É isso, caro eleitor de Ciro Gomes?
Vai colocar na conta de Bolsonaro qualquer acusação feita à ditadura (procedente ou não) porque o cara defende que sem a intervenção o Brasil corria o risco de virar uma Cuba?
Do que o nazismo é espécie:
Não, meu caro eleitor do Bolsonaro, o seu político preferido não é culpado pelas merdas da nossa ditadura militar, mas, ao elogiar os aspectos que eu já citei (Ultra-nacionalismo, estado autoritário e anti-democrático, corporativismo econômico, discurso anti-comunista e anti-liberal), ele está indiretamente elogiando um regime fascista.
E perceba que Mussolini, Hitler, Salazar, Franco, Vargas, etc, todos estes caras justificavam o autoritarismo de seus regimes em termos anti-comunistas (o risco de virar uma URSS). A nossa ditadura militar seguiu a toada, embora em termos bem menos dramáticos, posto que o governo Jango era tão comunista quanto o governo Roosevelt e as nossas massas populares não eram simpáticas à idéia de uma Revolução nacionalista (como Cuba) ou comunista (como Cuba se tornou).
De todo modo, fascista não é um xingamento, tanto que nas décadas de 20 e 30 diversas pessoas que pensavam como o Bolsonaro eram fascistas com todo orgulho do mundo...
Ainda bem que foi só 6 anos. Se comparar com outras ditaduras latino americanas africanas árabes ou mesmo européias até que saímos bem dessa
6 anos de chumbo e 21 anos de ditadura militar.
Saímos dessa com uma política de b*sta (MDB virou o PMDB e a ARENA foi se separando, se separando, se separando, até que hoje virou um restolho no DEM e o resto forma o centrão no Congresso, partidos que ficam chorando ministérios pra qualquer partido que ocupe o poder), uma economia em frangalhos (hiperinflação, indústria nacional pouco competitiva, funcionalismo público inchado), recordes de desigualdade social (na década de 1980, em termos de desigualdade social, só podíamos ser comparados com países da África Sub-saariana), etc, etc.
Mas, de fato, saímos relativamente bem dessa, porque a nossa ditadura militar não matou tanto quanto a maioria das outras ditaduras. Por outro lado, acho que isso decorre mais da ausência de oposição de verdade (intelectuais e a elite política saíram fora do país e os comunistas que buscavam reviver a revolução cubana em solo brasileiro eram basicamente estudantes retardados, sem ligação com as massas populares), do que de uma maleabilidade dos nossos militares...
Me parece bastante com o discurso comunista tbm.
Apenas troque nacionalismo por classismo e anti-comunista por anti-burguaia e temos todo e qualquer regime socialista implantado, aliás com culto à personalidade.
Sem contar que o nazismo veio do socialismo, ou ao menos pegou vario de seus modos de agir e xoagir, segundo o próprio Hitler em sua auto-biografia.
O fascismo vieo xingamento sem significado, tipo hipocrisia. Já corrigi várias vezes neguinho chamando as pessoas (não importa quem, não apenas Bolsonaro) de hipócritas por não concordarem com eles, mas sem relação alguma ao significado de hipócrita.
Bolsonaro tem um discurso autoritário? Nem um pouco diferente de Hitler e Mussolini? Sim.
Mas tbm nem um pouco diferente de Lenin, Stalin, Mão, Che, Castro ou Kim. Mas tbm nem um pouco diferente de Bismarck, Churchill, Carlos Magno ou até Mandela pré-periodo paz e amor.
Muitos líderes (quer queiramos quer não) usam esse discurso.
Bolsonaro apoiou uma ditadura, citando seus pontos positivos e objetivos finais, dizendo que os fina justificam os meios?
Vale pra qualquer líder socialista, fascista e cia... Assim como vale pra 88% dos socialistas do fórum (já citei o colega socialista que parecia bem ponderado, mas que comentou que teríamos que matar os ricos porque senão a revolução não ia pra frente) e, os fins justificam os meios.
Aliás, quantos membros de esquerda aqui do fórum não só defendem uma ditadura do proletariado? Quantos membros não apoiaram derrubar o congresso corrupto e implantar um governo legítimo (mesmo que legítimo seja do ponto de vista deles) aqui no fórum?
Enfim, chamar alguém de fascista apenas porque não concorda com os ideais dele, mas tendo ideais exatamente iguais, não na direção, mas em todo o resto é falta de parar e fazer um exame de consciência.
Esse é o grande problema, uma pessoa de esquerda que faça esse exame de consciência deixa de ser de esquerda. Por isso não são incentivados a fazê-lo. Eu sou um exemplo.
É esta a questão: fascismo se tornou um xingamento genérico, quando na verdade ele denota um tipo de regime político bem específico, do qual as nossas ditadura militar e varguista são exemplos.
Fascismo surgiu a partir de dois ingredientes básicos: crises econômicas severas (que colocavam em cheque a via capitalista/democrática) e o medo de uma revolução comunista (por isso os surtos de ditaduras fascistas são as décadas de 20/30 na Europa, por causa do exemplo da URSS, e as décadas de 60 e 70 na América Latina, por causa do exemplo de Cuba).
A base ideológica é a crença que cabe ao Estado resolver os conflitos de classe (diferente do comunismo, que crê na intensificação do conflito de classe como promotor de uma nova sociedade), intermediando as relações entre proprietários e funcionários (diferente do comunismo, que pregava o fim da propriedade privada).
A base prática é o autoritarismo estatal (abdicando do princípio do estado de direito), o culto à personalidade e o ultra-nacionalismo (como formas de justificar o autoritarismo), além do corporativismo econômico (via que permite ao Estado se situar como centro da atividade econômica, sem que as elites percam seus privilégios, no caminho promovendo o nacionalismo, posto ser um sistema econômica anti-liberal).
Desta definição, podemos ver que o fascismo, em termos ideológicos, é bem diferente do autoritarismo dos regimes socialistas, embora na prática guardem diversas semelhanças. O socialismo da URSS se pretendia um regime intermediário para uma sociedade ideal (herdeiro dos ideais iluministas), já o fascismo se fundou como uma negação do socialismo e do capitalismo, se utilizando de diversos meios destes sistemas sem nunca acreditar que haveria, no fim, uma sociedade ideal (exceção: Alemanha nazista, com as maluquices racistas).
Churchill e Carlos Magno não tem nada a ver com fascismo, pois o primeiro nunca se pretendeu um déspota esclarecido e o segundo vivia em uma sociedade totalmente diferente, longe das questões que o capitalismo levantou. Já a comparação com Bismarck acho mais correta - ele seria um proto-fascista, com a diferença que ele foi um dos políticos mais habilidosos da história...