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Anarcocapitalismo: a comercialização da moral

Wolf.

Canis lupus
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O fim da autoridade instituída, e o início da autoridade individual meramente contratual

Uma das várias vertentes anarquistas, o anarcocapitalismo constitui, provavelmente, uma das maiores piadas utópicas.

Uma utopia socialista invertida, o anarcocapitalismo sustenta-se no pensamento de que nenhuma autoridade estatal definida seria necessária para organizar a vida pública e social, nem agir como agente coercitivo.

No lugar disso, contratos firmados individualmente ou acordados entre um grupo de indivíduos seriam mais do que suficientes para organizar o tecido social, onde nenhuma proibição deveria ser feita a qualquer tipo de atividade comercial acordada entre indivíduos.

Destituindo todos os aspectos morais, o anarcocapitalismo permitira, por exemplo, que alguém se "vendesse" como escravo de outro. Ou, que alguém comercializasse de forma legítima os próprios filhos, vendesse algum de seus órgãos ou vendesse os órgãos de outras pessoas, que de modo acordado, se submetessem a isto.

Pequenos exemplos de uma sociedade anárquica, mas ainda com a presença do capital e das atividades comerciais.

Conceitos como propriedade privada continuariam existindo, de acordo com o anarcocapitalismo.

Entretanto, a propriedade privada e os próprios direitos individuais não são concessões válidas meramente por que indivíduos as estabeleceram de modo autônomo. Um próprio agente regulador é necessário para garantir estes direitos, por que eles não são meramente materiais: são também direitos e conceitos morais. E em uma anarquia de contratos, quais contratos valeriam mais do que outros? Qual o critério para definir que certo acordo fere o acordo de outros, e portanto, deve ser inválido? Simplesmente não existiria esse poder mediador.

O anarcocapitalismo troca a ausência de uma autoridade central por inúmeras "pequenas" autoridades.

Nesse sistema, a simples atividade capitalista regularia toda a vida social. Entretanto, assim como a utopia socialista não vingaria por desprezar as particularidades individuais e nivelar todos aos mesmos condicionamentos de necessidades, conduzindo todos a um quase uníssono pensamento coletivista, a utopia anarcocapitalista acredita que todas as vontades e desejos individualistas regulariam bem a sociedade, desde que houvesse um viés econômico e um acordo para estabelecer estas vontades.

Se a morte da individualidade do sujeito é um mal, estimular ao máximo seu individualismo é um mal ainda pior.

Para os seguidores desta ideia, nenhuma atividade fruto do capital é maléfica em si, e sim, as interferências do Estado nestas atividades.

Isso é um mal por si, já que a ganância desmedida e a simples busca da riqueza são males tipicamente humanos exercidos através de suas atividades, que dependem justamente de uma força reguladora. O Estado não deve ser extinto, ele deve apenas não ser inchado nem demasiadamente enfraquecido, justamente por que precisa de estrutura para moderar a sociedade e evitar os excessos imorais.

Um acordo onde alguém se vende como escravo só pode ser impedido por que um poder moderador superior a este acordo o rejeita e o coloca como imoral.

Por isso vender os próprios filhos seria um crime terrível no modelo atual, por mais imperfeito que seja, mas não o seria em uma utopia "perfeccionista" anarcocapitalista.

O "capitalismo" no nome não deve enganar: o anarcocapitalismo não passa de uma utopia, tão ou mais ilusória do que a utopia socialista. O indivíduo desmedido guiado apenas pelo lucro é um monstro tão terrível quanto a tirania obliteradora socialista.

http://fidelem.blogspot.com.br/2013/07/anacrocapitalismo-comercializacao-da.html?m=1
 

LHand

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Eu já acho o minarquismo uma coisa radical demais e utópica, imagina só o anarco-capitalismo.
 

matroska

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O fim da autoridade instituída, e o início da autoridade individual meramente contratual

Uma das várias vertentes anarquistas, o anarcocapitalismo constitui, provavelmente, uma das maiores piadas utópicas.

Uma utopia socialista invertida, o anarcocapitalismo sustenta-se no pensamento de que nenhuma autoridade estatal definida seria necessária para organizar a vida pública e social, nem agir como agente coercitivo.

No lugar disso, contratos firmados individualmente ou acordados entre um grupo de indivíduos seriam mais do que suficientes para organizar o tecido social, onde nenhuma proibição deveria ser feita a qualquer tipo de atividade comercial acordada entre indivíduos.

Destituindo todos os aspectos morais, o anarcocapitalismo permitira, por exemplo, que alguém se "vendesse" como escravo de outro. Ou, que alguém comercializasse de forma legítima os próprios filhos, vendesse algum de seus órgãos ou vendesse os órgãos de outras pessoas, que de modo acordado, se submetessem a isto.

Pequenos exemplos de uma sociedade anárquica, mas ainda com a presença do capital e das atividades comerciais.

Conceitos como propriedade privada continuariam existindo, de acordo com o anarcocapitalismo.

Entretanto, a propriedade privada e os próprios direitos individuais não são concessões válidas meramente por que indivíduos as estabeleceram de modo autônomo. Um próprio agente regulador é necessário para garantir estes direitos, por que eles não são meramente materiais: são também direitos e conceitos morais. E em uma anarquia de contratos, quais contratos valeriam mais do que outros? Qual o critério para definir que certo acordo fere o acordo de outros, e portanto, deve ser inválido? Simplesmente não existiria esse poder mediador.

O anarcocapitalismo troca a ausência de uma autoridade central por inúmeras "pequenas" autoridades.

Nesse sistema, a simples atividade capitalista regularia toda a vida social. Entretanto, assim como a utopia socialista não vingaria por desprezar as particularidades individuais e nivelar todos aos mesmos condicionamentos de necessidades, conduzindo todos a um quase uníssono pensamento coletivista, a utopia anarcocapitalista acredita que todas as vontades e desejos individualistas regulariam bem a sociedade, desde que houvesse um viés econômico e um acordo para estabelecer estas vontades.

Se a morte da individualidade do sujeito é um mal, estimular ao máximo seu individualismo é um mal ainda pior.

Para os seguidores desta ideia, nenhuma atividade fruto do capital é maléfica em si, e sim, as interferências do Estado nestas atividades.

