Landstalker
Lenda da internet
- Mensagens
- 19.356
- Reações
- 39.663
- Pontos
- 1.584
The Evil Within 2 foi apresentado na E3 de 2017, foi um grata surpresa pra muitos, na época, eu nem sequer tinha jogado o primeiro mas fiquei entusiasmado pelo trailer dessa sequência e partir a conferir os jogos após o lançamento desse segundo.
TEW foi um belo jogo num período onde a Capcom estava incerta com o seus Resident Evils, vindo de uma sexta versão da saga principal onde apesar de ter vendido bem, o jogo foi uma bomba em críticas, eu mesmo nem sequer tive saco de jogá-lo por demasia, fiquei apenas com os outros títulos da série e retornando aos Revelations e o sétimo. Então, o TEW conseguiu trazer um jogo onde trouxesse elementos novos e ao mesmo tempo cativasse os jogadores da franquia da Capcom. Agora será que a com sequência desse jogo a Tango conseguiu fazer um jogo superior ao primeiro? É isso que vamos ver.
Uma abordagem nova ao velho estilo
Uma das coisas que chamou a atenção de muita gente nessa sequência e que ela se passaria num mundo aberto ou uma boa parte dele assim seria, o que de fato aconteceu, mas não vá pensando que aqui teremos um mundo apocalíptico e grande como é, por exemplo, no Dying Light. Sistematicamente até poderíamos considerar TEW2 como mundo aberto, mas apesar de você passar horas vasculhando cada canto dele a procura de itens, ele é bem pequeno na verdade.
A situação agora se passa na cidade de Union, mais uma das cidades criadas pela STEM. A cidade começou a entrar em colapso e o seu mundo se fragmentou em pedaços, então começamos o jogo num desses pedaços que é, na minha opinião, a parte mais interessante do jogo. Ao longo do jogo teremos que usar terminais via Medula para nos deslocarmos para o restante da cidade.
O jogo trouxe mais esse elemento de procura, vasculha, exploração que o primeiro, mas, ao mesmo tempo, ele perdeu bastante com uma ambientação mais simples, menos carrega e, principalmente, menos onírica.
E esse problema não é inerente ao fato do jogo ser um semi mundo aberto, acredito que como alguns usuários do Reddit que eu estava lendo comentaram, o jogo se ocidentalizou mais, a prova disso que ele parece querer agradar a uma faixa de público maior, a própria dificuldade do jogo foi drasticamente reduzida, sendo o modo nightmare do TEW2 (o modo hard do jogo) bem mais fácil que modo survival (normal) do primeiro game, sem exagero, se você jogar no modo normal parece um passeio de domingo no parque, o jogo quase que se resume o seu desafio em ficar coletando itens e maximizando as suas habilidades, a dificuldade inerente das batalhas, momentos tensos ou chefes é muito branda se comparada com o primeiro game.
Como opinião pessoal, eu acho esse um ponto negativo do game, não que eu acho que ele deveria seguir com a mesma dificuldade do anterior, mas também não poderia suavizar tanto como foi esse segundo.
Volta de velhas armas, mas pioradas.
O arsenal do TEW2 é composto basicamente das mesmas armas de forma semelhante ao primeiro, até a velha e boa Magnum encontramos aqui, mas a grande arma icônica da série, a besta, sofreu modificações fazendo dela uma arma mais sem graça que no primeiro jogo. O seu manuseio é mais complicado, menos preciso e até mesmo parece mais nerfada. A shotgun dificilmente vai conseguir levar mais de dois inimigos ao mesmo tempo pro chão, raramente eu consegui fazer isso aqui, ela mais parece uma arma mono target que multi-target, e acredito que não seja um problema meu de mira.
As mecânicas de fósforos foram retiradas nesse jogo, o que eu senti falta, gostava do uso deles. Também não acharemos traps como foi no primeiro, elas ainda existem aqui mas num número extremamente reduzido, mesmo se você jogar nas dificuldades mais altas e até a sua mecânica funciona de forma diferente, sendo que algumas traps no cenário funcionam para lhe ajudar e não lhe atrapalhar.
O quadro de habilidades mudou, até melhorou, pra dizer a verdade. Agora o modo stealth sofreu um cuidado melhor, tendo várias habilidades que podem ser melhorados especificas pra ele, o que é muito bom já que o primeiro jogo dependia de stealth e não tinha nada especifico para melhorá-lo, o segundo, por sua vez, depende ainda mais de stealth e traz habilidades que podem aprimorar essa característica da personagem principal que continua sendo Sebastian Castellano.
Menos onírico, menos viajado
A impressão que me deu é o que jogo é mais direto, talvez tentando contar uma história de forma mais linear, reta e menos viajada que o seu antecessor. Pra quem se cansou da forma viajada do primeiro poderá se sentir mais aliviado nesse que apesar, de ter suas emoções de "loucura" é de uma forma mais parcimoniosa e contida. Basicamente o jogo na tem na verdade menos cutscenes, menos momentos de diálogos e situações que parece avançar a história, você começa boa parte do tempo seu tempo preso numa parte de Union e o seu objetivo é alcançar as outras partes da cidade e o jogo se estende nisso quase que até o final.
