Nos artigos da série Da Frigideira, o Omelete dá suas primeiras impressões sobre filmes aguardadíssimos no calor da saída do cinema. Esse tipo de crítica-relâmpago andava meio sumida aqui, mas não há produção melhor para retomar essa prática que X-Men - Primeira Classe. Afinal, trata-se do quinto filme da franquia X-Men, importantíssima para o estabelecimento dos filmes de quadrinhos como o mais lucrativo gênero do cinemão hollywoodiano.
Com Bryan Singer de volta ao comando - ele co-escreveu o roteiro e foi produtor-executivo do filme dirigido por Matthew Vaughn - a nova aventura mutante retorna às origens da criação de Stan Lee e Jack Kirby. O filme se passa em 1963, exatamente um ano depois da chegada às prateleiras da edição número um de X-Men (1962) - e faz valer a estética da época em cada cenário e figurino e também ao ficcionalizar fatos históricos amplamente conhecidos.
Chega a ser irônico que o mesmo cineasta que deu aos personagens uniformes de couro e enorme sobriedade agora busque as cores e a estética sessentista dos quadrinhos (a chamada "Era de Prata" da Nona Arte), mas a opção é extremamente certeira. Afinal, todos os temas clássicos da franquia estão lá, mas X-Men - Primeira Classe é um filme de aceitação, tanto dentro da trama como fora dela: é uma adaptação extremamente segura em sua opção de ser super-heróica, colorida e divertida e ao mesmo tempo absurdamente competente em termos de elenco. James McAvoy (Charles Xavier) e Michael Fassbender (Erik Lehnsherr) seguem os passos de Patrick Stewart e Ian McKellen, mas têm muito mais com o que trabalhar, já que o roteiro - que conta o primeiro encontro e o início da amizade dos antagonistas - é muito mais centrado em personagens do que qualquer um de seus antecessores.
Não só eles, mas todos os coadjuvantes encontram seu espaço. Especialmente Jennifer Lawrence (Mística) e Nicholas Hoult (Fera). Mas devo dizer que uma determinada cena com Caleb Landry Jones (Banshee) falou diretamente com o moleque de 7 anos que lia as aventuras dos X-Men na saudosa Superaventuras Marvel. O uniforme amarelão com os planadores listrados, o grito sônico, uma ilha tropical com palmeiras ao fundo... Foi como se eu estivesse de volta a meados de 1980, quando Krakoa era a grande ameaça da qual os novos X-Men precisavam livrar seus antecessores, iniciando uma nova fase nos quadrinhos. Nostalgia pura.
O fã mais "experimente" deve gostar também das inúmeras referências a outros mutantes e personagens importantes para sua história, que não estragaremos aqui. Mas vale dizer que, além dos uniformes e codinomes, outros ícones importantes dos quadrinhos, como Cérebro, a Sala de Perigo e o Pássaro Negro também ganham suas origens aqui.