Isso é um mal por si, já que a ganância desmedida e a simples busca da riqueza são males tipicamente humanos exercidos através de suas atividades, que dependem justamente de uma força reguladora. O Estado não deve ser extinto, ele deve apenas não ser inchado nem demasiadamente enfraquecido, justamente por que precisa de estrutura para moderar a sociedade e evitar os excessos imorais.

Um acordo onde alguém se vende como escravo só pode ser impedido por que um poder moderador superior a este acordo o rejeita e o coloca como imoral.

Por isso vender os próprios filhos seria um crime terrível no modelo atual, por mais imperfeito que seja, mas não o seria em uma utopia "perfeccionista" anarcocapitalista.

O "capitalismo" no nome não deve enganar: o anarcocapitalismo não passa de uma utopia, tão ou mais ilusória do que a utopia socialista. O indivíduo desmedido guiado apenas pelo lucro é um monstro tão terrível quanto a tirania obliteradora socialista.

http://fidelem.blogspot.com.br/2013/07/anacrocapitalismo-comercializacao-da.html?m=1

Ótimo texto.

Anarco capitalismo é o comunismo invertido.

Utópico pois desconsidera assim como o comunismo as peculiaridades do ser humano. Se substituísse os humanos por robôs aí poderiam dar certo.

Um exemplo são as leis. Haveria divergência imensas. Determinadas pessoas seriam contra uma coisa enquanto outras seria favorável.
Aí cada um teria suas próprias regras. Em cidades ou mesmo bairros haveriam divergências..... seria uma bagunça.

O anarco capitalismo chega a ser até mais mal elaborado queo comunismo. O comunismo ainda previa uma transição com um governo central opressor para doutrinar para depois chegar ao comunismo onde também não haveria Estado algum.

Em ambos os casos o resultado final seria a ausência do Estado mas de forma diferente.

Defender essa idéia é ser irrealista e viver no mundo da fantasia. Devemos inicialmente defender uma maior liberdade usando a realidade atual indo passo a passo. O que é muito difícil mas realista e estabelecendo os limites da atuação estatal onde ela realmente é necessária ou não.
 

Doutor Sono

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Polícia, cortes e leis — no mercado
Nota do Tradutor: Esta é a tradução do capítulo 29 do livro As Engrenagens da Liberdade (The Machinery of Freedom (1970), no original) “Police, Courts, and Laws—On the Market“. Você pode ver uma versão em vídeo aqui

***

Como, sem o governo – no anarcocapitalismo -, nós poderíamos resolver as disputas que agora são resolvidas nas cortes de justiça? Como nos protegeríamos dos criminosos?

Considere-se primeiro o caso mais fácil, a resolução de disputas envolvendo contratos entre firmas bem estabelecidas. Uma grande fração dessas disputas são resolvidas hoje em dia não pelas cortes do governo, mas pela arbitragem privada do tipo descrito no capítulo 18. As firmas, quando assinam um contrato, especificam um procedimento para arbitrar qualquer disputa que possa surgir. Assim, elas evitam o gasto e os atrasos das cortes.

O árbitro não tem poder de polícia. Sua função é a de decidir, não a de executar as decisões. Hoje em dia, as decisões arbitradas são usualmente executáveis nas cortes governamentais, mas isso é um desenvolvimento recente; historicamente, a execução surgiu a partir do desejo de uma firma de manter sua reputação. Depois de se recusar a aceitar o julgamento de um árbitro, é difícil persuadir qualquer pessoa a assinar um contrato com uma cláusula de arbitragem; ninguém quer jogar um jogo do tipo “cara você ganha, coroa eu perco”.

Esquemas de arbitragem já são largamente difundidos. Enquanto as cortes se deterioram, a arbitragem continuará a crescer. Mas isso só provê a resolução de disputas de contratos pré-existentes. A arbitragem, por si só, não fornece solução para o homem que teve o carro danificado por um motorista descuidado, menos ainda para a vítima de um assalto; em ambos os casos, o litigante e o acusado, que têm diferentes interesses e nenhum acordo prévio, provavelmente não encontrariam um árbitro que satisfizesse os dois. De fato, o acusado não tem razão para aceitar arbitragem alguma; ele só pode perder — o que nos traz ao problema de prevenção da coerção.

Proteção é um bem econômico. É presentemente vendida em variadas formas: guarda costas, trancas, alarmes contra ladrões. Enquanto a efetividade da polícia governamental piora, esses substitutos de mercado para a polícia, como os substitutos das cortes, se tornam mais populares.

Suponha-se, então, que em algum momento futuro não haja nenhuma polícia governamental, mas só agências de proteção privadas. Essas agências vendem os serviços de proteção dos seus clientes contra crimes. Talvez elas também assegurem seus clientes contra perdas resultantes de atos criminosos.
Como essas agências protegeriam? Essa seria uma decisão econômica, dependendo dos custos e da efetividade das diferentes alternativas. Por um lado, elas podem limitar a si mesmas à defesa passiva, instalando elaboradas trancas e http://www.libertarianismo.org/wp-content/uploads/squarelogo4.png
alarmes. Ou elas podem não tomar nenhuma ação preventiva, mas empreender grandes esforços na busca dos indivíduos que cometeram crimes contra seus clientes. Elas poderiam manter patrulhas a pé ou viaturas, como a presente polícia governamental, ou elas poderiam depender de substitutos eletrônicos. Em todo caso, elas estariam vendendo um serviço para seus consumidores e teriam um forte incentivo para prover um serviço com a mais alta qualidade possível ao custo mais baixo possível. É razoável supor que a qualidade do serviço seria mais alta e que o custo seria menor do que o do presente sistema governamental.

Inevitavelmente, conflitos surgiriam entre uma agência de proteção e outra. Como poderiam ser resolvidos?

Eu chego em casa uma noite e vejo que minha televisão não está mais lá. Imediatamente eu telefono para a minha agência de proteção, Tannahelp Inc., para reportar o roubo. Eles mandam um agente. Ele checa a câmera automática que a Tannahelp, como parte de seu serviço, instalou em minha sala de estar e vê a imagem de um Joe Bock arrastando minha televisão pela porta. O agente da Tannahelp entra em contato com Joe e o informa que a Tannahelp tem motivos para acreditar que ele está em posse do meu televisor, e sugere que ele o devolva, juntamente com dez dólares extras para pagar pelo tempo da Tannahelp e pelo trabalho de localizá-lo. Joe responde que ele nunca viu minha televisão em sua vida e fala para o agente da Tannahelp ir para o inferno.

