Rapaz, vou ser sincero, essa política cambial do Paulo Guedes tá começando a me incomodar.
Não dá pra simplesmente falar que não tá preocupado com a alta do dolar e deixar o câmbio volátil do jeito que vem fazendo. Dólar alto favorece quem exporta, mas até aqui tem limite. Moeda fraca pode ser sinônimo de inflação e baixo poder de compra. Tô achando o movimento meio arriscado. Vamo ver como vai ser ano que vem.
'Não estou preocupado com a alta do dólar’, diz Paulo Guedes
NOVEMBER 26, 2019
WASHINGTON -O ministro da Economia, Paulo Guedes, falou nesta segunda-feira, em entrevista coletiva, depois de evento no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington, sobre o novo recorde do dólar comercial,
que atingiu R$ 4,213 . Ele afirmou que o Brasil tem uma moeda que caminha para a conversibilidade, cuja cotação ‘às vezes varia, às vezes sobe um pouco, às vezes cai um pouco, não tem problema nenhum.”
- Eu não estou preocupado com a alta do dólar - afirmou Guedes. - Pelo contrário. Achei absolutamente compreensível. O juro baixou, está em 5%. Quando tem política fiscal mais forte e juro mais baixo, o câmbio de equilíbrio é mais alto. O Brasil é agora um país interessante, com juro bastante baixo. Os investimentos vão começar e vai retomar o crescimento.
O dólar comercial registrou valorização nesta segunda-feira devido a dados
decepcionantes das contas externas, cujo déficit atingiu 3% do PIB, no resultado acumulado para o período de 12 meses findo em outubro.
Ritmo das reformas
Mais tarde, o ministro confirmou que o governo está repensando o ritmo das reformas, devido a um certo receio com relação aos protestos que têm ocorrido na América Latina. Guedes disse que o “instinto político” do presidente Jair Bolsonaro apontou que o mais prudente seria não fazer muitas reformas seguidas e repensar o
timing proposto inicialmente.
O ministro afirmou ainda que “muita gente no Congresso quer seguir com as reformas e está achando até que é excesso de cautela do presidente” e que ele mesmo tem uma visão “um pouco diferente”. Ele chegou a citar o AI-5, mas depois voltou atrás.
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- Qualquer país democrático, quando vê o povo saindo para a rua, se pergunta se vale a pena fazer tantas reformas ao mesmo tempo - afirmou Guedes.
Ele fez uma alusão ao chamado do ex-presidente Lula, no último dia 9, para que a população seguisse o exemplo do Chile e da Bolívia, de “lutar, resistir”. E disse que as pessoas não deveriam se assustar se “alguém pedir o AI-5”.
— É irresponsável chamar alguém para a rua agora para fazer quebradeira. Para dizer que tem que tomar o poder. Se você acredita numa democracia, espera vencer e ser eleito. Não chama ninguém para quebrar nada na rua. Este é o recado para o Brasil inteiro. Sejam responsáveis, pratiquem a democracia. Ou democracia é só quando o seu lado ganha? Não se assustem então se alguém pedir o AI-5 — afirmou o ministro.
Pouco antes, quando a coletiva já durava uma hora e meia, ele já havia citado o AI-5, ao fazer uma referência às declarações, em outubro, do deputado Eduardo Bolsonaro. Mas, assim que falou, Guedes afirmou ter dito a frase em
off — expressão usada quando alguém não quer ser identificado em uma reportagem. Os jornalistas presentes, porém, lembraram que isso não havia sido combinado.
Pouco depois, ao ser perguntado se o AI-5 era admissível em alguma circunstância, o ministro respondeu:
— É inconcebível, a democracia brasileira jamais admitiria, jamais apoiaria o AI-5, isso é inconcebível.
Guedes reiterou, ainda, que não queria que suas declarações fossem mal interpretadas.