Consumidor tá comprando o carro em pré-venda, mano.
Cê nunca viu o carro, nunca sentou nele, não sabe como anda, como responde, o que pode talvez incomodar e talvez não. Daí um influenciador chega no Instagram, Youtube, é chamado pra evento de pré-lançamento e de lançamento e você aceita dar um sinal de mais de dez mil reais de um total de mais de cem mil, como se o bem fosse uma placa de vídeo.
Daí se tira a cabeça do consumidor, ultimamente.
Mas dentro do ciclo de vendagem de um desses carros, as pré vendas correspondem a quantos por cento dos números?
Pelo que me lembro, os grandes sucessos recentes em pré vendas trazem bagagens sólidas para a decisão da compra:
- Kwid: barato e por antecessor, o consolidado Clio.
- Onix: ótimo preço e já era líder de vendas.
- T-Cross: o nome Volkswagen e a amplamente divulgada relação com o sucesso Polo.
- Strada: assim como o Onix, líder absoluta na geração anterior.
E por aí vai. Mas, claro! Emoção é parte do processo. Ninguém quer sentir-se mal ao comprar um carro; ainda mais aqui no Mandiocal, em que isso equivale a uma conquista para muita gente.
Meu ponto é: todo consumidor tem sua razão para escolher esse ou aquele veículo e ela é válida. Por exemplo: essa moda de condenar SUV, porque são caros, aproveitam pior o espaço, pesados e consomem mais (comparados a carros do mesmo segmento de preço ou porte). E não fazem curvas no limite. Quem disse que aquele consumidor valoriza isso? Ou valoriza só parte disso? Ou só quer status? Ou olhar eventuais abordagens no semáforo em posição mais elevada? Ou passar por buracos, valetas e lombadas de forma menos arriscada que um veículo "sentado" é capaz? Ou só acha legal tem um jipinho?
Acho que a gente, que gosta de carro, reclama demais. Nosso mercado nunca foi tão completo, com tanta coisa boa para comprar. Se não novos, ainda há opções usadas interessantes. Agora, se dentre essas opções não há qualquer uma que me agrade ou não possa comprar, aí o problema é só meu.