“Mocinhas” antes da hora: puberdade precoce atinge 10 vezes mais meninas
20 de outubro de 2017
- por Gustavo Gouvêa
Antes que Lívia completasse nove anos, a mãe dela, Patrícia Pertel, já começava a perceber algumas alterações em seu corpo que não estavam adequadas à sua idade. “O corpo dela já estava bem avançado e o sinal mais visível eram as mamas. Não tinha noção do que estava acontecendo e fiquei preocupada”, relatou Patrícia. Tratava-se da puberdade precoce, uma disfunção que se caracteriza pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais de forma acelerada e antes da fase considerada normal, que nas meninas é de 8 a 13 anos e nos meninos de 9 a 14 anos.
Como aconteceu com Lívia, nas meninas, os sinais da puberdade precoce são o aparecimento de mamas e/ou de pelos pubianos antes do período normal da puberdade e nos meninos, nos quais os casos da disfunção são mais raros, ocorre o aumento do pênis e/ou dos testículos, além do aparecimento de pelos pubianos antes dos nove anos de idade. Nas meninas, a incidência pode ser de 10 a 23 vezes mais frequente do que em meninos, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Patrícia admite que, devido à correria do dia a dia, demorou um pouco a entrar em contato com a pediatra, após perceber as mudanças no corpo da filha. A demora no diagnóstico pode acarretar em baixa estatura na vida adulta – apesar do crescimento precoce acelerado – além de impactos psicológicos e sociais, como explica o doutor Luis Eduardo Calliari.
“As crianças que apresentam desenvolvimento dos caracteres sexuais precocemente devem ser examinadas, e, em muitos casos, precisam ser tratadas. O principal objetivo do tratamento é impedir que a criança chegue à puberdade antes do tempo e possa, assim, manter seu desenvolvimento cronológico compatível com a idade óssea. As crianças mais desenvolvidas do que colegas da mesma idade podem desenvolver problemas de ordem psicológica e social, como depressão e discriminação. O diagnóstico e o tratamento precoces impedem o desenvolvimento, e previnem estas consequências indesejáveis”, alertou Calliari, que atua no Departamento de Pediatria da Santa Casa de São Paulo.
TratamentoA pediatra de Lívia a encaminhou para uma endocrinologista pediátrica – especialização adequada para tratar a puberdade precoce. “Ela pediu correndo os exames de sangue e ultrassom e descobrimos que a puberdade dela já estava bem avançada, e já estava prestes a entrar no ciclo menstrual. Tivemos que bloquear logo e, portanto, entramos com a primeira injeção (de hormônios) em dezembro de 2015”, contou Patrícia, evidenciando que o tratamento da filha começou sete meses após ela completar nove anos de idade.
Lívia tomou a última injeção de hormônios – que foi fornecida pelo Estado – no mês de julho e, hoje, com 11 anos está com o crescimento normalizado para a idade. Ela não passou por problemas de ordem psicológica ou social, graças ao diagnóstico, tratamento e atenção dos pais. “Quando descobrimos o problema, ficamos preocupados. Tinha medo de que até a injeção pudesse acarretar problemas para ela. Mas fizemos os exames, o crescimento dela está normalizado e ela não teve problemas relacionados a bullying na escola.
Lidando com a disfunçãoReceber a notícia da puberdade precoce muitas vezes é difícil para os pais. No caso do pastor Aguiar Netto, foi em uma consulta de rotina no pediatra que ele descobriu que a filha, então com nove anos, apresentava a disfunção. “A pediatra observou que ela estava com muitos pelos já nascendo e estava muito novinha. Nossa reação foi ficar preocupado, porque a doutora disse que isso poderia retardar o crescimento dela e poderia vir a menstruação muito novinha, com 9 anos de idade”, relatou.
Já no caso de Patrícia, foi mais difícil para o pai de Lívia digerir a situação. “O pai ficou mais preocupado naquela questão de ‘perdi a filhinha’, ‘a menininha dele estava crescendo’ e isso deu um baque nele. Mas conversamos com a médica, ela nos instruiu e tirou aquele ‘bicho de sete cabeças’ de nós. Isso nos acalmou”.
De acordo com a endocrinologista pediátrica Ângela Maria Spinola, um dos fatores de tratamento da puberdade precoce é justamente aliviar a ansiedade dos pais, além de promover, também, um ajuste psicossocial da criança. “O tratamento da puberdade precoce depende de sua causa. Visa a regressão ou estabilização dos caracteres sexuais secundários e retorno do ritmo de crescimento da criança aos padrões considerados normais. Com o monitoramento constante e tratamento adequados, a criança pode voltar a ter um crescimento e desenvolvimento compatíveis com sua idade cronológica”, explicou.