O agente diz que até que a Tannahelp esteja convencida de que houve um engano, ele precisa prosseguir com a suposição de que a televisão é minha propriedade. Seis empregados da Tannahelp, todos grandes e energéticos, estarão na porta da casa de Joe pela manhã para buscar a televisão. Joe, em resposta, informa o agente de que ele também tem uma agência de proteção, Dawn Defense, e que seu contrato com eles indubitavelmente prevê proteção para ele se seis valentões tentarem entrar na sua casa e roubar seu televisor.

O cenário parece propício para uma boa pequena guerra entre a Tannahelp e a Dawn Defense. É precisamente essa possibilidade que levou alguns libertários que não são anarquistas, notavelmente Ayn Rand, a rejeitarem a possibilidade de agências de proteção concorrentes num livre mercado.

Mas guerras são caras, e a Tannahelp e a Dawn Defense são ambas corporações que buscam o lucro, mais interessadas em poupar dinheiro do que perder. Eu acho que o resto da história seria menos violento do que supunha a Srta. Rand.

O agente da Tannahelp telefona para sua contraparte na Dawn Defense. “Nós temos um problema…” Depois de explicar a situação, ele assinala que se a Tannahelp mandar seis homens e a Dawn mandar oito, haverá uma luta. Alguém pode sair machucado. Quem quer que ganhe, o tempo que o conflito levar para acabar será custoso para ambos os lados. Eles podem até mesmo começar a pagar seus empregados salários mais altos para compensar os riscos. Então ambas as firmas serão forçadas a aumentar seus preços. Se eles fizerem isso, a Murbard Ltd., uma agressiva firma nova que estava tentando se estabelecer na nova área, vai baixar seus preços e roubar os consumidores delas. Deve haver uma solução melhor.

O homem da Tannahelp sugere que a melhor solução é a arbitragem. Eles levarão a disputa sobre a minha televisão para uma firma local de arbitragem de reputação. Se o árbito decidir que Joe é inocente, Tannahelp concorda em pagar a Joe e à Dawn Defense uma indenização que pague pelo tempo e dinheiro perdidos por eles. Se ele for considerado culpado, a Dawn Defense aceitará o veredito; já que a televisão não é dele, eles não têm obrigação de protegê-lo quando os homens da Tannahelp forem pegá-la.

O que eu descrevi aqui foi um arranjo bastante improvisado. Na prática, uma vez que as instituições anarco-capitalistas estivessem bem estabelecidas, as agências de proteção antecipariam essas dificuldades e fariam contratos em antecipação, antes que conflitos específicos ocorressem, especificando o árbitro que os resolveria.

Nessa sociedade anarquista, quem faria as leis? Sobre qual base o árbitro privado decidira quais atos são criminosos e quais deveriam ser as punições? A resposta é que sistemas de lei seriam produzidos para o lucro no mercado aberto, assim como livros e sutiãs são produzidos hoje em dia. Haveria competição entre diferentes tipos de leis, da mesma forma que há competição entre diferentes tipos de carros.

Nessa sociedade haveria muitas cortes e até mesmo muitos sistemas legais. Cada par de agências de proteção concordaria em antecipação com qual corte eles usariam em caso de conflito. Assim as leis com as quais um caso particular são decididas são determinadas implicitamente em antecipação entre as agências de proteção de cada consumidor. Em princípio, poderia haver uma diferente corte e um diferente conjunto de leis para cada par de agências de proteção. Na prática, muitas agências provavelmente achariam conveniente utilizar as mesmas cortes, e as muitas diferentes cortes poderiam achar conveniente adotar sistemas de lei idênticos, ou quase idênticos, para simplificar as coisas para seus consumidores.

Antes de rotular essa sociedade na qual diferentes pessoas são sujeitas a diferentes leis como caótica e injusta, lembre-se de que em nossa sociedade a lei sob a qual você é julgado depende do país, do estado ou mesmo da cidade em que você está. Sob os arranjos que eu estou descrevendo, depende, em vez disso, da sua agência de proteção e da agência de proteção da pessoa que você acusa de um crime ou que acusa você de um crime.

Nessa sociedade, a lei é produzida no mercado. Uma corte se sustenta cobrando pelo serviço de arbitragem de disputas. Seu sucesso depende de sua reputação por honestidade, confiabilidade e prestatividade e do desejo dos potenciais clientes do conjunto particular de leis pelo que ela julga. Os clientes imediatos são agências de proteção. Mas a agência de proteção está ela mesma vendendo um produto para seus consumidores. Parte desse produto é o sistema legal, ou os sistema legais, da corte que ela utiliza e sob as quais seus consumidores serão conseqüentemente julgados. Cada agência de proteção tentará sustentar aquelas cortes das quais o sistema legal seja mais desejado pelos consumidores.

Considere-se, como um exemplo particular, a questão da pena capital. Algumas pessoas podem sentir que o risco de elas mesmas de serem condenadas, correta ou incorretamente, e executadas por um crime capital pesa mais do que as possíveis vantagens da pena capital. Elas prefeririam, quando possível, agências de proteção que sustentassem cortes que não aplicassem a pena capital. Outros cidadãos poderiam se sentir mais seguros de potenciais assassinos se fosse sabido que qualquer um que os assassinou acabaria na cadeira elétrica. Eles podem considerar a segurança mais importante que o risco de acabar na cadeira elétrica ou de serem responsáveis pela morte de um inocente acusado de assassinato. Eles seriam, quando possível, clientes de agências clientes de cortes que não aplicassem a pena capital.

Disputas entre duas agências anti-pena-capital irão, é claro, para uma corte anti-pena-capital; disputas entre duas agências pró-pena-capital irão para uma corte pró-pena-capital. O que aconteceria numa disputa entre uma agência anti-pena capital e uma pró-pena-capital? Obviamente não haveria maneira de no caso de eu te matar o caso ir para uma corte, mas no caso de eu ser morto por você o caso ir para outra. Nós não podemos ter exatamente a lei que queremos.

Nós podemos ter nossas preferências refletidas nas barganhas de nossas respetivas agências. Se os oponentes da pena capital se sentirem mais fortes que os proponentes, as agências concordarão em não usar sistemas com pena capital; em troca, as agências que querem a pena capital conseguirão outra coisa. Talvez será acordado que elas não pagarão os custos das cortes ou que alguma outra política de disputa as favorecerá.

