Duas coisas a ponderar neste sentido.
1- É para tanto estardalhaço? Não. É justo se decepcionar? Sim. Entre outras coisas o governo foi eleito para combater a doutrinação esquerdista, na verdade nem sei qual foi a parcela mais preponderante do eleitorado que elegeu o Bolsonaro, mas merecia uma pesquisa a fim de dirimir esta dúvida.
2- Existem pautas mais importantes? Sim. Isso invalida ou desprestigia a crítica daqueles que estão desapontados? Não.
A pauta importante do momento é a Reforma da Previdência, mas ela tem meses para correr. Ela não será votada agora, nem daqui a 1 mês. É curiosa toda esta ansiedade sobre este assunto. Sendo que se trata de algo sabidamente demorado e que precisará de muita articulação.
Desprezar a guerra cultural é um erro. O resultado de toda situação pela qual o Brasil está, passa, numa primeira análise, pela prevalência de uma ideia ditando os rumos do governo. A crise da previdência que vocês tanto se preocupam foi alimentada pelas políticas petistas, baseadas em conceitos e planos tipicamente socialistas ou de esquerda. Se o atual governo, eleito para ser um contraponto, começar a mesclar suas ideias com o que estava aí antes nós nunca vamos dar a guinada que precisamos e continuaremos a ser o país do "futuro". Essas cessões aqui e ali no governo preocupam sim e merecem atenção, crítica e vigilância.
Os governos anteriores não deram uma oportunidade para o pensamento diverso existir durante 16 anos, se estendermos mais um pouco esse lapso de tempo facilmente alcança os 30 anos com exemplos tímidos que nem me veem a mente. Se num estágio tão inicial do governo ele já está abrindo mão de suas convicções e dando espaço para este tipo de penetração as perspectivas futuras não serão nada animadoras e a reforma da previdência, contra o crime e tantas outras necessárias serão flexibilizadas mais e mais justamente porque não há convicção do governo e ele cede espaço para outro pensamento se sobrepor ou mesclar nocivamente.