Tanto no caso da filha do pastor, quanto no caso de Lívia, a orientação dos médicos para os pais foi fundamental para que eles pudessem lidar com os filhos em relação à disfunção. “Nós fomos muito bem orientados pela doutora. Nós falamos com ela (filha), explicamos e orientamos e, graças a Deus, ela não teve nenhum tipo de problema físico ou psicológico. O tratamento foi muito bom. A primeira menstruação dela veio aos 12 anos e hoje ela tem 14”, explicou Aguiar, esclarecendo que o tratamento da filha, a exemplo do de Lívia, foi feito com injeções mensais de hormônios.
Matéria de 20 de outubro, assunto atual.
Mas, logo abaixo uma reportagem de 3 anos atrás fala dos riscos de abordagem sexual nessas crianças, que podem ter o corpo desenvolvido mas não a psiquê.
Puberdade precoce pode trazer consequências físicas e psicológicas
Puberdade precoce pode trazer consequências físicas e psicológicas
Crescimento da mama, aparecimento de pelos nas axilas e na região pubiana, menstruação, mudança do tom de voz são sinais comuns da puberdade. Os que estão relacionados às meninas aparecem, normalmente, entre os 8 e os 14 anos; nos meninos, eles despontam entre os 9 e os 15 anos.
A transformação natural do corpo humano já é uma fase que requer acompanhamento. Quando ela ocorre de forma precoce, às vezes aos 5 anos, os reflexos podem ser físicos, como a interrupção do crescimento, mas também psicológicos.
Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) identificou um gene relacionado à doença que pode antecipar o diagnóstico e facilitar o tratamento, informa a Agência Brasil de Notícias.
A pesquisadora Ana Claudia Latronico, que atua na área de genética de doenças endócrinas, percebeu, ao longo dos mais de 20 anos de carreira, que era recorrente a presença de histórico familiar entre os casos de puberdade precoce. “Observamos a ocorrência de familiares afetados e até então não havia nenhum tipo de estudo”, disse.
O que se sabia, a partir de um estudo israelense desenvolvido em 2004, é que a hereditariedade da puberdade precoce estava presente em aproximadamente 27% dos casos, informou a endocrinologista.
Foram selecionadas 15 famílias, reunindo 40 pessoas. A doença causa o desenvolvimento acelerado do corpo pelo aumento prematuro na produção do hormônio que libera as gonadotrofinas: o GnRH, que comanda o amadurecimento sexual do organismo.
A partir do sequenciamento genético desses pacientes, Ana Claudia identificou uma nova causa para o início antecipado da puberdade: uma falha no gene MKRN3. Os resultados foram publicados na revista científica americana New England Journal of Medicine.
O estudo não tem como objetivo trazer mudanças no tratamento da puberdade precoce. “O procedimento terapêutico é totalmente estabelecido e efetivo”, destacou. A partir da compreensão da causa, no entanto, é possível antecipar o diagnóstico e iniciar o uso dos remédios assim que aparecerem os primeiros sintomas. “Se o teste genético estiver disponível, pode-se fazer a análise antes mesmo de ocorrer a manifestação clínica para saber se está ou não sob risco de desenvolver precocemente”, apontou.
Ana Claudia destaca que quanto mais cedo é iniciado o tratamento, mais se evitam os efeitos negativos da doença.
Entre eles, os de viés psicológico, como a estigmatização da criança em razão do aparecimento de sinais puberais estranhos à faixa etária. “A menina passa a ter mama, até a menstruar muito cedo, e isso é um desconforto psicológico muito grande para a criança e para a família”, avaliou. Segundo os pesquisadores,
a antecipação da menarca pode, inclusive, sujeitar a criança a algum tipo de abordagem sexual inadequada.
Do ponto de vista endocrinológico, há também o comprometimento da estatura. “Com o aumento dos hormônios sexuais, como o estradiol, nas meninas, e testosterona, nos meninos, há alteração da maturação óssea e diminui o tempo de crescimento”, explicou. A interrupção do desenvolvimento ósseo pode provocar a perda de 10 a 12 centímetros de altura em relação ao esperado para vários padrões familiares.
Na vida adulta, as mulheres com puberdade precoce estão mais sujeitas a ter câncer de mama e de endométrio. Além disso, são mais frequentes os transtornos de ordem psicológica.
Ou seja, sentou no meio-fio e colocou os pés no chão, caiu na água e fez tchbum NÃO tá valendo. Conheci uma guria que, com 9 anos (9 fucking anos) já tinha minha altura (na epoca eu tinha 20), seios e corpo formado. Mas era uma guria de 9 anos, que falava de TV Colosso e brincava de boneca com minha irmão (que na época tinha 10). Um FDP ainda foi e pegou ela, que era criança, se um adulto fala que vai ser bom, elogia, etc vai cair na dele. Mas claro, pedofilia não é pedofilia se a menina tem seios e bunda.
Se esse tópico estivesse no Política e Religião, teria mais pessoas aqui pra te explicar isso.
Moderação, quando vamos levar esse tópico e outros que envolvem política e religião pro lugar certo?
@ Não tem ninguém online.