É possível imaginar um processo de barganha idealizado, para esta ou qualquer outra disputa, dessa forma: Duas agências estão negociando o reconhecimento de uma corte pró ou contra a punição capital. A agência favorável calcula que conseguir uma punição capital valerá $20.000 por ano para seus clientes; essa é a quantia adicional que ela pode conseguir por seus serviços se incluírem uma garantia de punição capital em caso de disputas com outra agência. A Agência anti-pena-capital calcula um benefício correspondente de $40.000. Ela oferece à agência a favor $30.000 por ano em troca de uma aceitação de uma corte anti-punição-capital. A agência favorável aceita. Agora a agência anti-pena-capital pode aumentar seus preços o suficiente para trazer extras $35.000. Seus consumidores estão felizes, uma vez que a garantia da ausência de punição capital vale mais do que isso. A agência está feliz; ela está ganhando um lucro de $5.000 extras por ano. A agência a favor abaixa seus preços a uma quantia de $25.000 por ano. Isso permite que ela mantenha seus consumidores e consiga ainda mais, já que a poupança é mais que suficiente para compensá-los por não conseguirem a corte da escolha deles. Ela, também, está lucrando $5.000 por ano com a transação. Como em qualquer troca de bens, todos ganham.

Se você acha isso confuso, pode valer a pena uma revisão; o princípio básico dessa negociação será importante mais tarde quando eu discutir que tipo de lei uma sociedade anarco-capitalista provavelmente terá.

Se, por algum acaso, os consumidores das duas agências se sentirem igualmente fortes, talvez duas cortes sejam escolhidas, cada uma de um tipo, e os casos serão alocados aleatoriamente entre elas. Em todo caso, a preferência legal do cliente, sua opinião sobre sob qual tipo de lei ele deseja viver, será o maior fator determinante do tipo de lei sob o qual ele realmente viverá. Não pode completamente determiná-la, pois o acusado e o acusador precisam ter a mesma lei.

No caso da punição capital, as duas posições são diretamente opostas. Outra possibilidade é que certos consumidores queiram uma lei especializada, adaptada para suas circunstâncias especiais. Pessoas vivendo em áreas de deserto podem querer um sistema de leis que determine claramente os direitos de propriedade sobre a água. As pessoas vivendo em outras áreas achariam esse tipo de tratamento detalhado supérfluo, no mínimo. No máximo, seriam uma fonte de aborrecimentos. Assim, as pessoas do deserto podem todas subscrever a uma só agência de proteção que tivesse uma política de sempre ir a uma corte com bem desenvolvidas leis sobre a água. Outras agências concordariam em usar aquela corte em disputas com aquela agência, mas em usar outras cortes entre si mesmas.

A maioria das diferenças entre cortes provavelmente seria sutil. As pessoas achariam as decisões de uma corte mais rápidas ou fáceis de prever que aquelas de outra ou os consumidores de uma agência de proteção melhor protegidos que os de outra. As agências de proteção, tentando construir as próprias reputações, buscariam pelas “melhores” cortes.

Várias objeções podem ser levantadas à essas cortes do livre mercado. A primeira é a de que elas venderiam a justiça decidindo em favor de quem pagasse mais. Isso seria suicídio; a menos que mantivessem uma reputação por honestidade, elas não teriam consumidores — ao contrário de nossos presentes juízes. Outra objeção é a de que o trabalho das cortes e das legislaturas é o de descobrir leis, e não o de criá-las; não pode haver duas leis da gravidade concorrentes, então por que haveria duas leis concorrentes de propriedade? Mas pode haver duas teorias concorrentes sobre a lei da gravidade ou sobre a definição apropriada dos direitos de propriedade. Descoberta é uma atividade tão produtiva quanto a criação. Se é óbvia qual a lei correta, quais regras de interação humana são próprias da natureza do homem, então todas as cortes concordarão, assim como todos os arquitetos concordarão quanto às leis da física. Se não for óbvio, o mercado gerará uma pesquisa com o propósito de descobrir as leis corretas.

Outra objeção é a de que uma sociedade de muitos diferentes sistemas legais seria confusa. Se esse for considerado um problema sério, as cortes terão um incentivo econômico para adotar uma lei uniforme, assim como as companhias de papel têm um incentivo para produzir tamanhos padronizados de papel. Uma nova lei só será introduzida quando o inovador acreditar que suas vantagens superam as vantagens da uniformidade.

A mais séria objeção a uma mercado livre de leis é a de que o acusador e o acusado podem não concordar com uma corte comum. Obviamente um assassino preferiria um juiz leniente. Se a corte fosse de fato escolhida pelos disputantes depois que o crime ocorresse, isso poderia ser uma dificuldade insuperável. Sobre os arranjos que eu descrevi, a corte é escolhida em antecipação pelas agências de proteção. Dificilmente haveria assassinos suficientes em um único momento para sustentar suas próprias agências de proteção, uma com uma polícia de patrocínio de cortes que não considerassem o assassinato um crime. Mesmo se houvesse, nenhuma outra agência de proteção aceitaria essas cortes. As agências dos assassinos ou aceitariam uma corte razoável, ou lutariam uma guerra insolúvel contra o resto da sociedade.

Até que ele seja realmente acusado de um crime, todos quererão leis que os protejam de crimes e que o deixem interagir pacífica e produtivamente com os outros. Mesmo os criminosos. Não existem muitos assassinos que desejariam viver sob leis que permitem a eles matar — e serem mortos.

// Tradução de Erick Vasconcelos

 

Dathilot

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Anarquismo em larga escala como algo pacífico é utopico. Mas moral é subjetiva, na pratica não legitimiza nada, a ordem vigente simplesmente existe. Para quem defende as vertentes mais extremadas do AC comercio amoral é moral por ignorar moral por essa ser uma facilitadora e potencializadora de coerção. Quem defende AC abertamente apenas o faz como uma forma de ilegalismo "de direita" enquanto não participante de um estado minarquista idealizado. A esquerda estatista é formada em falar certas coisas para informar outras mas esquecem que o outro lado tambem tem sua forma de anti-lingua, não em contexto lexico, mas sim passando uma mensagem de revolta por meio de uma parabola que captura a atenção e apenas com o tempo é compreendida.
 
