Achei que a resolução na costa oeste foi boa. Quase perfeita. A única coisa que eu mudaria foi a morte do Tagomi no primeiro minuto da série. Foi interessante ver o Coronel Kido "mudar de lado" ref. à ocupação americana, mas foi esquisito ter apenas o almirante e a princesa à favor da retirada japonesa. Fico imaginando o que o Tagomi, com o seu poder de viajar, para equilibrar o balanço de forças. Seria um prato cheio para os roteiristas. O que fizeram com ele foi um desrespeito que só se explica por um problema pessoal do ator ou disputa de contrato.
Já o lado alemão foi péssimo. Como disse acima, eles possuíam o melhor personagem da série (John Smith, que nem existe no livro), mais complexo e com mais situações girando ao seu redor, e fazem absolutamente nada com isso. Perdeu-se um tempo gigantesco com a trama da espionagem sobre a família. Em alguns episódios, parece que aquela Frau da Staatspolizei teve mais tempo de tela do que ele. Bizarro. Aí os acontecimentos dele na quarta temporada basicamente giraram em torno disso e, no final, ele simplesmente mata todo mundo e conquista a América para si com apenas uma conversinha. Mas como? Aquele whisky devia ser muito bom, hein? O pior é que o que se faz depois disso. Nada. Absolutamente nada. O cara conquista a América e, logo depois do ataque da resistência, resolve se matar. E o filho na guerra? E as filhas no seu universo? O cara não errou um tiro em toda a série (só lembrar o ataque que ele sofreu na primeira temporada) e resolve se matar à enfrentar a tal da heroína? Ah, faça-me o favor. Acho que o suicídio para ele traz um paralelo interessante com a própria morte (real) do Hitler, mas não faz o menor sentido para o personagem e para a situação em que ele se encontra. Precisaria rolar muita água para ele chegar nesse estado.
O pior depois é o que acontece quando se descobre a morte dele. O coleguinha dele lá (esqueci o nome) simplesmente ira a cruz de ferro fora, e....? Vai ficar tudo bem? E a tchurminha lá da resistência no portal? Num mundo mais realista, ou eles teriam se salvado entrando no portal, ou teriam sido mortos pela força de resgate. Mas nada disso foi mostrado. Talvez com pudor de matar a heroína? Vai saber.
Acho que o problema é que desde o começo da série, nosso padrão moral (e dos autores) nos levava a confiar que o governo nazista cairia naquele universo alternativo. A típica expectativa de final feliz. Até aí, tudo bem. Mas o tal do final feliz precisa ser merecido. E esse não foi merecido.
Também fiquei incomodado com a arte da quarta temporada. Colocaram logo o John Smith na capa da temporada em uma cena que nunca aconteceu. De certo modo, ele sim é responsável pelo que aquela ilustração representa, mas ainda assim achei aquela arte uma pura enganação. Aproveitaram a óbvia popularidade do personagem pra conseguir mais visualizações...
No fim, pegaram os dois melhores personagens da série (Tagomi e Smith) e os desrespeitaram por completo.
Enfim. Ironicamente, o livro acabou amargo para mim também. Foi até pior, porque quando cheguei a última página, até pensei que vinha faltando um capítulo.
A vantagem do livro é que ao menos ele não deu um final feliz desmerecido.