Por isso o adendo. Você parte do pressuposto que as leis naturais surgiram do acaso ou da arbitrariedade, o problema é que ordem implica inteligência. E quando vemos que a nossa razão compartilha de vários aspectos da razão que vemos na realidade, fica muito difícil aceitar que a ética/moral seja algo arbitrário e não algo objetivo, portanto, nos dando a possibilidade de valorar as coisas como bom ou mau. Ademais, acreditar em uma "ética" gerada pela arbitrariedade seria o mesmo que dizer que um assassino qualquer não está mais errado do que qualquer outro humano que respeita as vidas alheias. Também não vejo motivos graves para não tomar a lei natural (ou o que apreendemos como finalidades corretas a partir da realidade) como algo valorativo e verdadeiro, tudo que é real, é verdadeiro. A dissociação entre finalidade encontrada na natureza em que vivemos e "bom e mau" é abstrativa.
Usei como reductio ad absurdum, não quis "enfiar palavras". De todo modo, vemos diariamente como as pessoas ignoram as realidades das coisas e o quão mal isso faz a elas, seja no campo econômico, seja no campo político, seja no campo comportamental como você citou, a diferença é que eu compreendo essas restrições ou configuração da realidade, como coisa determinada por uma inteligência superior, de modo que a nossa espécie não apareceu por um simples acaso, e se tem um motivo ou sentido, ou ainda, se a vida vale a pena, isso se dará em parte pelo alinhamento das nossas escolhas com o que dita a nossa natureza.
Sócrates enfrentou a morte injusta por compreender que a contemplação da verdade valia mais que a própria vida, e é exatamente a nossa razão que nos difere de todos os outros animais, que nos permite participar da verdade. E se a verdade sustenta a realidade que nos trás tanta felicidade, quanto mais ela em si não trará?
Não creio que os frutos da filosofia ocidental sejam "fantasiosos", o melhor que você está me propondo é: apesar de ter uma razão que me diz que o universo faz sentido em diversos graus, eu não devo crer nessa mesma razão quando ela diz que isso é fruto de uma inteligência superior, e que muito provavelmente, a minha vida também vale a pena.
"Valer a pena" é valorativo, sem moral objetiva fica bem complicado valor a nossa vida... Poderia quantificar, mas não creio que ninguém aqui quantifica os momentos "bons".
bom,
tu parece querer enfiar relligião na conversa. Quando o principio do tópico era pra deixar de lado.
Não precisa "de inteligencia" pra colocar ordem nas coisas,
lobos tem uma sociedade minimamente organizada, passaros e plantas coexistem independente de um "ser inteligente" ordenando, nossos antepassados não pegaram um lobo aleatório e pensou "vou fazer dele um pincher pra virar pai de pet", e por ai vai.
No livro "Rapido e Devagar", que tenta explicar de forma extritamente biologica o nosso jeito de tomar decisões, demonstra estudos neurológicos que apontam que boa parte das nossas decisões são primeiro tomadas, e só depois de no máximo 3segs a nossa consciencia toma conhecimento da decisão tomada e só tenta "se explicar o porque".
"ética moral" varia de década a povo.
Para um japones normal, é errado obrigar outro a ouvir a própria musica. Para um brasileiro "normal", não.
Ambos são homo sapiens, ambos vieram do mesmo antepassado.
Décadas atras no Brasil era "normal" tratar negros como animais, hoje em dia não é.
Vai la saber como vai ser a sociedade no futuro.... Mas algumas coisas dificilmente vão mudar, os nossos instintos, a gente pode até querer dizer que é porque "somos inteligentes", pra explicar as coisas que a gente faz, mas a gente só seguindo os próprios instintos, que uma vez que a gente tem capacidade cerebral pra ordenar eles para uma melhor otimização pessoal e social, a gente o faz. Nossos antepassados fizeram de nós os unicos "super-predadores" da Terra basicamente seguindo os instintos de sobrevivencia somado com a capacidade de raciocinio superior, possibilitando criar uma ordem mais otimizada para sobrevivencia.
Ninguém vai quantificar "momentos bons" é um ponto, nossa evolução nos levou a ter empatia, coisa necessaria em animais sociais, até cachorro tem empatia (aparetemente mais primaria que a gente), mas não precisamos quantificar "momentos bons" de terceiro, cabe a própria pessoa aceitar ou gostar da situação em que se encontra. Para isso precisa de bastante reflexão, ja que muita coisa que a principio a gente pode pensar "não consigo viver sem", (
PS5 na pasta Consoles, RTX na pasta Politica, etc) no fim foi porque a sociedade o fez pensar assim, quando o cerne do individuo discorda.