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Flame Vicious

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O anarco-capitalismo tem alguns buracos e pontos mal resolvidos. Não sou um apoiador da ideia, pelo menos não por agora, mas sem dúvida, é a única ideologia anarquista com alguma mínima base lógica em termos de argumentação e ideias, diferente do anarquismo coletivista.

Eu já acho o minarquismo uma coisa radical demais e utópica, imagina só o anarco-capitalismo.

Estado mínimo não é uma utopia. Pelo menos já tivemos amostras reais dele em outros países e o funcionamento prático dessa vertente.
 


KonSpartan

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Polícia, cortes e leis — no mercado
Nota do Tradutor: Esta é a tradução do capítulo 29 do livro As Engrenagens da Liberdade (The Machinery of Freedom (1970), no original) “Police, Courts, and Laws—On the Market“. Você pode ver uma versão em vídeo aqui

***

Como, sem o governo – no anarcocapitalismo -, nós poderíamos resolver as disputas que agora são resolvidas nas cortes de justiça? Como nos protegeríamos dos criminosos?

Considere-se primeiro o caso mais fácil, a resolução de disputas envolvendo contratos entre firmas bem estabelecidas. Uma grande fração dessas disputas são resolvidas hoje em dia não pelas cortes do governo, mas pela arbitragem privada do tipo descrito no capítulo 18. As firmas, quando assinam um contrato, especificam um procedimento para arbitrar qualquer disputa que possa surgir. Assim, elas evitam o gasto e os atrasos das cortes.

O árbitro não tem poder de polícia. Sua função é a de decidir, não a de executar as decisões. Hoje em dia, as decisões arbitradas são usualmente executáveis nas cortes governamentais, mas isso é um desenvolvimento recente; historicamente, a execução surgiu a partir do desejo de uma firma de manter sua reputação. Depois de se recusar a aceitar o julgamento de um árbitro, é difícil persuadir qualquer pessoa a assinar um contrato com uma cláusula de arbitragem; ninguém quer jogar um jogo do tipo “cara você ganha, coroa eu perco”.

Esquemas de arbitragem já são largamente difundidos. Enquanto as cortes se deterioram, a arbitragem continuará a crescer. Mas isso só provê a resolução de disputas de contratos pré-existentes. A arbitragem, por si só, não fornece solução para o homem que teve o carro danificado por um motorista descuidado, menos ainda para a vítima de um assalto; em ambos os casos, o litigante e o acusado, que têm diferentes interesses e nenhum acordo prévio, provavelmente não encontrariam um árbitro que satisfizesse os dois. De fato, o acusado não tem razão para aceitar arbitragem alguma; ele só pode perder — o que nos traz ao problema de prevenção da coerção.

Proteção é um bem econômico. É presentemente vendida em variadas formas: guarda costas, trancas, alarmes contra ladrões. Enquanto a efetividade da polícia governamental piora, esses substitutos de mercado para a polícia, como os substitutos das cortes, se tornam mais populares.

Suponha-se, então, que em algum momento futuro não haja nenhuma polícia governamental, mas só agências de proteção privadas. Essas agências vendem os serviços de proteção dos seus clientes contra crimes. Talvez elas também assegurem seus clientes contra perdas resultantes de atos criminosos.
Como essas agências protegeriam? Essa seria uma decisão econômica, dependendo dos custos e da efetividade das diferentes alternativas. Por um lado, elas podem limitar a si mesmas à defesa passiva, instalando elaboradas trancas e http://www.libertarianismo.org/wp-content/uploads/squarelogo4.png
alarmes. Ou elas podem não tomar nenhuma ação preventiva, mas empreender grandes esforços na busca dos indivíduos que cometeram crimes contra seus clientes. Elas poderiam manter patrulhas a pé ou viaturas, como a presente polícia governamental, ou elas poderiam depender de substitutos eletrônicos. Em todo caso, elas estariam vendendo um serviço para seus consumidores e teriam um forte incentivo para prover um serviço com a mais alta qualidade possível ao custo mais baixo possível. É razoável supor que a qualidade do serviço seria mais alta e que o custo seria menor do que o do presente sistema governamental.

Inevitavelmente, conflitos surgiriam entre uma agência de proteção e outra. Como poderiam ser resolvidos?

Eu chego em casa uma noite e vejo que minha televisão não está mais lá. Imediatamente eu telefono para a minha agência de proteção, Tannahelp Inc., para reportar o roubo. Eles mandam um agente. Ele checa a câmera automática que a Tannahelp, como parte de seu serviço, instalou em minha sala de estar e vê a imagem de um Joe Bock arrastando minha televisão pela porta. O agente da Tannahelp entra em contato com Joe e o informa que a Tannahelp tem motivos para acreditar que ele está em posse do meu televisor, e sugere que ele o devolva, juntamente com dez dólares extras para pagar pelo tempo da Tannahelp e pelo trabalho de localizá-lo. Joe responde que ele nunca viu minha televisão em sua vida e fala para o agente da Tannahelp ir para o inferno.

O agente diz que até que a Tannahelp esteja convencida de que houve um engano, ele precisa prosseguir com a suposição de que a televisão é minha propriedade. Seis empregados da Tannahelp, todos grandes e energéticos, estarão na porta da casa de Joe pela manhã para buscar a televisão. Joe, em resposta, informa o agente de que ele também tem uma agência de proteção, Dawn Defense, e que seu contrato com eles indubitavelmente prevê proteção para ele se seis valentões tentarem entrar na sua casa e roubar seu televisor.

O cenário parece propício para uma boa pequena guerra entre a Tannahelp e a Dawn Defense. É precisamente essa possibilidade que levou alguns libertários que não são anarquistas, notavelmente Ayn Rand, a rejeitarem a possibilidade de agências de proteção concorrentes num livre mercado.

Mas guerras são caras, e a Tannahelp e a Dawn Defense são ambas corporações que buscam o lucro, mais interessadas em poupar dinheiro do que perder. Eu acho que o resto da história seria menos violento do que supunha a Srta. Rand.