Eu não senti peso narrativo em nenhum momento, a impressão que me deu é que o jogo se tornou mais água com açúcar até mesmo na sua história. Aqui temos Castellanos novamente em ação, dessa vez para uma história mais intimista já que o núcleo da STEM é agora a sua filha que foi rapta pela Mobius e está servindo como base desse experimento maluco. É notável perceber que em alguns momentos eles tentaram beber um pouco de The Last of Us, mas na minha opinião, enquanto isso foi mérito do TLoU, aqui não chega a ser um demérito, mas não consegue contar uma história com o mesmo peso narrativo que o exclusivo da Sony, isso é fato.
Um ponto positivo é que, mesmo tendo uma história para tentar agradar a maior parcela das pessoas, aqui o jogo consegue em contrapartida se desvincilhar da série Resident Evil, TEW consegue ter mais a sua própria identidade, mais a sua cara, referências continuam existindo mas foram sumarizadas dando passagem a um TEW mais "original", o que por um outro lado não quer dizer necessariamente que esse jogo é melhor que o antecessor, pra mim não é mesmo, o jogo pecou em se tornar mais superficial, com uma atmosfera menos engajante, uma história talvez mais acessível mas igualmente boba e com uma dificuldade leite com pera. Apesar disso, o jogo é bom e tem um gameplay mais gostoso que o primeiro, a sua mecânica e jogabilidade sofreu um bom progresso, o stealth passou a ser mais relevante, principalmente se você curte desse estilo de jogo, e a própria jogabilidade é mais natural e prazerosa, mas tudo isso a quê custo?
Veredito Final
The Evil Within 2 continua sendo um bom jogo, a franquia consegue se estabelecer no mercado, mas não é exatamente o que boa parte dos fãs estava esperando. O jogo se tornou mais "frouxo" para poder agradar a uma parcela maior do público. Esqueça aqui completamente os elementos de terror, esqueça aqui dificuldades aloprantes e penosas, esqueça ambientação e clima de dar um frio na espinha, o jogo se embargou na onda dos mundo aberto sem conseguir entregar um jogo de mundo aberto digno desse estilo. A exploração, contudo, aumentou e é mais recompensadora, você basicamente terá que explorar todo o mapa se quiser maximizar suas habilidades, itens e equipamentos.
No entanto, a tomada de decisão de um open world como um todo é notável perceber que é uma situação EXTREMAMENTE CONVENIENTE À EMPRESA DESENVOLVEDORA para nos entregar um jogo menos ousado que o primeiro, menos conteúdo, mais fácil deles administrarem, afinal, mundo semi-aberto como desse jogo exige um leval design mais simples, menos inspirador e ousado. TEW tinha um cenário mais rico, uma variedade muito maior de situações, cenários, ambientes e reviravoltas que o segundo jogo, a impressão que deixa é um amargor na boca, algo que poderia ter sido mais e não foi.
O jogo só não é ruim porque tem uma exploração boa, mecânica boa, jogabilidade boa e tecnicamente ele supera o primeiro, mas em termos criativos e de ambientação, ele deixa a desejar. Nenhuma Boss Fight aqui é memorável, até mesmo a do lunático megalomaníaco que não vou dar muitos spoilers para não estragar a pouca experiência que esse jogo pode lhes trazer.
A sensação que se tem aqui é que TEW2 poderia ser glorioso, mas não foi por decisões meramente comerciais. Se a ausência de Mikami como diretor da série repercutiu nisso ou não eu já não tenho capacidade de dizer, mas certamente é um jogo que poderia ter sido melhor trabalhado e não foi.
NOTA FINAL: 7,5 / 10 (bom)
+ Tecnicamente superior ao primeiro;
+ Mundo semi-aberto trás uma identidade nova à série;
+ Tenta ser mais TEW e menos Resident Evil;
+ História mais objetiva, menos viajada;
+ Stealth ganhou mais importância, com habilidades de aprimoramento pra esse estilo de jogo;
+ Explorar partes de Union é interessante;
+ Sebastian tá mais carismático que no primeiro jogo, mais humano, mais sofrido;
+ Totalmente em PT-BR (áudio e texto), dublagem brasileira É RAZOÁVEL;
- História mais acessível, porém, boba, tenta ser TLoU em alguns momentos, mas falha nesse quesito;
- Terror, cadê?
- Jogo menos ousado que o primeiro, com mecânicas de cenários mais simplórias;
- Ambientação menos variada e menos imersivas;
- Boss Fights sem grança até mesmo aquelas que o vilão foi razoavelmente bem construído;
- A Besta aqui tá uma besta mesmo, desnecessariamente mais difícil de manejá-la que no primeiro jogo;
- Jogo leite com pera, dificuldade nightmare (hard) é mais fácil que o survival (normal) do primeiro.
- Performance deplorável no PC, tente a versão PS4, foi a que eu zerei.
Plataformas: PS4 (jogado e zerado), PC (jogado)
Ultima Edição: