A comparação é a partir de 150 casos de cada.
Em relação a tempo, nossa comparação é 1 mês atrás com itália e 2 semanas atrás com os eua.
Fora isso não tem como fazer analogia mais nenhuma, dos meio milhão de testes da china que chegaram e subiram nosso padrão, todos sao testes de 15minutos.
"Muitas viaráveis"
Você tem dificuldade de entender o que são os testes rápidos.
Pra começar (tudo bem, isso você não poderia adivinhar) maioria desses testes rápidos dessa leva que chegou esta semana não foi distribuída ainda, ou pelo menos não foi usada. Eu sei porque estou esperando eles chegarem e, acredita em mim, vão chegar aqui muito antes de chegarem na maior parte dos lugares. Quem recebeu está planejando o que fazer com eles (porque está longe de ser óbvio... já vou tentar explicar pra você). Certamente não estão sendo utilizados testes rápidos a rodo nos últimos dias no Brasil.
Agora o que você não entendeu:
Esses testes não são a mesma coisa que os testes moleculares (que, aliás, são uma bela m**** da maneira que são aplicados).
São testes sorológicos. Dão resultado positivo depois de mais tempo de doença.
Qualquer um que testar positivo pros testes rápidos já teve tempo de produzir anticorpos para a doença, o que acontece depois de mais tempo depois do contágio e início de sintomas. Por isso não serão de maneira nenhuma usados em porta de pronto socorro pros caras que chegam com sintomas naquele momento.
A idéia dos testes rápidos é tentar diagnosticar os casos graves hospitalizados (depois de um tempo razoável de doença e se for fazer alguma diferença confirmar o diagnóstico sorológico, o que ainda é uma dúvida) e principalmente reduzir o tempo de afastamento dos profissionais de saúde (esperar alguns dias depois do início de sintomas e testar, se negativo a idéia seria voltar ao trabalho mais cedo). Não vão de jeito nenhum ser usados como substitutos dos testes moleculares pra diagnosticar casos novos.
No futuro, quando tivermos milhões de testes rápidos a idéia seria testar grandes pedaços aleatórios da população pra entender o tamanho da epidemia no país, planejar ações, recalcular a mortalidade etc.
Quando começarmos a utilizar esses testes rápidos que você fica citando, vai ser pra diagnosticar infecções que já tiveram tempo de gerar anticorpos. Provavelmente com não menos de duas semanas de contágio e provavelmente pra maioria com mais tempo que isso. Vai ser como olhar pra trás e encontrar casos de mais de duas semanas atrás que não tiveram diagnóstico confirmado (por não ter testado ou pelo fato de os testes moleculares em ruins). Não vai dar pra usar esses dados pra acompanhar a evolução do número de casos novos.
Os casos novos seguirão sendo confirmados por testes moleculares (que são uma m****) e os casos graves diagnosticados (mas não confirmados por enquanto) por tomografia.
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Não tem a ver com a confusão do cara, mas vou explicar por que digo que mesmo os testes moleculares são ruins do jeito que são aplicados hoje (não que tenha muito jeito melhor).
Ninguém nunca viu tanta tomografia típica da doença em lugar nenhum do Brasil em época nenhuma. De uma hora pra outra. De repente um monte de tomografia com o mesmo padrão que até um mês atrás era muito raro. Hoje é muito comum em todo lugar. Uma boa parte dos doentes com essas tomografias tem resultado negativo no teste molecular.
Aí você olha as séries de casos publicadas: o teste molecular como é feito na maioria das pessoas (swab nasal e de orofaringe) tem sensibilidade de cerca de 60%. Uma tomografia típica tem sensibilidade de mais de 90% pra casos graves.
Ou seja: muitos casos deixam de ser confirmados pelo teste molecular mesmo se tiverem acesso ao teste. Até cerca de 40% dependendo da série publicada. Pior: se a coleta for inadequada a sensibilidade piora (e devo lembrar que a maioria das pessoas que colhe o material não foi adequadamente treinada pra isso).
Tem muito caso subnotificado mesmo nos lugares onde se consegue teste em 100% dos pacientes. Com falta de testes então, não faz nem muito sentido olhar o número oficial.
Faria muito mais sentido acompanhar internações de casos suspeitos, tomografias típicas ou mesmo mortes suspeitas.