O agente da Tannahelp telefona para sua contraparte na Dawn Defense. “Nós temos um problema…” Depois de explicar a situação, ele assinala que se a Tannahelp mandar seis homens e a Dawn mandar oito, haverá uma luta. Alguém pode sair machucado. Quem quer que ganhe, o tempo que o conflito levar para acabar será custoso para ambos os lados. Eles podem até mesmo começar a pagar seus empregados salários mais altos para compensar os riscos. Então ambas as firmas serão forçadas a aumentar seus preços. Se eles fizerem isso, a Murbard Ltd., uma agressiva firma nova que estava tentando se estabelecer na nova área, vai baixar seus preços e roubar os consumidores delas. Deve haver uma solução melhor.

O homem da Tannahelp sugere que a melhor solução é a arbitragem. Eles levarão a disputa sobre a minha televisão para uma firma local de arbitragem de reputação. Se o árbito decidir que Joe é inocente, Tannahelp concorda em pagar a Joe e à Dawn Defense uma indenização que pague pelo tempo e dinheiro perdidos por eles. Se ele for considerado culpado, a Dawn Defense aceitará o veredito; já que a televisão não é dele, eles não têm obrigação de protegê-lo quando os homens da Tannahelp forem pegá-la.

O que eu descrevi aqui foi um arranjo bastante improvisado. Na prática, uma vez que as instituições anarco-capitalistas estivessem bem estabelecidas, as agências de proteção antecipariam essas dificuldades e fariam contratos em antecipação, antes que conflitos específicos ocorressem, especificando o árbitro que os resolveria.

Nessa sociedade anarquista, quem faria as leis? Sobre qual base o árbitro privado decidira quais atos são criminosos e quais deveriam ser as punições? A resposta é que sistemas de lei seriam produzidos para o lucro no mercado aberto, assim como livros e sutiãs são produzidos hoje em dia. Haveria competição entre diferentes tipos de leis, da mesma forma que há competição entre diferentes tipos de carros.

Nessa sociedade haveria muitas cortes e até mesmo muitos sistemas legais. Cada par de agências de proteção concordaria em antecipação com qual corte eles usariam em caso de conflito. Assim as leis com as quais um caso particular são decididas são determinadas implicitamente em antecipação entre as agências de proteção de cada consumidor. Em princípio, poderia haver uma diferente corte e um diferente conjunto de leis para cada par de agências de proteção. Na prática, muitas agências provavelmente achariam conveniente utilizar as mesmas cortes, e as muitas diferentes cortes poderiam achar conveniente adotar sistemas de lei idênticos, ou quase idênticos, para simplificar as coisas para seus consumidores.

Antes de rotular essa sociedade na qual diferentes pessoas são sujeitas a diferentes leis como caótica e injusta, lembre-se de que em nossa sociedade a lei sob a qual você é julgado depende do país, do estado ou mesmo da cidade em que você está. Sob os arranjos que eu estou descrevendo, depende, em vez disso, da sua agência de proteção e da agência de proteção da pessoa que você acusa de um crime ou que acusa você de um crime.

Nessa sociedade, a lei é produzida no mercado. Uma corte se sustenta cobrando pelo serviço de arbitragem de disputas. Seu sucesso depende de sua reputação por honestidade, confiabilidade e prestatividade e do desejo dos potenciais clientes do conjunto particular de leis pelo que ela julga. Os clientes imediatos são agências de proteção. Mas a agência de proteção está ela mesma vendendo um produto para seus consumidores. Parte desse produto é o sistema legal, ou os sistema legais, da corte que ela utiliza e sob as quais seus consumidores serão conseqüentemente julgados. Cada agência de proteção tentará sustentar aquelas cortes das quais o sistema legal seja mais desejado pelos consumidores.

Considere-se, como um exemplo particular, a questão da pena capital. Algumas pessoas podem sentir que o risco de elas mesmas de serem condenadas, correta ou incorretamente, e executadas por um crime capital pesa mais do que as possíveis vantagens da pena capital. Elas prefeririam, quando possível, agências de proteção que sustentassem cortes que não aplicassem a pena capital. Outros cidadãos poderiam se sentir mais seguros de potenciais assassinos se fosse sabido que qualquer um que os assassinou acabaria na cadeira elétrica. Eles podem considerar a segurança mais importante que o risco de acabar na cadeira elétrica ou de serem responsáveis pela morte de um inocente acusado de assassinato. Eles seriam, quando possível, clientes de agências clientes de cortes que não aplicassem a pena capital.

Disputas entre duas agências anti-pena-capital irão, é claro, para uma corte anti-pena-capital; disputas entre duas agências pró-pena-capital irão para uma corte pró-pena-capital. O que aconteceria numa disputa entre uma agência anti-pena capital e uma pró-pena-capital? Obviamente não haveria maneira de no caso de eu te matar o caso ir para uma corte, mas no caso de eu ser morto por você o caso ir para outra. Nós não podemos ter exatamente a lei que queremos.

Nós podemos ter nossas preferências refletidas nas barganhas de nossas respetivas agências. Se os oponentes da pena capital se sentirem mais fortes que os proponentes, as agências concordarão em não usar sistemas com pena capital; em troca, as agências que querem a pena capital conseguirão outra coisa. Talvez será acordado que elas não pagarão os custos das cortes ou que alguma outra política de disputa as favorecerá.

É possível imaginar um processo de barganha idealizado, para esta ou qualquer outra disputa, dessa forma: Duas agências estão negociando o reconhecimento de uma corte pró ou contra a punição capital. A agência favorável calcula que conseguir uma punição capital valerá $20.000 por ano para seus clientes; essa é a quantia adicional que ela pode conseguir por seus serviços se incluírem uma garantia de punição capital em caso de disputas com outra agência. A Agência anti-pena-capital calcula um benefício correspondente de $40.000. Ela oferece à agência a favor $30.000 por ano em troca de uma aceitação de uma corte anti-punição-capital. A agência favorável aceita. Agora a agência anti-pena-capital pode aumentar seus preços o suficiente para trazer extras $35.000. Seus consumidores estão felizes, uma vez que a garantia da ausência de punição capital vale mais do que isso. A agência está feliz; ela está ganhando um lucro de $5.000 extras por ano. A agência a favor abaixa seus preços a uma quantia de $25.000 por ano. Isso permite que ela mantenha seus consumidores e consiga ainda mais, já que a poupança é mais que suficiente para compensá-los por não conseguirem a corte da escolha deles. Ela, também, está lucrando $5.000 por ano com a transação. Como em qualquer troca de bens, todos ganham.

Se você acha isso confuso, pode valer a pena uma revisão; o princípio básico dessa negociação será importante mais tarde quando eu discutir que tipo de lei uma sociedade anarco-capitalista provavelmente terá.

