Fundadores de novo partido de Bolsonaro incluirão assessores e parentes de deputados
Assessores, aliados e até parentes de deputados federais farão parte do
núcleo fundador da Aliança pelo Brasil, cuja convenção inaugural ocorrerá nesta quinta-feira (21) em Brasília.
O novo partido, organizado em torno do presidente Jair Bolsonaro, está recorrendo a uma espécie de mutirão com os cerca de 25 parlamentares do PSL que pretendem migar para a legenda.
Cada um está incumbido de indicar e levar a tiracolo três pessoas para o evento, para estarem entre os signatários do requerimento de registro partidário. É o primeiro passo no longo processo de fundação de uma legenda.
A lei 9.096/95, que rege os partidos políticos, determina, em seu artigo 8º, que este documento tem de ser assinado por no mínimo 101 pessoas, de ao menos nove estados.
Cumprida essa etapa,
começa a coleta de assinaturas para que o registro seja aprovado pela Justiça Eleitoral. São necessários 491.967 apoios. Bolsonaro tem pressa, porque o partido tem de estar criado até o início de abril de 2020, para que possa disputar a eleição municipal.
A coordenação do processo está a cargo do senador Flávio Bolsonaro, de seu irmão e deputado federal Eduardo e dos advogados Admar Gonzaga e Karina Kufa.
Foram eles que pediram aos deputados que indiquem pessoas de sua confiança para levarem à convenção.
O deputado Bibo Nunes (PSL-RS) indicou seu chefe de gabinete, sua mulher e sua filha. "Eles atendem ao critério de serem pessoas de minha extrema confiança e comprometidos com o projeto do presidente Jair Bolsonaro", afirmou. Sua filha, segundo Nunes, foi presidente da juventude do PSL no Rio Grande do Sul.
O deputado Coronel Chrisóstomo (PSL-RO) já decidiu dois dos três nomes que levará à convenção. Um dele é Jaime Bagatottoli, que ficou em terceiro na disputa ao Senado no ano passado, com 15,7% dos votos.
O outro é um apoiador em seu estado, o coronel do Exército Jorge Moraes Gomes. "O coronel Moraes é da mesma turma do presidente Bolsonaro na Aman [Academia Militar das Agulhas Negras]", justifica. O terceiro nome ainda está sendo escolhido pelo deputado.
O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) também levará três assessores parlamentares à convenção: dois chefes de gabinete (em Brasília e no Rio) e um responsável pelo acompanhamento de temas relativos ao Orçamento.
"Tem deputado que não tem três pessoas para indicar, aí algum outro pode levar quatro", declarou Silveira. "O importante é nos certificarmos de que são pessoas com apoio sólido ao nosso projeto."
Os detalhes da convenção, que ocorrerá em um hotel em Brasília, devem ser decididos nesta terça-feira (19). É esperada a presença de Bolsonaro.
O evento também deverá decidir quem presidirá os diretórios regionais do partido. O do Rio deve ficar a cargo de Flávio, e o de São Paulo seria chefiado por Eduardo.
Já o comando nacional, caso não fique com o próprio presidente, deve ser confiado a uma pessoa de sua total confiança. Um nome forte é o do deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP).
Nesta segunda (18), o presidente confirmou, na chegada ao Palácio da Alvorada, que poderá presidir a nova legenda. Questionado sobre a possibilidade, respondeu: "Eu acho que sim."
Bolsonaro não quis dar mais detalhes e nem comentar se não seria acúmulo de funções comandar o Aliança pelo Brasil e a Presidência da República.
"Eu não vou discutir o partido. Está previsto quinta-feira, dia 21, a gente lançar a pedra fundamental do partido", disse, mudando de assunto.
O presidente Bolsonaro
anunciou na semana passada a sua saída do PSL, sigla pela qual foi eleito, e a intenção de fundar uma nova legenda.