Bom post. Mas vamos as considerações sobre o mesmo.
Tem que dar uma olhada no que se considera "ser ajudada".
A decisao quer permitir que alguem se apresente como psicologo, tente "tecnicas" e faca "pesquisa" sobre uma suposta mudanca de orientacao sexual. Nao impede um homossexual de procurar ajuda, so nao vai ser oferecida a
mudanca de orientacao dentro de um consultoria de uma pessoa cadastrada em um orgao oficial de psicologia. Porque para a psicologia isso nao eh ajudar alguem, eh varrer o problema para baixo do tapete.
A questão não é que tipo de ajuda é PEDIDA pelo paciente. Pois isso foge da alçada do psicologo, pois ele não deve considerar ser "dono" da vontade do paciente. A questão é que da mesma forma que não existe comprovação de que "terapia" ou qualquer outro método de direcionamento (digamos assim) para adequação do sexo do paciente, seja para homossexualidade ou heterossexualidade, seja benéfico. Tambem não existe comprovação de que seja prejudicial.
A terapia em si não tem comprovação de nada. Cada caso é diferente de outro.
O que o conselho faz é definir um padrão de comportamento "oficial" a ser adotado e negar a pesquisa, verificar resultados e publica-los.
Como dito, não é uma ciência positiva, não tem como aplicar método cientifico e não tem como definir um padrão universal. Uma pessoa que se sente bem com sua homossexualidade, difere de outro que pode ter se tornado homossexual mas não se sente bem dessa forma. Como não tem como o "conselho" ir ver caso a caso e avaliar, o MINIMO que deveria ser permitido é que cada profissional verifique o caso que está trabalhando e como abordá-lo.
E os casos de charlatanismo, bem. É fraude e pode ser tratado como tal.
Apesar de a psicologia, como muitas outras areas do conhecimento, ser uma derivacao da filisofia, e portanto nao ser uma hard science, nao quer dizer que nao possa haver pesquisas e coleta de dados que a direcionem para um consenso. Mesmo se houverem dogmas envolvidos em cada opiniao e diversas correntes de pensamento se digladiando, o debate em ambiente academico ocorre de forma ordenada e com registros oficiais. Ha metodologia que direciona a um consenso.
Concordo. O problema é um "conselho" de profissão usar a argumentação de que "cientificamente alguma coisa", quando não existe nenhuma comprovação cientifica.
Como voce mesmo disse. Isso é uma coisa que achei interessante uns anos atrás quando pesquisei mais sobre origem da psicologia, métodos etc. É a quantidade de ideias contrárias, de escolas de pensamento E como a discordância é gigantesca além de tantas "conclusões" que não concluem nada. Teses que não se mantem. E o consenso que na verdade não existe.
Mesmo que se faça coleta de dados, que em muitos experimentos se faz realmente, mesmo havendo metodologia, não se consegue replicar o resultado exato com amostras diferentes e as vezes até com as mesmas.
A psicologia deveria tratar da mente humana. Mas não consegue definir na maior parte do tempo uma tese que vire uma "lei", que seja universal, aceita e verificável.
Debate acadêmico muitas vezes não significa nada, pois assim como em conselhos de classe, o debate basicamente debate o que já se considera como sendo a vontade pura dos membros de que seja a verdade, e não o espaço do contraditório para realmente definir a verdade.
Esse é o problema de uma ciência humana que quer ser tratada como positiva. E infelizmente isso é muito frequente.
O problema tambem incorre na forma de se analisar os dados estatísticos. Terapia de casal por exemplo considera-se com apenas cerca de 25% de casais ainda se divorciando (eu falei apenas, mas 1/4 eh um put* numero para algo ser cientifico). Criam-se então "desculpas" para a falha ao invez de serem honestos e dizerem que não existe garantias. E geralmente essa pesquisa não vai acompanhar casais que se divorciaram somente 2-5 anos depois, ou que moram juntos mas estão separados.
A forma como a pesquisa é feita prejudica uma mostra da realidade.
Querer chegar agora e derrubar essas decisoes de nivel academico mundial em uma canetada eh muito complicado.
Voce precisaria de uma prova cientifica muito contundente, coisa que hoje em dia dificilmente sai de consultorios particulares. E que nao acontece do dia para a noite nem de fora para dentro da academia.