Se, por algum acaso, os consumidores das duas agências se sentirem igualmente fortes, talvez duas cortes sejam escolhidas, cada uma de um tipo, e os casos serão alocados aleatoriamente entre elas. Em todo caso, a preferência legal do cliente, sua opinião sobre sob qual tipo de lei ele deseja viver, será o maior fator determinante do tipo de lei sob o qual ele realmente viverá. Não pode completamente determiná-la, pois o acusado e o acusador precisam ter a mesma lei.

No caso da punição capital, as duas posições são diretamente opostas. Outra possibilidade é que certos consumidores queiram uma lei especializada, adaptada para suas circunstâncias especiais. Pessoas vivendo em áreas de deserto podem querer um sistema de leis que determine claramente os direitos de propriedade sobre a água. As pessoas vivendo em outras áreas achariam esse tipo de tratamento detalhado supérfluo, no mínimo. No máximo, seriam uma fonte de aborrecimentos. Assim, as pessoas do deserto podem todas subscrever a uma só agência de proteção que tivesse uma política de sempre ir a uma corte com bem desenvolvidas leis sobre a água. Outras agências concordariam em usar aquela corte em disputas com aquela agência, mas em usar outras cortes entre si mesmas.

A maioria das diferenças entre cortes provavelmente seria sutil. As pessoas achariam as decisões de uma corte mais rápidas ou fáceis de prever que aquelas de outra ou os consumidores de uma agência de proteção melhor protegidos que os de outra. As agências de proteção, tentando construir as próprias reputações, buscariam pelas “melhores” cortes.

Várias objeções podem ser levantadas à essas cortes do livre mercado. A primeira é a de que elas venderiam a justiça decidindo em favor de quem pagasse mais. Isso seria suicídio; a menos que mantivessem uma reputação por honestidade, elas não teriam consumidores — ao contrário de nossos presentes juízes. Outra objeção é a de que o trabalho das cortes e das legislaturas é o de descobrir leis, e não o de criá-las; não pode haver duas leis da gravidade concorrentes, então por que haveria duas leis concorrentes de propriedade? Mas pode haver duas teorias concorrentes sobre a lei da gravidade ou sobre a definição apropriada dos direitos de propriedade. Descoberta é uma atividade tão produtiva quanto a criação. Se é óbvia qual a lei correta, quais regras de interação humana são próprias da natureza do homem, então todas as cortes concordarão, assim como todos os arquitetos concordarão quanto às leis da física. Se não for óbvio, o mercado gerará uma pesquisa com o propósito de descobrir as leis corretas.

Outra objeção é a de que uma sociedade de muitos diferentes sistemas legais seria confusa. Se esse for considerado um problema sério, as cortes terão um incentivo econômico para adotar uma lei uniforme, assim como as companhias de papel têm um incentivo para produzir tamanhos padronizados de papel. Uma nova lei só será introduzida quando o inovador acreditar que suas vantagens superam as vantagens da uniformidade.

A mais séria objeção a uma mercado livre de leis é a de que o acusador e o acusado podem não concordar com uma corte comum. Obviamente um assassino preferiria um juiz leniente. Se a corte fosse de fato escolhida pelos disputantes depois que o crime ocorresse, isso poderia ser uma dificuldade insuperável. Sobre os arranjos que eu descrevi, a corte é escolhida em antecipação pelas agências de proteção. Dificilmente haveria assassinos suficientes em um único momento para sustentar suas próprias agências de proteção, uma com uma polícia de patrocínio de cortes que não considerassem o assassinato um crime. Mesmo se houvesse, nenhuma outra agência de proteção aceitaria essas cortes. As agências dos assassinos ou aceitariam uma corte razoável, ou lutariam uma guerra insolúvel contra o resto da sociedade.

Até que ele seja realmente acusado de um crime, todos quererão leis que os protejam de crimes e que o deixem interagir pacífica e produtivamente com os outros. Mesmo os criminosos. Não existem muitos assassinos que desejariam viver sob leis que permitem a eles matar — e serem mortos.

// Tradução de Erick Vasconcelos

Muito bonito no papel.
 

depredando

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Eu só acho que pagamos um preço alto demais para o estado. Isso não só no brasil, em outros países também, alguns tem mais retorno? Sim, mas ainda lucram absurdamente.


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Dubag

Bam-bam-bam
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Ótimo texto.

Anarco capitalismo é o comunismo invertido.

Utópico pois desconsidera assim como o comunismo as peculiaridades do ser humano. Se substituísse os humanos por robôs aí poderiam dar certo.

Um exemplo são as leis. Haveria divergência imensas. Determinadas pessoas seriam contra uma coisa enquanto outras seria favorável.
Aí cada um teria suas próprias regras. Em cidades ou mesmo bairros haveriam divergências..... seria uma bagunça.

O anarco capitalismo chega a ser até mais mal elaborado queo comunismo. O comunismo ainda previa uma transição com um governo central opressor para doutrinar para depois chegar ao comunismo onde também não haveria Estado algum.

Em ambos os casos o resultado final seria a ausência do Estado mas de forma diferente.

Defender essa idéia é ser irrealista e viver no mundo da fantasia. Devemos inicialmente defender uma maior liberdade usando a realidade atual indo passo a passo. O que é muito difícil mas realista e estabelecendo os limites da atuação estatal onde ela realmente é necessária ou não.

Acho que o estado deveria somente cuidar da justiça e policia, e não ter um dedo sobre a economia do pais, o total livre mercado da conta de se virar sozinho, e quando um governo tenta intervir na economia da muito marda, monopólio é um deles, em um livre mercado o monopólio não teria muita chances de ocorrer pq a própria economia iria impedir ele de acontecer, diferente do estado limitando e criando burocracias para as pessoas criarem novas empresas ou empresas de fora vir concorrer com as que tem parceria com o governo.
 

fbr

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Vejo anarco capitalismo como utopia... Seria ideal, se as pessoas fossem 100% honestas e pensassem apenas em si mesmas, mas a verdade é que precisa haver um Estado MÍNIMO, é o que minha limitada mente consegue enxergar.
 

IX_Nine

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Também acho o ancap interessante, mas impraticável.

Mas e se pensássemos a anarquia com legislação eleita por democracia direta e poderes executivo e judiciário privados sujeitos a ela? Pensei sobre isso hoje vindo ao trabalho.
 

