Crise ajuda a sepultar o isolacionismo americano; leia análise
Graças a
Vladimir Putin, o slogan constrangedor “os EUA em primeiro lugar” pode ser sepultado. Os
republicanos, mesmo os que nunca foram apaixonados por Donald Trump, se deliciaram nos últimos cinco anos com o isolacionismo americano. Eles rejeitaram a os especialistas em segurança nacional, zombaram de organizações internacionais e demonstraram desprezo pelos aliados.
Nem mesmo a pandemia, as mudanças climáticas e os ciberataques, todos elementos que exigem cooperação internacional, conseguiram convencer os conservadores americanos de que o isolacionismo nos tornou mais fracos e vulneráveis. Então, veio a Ucrânia.
Com ela, nunca a Otan foi tão importante. A ONU ganhou vida de novo. Putin e seus cúmplices passaram a ser investigados por crimes de guerra pelo
Tribunal Penal Internacional. O Conselho de Segurança tornou-se um fórum para criticar a Rússia e desmascarar sua propaganda.
Na quarta-feira, a Assembleia-Geral aprovou uma resolução (embora não vinculativa) na qual 141 países condenaram a invasão e exigiram que os russos deixem a Ucrânia.
Os aplausos dos republicanos ao discurso de Joe Biden no Estado da União, na terça-feira, são o reconhecimento de que o slogan “os EUA em primeiro lugar” já era. Em seu lugar, vemos um consenso de que os EUA, seus aliados e organismos internacionais promovem nossos interesses de uma forma que o país sozinho não pode.
Até nossos rivais entendem o poder do multilateralismo. É por isso que Putin está tão empenhado em enfraquecê-lo.
“Putin deseja destruir as instituições multilaterais europeias e as normas continentais sobre democracia e direitos humanos”, disse Michael McFaul, ex-embaixador americano na Rússia. “É exatamente por isso que precisamos fortalecê-las.”
Somente os EUA têm estatura, influência e poder para forjar e manter alianças que preservem a paz, a ordem internacional, melhorem o comércio e defendam os valores democráticos. A força americana deriva não do isolamento, mas de encontrar maneiras de multiplicar nossas vantagens e aprimorar nossos valores. Entre as muitas consequências da crise na
Ucrânia está a morte da nostalgia equivocada dos republicanos. Agora, quem sabe eles também descartem sua paixão pelo autoritarismo.