa bandeira no chão, em que se lia “Não aceitaremos fraude”.
Vencedor no primeiro turno, com 46% dos votos, Bolsonaro é o grande favorito para vencer o segundo turno, no próximo dia 28, contra o esquerdista Fernando Haddad (PT), que teve 29% dos votos.
– ‘Um soldado e um cabo’ –
As polêmicas voltaram a rondar Bolsonaro neste domingo, com a divulgação em massa de um vídeo em que seu filho Eduardo, deputado federal mais votado no primeiro turno, afirma que “basta um soldado e um cabo” para fechar o Supremo Tribunal Federal.
A declaração foi feita durante uma conferência no começo de julho, em resposta a uma pergunta sobre a possibilidade de o STF impugnar a candidatura de seu pai, um nostálgico da ditadura militar (1964-1985).
O vídeo motivou um pedido de desculpas do deputado e reações indignadas de políticos. Jair Bolsonaro desautorizou as palavras de seu filho, enquanto Haddad chamou o adversário de “chefe de uma milícia” e redobrou as críticas ferozes ao candidato do PSL por sua recusa a participar dos debates na TV.
– ‘Sem solução eficaz’ –
Na reta final da campanha, Bolsonaro está no centro do escândalo pelo suposto apoio ilegal que recebeu de empresários que financiaram o bombardeio de mensagens contra o PT no aplicativo WhatsApp.
Em entrevista coletiva neste domingo, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Rosa Weber, e o ministro da Segurança Pública, Raúl Jungmann, disseram que as investigações abertas após as revelações feitas pelo jornal “Folha de S.Paulo” estão sob sigilo e avançam no tempo da Justiça, sem dar detalhes sobre suas possíveis consequências.
Rosa insistiu na confiabilidade do voto eletrônico, questionada no primeiro turno por Bolsonaro, e afirmou que não houve falha da Justiça eleitoral no combate às notícias falsas que circulam sem controle pelas redes sociais.
“Todos sabemos que a desinformação é um fenômeno mundial. Gostaríamos de ter uma solução pronta e eficaz. Não temos”, assinalou.
Bolsonaro negou envolvimento com as supostas irregularidades. O caso não abalou seus apoiadores: “Foram 27 anos de parlamentar sem corrupção. É um homem íntegro, honesto, os políticos corruptos querem a cabeça dele”, afirmou o empresário do setor de transportes Alberto Menezes, 48, em Copacabana, após assinar a bandeira de apoio ao candidato do PSL.
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