E quantas conclusões CIENTIFICAS da psicologia saem da academia?
Cientifica mesmo. Não teses. Algo que seja provado e que virou uma LEI cientifica?
Eu posso dizer que 1+1=2. Isso é uma lei matemática de adição. Eu provo que se eu tenho 1 boi, e compro mais um boi, passo a ter 2 bois. A ciência prova cientificamente que a matéria é composta de átomos. A primeira lei da termodinamica pode ser comprovada. E por ai vai.
E na psicologia?
Acredito que voce sabe bem a diferença entre hipótese/tese, teoria e lei.
Se essa profissional quisesse agir nesse sentido ela teria que entrar no meio academico, montar um laboratorio, angariar verba e fazer isso de modo oficial. Parece burocratico? Mas eh assim que organizamos o conhecimento hoje em dia. Ciencia, mesmo no campo das exatas, eh regida pela politica, nao se engane. A visao de uma ciencia exata a+b saindo de uma so mente genial quebrando paradigmas do dia para a noite eh bem romantica e dificilmente acontece nos dias atuais. Mas mesmo assim trata-se uma politica muito melhor organizada e meritocratica do que a de uma bancada evangelica ou a decisao de somente um juiz.
Pera ai. Voce percebe o que voce está falando aqui? É basicamente o exato problema.
1-Mesmo que alguem com todos os recursos gere uma teoria, se essa teoria for contra a "academia", ela será rejeitada .Pois como voce falou. A politica está acima da verdade na visão acadêmica.
2-Independete dos "dias de hoje". Temos diversos exemplos do "romantismo" de uma cabeça visionária ao longo da historia. E na psicologia? Alguma lei cientifica?
3-Será que a burocracia e politica dos dias atuais que voce defende, não é o que impede que mais descobertas sejam feitas? Já que basicamente isso é o que mudou? E independente disso, empresas e pessoas frequentemente descobrem avanços na medicina, tecnologia, fisica, etc. Cirurgias com sistema de navegação computadorizado são um exemplo disso.
A diferença é que esses avanços são REAIS e independente de uma "academia", como são verdadeiros, vão ao mercado e melhoram a vida das pessoas. Voce parece defender que "politica" impeça esses avanços, assim como pede que a academia impeça que se faça pesquisa psicologia apenas "por politica". Desculpe mas a ciência deveria ser uma ALIADA das pessoas e não um jogo politico. E defender isso é bem feito. Menino mau. ^^
Outra, nem sempre o que a pessoa pede ao profissional de saude eh o que deve ser feito (paciente nao eh cliente e nem sempre tem razao).
Por isso cada profissional deve ser livre para avaliar. Pois ele pode "examinar", o "conselho" não. Para que foi que estudou mesmo?
Mas se a pessoa nao acredita nos resultados da psicologia, por nao acreditar em pesquisadores que nao sao da hard science, porque diabos ela vai procurar um psicologo para encontrar uma resolucao para um problema? Nao faz sentido tentar empurrar uma decisao goela abaixo de um sistema pra depois procurar as solucoes dele.
Isso eh o que as organizacoes de saude nao querem, pois seria exercicio ilegal da profissao. Vai contra as conclusoes dos conselhos de psicologia.
Ué mas quem procura picologos é porque acha que serve de algo. A maioria não sabe o quão "não cientifico" é.
A questão é que o conselho usou como defesa NÃO HAVER COMPROVAÇÃO CIENTIFICA. Eles que trouxeram isso a tona. Não eu, não os pacientes. Se for para proibir toda psicologia sem comprovação cientifica. Pode cancelar ai um monte de diploma, faculdades e prender terapeutas por fraude e exercio ilegal da profissão.^^
Eu apenas mostrei como o discurso do conselho de classe. é apenas,
politica.
Eu tambem sou contra juizes tomando esse tipo de decisão. Mas pelo mesmo motivo sou contra o conselho de classe ditar uma regra sem embasamento para o mesmo. E ainda usar "cientificismo" para embasar erradamente a decisão.
O verdadeiro conhecimento, e o conhecimento da verdade, estão em segundo plano, quando a politica passa a ser o mais importante.