Flame Vicious

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Quais amostras reais?

De cara eu já lembro da Nova Zelândia, que tem pouquíssimos impostos e uma abertura muito grande ao mercado.

Ou de épocas dos EUA em que o estado já foi muito menor, e o desenvolvimento econômico alcançou índices interessantes.
 

Doutor Sono

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O anarco capitalismo é ótimo para se repensar como nossa sociedade funciona, por exemplo, para que precisamos de políticos só para fazer leis? não seria mais interessante que qualquer cidadão pudesse elaborar uma lei e ela entrasse em vigor pelo voto através da internet? acho que isso faria as pessoas se sentirem muito mais donas do país e acompanhar mais a política.
 

Kill Moves

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De cara eu já lembro da Nova Zelândia, que tem pouquíssimos impostos e uma abertura muito grande ao mercado.

Ou de épocas dos EUA em que o estado já foi muito menor, e o desenvolvimento econômico alcançou índices interessantes.

E os Escandinavos no passado.
 

xogum

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Um mundo anarcocapitalista seria o mundo de Mad Max.

Engraçado citam exemplos bonitinhos no sistema ANACAP, com firmas de proteção usando árbitros pra decidir disputas, etc. Na verdade o que ocorreria seria: uma sociedade dominada por grupos mafiosos.
 
Ultima Edição:

De Flitsend

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As bases filosóficas nas quais o anarco-capitalismo se sustenta são horrendas. Seja jusnaturalismo ou utilitarismo. Alguém levar praxeologia de Mises a sério é mais grave que levar o materialismo marxista a sério.
Outra coisa a se considerar a respeito dos anarco-capitalista é a doença de achar que o Estado é o responsável por tudo que há de ruim e tentar desvincular ao máximo qualquer sucesso que a humanidade tivera tido dele [Estado]. Só que fazem isso maquiando a história.
Ainda por cima ignoram diversos conflitos que o mundo vem passando.

Tudo bem questionar a relação do Estado com a população, a forma como as leis são impostas, o papel dos políticos, etc. Mas simplesmente achar que acabar com o Estado vai tornar tudo melhor que está simplesmente por cada um ter neste momento o dom da liberdade pra tudo é burrice extrema.
 

Dathilot

Lenda da internet
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A moral é OBJETIVA.

OBJETIVA.
Moral é norma proposicional que varia de individuo para individuo, entre famílias, grupos etnicos, nivel educacional, classe social, genero, associação religiosa, nacionalidade, etc. Moral é fluida e heterogenia.
 

De Flitsend

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Moral é norma proposicional que varia de individuo para individuo, entre famílias, grupos etnicos, nivel educacional, classe social, genero, associação religiosa, nacionalidade, etc. Moral é fluida e heterogenia.
E independentemente de tudo isso, matar por puro sadismo é algo moralmente errado;);)
 

Flame Vicious

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A brecha do anarcocapitalismo é que, em questão de moral na sociedade, ele se baseia no princípio da não-agressão, com o argumento de que "trocar é mais barato que roubar", o que até faz algum sentido, mas não sei se o ser humano já é evoluído ao ponto de pensar em algo assim, numa grande escala em termos de sociedade.

Do jeito que me falam, o anarco capitalismo aqui descrito é igualzinho ao Comunismo... Ausência de Estado não é não!?

Sim, mas no anarco-capitalismo se valorizam os princípios de propriedade e mercado entre as pessoas, enquanto no comunismo não.
 

De Flitsend

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Do jeito que me falam, o anarco capitalismo aqui descrito é igualzinho ao Comunismo... Ausência de Estado não é não!?
Igual não, pior.
A brecha do anarcocapitalismo é que, em questão de moral na sociedade, ele se baseia no princípio da não-agressão, com o argumento de que "trocar é mais barato que roubar", o que até faz algum sentido, mas não sei se o ser humano já é evoluído ao ponto de pensar em algo assim, numa grande escala em termos de sociedade.
Sim, mas no anarco-capitalismo se valorizam os princípios de propriedade e mercado entre as pessoas, enquanto no comunismo não.

Talvez seja evoluído demais para algo do tipo.
 

Doutor Sono

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A brecha do anarcocapitalismo é que, em questão de moral na sociedade, ele se baseia no princípio da não-agressão, com o argumento de que "trocar é mais barato que roubar", o que até faz algum sentido, mas não sei se o ser humano já é evoluído ao ponto de pensar em algo assim, numa grande escala em termos de sociedade.
Diminuiu bastante as guerras nas últimas décadas porque perceberam que elas atrapalham o comércio. De certa forma estão seguindo esse princípio.
 

Highway Song

Bam-bam-bam
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Os seres humanos não são bonzinhos , então vamos dar o total controle da sociedade para alguns poucos eleitos pela maioria - que obviamente entendem conceitos políticos econômicos e sociais com clareza para não serem manipulados - é tudo vai dar certo , só votar no menos pior , pode confiar :kjoinha
 

Noctua

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Os seres humanos não são bonzinhos , então vamos dar o total controle da sociedade para alguns poucos eleitos pela maioria - que obviamente entendem conceitos políticos econômicos e sociais com clareza para não serem manipulados - é tudo vai dar certo , só votar no menos pior , pode confiar :kjoinha
Alguns poucos eleitos financiados pelo capital bonzinho, então a solução é dar reset em tudo e deixar o poder todo nas mãos das corporações e volar ao feudalismo.

Muitu inteligentxi içu.
 

Highway Song

Bam-bam-bam
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Alguns poucos eleitos financiados pelo capital bonzinho, então a solução é dar reset em tudo e deixar o poder todo nas mãos das corporações e volar ao feudalismo.

Muitu inteligentxi içu.
As corporações só existem graças ao estado meu amor , já ouviu falar de Metacapitalismo ?
 

Sir Bovino Gadoso

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Os seres humanos não são bonzinhos , então vamos dar o total controle da sociedade para alguns poucos eleitos pela maioria - que obviamente entendem conceitos políticos econômicos e sociais com clareza para não serem manipulados - é tudo vai dar certo , só votar no menos pior , pode confiar :kjoinha

Isso sim é uma paradoxo ambulante, os estadistas, se os homens não são bons e o estado é formado de indivíduos porque vamos ter um líder?
 
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